Ex-usuária de crack conta como saiu da estatística de mais de 1 milhão de consumidores no país

Ivone teve 12 filhos, três morreram ainda pequenos. Um deles morreu enquanto era amamentado. “Ele engasgou com o leite e eu tava tão doida que não vi. Se não estivesse drogada, acho que teria conseguido salvá-lo”, disse.
Atualmente, Ivone trabalha no Projeto Giração, voltado para crianças e adolescente moradores de rua, vítimas de trabalho infantil ou vulnerabilidade social. Ela diz que não pensa no futuro. “Procuro viver um dia após o outro. E peço forças para nunca mais usar [drogas]”. Ivone toma remédio controlado para conter a ansiedade e a agressividade e cuida dos nove filhos. Todos moram com ela. “Não quero fazer com eles o que fizeram comigo. Me abandonaram.”
Durante os anos de dependência, ela fez parte das estatísticas que mostram que hoje existem mais de 1 milhão de usuários de crack no país. A maioria deles começou a usar a droga aos 13 anos. Em Brasília, a situação não é diferente.
Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal apontam que entre jovens de 18 a 22 anos a prevalência é pelo uso de múltiplas drogas. À medida que a idade aumenta, o consumo de álcool cresce, sendo majoritário em pessoas acima de 70 anos.
“O álcool ainda é a grande droga”, disse o coordenador de Gerência de Saúde Mental do DF, Augusto César Farias. “Mas o crack é uma droga que aparece na faixa entre 18 e 47 anos e mata precocemente, não só pelo uso, mas também por causa da violência”, explicou ao participar de seminário sobre o assunto na Câmara dos Deputados.
Para a representante da Secretaria de Educação do DF Maraísa Lessa, é preciso uma ação integrada para combater o uso de crack e outras drogas. “Precisamos de novos caminhos para que nossos alunos tenham outras possibilidades na vida.”
O seminário foi organizado pela Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate à Droga. Os parlamentares da comissão já ouviram diversos especialistas em vários estados. A meta é debater a prevenção, o tratamento, acolhimento dos dependentes químicos e a sua reinserção social, além de contribuir para a elaboração de propostas de políticas públicas de combate às drogas.
Edição: Talita Cavalcante
Agência Brasil

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