APENAS UMA TAÇA DE VINHO (PROSA POÉTICA)

Haja fôlego para aguentar um fato como esse! Estou transpirando... calafrios inexplicáveis, frutos talvez dessa minha enorme e acentuada carga de emoções. Culpa da genética, mesmo. Pareço adolescente apaixonada, vivendo a expectativa do primeiro encontro! A comoção me sobe às veias, invade meu cérebro,  emociona ao ponto de me sentir protagonista dessa história. Vamos lá!... A música instrumental, suave que ouvia naquela manhã remetia às mais belas e inesquecíveis  lembranças do primeiro encontro. Seus pensamentos viajam até o porto, local onde conhecera o seu primeiro e grande amor, aquele que a vida escolhera e lhe apresentara para viver um grande conto de fadas (real) desses (hoje em dia, um tanto raros) que perdura para a vida inteira. Olavo, o príncipe encantado era um belo tipo, tinha pinta de galã de cinema, além de uma educação refinada, era companheiro, gentil, amoroso e apaixonado. Júlia, havia ido com uma prima conhecer o porto naquele sábado de primavera, onde seu olhar fora fulminado por um belo par de olhos azuis. Paixão avassaladora que com o passar do tempo transformou-se num belo e sólido amor. Recorda a lua de mel, a cama ainda arrumada, a lingérie vermelha sobre o criado mudo a aguardava para o momento mais sublime daquela noite de núpcias. Júlia solta um doce e profundo suspiro... Nesse momento seus pensamentos são interrompidos por Olavo que lhe anuncia, acabara de preparar o banho de sais, a banheira estava cheia e prometia o melhor relaxamento a dois já experimentado por alguém... júlia se despe delicadamente, entra para o banho. Olavo se afasta para ir até a cozinha pegar duas taças de vinho. Sozinha, Júlia libera novamente seus pensamentos e sonhos de jovem mulher, amante e apaixonada. Volta o olhar para a primeira noite de amor, recorda a timidez, seu medo constante de se entregar aquele homem, presente em sua vida há apenas seis meses. lembra do quanto ele fora gentil, amigo e compreensivo com sua timidez e inquietações momentâneas. De repente... Júlia se apercebe de uma intuição negativa e ver quanto tempo faz que seu amado se ausentou daquele local. Sai da banheira correndo. Seus pés descalços e molhados a fazem perder o equilíbrio, escorrega e cai na sala. Com dificuldades, ainda aturdida pelo impacto do tombo, levanta para ir até a cozinha. O percurso parece infinito. Chama em voz alta por Olavo, mas ele não responde, aumentando ainda mais a sua aflição. Ao chegar à cozinha, Júlia tem diante de si a maior surpresa. Olavo, o primeiro e único amor, seu corpo atlético, lindo, apenas de cueca, está ali, inerte, estendido no chão, sem vida, segurando ainda, apenas uma taça de vinho.

Por: ISIS DUMONT
Já no RL.

Comentários

  1. Ah! Não...Aparecida, você matou Olavo?!!
    Ele era tão lindo...

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  2. Trágico e ao mesmo tempo lindo, minha amiga. Parabéns mais uma vez pelas escolhas de suas postagens. Que Deus a conserve com essa imensa sensibilidade. Bjos.

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