'Poderia ter tirado a vida da minha filha', diz mãe de pendurada no BRT

Motorista foi demitido na manhã desta sexta (10): 'Acho justo', diz mãe.
Jheniffer ficou presa por dez minutos na porta de ônibus da Transcarioca.

A menina Jheniffer, que ficou pendurada do lado de fora de um ônibus do BRT transcarioca na Zona Norte do Rio de Janeiro, recebe o carinho da mãe. O motorista, que apesar dos pedidos dos passageiros só parou cerca de 2 km depois, foi demitido  (Foto: Alexandre Vieira/Agência O dia/Estadão Conteúdo)

Jheniffer recebe o carinho da mãe, Jéssica (Foto: Alexandre Vieira/Agência O dia/Estadão Conteúdo)A atendente Jéssica Florêncio, mãe da menina de 6 anos que ficou pendurada do lado de fora de um ônibus do BRT durante dez minutos e cinco quilômetros na noite desta quinta-feira (9), disse que achou justa a demissão do motorista. Cláudio Hamilton admitiu que o braço da menina ficou preso à porta e foi demitido por justa causa.
 "Eu achei uma coisa justa, porque ele poderia ter tirado a vida da minha filha", disse Jéssica ao G1, ainda incerta sobre um possível processo. "Ainda estou muito nervosa com tudo o que aconteceu. Vai depender do advogado."
O motorista foi demitido por justa causa na manhã desta sexta-feira (10), segundo o consórcio responsável pelo transporte. Claudio Hamilton Silva Montezuma, de 48 anos, esteve na delegacia essa tarde.Ele disse que olhou pelo espelho retrovisor e não viu ninguém pendurado do lado de fora e que na hora, havia um grupo de passageiros fazendo bagunça no ônibus, pedindo que ele parasse fora do ponto. Ele responderá por lesão corporal culposa e a pena é de até três anos de prisão.
Imagens das câmeras de segurança do veículo vão ser entregues à Polícia Civil. 
“Eu gritei pra ele abrir a porta porque a minha sobrinha estava do lado de fora e ele disse: ‘Só posso abrir na próxima estação’. A gente gritando muito, aí os passageiros gritando muito também”, disse Michele, tia da criança. Ela e outros dois adultos estavam levando cinco crianças ao cinema, como mostrou o Bom Dia Rio.
Segundo Jéssica, a mãe dela viveu momentos de desespero. “Ela ficou segurando a mão da minha filha dentro do BRT. Foi o que manteve a Jheniffer presa, senão ela tinha caído. O motorista arrastou a minha filha até a estação do Fundão”, disse.A menina foi levada para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), na tarde desta sexta.

Jéssica diz que a menina, chamada Jheniffer, estava de mãos dadas com a avó quando ocorreu o incidente. “Minha mãe estava de mãos dadas com a minha filha e o meu sobrinho. Quando eles foram desembarcar, ela segurou a mão da Jheniffer para ela pular o vão entre o BRT e a plataforma, e o motorista fechou a porta. Todo mundo começou a gritar para o motorista abrir, mas ele disse que só podia abrir a porta de novo na outra estação e arrancou”, afirmou.

Cláudio Hamilton, acusado de dirigir um ônibus do BRT Transcarioca com uma menina de 6 anos pendurada do lado de fora de coletivo, entre as estações Parque União e Aroldo Melodia, na Zona Norte do Rio de Janeiro, presto depoimento na 21ª DP, em Bonsucesso (Foto: ANDRÉ MOURÃO/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO)Cláudio Hamilton prestou depoimento na 21ª DP (Foto: André Mourão / Agência O Dia / Estadão Conteúdo)"Eu achei uma coisa justa [a demissão], porque ele poderia ter tirado a vida da minha filha"
Jéssica Florêncio, mãe de Jheniffer








Apesar de a menina não ter sofrido nenhum ferimento aparente, a mãe afirma que ela sente muitas dores e que ficou apavorada. “Ela está muito nervosa. Minha mãe contou que ela gritava o tempo todo que iria morrer. O braço dela ficou vermelho e inchado e ela reclama de muitas dores”, disse Jéssica.
Fuga
Assim que o ônibus da viação Santa Maria chegou ao terminal, o motorista freou bruscamente – machucando alguns passageiros – abriu a porta, pegou a mochila e fugiu, abandonando o coletivo.

“Os passageiros estavam revoltados e ele saiu correndo e entrou num ônibus, deixando minha filha sem socorro. Na estação, um fiscal do BRT só perguntou o que aconteceu, mas não fez nada para ajudar”, afirma a mãe da menina.
Mesmo com o depoimento de testemunhas que confirmaram a versão da família, o caso foi registrado na 21ª DP (Bonsucesso) como lesão corporal culposa – ou seja, sem intenção. O motorista, identificado como Cláudio Hamilton, se apresentou no fim da noite de quinta na delegacia de São João de Meriti e foi liberado.
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