Em luto após 7 dias, população some das ruas de Brumadinho e se recolhe
BRUMADINHO, MG (FOLHAPRESS) -
“Não é o sol, não é o calor. Ninguém está saindo de casa é por tristeza”, disse Hilton Souza Ribeiro, dono da Mercearia Tote, no centro do vilarejo, no início de uma tarde quentíssima.
O Centro Comunitário de Córrego do Feijão continua sendo o pólo aglutinador da gente da vila. Trata-se de uma casa construída pela Vale com tijolos de adobe, bem sólida, no meio da vila.
Ali, desde o rompimento, instalou-se o centro de comando dos bombeiros e da polícia, mas no gramado do entorno estão as barracas da Defensoria Pública, dos oficiais de registro civil (que emitem novas certidões de nascimento, casamento ou óbito) e dos psicólogos voluntários.
Se existe um lugar para se ir em Córrego do Feijão, umas das comunidades mais atingidas, é o Centro Comunitário. Mas, de gente local, poucos. Menos do que os atendentes.
Córrego do Feijão é uma vila muito pequena. Por estar no alto de uma pequena elevação, não foi tomada pela lama da barragem da Vale. Mas, em seu costado, a menos de meio quilômetro, é tudo desolação.
Sebastião Felício Camelo, 70, é dono do sítio que se transformou em referência para os cinegrafistas e fotógrafos que invadiram Córrego do feijão. Todos vão lá.
A casa fica no alto do primeiro morro saindo da vila e está virada para o desastre. Atrás do quintal, no pasto, a visão desoladora: tudo destruído abaixo. Muito, muito grande. E os mortos que se intui debaixo da lama.
“Você vai embora daqui a pouco e eu vou ficar aqui. Essa tristeza é para sempre”, disse um adolescente à reportagem.
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