Sim, é possível viver feliz sozinho


Loudinha vive mais feliz desde que ficou viúva: ‘Sou apaixonada por viver só, mas não sou solitária, tenho amigos …












Imagine como seria uma vida sem um parceiro para dividir as alegrias e tristezas do dia a dia. A simples ideia da solidão pode parecer desesperadora para algumas pessoas ou, como uma fórmula matemática, significar a solução dos problemas e o combustível para a felicidade. A fonte do bem estar pessoal e profissional depende exclusivamente de você. 

“As alternativas para ser feliz são incontáveis. Felicidade não está ligada a um relacionamento amoroso”, garante Lourdes Sanches de Oliveira. Aos 77 anos, a Lourdinha, como prefere ser chamada, vive a plenitude de sua felicidade simplesmente sozinha. “Sou apaixonada por viver só, mas não sou solitária, sou independente. Eu mesma sou responsável por meus momentos felizes, mais ninguém.” 

A liberdade, conquistada por Lourdinha há 22 anos, a ajudou a compreender que é possível ser feliz sem um companheiro. Ela foi casada durante 23 anos, viveu experiências negativas ao lado do esposo – que era alcoólatra –, mas assegura que não foi o “trauma” que motivou sua opção por viver sozinha, mas a possibilidade de ser dona de si. 

Fugir das regras impostas pela sociedade, que condiciona a felicidade das mulheres à relação conjugal bem sucedida, foi a maneira que a aposentada encontrou para testar sua maturidade emocional. “Descobri-me livre (após a morte do marido). Aprendi que ser feliz é viver a minha própria vida fazendo o que eu quero, na hora que eu quero, sem cobranças.” 

Por opção, ela não mantém relacionamentos amorosos, prefere focar as energias na descoberta de novas amizades. “Vivi com um companheiro apenas durante um terço da minha vida, mas sou mais feliz sem marido. Não sou só, tenho amigos.” 

Desde que o único filho se casou, ela passou a frequentar grupos de terceira idade e se relacionar com pessoas que compartilham histórias de vida parecidas. “São grandes amizades. Frequentamos bailes, cafés, realizamos jantares e muitos passeios. Vou aos encontros que eu quero. Se não quiser, não vou. Ninguém me diz o que devo fazer. O que mais eu preciso? Não há nada melhor.” 

Lourdinha escolheu como aproveitar a vida. É alegre, sorridente, positiva e segura. “Não tenho medo de ser feliz e procuro viver bem porque o tempo é curto e não sei quando a vida vai acabar.”

ESTAR SÓ NÃO SIGNIFICA SOLIDÃO
Nada de anormal no comportamento de Lourdinha, que apesar da idade, se recusa a morar com familiares e prefere fazer as tarefas domésticas e a própria comida. O psicólogo Ailton Amélio, especializado em terapia de casais, a classifica como uma pessoa bem resolvida, perfeitamente possível de ser feliz, pois se relaciona e faz tudo o que gosta. 

O professor de psicologia da USP (Universidade de São Paulo) e autor de três livros sobre relacionamentos, explica que muitas pessoas não sentem solidão quando estão só. “Tem gente que é uma boa companhia pra si mesmo, é criativo, inteligente e completa seu tempo. É um caso comum.” 
Na avaliação do estudioso, a maioria se beneficia do relacionamento como uma vacina contra doenças físicas e psicológicas. “A pessoa usa o companheiro para se abrir e este relacionamento, na maior parte dos casos, ajuda no equilíbrio físico e mental, essenciais para atingir a felicidade.” 

FOBIA SOCIAL
A solidão só passa a ser preocupante quanto uma pessoa não consegue manter relações sociais. Segundo o terapeuta, há quem vive sozinho porque não sabe lidar com gente. “É o caso de quem se sente acuado perto de pessoas e não tem bom comportamento. Não sabe agir, não emite opinião e é submissa.” 

Pessoas que sofrem de fobia social são radicais e infelizes. Ailton Amélio assegura que quem vive só e não se relaciona com ninguém afetivamente, não é feliz. “Quem tem este quadro pode desenvolver sérios problemas de saúde. Neste caso, é preciso procurar tratamento de um especialista”, orienta.


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