Barragem em Brumadinho: bombeiros confirmam que há cerca de 200 desaparecidos após rompimento Há 5 horas

A mineradora Vale afirmou no início da noite de sexta-feira que cerca de 200 pessoas estão desaparecidas após o rompimento de uma barragem da empresa no município de Brumadinho, que faz parte da zona metropolitana da capital mineira, Belo Horizonte (MG).
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Em entrevista à Globonews, o prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo Barcelos, diz que foram contabilizadas ao menos sete mortes decorrentes do acidente, e que cerca de 100 das 300 pessoas inicialmente desaparecidas foram encontradas com vida.
Em entrevista coletiva, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que funcionários da empresa compõem a maioria dos atingidos pelo rompimento da barragem.
Há três anos, em novembro de 2015, outra barragem da empresa em Minas Gerais, na região de Mariana, também se rompeu, matando 19 pessoas.
Em nota divulgada logo após o rompimento, a mineradora informou que os rejeitos liberados pela barragem atingiram a área administrativa da empresa no local, conhecido como Mina Córrego do Feijão. A lama também atingiu parte da comunidade da Vila Ferteco, nas proximidades. Ambos ficam a 18 km do centro de Brumadinho.
"O resgate e os atendimentos aos feridos estão sendo realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente", disse a empresa.
"A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens. A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e integrantes da comunidade", continuou o comunicado.
Imagens feitas no local do acidente pela TV Record mostram pessoas sendo resgatadas na lama, com a ajuda de um helicóptero. Segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, quatro vítimas, três mulheres e um homem, estariam sendo atendidas no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte.


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À BBC News Brasil o secretário adjunto de Saúde de Brumadinho, Geraldo Rodrigues do Carmo, disse que funcionários da mineradora relataram, por telefone, ter visto a lama atingir a portaria e o refeitório da empresa no horário do almoço. Ainda acordo com Carmo, além de concentrar a administração da Vale, a Vila Ferteco abrigaria casas e sítios, mas não seria muito populosa.
No cadastro nacional da Agência Nacional de Mineração, a barragem do Córrego do Feijão é classificada como uma estrutura de pequeno porte com baixo risco e alto dano potencial.
A lei 12.334/10 explica que o risco é calculado "em função das características técnicas, do estado de conservação do empreendimento e do atendimento ao Plano de Segurança da Barragem". Já o dano potencial se refere ao "potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais decorrentes da ruptura da barragem". 
Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informa que o empreendimento e a barragem em Brumadinho estão devidamente licenciados.
Em dezembro de 2018, a Vale obteve licença para o reaproveitamento dos rejeitos dispostos na barragem e encerramento de atividades.
"A barragem não recebia rejeitos desde 2014 e tinha estabilidade garantida pelo auditor, conforme laudo elaborado em agosto de 2018. As causas e responsabilidades pelo ocorrido serão apuradas pelo governo de Minas."

Comunicado de Bolsonaro

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Santana do Rêgo Barros, informou que o presidente Jair Bolsonaro pretende ir ao local neste sábado, às 8h, e que um gabinete de crise foi criado para monitorar a situação.
Pelo Twitter, Bolsonaro disse que lamenta o ocorrido e que os ministros do Desenvolvimento Regional, Minas e Energia e do Meio Ambiente, assim como o Secretário Nacional de Defesa Civil, viajarão à região.
"Nossa maior preocupação neste momento é atender eventuais vítimas desta grave tragédia", escreveu.


Barragem da ValeDireito de imagemREPRODUÇÃO/GOOGLE MAPS
Image captionA distância entre a sede da mineradora e a barragem que se rompeu é de cerca de 1,6 km

Resgate e orientações

A secretária de Saúde de Brumadinho não conseguiu enviar equipes para ajudar nos atendimentos pela dificuldade de acesso ao local - a rodovia que leva até lá foi bloqueada.
O governo de Minas Gerais informou que a Defesa Civil do Estado mandou uma equipe para o lugar atingido, com o objetivo de ajudar no resgate das vítimas. Já o batalhão do Corpo de Bombeiros mineiro enviou três helicópteros para a operação, que também conta com uma aeronave da Polícia Civil e outra do Exército.


Vista aérea da região de BrumadinhoDireito de imagemCORPO DE BOMBEIROS DE MINAS / DIVULGAÇÃO
Image captionA área atingida pelos rejeitos, em imagem feita pelo Corpo de Bombeiros de Minas

A prefeitura de Brumadinho orientou os moradores a não se aproximarem do leito do Rio Paraopeba, próximo à área atingida pelo desastre.
Moradores da cidade disseram à BBC que pessoas que vivem perto do rio foram orientadas pela Defesa Civil a deixarem suas casas. Um trecho do Paraopeba cruza o centro de Brumadinho.
O museu privado a céu aberto de Inhotim, que também fica na região, anunciou que evacuou suas dependências como medida preventiva.

Há três anos, outra tragédia

Em novembro de 2015, outra barragem da Vale, na região de Mariana, também em Minas Gerais, se rompeu, matando 19 pessoas, destruindo totalmente três distritos - Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, esta última a 60 km de Mariana - e deixando milhares de pessoas desalojadas.
Administrada pela Samarco, a barragem de Fundão liberou 34 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério, que desceram 55 km pelo rio Gualaxo do Norte até o Rio do Carmo e outros 22 até o Rio Doce.
A avalanche de lama percorreu 663 km de cursos d'água e atingiu 39 municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo - o maior desastre ambiental do país.
BBC Brasil
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