ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

            O que costumeiramente chamávamos de trauma agora é conhecido como estresse pós-traumático, ou seja, são sintomas de muita ansiedade, ou inquietação, medo e, às vezes, até angústia em consequência de uma situação psicológica dolorosa vivida por alguém a qual marca e se instala no campo emocional, mudando o dia a dia da pessoa.
            Os traumas só são diagnosticados quando perduram por mais de quatro semanas e com intensidade emocional a ponto de serem notados por familiares e amigos. Os mais comuns são aqueles em que o indivíduo sentiu um sério risco de sua vida, ou da de algum parente ou amigo.
            Cada pessoa é um universo, e o que pode traumatizar uma pode ser superado mais facilmente por outra. Os traumas mais intensos envolvem perigo de vida, como: acidentes automobilísticos com morte, estupro, assalto e sequestro; porém, até mesmo a perda do emprego é capaz de provocar traumas em uma pessoa.  casos em que o trauma pode ser tão forte a ponto de a pessoa ficar em estado dissociativo, perturbado, sem muita orientação. É como se estivesse distante, ausente.
            Agressividade intensa ou sobressaltos caracterizam traumas graves. Nesses casos, deve-se solicitar ajuda profissional, de preferência do psiquiatra. Muitas vezes, o fato de a pessoa ficar quieta ou recusar-se a falar do ocorrido pode ser indício de trauma, bem como uma inquietação que antes não era sua característica.
Os traumas em crianças podem ser notados por retraimento social, medo generalizado, queda do rendimento escolar, o evitar a presença de adultos, principalmente nos casos de abuso sexual.
            As crianças com dificuldades em falar dos traumas, além dos sintomas citados, podem apresentar pesadelos, sobressaltos, dores de cabeça e de estômago e inapetência. Em qualquer idade, um trauma pode instalar-se.

SINTOMAS DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

·         Sofrimento psicológico relatado ou percebido por familiares.
·         Lembranças do acontecimento choro, ou tensão, agressividade, medo, ou ausência da fala.
·         Dificuldades com sono. Por exemplo: insônia.
·         "Fuga" do lugar, da situação, das pessoas ou das atividades que lembram fato ou que estão relacionados ele.
·         Sonhos pesadelos ligados ao fato traumatizante.
·         Isolamento social, fechamento no quarto, evitar pessoas eindiferença generalizada.
·         Reações fisiológicas diante de situações que lembram o trauma. Por exemplo: uma mulher que foi estuprada poderá transpirar e ficar taquicárdica quando estiver sozinha no elevador com um homem.
            Uma pessoa que se enquadra na maioria desses sintomas está sofrendo de estresse pós-traumático.

O QUE FAZER?


            Os traumas podem ser leves, moderados ou graves. Caso a pessoa traumatizada esteja agindo de forma confusa, dissociativa, fora da realidade, com medo intenso e crises agudas de choro e depressão, deve-se procurar imediatamente um médico, se possível o psiquiatra. Há situações em que a internação pode ser solicitada.
            Sendo o trauma moderado, que não impede o indivíduo de desenvolver suas atividades profissionais e/ou escolares, sua vida conjugal e/ou domiciliar, além da interação social, penso que a psicoterapia e algum apoio medicamentoso (se necessário) podem ajudar muito.
            A psicoterapia deve ser voltada para alguns aspectos, a fim de contribuir para superar o trauma. Peguemos o exemplo de uma mulher que tenha sofrido um estupro consequentemente traumatizante. Nesse caso, ajude-a, incentive-a de forma leve, pergunte-lhe se ela gostaria de falar o que está sentindo. Quando o indivíduo coloca todo seu sentimento para fora, escutando seu próprio relato, vão surgindo novos caminhos e novas interpretações dos fatos.
            Se essa mulher apresentar ansiedade diante de outros homens, como se todos "tivessem um pouco de estupradores", mostre-lhe que está generalizando. É importante que ela perceba que está reagindo como se fosse ser estuprada novamente e que não está notando que a maior parte dos homens é boa.
            Deve-se, ainda, colocá-la, aos poucos, em situações que lembrem o trauma, incentivando-a a relaxar física e psiquicamente, controlando, assim, as reações perturbado-as. Estimule-a a subir de elevador com outros homens, pedindo-lhe que não se perturbe com pensamentos e defesas desnecessários. Logicamente, o exemplo dado deve ser de controle absoluto no tocante às pessoas escolhidas para tal.
            Dê preferência a que essas observações sejam feitas por um psicoterapeuta.
            Em casos de trauma de acidentes, assaltos e outros, os procedimentos deverão ser semelhantes: ajuda médica, quando necessária, e psicoterápica.

CASO CLÍNICO

            Fui procurado por uma mulher de 43 anos, secretária de um artista, a qual semanalmente viajava para fechamento e detalhes deshows. Em uma dessas viagens, em consequência de um problema técnico, o avião em que viajava teve de fazer um pouso de emergência nas proximidades do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Opouso foi violento e traumático, causando apenas danos na aeronave, sem causar vítimas. Porém, a secretária passou a sofrer de estresse pós- traumático, apresentando todos os sintomas, desde sudorese, ao pensar na próxima viagem, a insônia e outros.
            O tratamento foi relativamente breve, sem medicação, apenas colocando-a em exposição lenta, incentivando-a a visitar o aeroporto e a aproximar-se de outras aeronaves, e provocando, ao mesmo tempo,relaxamento diante do estímulo traumático (avião).
            Houve também, em várias sessões, interferência terapêutica de demonstrar à secretária as distorções do pensamento, fazendo-a perceber trauma ajudando-a reparar as magias do pensar. Um dos apontamentos foi mostrar-lhe quanto ela passou interpretar as turbulências como possibilidade de queda iminente, agindo sob ansiedade intensa.
            Após alguns meses, paciente voltou raciocinar sem perturbações pôde perceber trauma as generalizações que estava cometendo; afinal, avião ainda é o meio de transporte mais seguro.

gCair sete vezes; levantar-se oitoh
Provérbio Japonês


Haroldo Lopes


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