Infinito - Pedro Francisco da Silva


A tarde marca o dia que finda,
Anuncia com o ângelus a calmaria da noite.
Mas liberta o louco em mim.
Meu corpo a sofrer açoites
Dos ventos dilacerantes
Marcando meu encontro noturno com ruas, rostos e sons.
Aumenta a minha pressa, clamando para o tempo correr,
E o que era em mim calmaria, explode em ebulição!
E o que parecia certo:
Reencontro do amor disperso
Perde todo o sentido.
Um sopro do dia poente
Traz-me a alma o inocente, que fui e desejaria ser:
Um louco a procurar na lua, sentidos para os sentimentos terrenos.
Tomaste de volta o que de mais precioso, pensava eu, ter.
Perderam-se a alegria e compreensão.
Restaram-me - de mim - sombras no chão,
Outrora ressequido, hoje encharcado das lágrimas que me deixaste!
Leva-me a pensar:
Tomaste o que o era meu
Porquanto seu, eu era!
Só hoje na primavera
Com flores novas e cores à luz!
Tenho a plena certeza
Que ao belo, curva-se a rudeza,
E as palavras postam-se sutis:
Se levas o que me deste, dê-me de novo: voltas!

Comentários

Postagens mais visitadas