Em luto após 7 dias, população some das ruas de Brumadinho e se recolhe

Nas ruas do pequeno povoado de Brumadinho atingido pelo rompimento da barragem da Vale, o trânsito continua intenso desde o desastre. Continuam circulando as viaturas da polícia e dos bombeiros, ambulâncias, carros e vans de jornais e TVs, caminhões que ninguém sabe o que fazem ali... mas a população não está mais nas ruas. Escondeu-se dentro das casas, cansada, triste, chorando seus mortos e estressada com tanto barulho e poeira. O vaivém dos carros de serviços de resgate, imprensa e de atendimento humanitário mais levanta poeira do que chama a atenção da população local. E quem está nas ruas são bombeiros, membros de grupos de resgate, policiais, militares, jornalistas e voluntários. Gente da vila, pouco se vê. "Não é o sol, não é o calor. Ninguém está saindo de casa é por tristeza", disse Hilton Souza Ribeiro, dono da Mercearia Tote, no centro do vilarejo, no início de uma tarde quentíssima. O Centro Comunitário de Córrego do Feijão continua sendo o pólo aglutinador da gente da vila. Trata-se de uma casa construída pela Vale com tijolos de adobe, bem sólida, no meio da vila. Ali, desde o rompimento, instalou-se o centro de comando dos bombeiros e da polícia, mas no gramado do entorno estão as barracas da Defensoria Pública, dos oficiais de registro civil (que emitem novas certidões de nascimento, casamento ou óbito) e dos psicólogos voluntários. Se existe um lugar para se ir em Córrego do Feijão, umas das comunidades mais atingidas, é o Centro Comunitário. Mas, de gente local, poucos. Menos do que os atendentes.
José Antônio Bicalho
BRUMADINHO, MG (FOLHAPRESS) - 


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“Não é o sol, não é o calor. Ninguém está saindo de casa é por tristeza”, disse Hilton Souza Ribeiro, dono da Mercearia Tote, no centro do vilarejo, no início de uma tarde quentíssima.
O Centro Comunitário de Córrego do Feijão continua sendo o pólo aglutinador da gente da vila. Trata-se de uma casa construída pela Vale com tijolos de adobe, bem sólida, no meio da vila.
Ali, desde o rompimento, instalou-se o centro de comando dos bombeiros e da polícia, mas no gramado do entorno estão as barracas da Defensoria Pública, dos oficiais de registro civil (que emitem novas certidões de nascimento, casamento ou óbito) e dos psicólogos voluntários.
 
Se existe um lugar para se ir em Córrego do Feijão, umas das comunidades mais atingidas, é o Centro Comunitário. Mas, de gente local, poucos. Menos do que os atendentes.
Córrego do Feijão é uma vila muito pequena. Por estar no alto de uma pequena elevação, não foi tomada pela lama da barragem da Vale. Mas, em seu costado, a menos de meio quilômetro, é tudo desolação.
 
Sebastião Felício Camelo, 70, é dono do sítio que se transformou em referência para os cinegrafistas e fotógrafos que invadiram Córrego do feijão. Todos vão lá.

A casa fica no alto do primeiro morro saindo da vila e está virada para o desastre. Atrás do quintal, no pasto, a visão desoladora: tudo destruído abaixo. Muito, muito grande. E os mortos que se intui debaixo da lama.
 
“Eu vi romper. Vinha o negócio correndo, a lama, rugindo, quebrando. Eu tava no pasto e vi tudo. Mas corri lá pra cima, para aquela casinha velha. Deitei e fiquei lá esperando. Não chegou em mim, mas chegou em todo mundo que estava lá embaixo”, disse. 
“Você vai embora daqui a pouco e eu vou ficar aqui. Essa tristeza é para sempre”, disse um adolescente à reportagem.




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