Cabeças cortadas: livros-reportagem relatam os horrores do Boko Haram

Boko Haram livro


Presença assídua no noticiário internacional nos últimos meses, o grupo radical islâmico Boko Haram já é tema de diversos livros lançados nos Estados Unidos. Embora alguns sejam “instant books” breves, disponíveis apenas na versão digital e editados às pressas para explorar o interesse passageiro dos leitores, no conjunto eles oferecem um panorama esclarecedor (e assustador) sobre o tema.
Assustador não somente pelos relatos escabrosos de testemunhas de sequestros e execuções, com muito sangue e cabeças cortadas, mas também pela condenação unânime dos autores ao governo nigeriano, marcado pela corrupção endêmica e pela incompetência na repressão às milícias radicais.
A conclusão de livros como “The hunt for Boko Haram: investigating the terror tearing Nigeria apart”, de Alex Perry; “Boko Haram and the Nigerian insurgency”, de Brendan McNamara; “Boko Haram: between myth and reality”, de N.I.O e D.L-B.; e “Boko Haram: Inside Nigeria’s unholy war”, de Mike Smith, é que o que acontece na Nigéria e começa a se espalhar para outros países da região, como o Chade e Camarões, é também uma resposta desesperada da população a uma quadrilha que se instalou no poder, a uma cleptocracia que perdeu o contato com a realidade da população. Apesar do crescimento econômico do país na última década, no norte do país mais de 70% das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, e a expectativa de vida é de pouco mais de 40 anos.
Concretamente, o Boko Haram – que significa "a educação ocidental é proibida"  – representa hoje uma filial africana do Estado Islâmico que já domina parte do Iraque e da Síria. Fundado em 2002 por Mohammed Yusuf e hoje encravado numa espécie de califado do tamanho da Bélgica no nordeste da Nigéria, o grupo comanda operações cada vez mais ousadas, com o objetivo de exportar a jihad para países vizinhos que vivem em condições igualmente precárias.
Em uma escalada da violência, com dezenas de ataques a escolas, igrejas, mesquitas e órgãos públicos, estima-se que até o momento 16 mil pessoas (cristãs em sua maioria) já tenham sido executadas na Nigéria – e 1 milhão obrigadas a fugir de suas casas. Jonathan atribui a crise ao contexto internacional da região.
Boko Haram livro
Foi o Boko Haram o responsável pelo infame sequestro de 276 meninas de 7 a 15 anos na cidade de Chibok, em abril de 2014, a maioria delas transformadas em escravas ou obrigadas a se “casar” com os milicianos.  Na semana do atentado terrorista em Paris, duas mil pessoas foram assassinadas pelos extremistas em Baga. O presidente nigeriano Goodluck Jonathan condenou publicamente o ataque à redação da "Charlie Hebdo", mas silenciou sobre a carnificina em seu próprio país.

O Boko Haram afirma lutar pela sharia – o modelo islâmico no qual não há separação entre religião e Estado, e todas as leis se baseiam nas escrituras sagradas (ou nas opiniões dos líderes religiosos) – além de combater a corrupção do governo, a falta de pudor das mulheres, a prostituição e outros vícios. O grupo atribui a culpa de todos esses males aos cristãos e à cultura ocidental – ódio que se explica em parte pelo período de dominação colonial, onde estão as raízes da resistência aos valores e à educação ocidental.
Mas seus métodos são selvagens: com objetivo de impor a lei islâmica na Nigéria e desestabilizar o Estado, adotam uma estratégia terrorista de medo e pânico. Com caminhões e carros blindados, radicais cercam vilarejos de maioria cristã e matam a população inteira – com exceção das meninas, que sequestram para que elas comecem uma vida nova como “servas”. Às vezes essas meninas são levadas para vilas muçulmanas e repetidamente estupradas, até aceitarem virar muçulmanas e se casar com um dos seus torturadores. Outras são submetidas a mutilações genitais.
Diante desses relatos, a lembrança que vem é a da fala do personagem Kurtz, de “O coração das trevas”, de Joseph Conrad: “O horror, o horror.
G1.com

O horror dos horrores!!!
Boa tarde!!

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