Minhas primeiras leituras...






Sem querer nem de longe ser chata falando de mim mesma, peço licença a você e te garanto que é por uma boa causa... A reportagem abaixo com destaque para o S. João de Campina e a literatura de cordel, me despertou a vontade de escrever um pouco sobre essa modalidade de leitura na qual, à época, mergulhei de cabeça.  Recordar e mergulhar no "meu mundo de cordéis encantados", não  apenas do cordel, mas de poemas e de várias canções, para mim é muito agradável. É viajar no tempo sem sair do lugar, é quase uma regressão... passear pelas veredas da vida, pelos caminhos tranquilos, despreocupados e felizes de minha infância, apesar das dificuldades, onde minha história começou. Meu pai era poeta repentista. Nossa casa (simples) estava permanentemente ornamentada por suas produções poéticas.  Havia centenas de folhetos de cordel e de canções impressas por todos os cantos, e sempre sua mala e bolsas de viagens estavam organizadas e recheadas desse material literário. Ele viajava bastante  para realizar "cantorias" junto com outros poetas, nos mais diversos lugares da Paraiba e do RN. Amava, transpirava e respirava poesia... Foi nesse ambiente povoado por tantas letras que eu vivi até completar os meus 11 anos de idade...   Foi com ele que aprendi a gostar de poesia.   Acho que é hereditário, pois, além  de amar esse gênero também escrevo... Meu pai também cultivava um cuidado ou zelo pela palavra e pela escrita corretas, além de caprichar na caligrafia. Era como se fosse um "requisito" de sua profissão. Naquela época não havia tantos entretenimentos como temos hoje, como por exemplo: tv, dvd, som, vídeo games, celular, computadores, etc... Certamente, por esse motivo, e por ter convivido com tantas leituras eu aprendi a ler muito cedo. Ler era um dos meus passatempos prediletos. Ainda lembro os vários títulos dos folhetos de cordel que li e reli inúmeras vezes não só para mim, mas para meus primos menores que eu, meus avós, tios e tantas outras pessoas que não sabiam ler,  mas apreciavam muito aquelas estórias de amor, vingança, traição, príncipes e princesas, reinos encantados, amores proibidos ou impossíveis, separações, morte, etc... Essas repetidas "sessões de leituras" aconteciam, geralmente à noite após o jantar e se estendiam até altas horas quando nós não suportávamos mais o sono. Folhetos como: Lampião e Maria Bonita, A Princesa Rosamunda, O Pavão Misterioso, O Cangaceiro Antonio Silvino, a Bela e a Fera, etc.  Aquelas estórias povoavam o meu imaginário infantil, me fascinavam e, em muitas delas eu viajava como se fosse personagem também!...
Parabéns aos organizadores do S. João de campina Grande, pela merecida homenagem à Literatura de Cordel e ao Poeta Manoel Monteiro, no seu paraíso poético que é o Recanto da Poesia...


                                                     Aparecida Ramos

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