Crianças brasileiras têm doenças de adultos


Crianças brasileiras têm doenças de adultos





De tempos para cá, doenças só vistas em adultos tornaram-se comuns em crianças e adolescentes. Diabetes, hipertensão, colesterol alto e obesidade, por exemplo, têm atingido a população brasileira desde cedo em níveis perigosos.

A prevenção e o diagnóstico precoce são as melhores armas contra esses problemas.
Uma pesquisa realizada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com 1.937 crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos mostrou que 44% dos entrevistados tinham níveis alterados de colesterol. Por isso, eles são mais propensos a ter problemas cardiovasculares. Além disso, poderão se tornar adultos obesos e com sérios problemas de saúde, caso não passem por tratamentos.
"Estes problemas se dão por questões genéticas, má alimentação e sedentarismo. As crianças de hoje têm diferentes hábitos de vida. Elas quase não
brincam nas ruas e passam longas horas nos computadores. Comidas gordurosas, como as frituras, ocupam mais espaço no cardápio do que verduras e frutas. Estes hábitos, somados a fatores de risco, influenciam na proliferação de doenças cardiovasculares. Elas geralmente têm início na infância, mas costumam se manifestar depois dos 40 anos", explica Hermes Xavier, cardiologista coordenador da Campanha do Colesterol.
Geralmente, os pais têm dificuldade para identificar essas doenças em seus filhos, pois seus sintomas não são aparentes. Ainda segundo o especialista, as pessoas tendem a achar que uma criança gordinha é sinônimo de saúde, quando na verdade é propensa a se tornar um adulto obeso.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a hipertensão está presente em até 8% dos jovens, o colesterol atinge cerca de 35% e o tabagismo 34%, das crianças em dez capitais brasileiras. Enquanto isso, 10% das pessoas até 15 anos são obesas, sendo a maioria na região sudeste do país.
Fernanda de Souza é mãe de Marcos, de dez anos, que já esteve dentro do quadro de crianças acima do peso. "Marcos sempre foi gordinho, mas nunca me preocupei com isso. Só que chegou uma hora em que a fome parecia uma bola de neve. Ele queria sempre comer mais e, aos nove anos, atingiu o peso máximo de 62 quilos", conta a administradora.
"Foi muito difícil controlá-lo. Ele chorava muito quando nós recusávamos a dar alguma guloseima. O Marcos também começou a ficar deprimido, porque não conseguia acompanhar os coleguinhas nas brincadeiras da escola e nem no futebol. Então, o levamos ao nutricionista para fazer uma dieta e ele pediu uma bateria de exames. Foi batata! Além do excesso de peso, o colesterol dele estava bem acima do normal", recorda Fernanda.
Casos como o de Marcos são comuns. Alguns pais até se sentem culpados por não deixarem os filhos fazerem e comerem o que quiserem. Porém, os especialistas desta área afirmam que prevenir é o melhor remédio. O filho de Fernanda de Souza demorou quase um ano para perder 17 quilos e hoje já se sente melhor. Por meio de hábitos saudáveis, ele aprendeu que comer demais só o prejudicava. Se não houvesse esta mudança, o menino seria forte candidato a apresentar diabetes ao longo dos anos.
"Deve-se orientar a alimentação, diminuir gorduras e açúcares. Obesidade é demonstração de que o estilo de vida está errado. Isso ajuda no aumento da diabetes, hipertensão e arteriosclerose. Para ajudar crianças neste estado, uma refeição de três em três horas e o aumento das atividades físicas são capazes de melhorar a saúde", aconselha a nutricionista Carla Fernandes, de São Paulo.
O melhor é incentivar a boa alimentação e a prática de exercícios físicos desde a infância dos filhos, para não acarretar problemas sérios mais tarde.
Por:
Helena Dias
Agência MBPress






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