Tráfico de mulheres
O tráfico de mulheres é uma das modalidades do tráfico de pessoas mais praticadas no
mundo contemporâneo.
O tráfico de mulheres em sua essência se presta a escravidão sexual e à venda da mulher
como objeto sexual, muitas vezes contra a sua vontade. Segundo Relatório da Anistia
Internacional, o tráfico de pessoas é uma das formas ilegais mais
lucrativas no mercado mundial. Dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) estimam
que o tráfico humano movimente por ano cerca de 32 bilhões de dólares.
A Convenção de Palermo, um dos poucos marcos legais que tratam do tráfico de pessoas, o
define como o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento de pessoas utilizando-
se de ameaça, uso da força, formas de coação e abuso de autoridade sobre situações de
vulnerabilidade para fins de exploração.
Segundo estimativas do Instituto Europeu para o Controle e Prevenção do Crime, cerca de 500
mil pessoas são traficadas de países mais pobres para este continente por ano. Quanto ao
tráfico de pessoas para fins sexuais, estima-se que 98% das vítimas em todo o mundo são
mulheres.
Para quem realiza este tipo de exploração, a atividade tem baixos riscos e altos lucros. As
mulheres traficadas entram no seu país de destino com visto de turista e a ação da exploração
[ sexual muitas vezes é camuflada nos registros por atividades legais como o agenciamento de
modelos, babás, garçonetes ou dançarinas.
Poucas das mulheres vítimas deste crime têm ciência de que a migração se destina à
exploração sexual. Por vezes elas permanecem em cárcere privado, sob permanente vigilância,
além de sofrerem preconceito e discriminação por parte dos clientes e dos donos dos
estabelecimentos.
Sabe-se que essas mulheres trabalham de 10 a 13 horas diárias no mercado do sexo, não
podendo recusar clientes e sendo submetidas ao uso abusivo de drogas e álcool para
permanecerem despertas .Elas acabam não se reconhecendo como traficadas, não se dão
conta da grave exploração que sofrem, apenas admitem que foram enganadas.
O tráfico para fins de exploração sexual traz irreversíveis consequências às mulheres. Estas
ficam expostas a todo tipo de doença sexualmente transmissível, inclusive ao vírus HIV, sofrem
ataques físicos por parte dos clientes,
são atacadas sexualmente pelos aliciadores, têm que lidar com constantes ameaças ou
intimidações por todo o período que permanecem em regime de escravidão sexual, além de
destinarem todo o dinheiro que arrecadam para pagar a dívida contraída com os cafetões.
Para a Associação para a Prevenção e Reinserção da Mulher Prostituída (APRAMP) a situação
das brasileiras
inseridas neste mercado de exploração merece atenção. A instituição alerta que o Brasil é hoje
o país com maior número de mulheres traficadas para fins sexuais da América do Sul. Dados
da Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes (PESTRAF)
contabilizam 110 rotas nacionais e 131 rotas internacionais,
sendo 32 dessas para a Espanha.
O mais alarmante é que se detectou que vem aumentando a quantidade de brasileiras que
entram nos países de língua latina da Europa para fins de exploração sexual. Dessas tantas,
muitas estão sofrendo uma nova forma de exploração: a revenda. As mulheres permanecem
um pequeno período, menos de 28 dias, em um estabelecimento de prostituição, em seguida
são revendidas a outros estabelecimentos com a finalidade levar novas possibilidade de
escolha dos clientes. Para a estudiosa do assunto Iana Matei, o aumento desse comércio de
troca é consequência da relação de traficantes de entorpecentes com a exploração sexual,
levando a este ramo a administração em rede e a renovação de mercadoria para lucrar mais.
Perfil
A Fundação francesa Scelles, que luta contra a exploração sexual, divulgou que há cerca de
42 milhões de pessoas em situação de prostituição no mundo; 75% dessas são mulheres com
idade entre 13 e 25 anos.
O relatório da OIT sobre o assunto acrescenta que são de classes populares, apresentam baixa
escolaridade, habitam em espaços urbanos periféricos com carência de saneamento,
transporte (dentre outros bens sociais comunitários), moram com familiares, têm filhos e
exercem atividades laborais com baixa remuneração. Muitas delas já foram submetidas a
alguma forma de prostituição.
O mesmo relatório avalia que entre as causas do tráfico de pessoas para fins de exploração
sexual estão: instabilidade política, econômica e civil em regiões de conflito, emigração nã
o legalizada, violência doméstica, ausência de oportunidades de trabalho. Esta última é maior
motivação por conta da vulnerabilidade social e econômica em que essa situação insere as
mulheres.
Toda essa relação de exploração reflete claramente que o tráfico de mulheres é uma das
maiores expressões da ação da sociedade capitalista na vida das mulheres trabalhadoras,
as quais, precisando sobreviver, submetem-se a condições de vida degradantes. Nos períodos
de crise, como o que vivemos atualmente, isto tende a se agravar, como mostram os dados, já
que a exploração da classe trabalhadora como um todo, aumenta. O capitalismo, todos sabemos
, se fundamenta na realização de lucro para poucos à custa do trabalho de muitos e a qualquer
preço.
A sociedade capitalista expõe o corpo das mulheres, utilizando para vender os mais variados
produtos e leva esta mercantilização até as últimas consequências, tornando as próprias
mulheres mercadorias, as quais se vendem, se compram, se usam e se exploram da maneira
mais cruel.
Esta dura realidade coloca a toda classe trabalhadora e em específico às mulheres a
necessidade de lutar para colocar fim a esta exploração e opressão. Coloca a necessidade de
organização para que tenha fim de uma vez por todas este sistema, que se utiliza do corpo, do
sangue, do trabalho de uma enorme parcela da população [para enriquecer uma minoria==
Estatísticas == O tráfico de mulheres é crime na maior parte dos países, incluindo
Brasil, o que não impede sua prática. De Acordo com a Organização das Nações Unidas,
cerca de 2,5 milhões de pessoas são vendidas a cada ano e destas, 80% são mulheres e
vítimas do tráfico sexual.
Fonte: Wikipédia
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