Carandiru: PMs são condenados a 624 anos por massacre



Júri considerou todos os 25 policiais militares acusados culpados pela morte de 52 detentos. Réus, no entanto, poderão recorrer da sentença em liberdade

 Vista aérea de um dos pavilhões do complexo penitenciário do Carandiru com lençóis brancos nas janelas pedindo paz após a invasão da PM. Cerca de 27 mil presos se rebelaram simultaneamente em 24 presídios de 19 cidades paulistas. O motim, o maior do país, começou no complexo penitenciário do Carandiru
Quase vinte e um anos depois do massacre do Carandiru, a segunda fase do julgamento dos policiais militares acusados de participação na matança terminou com a condenação de todos os 25 réus. Os policiais receberam a sentença de 624 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato de 52 dos 111 detentos mortos no massacre, mas poderão recorrer em liberdade. A Justiça também determinou que os nove PMs que ainda estão na ativa devem perder o cargo público por abuso de poder - embora isso só deva acontecer quando todos os recursos estiverem esgotados. O cálculo da pena considerou uma pena de doze anos para cada homicídio.

O júri, composto por sete homens, teve que responder 7.300 perguntas sobre a responsabilidade de cada um dos 25 réus. Os jurados se reuniram por volta de 23h, e chegaram ao resultado cinco horas depois. O veredicto foi lido pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo por volta das 4h20. "Houve inequívoco abuso de poder", destacou ele.

Entre os réus estavam nove policiais ainda na ativa e que até pouco tempo detinham posições de destaque na PM. Um deles é o tenente-coronel Salvador Modesto Madia, que comandou a Rota entre novembro de 2011 e setembro de 2012 e o major Marcelo Gonzáles Marques, que ainda estava na Rota até a semana passada e foi transferido de batalhão poucos dias antes do início do julgamento – o governo afirmou não ligar a transferência à aproximação do júri. Entre os réus mais graduados estavam ainda o coronel reformado Valter Alves Mendonça e o tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos.

Acusações - O julgamento consumiu um total de cinco dias. Os réus faziam parte da tropa das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) que retomou o segundo andar (terceiro pavimento
do Pavilhão Nove do Carandiru, que sofria um motim de presos no dia 2 de outubro de 1992. Neste andar, morreram 78 dos 111 presos vítimas do massacre. Os PMs julgados nesta semana foram inicialmente denunciados por 73 dessas mortes – as outras cinco foram apontadas como responsabilidade do tenente-coronel Luiz Nakaharada, que ainda aguarda julgamento.
Do Site daVeja

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