Entre Brumas de Inverno









O sono naquela noite resolveu se ausentar para dar lugar às lembranças trazidas pelo vento no final da tarde. Pensamentos vestidos de uma ousadia incomum vagavam, iam e vinham carregados, trazendo em seus malotes, palavras e gestos, sensações e emoções vividas certa vez. A respiração e os doces ais que um dia seu coração acolheu, estavam mais presentes do que nunca. Seus ouvidos, por mais que se esforçassem não conseguiam ouvir outro ruído. Voltar no tempo e rever aquele olhar que um dia roubara-lhe a paz, fez com que desejasse sentir e viver tudo outra vez. A manhã chegou fria e convidativa, dessas que deixa a pessoa com vontade de permanecer o dia inteiro embaixo do cobertor.  Uma forte sensação de tristeza e angústia invade-lhe o coração, que mesmo desapontado convida-lhe para sair. Decide ouvi-lo e sai, ainda indisposta pela noite de insônia, decide caminhar. Quem sabe, ao retornar tivesse evacuado da mente e da alma aquelas cenas que tanto lhe atormentam. Caminha entre brumas de inverno. Percorre caminhos solitários e visita a campina florida onde um dia estivera acompanhada, quando inocentemente acreditara ter encontrado o grande amor de sua vida. Arrisca-se a subir o monte. De lá mira o vácuo distante... sem brumas, sem campina, sem flores, sem monte, sem sonhos, sem esperança, sem nada... Sua visão turva não consegue esconder as lágrimas que nem o tempo irá enxugar. Outros invernos e brumas, talvez virão, no entanto nada irá mudar. Sua paz estaria em outro lugar. Ao pé do monte tudo fora reconstituído igual no "sonho".

                           ***Isis***

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