... dinheiro que vem fácil...


Natasha é suspeita de distribuir drogas (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Nathacha, suspeita de distribuir drogas na Rocinha, foi presa nesta quarta (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)‘Era tudo muito fácil', diz jovem presa que distribuía drogas na RocinhaProcurada desde 2014, Nathacha era a única mulher entre 50 homens.Alta, magra e bonita, ela passava fácil pelas barreiras policiais na favela.Presa na manhã desta quarta-feira (11), na Favela da Rocinha, Zona Sul do Rio, Nathacha Marques Veras, de 25 anos, usava o fato de ser jovem, bonita, simpática e bem articulada para passar por barreiras policiais, segundo investigadores.

Após sua prisão por agentes da 11ª DP (Rocinha), ela disse que boa parte da atividade de distribuição de drogas para comunidades do Rio era "muito fácil".
Segundo investigadores, Nathacha integra a quadrilha do traficante Djalma da Rocinha,desmantelada em setembro de 2014 na Operação Gênesis. 
Única mulher entre 51 integrantes do grupo, segundo o delegado Gabriel Ferrando, ela exercia função estratégica na comercialização de droga entre a Rocinha e outras comunidades da mesma facção criminosa, como o Morro da Pedreira e a Cruzada São Sebastião.
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Entrei para essa vida porque era tudo muito fácil. [...] Não precisava fazer nada demais, dava uns telefonemas do sofá da minha casa e fazia o negócio. [...] Ganhava um dinheiro bom, até R$ 1.500 por semana"
Nathacha Marques Veras, presa por distribuir drogas na Rocinha
'Mula'
Sem despertar suspeitas, Nathacha, que gozava da confiança dos traficantes, agia como “mula” – levando e trazendo quantidades pequenas de drogas que eram vendidas na favela.

“Entrei para essa vida porque era tudo muito fácil. Queria ajudar o pessoal. Não precisava fazer nada demais, dava uns telefones do sofá da minha casa e fazia o negócio. Não tinha medo de ser pega porque não ligava do meu telefone. Ganhava um dinheiro bom, até R$ 1.500 por semana”, contou a mulher ao G1, na delegacia
Segundo o delegado, Nathacha foi presa graças a escutas telefônicas, já que a jovem não tem antecedentes criminais. Ela contou que já fumou muita maconha, mas que atualmente estava livre das drogas.
Mas numa escuta telefônica recente, já desconfiada de que estava sendo procurada pela polícia, Nathacha disse que “mataria um policial”.
Na ligação com um homem ainda não identificado, ela diz: “Tô em casa, boladona, cara. Não quero nem beber. Se beber vou querer matar policial”. O interlocutor pede calma a Nathacha e diz para ela “fumar um”. E ela responde: “Tô fumando toda hora”.
Compras para criminosos
Ferrando diz que além de comercializar a droga para os traficantes, Nathacha também se aproveitava de sua boa aparência para fazer compras de roupas, acessórios e objetos pessoais em shoppings para os criminosos.

Por não ter ficha criminal, ser mulher e ter boa aparência, ela era considerada uma peça estratégica dentro do grupo porque agia anonimamente, enquanto os homens eram procurados"
Gabriel Ferrando, delegado que prendeu Nathacha
“Por não ter ficha criminal, ser mulher e ter boa aparência, ela era considerada uma peça estratégica dentro do grupo porque agia anonimamente, enquanto os homens eram procurados. Tanto que ela não acreditou quando viu a foto dela no organograma da Operação Gênesis", disse o delegado.
Segundo ele, desde que recebeu uma UPP, a Rocinha deixou de ser produtora de drogas e passou comprar e vender drogas produzidas em outras comunidades.
"E ela [Nathacha] se encaixava bem nessa função [mula]. Tanto que era a única mulher entre eles. Os traficantes confiavam totalmente nela. É uma mulher bem apessoada, que frequenta boates, shoppings e tem o comportamento de típica jovem de classe média”, afirmou Ferrando.
Nathacha, conta que antes de entrar para o tráfico, trabalhava na loja da mãe – que não mora na comunidade. Ela diz que a mãe já teve um bazar na Rocinha, mas que fechou o negócio.

“Só estudei até o 5º ano, mas fiz curso de teatro durante seis anos. Poderia ter seguido outra vida, mas... Era tudo muito fácil, eu ajudava o pessoal. Sou um pouco corajosa, mas agora estou com um pouco de medo. Vamos ver o que vai acontecer”, disse Nathacha, que afirmou que já tem advogado, mas que ainda não sabe o nome dele.
Filhos
Natacha está separada há cinco anos de um casamento que durou dez. Ela disse que tem um filho de 10 anos e outro que completa 7 no fim deste mês. As crianças, segundo ela, agora devem ficar com a avó.

O delegado informou que Nathacha teve mandado de prisão expedido pela Justiça por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Na operação desta quarta-feira, ela foi presa na casa de uma amiga e não ofereceu resistência.
Gabriel Ferrando contou ainda que ação visava prender um outro integrante da mesma quadrilha, que não foi localizado. Os agentes tiveram apoio de policiais da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), que no alto da favela trocaram tiros com um suspeito, que morreu.
O homem, ainda não identificado e, segundo Ferrando, estava com uma pistola. Ele chegou a ser levado para o Hospital Miguel Couto, mas não resistiu aos ferimentos.
Dos 51 traficantes procurados pela polícia na Operação Gênesis, desencadeada em setembro de 2014, 28 foram presos – incluindo Nathacha.
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