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John Bolton foi o assessor de Segurança Nacional do governo de Donald Trump
É provavelmente o livro mais esperado do ano nos Estados Unidos.
A sua publicação foi anunciada em janeiro e desde então há leitores que já encomendaram suas cópias.
Trata-se
do livro de memórias de John Bolton, ex-assessor de Segurança Nacional
do governo de Donald Trump, que promete revelar informações relevantes
que não vieram à tona durante o processo de impeachment.
Com o título
O Q uarto onde A conteceu (
The Room Where It Happened ), de 577 páginas, o livro deve chegar às lojas no dia 23 de junho - caso a Casa Branca não consiga impedir a sua publicação.
De
acordo com o Departamento de Justiça, o livro contém "informações
confidenciais". Na quarta-feira, o governo pediu que um juiz impeça a
sua publicação.
A BBC conta abaixo algumas das revelações mais polêmicas do livro que já foram divulgadas pela imprensa americana até agora:
1. Trump buscou apoio da China para garantir sua reeleição
De
acordo com o livro de Bolton, o presidente americano pediu ajuda ao seu
colega chinês, Xi Jinping, para conseguir se reeleger neste ano.
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Segundo Bolton, Trump pediu ajuda ao presidente chinês Xi Jinping para
se reeleger
A mensagem havia sido transmitida em diversas oportunidades.
Em
uma cúpula de 2019, Trump teria dito a Xi que o aumento de compras
agrícolas e de grãos americanos por parte dos chineses melhoraria suas
perspectivas eleitorais.
Também em junho de 2019, durante um
encontro bilateral na Cúpula do G20 no Japão, Trump teria falado com Xi
sobre os comícios presidenciais nos Estados Unidos "referindo-se à
capacidade econômica da China para influenciar a campanha em curso,
pedindo a Xi que assegurasse que ele ganharia".
"(Trump) Destacou a
importância dos agricultores e de um aumento das compras chinesas de
soja e trigo no resultado eleitoral. Eu publicaria as palavras exatas de
Trump, mas o processo de revisão prévia do governo me impediu", diz
Bolton no livro, segundo o The Washington Post .
Quando Xi
concordou em dar prioridade aos produtos agrícolas durante as
negociações comerciais, Trump se referiu a ele como "o maior líder da
história da China".
Na quarta-feira pela tarde, o representante
comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, refutou a versão de
Bolton e disse que o pedido de ajuda para a reeleição "nunca ocorreu".
2. Invadir Venezuela seria 'legal'
De
acordo com o relato de Bolton, que era um dos críticos mais ferrenhos
ao presidente venezuelano Nicolás Maduro nos EUA, muitos dos governantes
ajudados por Trump em troca de apoio tiravam proveito do presidente, na
tentativa de manipulá-lo.
Um exemplo citado no livro foi uma ligação telefônica em maio de
2019 na qual o presidente da Rússia, Vladimir Putin, comparou o líder
da oposição venezuelana Juan Guaidó a Hillary Clinton, candidata
democrata rival de Trump nas eleições de 2016.
Bolton classifica
essa jogada como "uma brilhante amostra da propaganda no estilo
soviético", que teria como objetivo assegurar apoio a Maduro, que é
aliado do Kremlin.
E o resultado disso? Segundo Bolton, os argumentos de Putin "persuadiram Trump em grande parte".
O
governo Trump, no entanto, mantém seu apoio firme a Guiadó como
presidente interino e até aumentou as sanções contra o governo de
Maduro.
Ao mesmo tempo, Bolton atribui a Trump uma série de
afirmações escandalosas, como por exemplo, de que seria "cool" ("legal")
invadir a Venezuela e que o país sul-americano é "na verdade parte dos
Estados Unidos".
3. 'Ajudar os ditadores'
No
livro, Bolton faz referência a várias ocasiões em que - segundo sua
versão - Trump manifestou disposição em impedir investigações penais
"para, na verdade, fazer favores pessoais a ditadores que lhe agradam".
O
ex-assessor de Segurança Nacional diz que, em maio de 2018, o
presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, entregou a Trump um
documento no qual defendia a inocência de uma empresa turca que estava
sendo investigada por promotores do Distrito Sul de Nova York por
supostas violações a sanções contra o Irã.
"Trump então disse a
Erdogan que tomaria as rédeas das coisas, explicando a ele que as
pessoas da promotoria do Distrito Sul não eram pessoas suas, mas sim de
Obama [ex-presidente Barack Obama, antecessor de Trump na Casa Branca],
um problema que estaria solucionado quando fossem substituídos por
pessoas suas", escreve Bolton, que diz que a obstrução de Justiça
parecia ser padrão no governo, o que informou o procurador geral William
Barr sobre isso.
4. Obsessão por reeleição
Bolton assegura que Trump tinha um único objetivo acima de todos: garantir sua permanência na Casa Branca por mais quatro anos.
"É
difícil achar alguma decisão significativa de Trump durante meu período
com ele que não estivesse motivada por cálculos sobre sua reeleição",
escreve.
Um exemplo disso foi a decisão de Trump de falar
publicamente sobre seu desejo de tirar Maduro do poder durante 2018, o
que - segundo o livro - estava motivado por seu desejo de agradar
eleitores republicanos na Flórida.
No entanto, Bolton descreve
Trump como hesitante na hora de apoiar Juan Guaidó, que se declarou
presidente interino da Venezuela com apoio americano em janeiro de 2019.
Mesmo
tendo apoiado a proposta de Bolton para reconhecer Guaidó como
presidente legítimo da Venezuela, em apenas 30 horas, Trump já estava
considerando voltar atrás, pois considerava Guaidó frágil como um
"menino" em comparação com o "robusto" Maduro.
Com a mesma
motivação eleitoral, Bolton diz que, em 2018, Trump gritou em uma
reunião com um dos seus principais assessores, indicando que o muro da
fronteira do México precisava ser construído e que a imigração ilegal
precisava cair.
"Fui eleito por causa deste tema e agora não vou ser reeleito por causa disso", teria dito Trump, segundo Bolton.
bbc
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