domingo, 28 de junho de 2020

SAIBA COMO PROTEGER SEU FILHO DOS PERIGOS DA INTERNET




O caminho mais eficiente é manter um canal de diálogo aberto com os filhos.


 O que crianças e jovens estão fazendo na internet e como protegê-los de aproveitadores? Segundo uma pesquisa da Kaspersky, 62,6% dos pais brasileiros entrevistados afirmaram que conversaram menos de 30 minutos sobre cibersegurança com seus filhos. A empresa preparou algumas orientações sobre quando e como falar sobre cibersegurança com seus filhos – de acordo com cada faixa etária. As informações são do portal de notícias G1.

As dicas abaixo, relacionadas à segurança da informação, caso cumpridas à risca tornam baixo o risco de ataques e assédio de estranhos. Mas é importante lembrar o caminho mais eficiente é manter um canal de diálogo aberto com os filhos e se mostrar aberto para ouvir o que eles têm a dizer, criando um vínculo de confiança.

Entre 3 e 6 anos: Nessa idade, os vídeos e jogos coloridos e com letras ajudam no desenvolvimento da criança e exercitam a memória e lógica. Mas é imprescindível monitorar de perto as ações do seu filho na internet, pois estudos indicam que crianças nesta faixa etária não devem passar mais de 30 minutos (5 a 10 minutos por vez com intervalos longos) em frente ao computador.

Entre 7 e 10 anos: As crianças nessa faixa etária começam a usar computadores para tarefas escolares. É recomendado que os pais entrem em um acordo com seu filho para definir um tempo ideal, mas que não exceda 40 ou 50 minutos por dia. De acordo com a pesquisa, as crianças brasileiras ficam aproximadamente 6h10min online por semana quando estão em casa.

Nesta fase, os jogos que ampliam a percepção da criança e ensinam idiomas estrangeiros são muito úteis. Outro tema importante que pode ser introduzido nesta fase é o ecommerce. Segundo estatísticas da Kaspersky Security Network, o interesse das crianças por compras online cresceu de 2% em 2018 para 9% em 2019 na América Latina e é importante ensinar o valor do dinheiro, principalmente quando a compra é feita com a mesada da própria criança – o que faz com que ela entenda se há necessidade de realizar a compra.

Entre 11 e 13 anos: Nessa faixa etária, os pais devem conversar sobre quais serão as atividades online que seus filhos terão e definir em conjunto um tempo ideal e as regras de uso. Além disso, é importante introduzir os riscos online. A criança precisa sentir que a opinião dela importa, mas que ao mesmo tempo os pais acompanharão suas atividades para orientá-las. Além disso, é muito importante reforçar que a criança pode sempre procurá-los caso se sinta desconfortável ou insegura em uma situação online – ela precisa dessa confiança para qualquer eventualidade.

Se a criança tiver contato com redes sociais, é essencial orientar seu uso. Explique que ela não deve conversar com estranhos e que essa regra é a mesma que no mundo real – os pais também devem perguntar frequentemente o que a criança fez no dia, com quem conversou e – principalmente – mostrar interesse em ouvir o que ela tem a dizer. É nessa interação que os pais terão a oportunidade de identificar se alguma coisa no dia da criança parece suspeito, seja na navegação online ou no mundo real.

Além disso, reforce que não se deve postar fotos ou informações como nome completo, nome da escola, endereço residencial ou dados de compra, pois isso pode colocar em risco a segurança de toda a família. Caso a criança chame um amigo para brincar com ele em casa, estabeleça a regra que os detalhes de data e endereço devem ser definidos entre os pais por telefone ou na escola.

Entre 14 e 17 anos: Restringir o tempo no computador e do uso de outros dispositivos para adolescentes com mais de 14 anos somente é possível se você mesmo estiver preparado para monitorá-lo. A melhor forma é estabelecer um conjunto comum de regras domésticas.

Leia abaixo quais são as regras mais comuns usadas pelos pais brasileiros com relação ao uso da internet por crianças:
– Não permitir dispositivos durante as refeições;
– Prazos para o uso dos dispositivos e internet, como “nenhum dispositivo ou internet após as 23 horas”;
– Crianças devem pedir permissão aos pais para acessar determinados sites ou usar alguns aplicativos.

Importante: os filhos somente irão seguir as regras se elas também se aplicarem aos pais. Assim, é possível gerar um ambiente de confiança em que o jovem se sinta à vontade para partilhar sua vida digital com seus pais, sem se sentirem pressionados e controlados.



Fonte: Jornal O Sul em 25/02/2020
 https://mosqueteirasliterarias.comunidades.net/como-proteger-seus-filhos-dos-perigos-da-internet

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Brasil tem 1.103 mortes por coronavírus em 24 horas, mostra consórcio de veículos de imprensa; são 53.874 no total

Levantamento aponta ainda que país tem 1.192.474 casos confirmados. Brasil já tem 10 mil mortes a mais que o Reino Unido e se afasta como o segundo mais atingido no mundo.

 
Por G1

Brasil registra mais 1.103 mortes por coronavírus; total se aproxima de 54 mil
Brasil registra mais 1.103 mortes por coronavírus; total se aproxima de 54 mil
O Brasil teve 1.103 novas mortes registradas em razão do novo coronavírus em 24 horas, mostra levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de Saúde. Com isso, são 53.874 óbitos pela Covid-19 até esta quarta-feira (24) no país. Veja os dados, consolidados às 20h:
  • 53.874 mortes; eram 52.771 até as 20h de terça (23), uma diferença de 1.103 óbitos
  • 1.192.474 casos confirmados; eram 1.151.479 até a noite de terça, ou seja, houve 40.995 novos casos
Antes do balanço final do dia, o consórcio divulgou outros dois boletins. No primeiro boletim, às 8h, o Brasil contava 52.788 mortos e 1.152.066 casos confirmados. No segundo boletim, às 13h, o país tinha 52.951 mortos e 1.157.451 casos da doença.
O Brasil já tem 10 mil mortes a mais que o Reino Unido e se afasta como o segundo mais atingido no mundo. O país só fica atrás dos EUA, que registram 121,8 mil mortes.

Total de mortes por coronavírus no Brasil e nos estados

sexta-feira, 19 de junho de 2020

ABANDONADA (Crônica) em dia de sábado


         Em tempos de pandemia e isolamento social, somente uma "pane" ocorrida no Celular, para tirá-la de casa. Com as enxurradas de informações que nos bombardeiam diuturnamente e, por todos os lados, acabou esquecendo os dois últimos dígitos da senha do aparelho. Pior que isso aconteceu logo que acabara de digitar quatro números mais duas letrinhas, ao baixar um App de Cartão, que foi lhe exigido uma senha para, poder acessar em segurança. "Essas tecnologias ajudam muito, mas nessas horas dão dor de cabeça"!! Exclamou para si mesma, muito chateada por ficar sem acesso até conseguir resolver...
       Era sábado de manhã, quando uma amiga lhe convidou para sair. Apesar do momento turbulento, aceitou. Afinal, nem todo mundo pode ficar enclausurado em casa, mesmo porque algumas coisas se quebram, está sempre faltando algo. Apesar de que, nesse momento, muitas pessoas só saem para comprar alimentos ou medicamentos... "Que mal há em colocar aquela calça justa, uma blusa bem confortável, enfim, se arrumar, colocar o batom e perfume preferidos e sair, respirar outros ares, olhar as vitrines mesmo através das vidraças"?... pensou, já em frente ao espelho.
      Caía uma chuvinha fina e gelada. As várzeas às margens da estrada estavam sem visibilidade. Até parecia estar em outra Região.
    Ao chegar na Cidade de destino, as duas ficaram impressionadas e um tanto preocupadas vendo a movimentação das pessoas. O movimento de carros e outros veículos estava bastante intenso. Foi bem dificil encontrar vaga no estacionamento. Porém, com esse vai e vem de Decretos governamentais que um dia abre, n'outro fecha, no dia seguinte abre novamente, e depois, fecha parcialmente, só poderia dar nisso!
   Os camelôs aos gritos, anunciavam os melhores preços, disputavam clientes, na tentativa de vender máscaras, meias, capinhas para celular e inúmeros outros importados. Se antes da pandemia, caminhar nas calçadas já era difícil, imaginem agora com o desemprego, onde muitos perderam seu 'ganha pão', principalmente os trabalhadores informais.
   Após deixar o 'tumulto' para trás, resolveram entrar na lanchonete de uma panificadora, para tomar um lanche. Pelo menos puderam ficar um pouco mais à vontade, sem maiores preocupações. Os responsáveis pelo estabelecimento adotaram uma dinâmica diferente para o atendimento. Mexeram no layout, limitaram o acesso (do público) a 20% no interior da lanchonete, além da obrigatoriedade do uso de máscaras para toda clientela.
  Depois de conversarem bastante e descontraidamente, chegou o momento de 'levantar voo'. Pagou a conta sozinha, tendo em vista que a amiga não aceitou que contribuísse com o combustível.
       Na calçada, uma mulher aparentando ter no máximo 37 anos,  vestida com roupas simples, de olhar abatido e fisionomia triste aguardava os passantes e os clientes, para ver se conseguia alguns trocados. Talvez trabalhasse antes como faxineira ou algo semelhante. Talvez vendesse salgados, tapioca, bolo pé de moleque ou milho assado na esquina. No entanto, o que mais a impressionou além dessas cenas que passaram em sua cabeça, foi a ausência da 'máscara'. Sim. Aquela mulher era a única que estava 'desprotegida' desse objeto ou desse item até certo ponto importante, mas não deixa de ser também de 'repressão'. Pensou em sair rapidinho, dá umas voltas e encontrar nas proximidades algum vendedor, onde pudesse comprar umas duas máscaras e doar àquela senhora. Mas os camelôs estavam distante, em outro ponto da Cidade. Daí, por ter ainda algumas coisas para resolver, acabou desistindo da boa ação. Saiu do local carregando o pensamento sobre a mulher, da qual, nada ficou sabendo além do que estava visível: sem máscaras e, aparentemente desprotegida de tudo.



Foto de Mendigo Na Calçada e mais fotos de stock de Abandonado ...www.isisdumont.prosaeverso.net
Imagem no link: 
https://www.google.com/search?q=pedinte+na+calçada+na+calçada&tbm=isch&

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Livro de John Bolton: 4 revelações sobre Trump nas polêmicas memórias do ex-assessor presidencial que a Casa Branca quer proibir

John Bolton
 Reuters Image caption John Bolton foi o assessor de Segurança Nacional do governo de Donald Trump
É provavelmente o livro mais esperado do ano nos Estados Unidos.
A sua publicação foi anunciada em janeiro e desde então há leitores que já encomendaram suas cópias.
Trata-se do livro de memórias de John Bolton, ex-assessor de Segurança Nacional do governo de Donald Trump, que promete revelar informações relevantes que não vieram à tona durante o processo de impeachment.
Com o título O Quarto onde Aconteceu (The Room Where It Happened), de 577 páginas, o livro deve chegar às lojas no dia 23 de junho - caso a Casa Branca não consiga impedir a sua publicação.
De acordo com o Departamento de Justiça, o livro contém "informações confidenciais". Na quarta-feira, o governo pediu que um juiz impeça a sua publicação.

A BBC conta abaixo algumas das revelações mais polêmicas do livro que já foram divulgadas pela imprensa americana até agora:

1. Trump buscou apoio da China para garantir sua reeleição

De acordo com o livro de Bolton, o presidente americano pediu ajuda ao seu colega chinês, Xi Jinping, para conseguir se reeleger neste ano.
Donald Trump e Xi Jinping
    Reuters Image caption Segundo Bolton, Trump pediu ajuda ao presidente chinês Xi Jinping para 
    se reeleger
          A mensagem havia sido transmitida em diversas oportunidades.

Em uma cúpula de 2019, Trump teria dito a Xi que o aumento de compras agrícolas e de grãos americanos por parte dos chineses melhoraria suas perspectivas eleitorais.
Também em junho de 2019, durante um encontro bilateral na Cúpula do G20 no Japão, Trump teria falado com Xi sobre os comícios presidenciais nos Estados Unidos "referindo-se à capacidade econômica da China para influenciar a campanha em curso, pedindo a Xi que assegurasse que ele ganharia".
"(Trump) Destacou a importância dos agricultores e de um aumento das compras chinesas de soja e trigo no resultado eleitoral. Eu publicaria as palavras exatas de Trump, mas o processo de revisão prévia do governo me impediu", diz Bolton no livro, segundo o The Washington Post.
Quando Xi concordou em dar prioridade aos produtos agrícolas durante as negociações comerciais, Trump se referiu a ele como "o maior líder da história da China".
Na quarta-feira pela tarde, o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, refutou a versão de Bolton e disse que o pedido de ajuda para a reeleição "nunca ocorreu".

2. Invadir Venezuela seria 'legal'

De acordo com o relato de Bolton, que era um dos críticos mais ferrenhos ao presidente venezuelano Nicolás Maduro nos EUA, muitos dos governantes ajudados por Trump em troca de apoio tiravam proveito do presidente, na tentativa de manipulá-lo.
Um exemplo citado no livro foi uma ligação telefônica em maio de 2019 na qual o presidente da Rússia, Vladimir Putin, comparou o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó a Hillary Clinton, candidata democrata rival de Trump nas eleições de 2016.
Bolton classifica essa jogada como "uma brilhante amostra da propaganda no estilo soviético", que teria como objetivo assegurar apoio a Maduro, que é aliado do Kremlin.
E o resultado disso? Segundo Bolton, os argumentos de Putin "persuadiram Trump em grande parte".
O governo Trump, no entanto, mantém seu apoio firme a Guiadó como presidente interino e até aumentou as sanções contra o governo de Maduro.
Ao mesmo tempo, Bolton atribui a Trump uma série de afirmações escandalosas, como por exemplo, de que seria "cool" ("legal") invadir a Venezuela e que o país sul-americano é "na verdade parte dos Estados Unidos".

3. 'Ajudar os ditadores'

No livro, Bolton faz referência a várias ocasiões em que - segundo sua versão - Trump manifestou disposição em impedir investigações penais "para, na verdade, fazer favores pessoais a ditadores que lhe agradam".
O ex-assessor de Segurança Nacional diz que, em maio de 2018, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, entregou a Trump um documento no qual defendia a inocência de uma empresa turca que estava sendo investigada por promotores do Distrito Sul de Nova York por supostas violações a sanções contra o Irã.
"Trump então disse a Erdogan que tomaria as rédeas das coisas, explicando a ele que as pessoas da promotoria do Distrito Sul não eram pessoas suas, mas sim de Obama [ex-presidente Barack Obama, antecessor de Trump na Casa Branca], um problema que estaria solucionado quando fossem substituídos por pessoas suas", escreve Bolton, que diz que a obstrução de Justiça parecia ser padrão no governo, o que informou o procurador geral William Barr sobre isso.

4. Obsessão por reeleição

Bolton assegura que Trump tinha um único objetivo acima de todos: garantir sua permanência na Casa Branca por mais quatro anos.
"É difícil achar alguma decisão significativa de Trump durante meu período com ele que não estivesse motivada por cálculos sobre sua reeleição", escreve.
Um exemplo disso foi a decisão de Trump de falar publicamente sobre seu desejo de tirar Maduro do poder durante 2018, o que - segundo o livro - estava motivado por seu desejo de agradar eleitores republicanos na Flórida.
No entanto, Bolton descreve Trump como hesitante na hora de apoiar Juan Guaidó, que se declarou presidente interino da Venezuela com apoio americano em janeiro de 2019.
Mesmo tendo apoiado a proposta de Bolton para reconhecer Guaidó como presidente legítimo da Venezuela, em apenas 30 horas, Trump já estava considerando voltar atrás, pois considerava Guaidó frágil como um "menino" em comparação com o "robusto" Maduro.
Com a mesma motivação eleitoral, Bolton diz que, em 2018, Trump gritou em uma reunião com um dos seus principais assessores, indicando que o muro da fronteira do México precisava ser construído e que a imigração ilegal precisava cair.
"Fui eleito por causa deste tema e agora não vou ser reeleito por causa disso", teria dito Trump, segundo Bolton.
bbc

Fabrício Queiroz: o que se sabe sobre a prisão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro em Atibaia

Fabrício Queiroz no momento em que foi preso
 Polícia Civil/Reprodução vídeo/Divulgação
O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro Fabrício Queiroz foi preso na manhã desta quinta-feira (18) no interior de São Paulo. Ele estava em Atibaia, em uma propriedade de um advogado que presta serviços ao parlamentar. Queiroz, um policial militar aposentado, deve ser transferido para o Rio ainda hoje.
A prisão foi executada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo, e os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça do Rio a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro.
O órgão investiga a participação de Queiroz no que acredita ser um esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, em que assessores parlamentares devolveriam parte dos seus vencimentos ao então deputado estadual Flávio, filho do presidente Jair Bolsonaro. Queiroz e Flávio negam irregularidades.
 Mandado de prisão preventiva de QueirozDireito de imagem Divulgação Image caption Queiroz foi preso na manhã desta quinta na operação batizada como "Anjo"
Segundo o Ministério Público do Rio, a prisão faz parte da chamada Operação Anjo, deflagrada no início da manhã. A operação cumpre ainda outras medidas cautelares autorizadas pela Justiça relacionadas ao inquérito que investiga a chamada rachadinha.
São medidas obtidas na Justiça pelo Ministério Público do Rio contra outros suspeitos de participarem no esquema: o servidor da Assembleia Legislativa do Rio Matheus Azeredo Coutinho, os ex-funcionários Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins e o advogado Luis Gustavo Botto Maia. As medidas cautelares incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, o comparecimento mensal em Juízo e a proibição de contato com testemunhas.

Queiroz (à dir.) é ex-motorista e ex-segurança do hoje senador Flávio Bolsonaro 
Reprodução/Instagram Image caption Queiroz (à dir.) é ex-motorista e ex-segurança do hoje senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente

 

Investigação contra Queiroz

Queiroz passou a ser investigado em 2018 depois que o então Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, hoje UIF, ou Unidade de Inteligência Financeira), órgão que atua na prevenção e combate à lavagem de dinheiro, identificou diversas transações suspeitas feitas por ele.
Segundo o órgão, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, valor que seria incompatível com seu patrimônio e ocupação, e recebeu transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete de Flávio.
Uma das transações envolve um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro.

 Tuíte de Flávio Bolsonaro

Direito de imagem Reprodução/Twitter Image caption No Twitter, Flávio Bolsonaro falou sobre sua confiança no ex-assessor
Em entrevista ao SBT em 2019, Queiroz negou ser um "laranja" de Flávio Bolsonaro. Afirmou que parte da movimentação atípica de dinheiro vinha de negócios como a compra e venda de automóveis.
"Sou um cara de negócios, eu faço dinheiro… Compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro. Sempre fui assim", afirmou.
As movimentações atípicas, que vieram à tona num braço da Operação Lava Jato, levaram à abertura de uma investigação pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
O órgão suspeita da existência de uma "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa, esquema em que assessores parlamentares devolvem parte do salário para os políticos que os empregam. No caso de Queiroz, a devolução seria para Flávio ou seria destinada a outros fins, o que Flávio nega.

Tentativas de barrar investigação

Flávio recorreu ao Supremo Tribunal Federal para barrar a apuração, mas foi derrotado, e as investigações foram retomadas por decisão do ministro Gilmar Mendes.
No fim de abril, em outro revés para o senador, o ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou um pedido para que as investigações fossem suspensas.

Jair e Flávio BolsonaroDireito de imagem SERGIO LIMA/AFP
Image caption O filho do presidente passou a ser investigado depois de relatório do Coaf
Para os investigadores, Flávio Bolsonaro é chefe de uma organização criminosa que atuou em seu gabinete na Assembleia Legislativa entre 2007 e 2018, e parte dos recursos movimentados no esquema foi lavada em uma franquia de chocolate da qual ele é sócio.Promotores investigam ainda se a "rachadinha" teria sido usada para financiar uma milícia que era comandada pelo ex-policial Adriano Nóbrega, morto em fevereiro.Danielle Mendonça, ex-mulher de Nóbrega, trabalhou como assessora de Flávio. Em conversas de WhatsApp acessadas pelos investigadores, ela disse que o ex-marido ficava com parte do salário que ela recebia do gabinete.Flávio é investigado sob suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Não há informações detalhadas sobre os próximos passos da investigação nem previsão de conclusão porque os processos correm sob sigilo.O senador nega ter cometido qualquer ilegalidade no caso.

Este texto está sendo atualizado.

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China e Índia: o que há por trás da escalada de tensão que deixou 20 soldados mortos em choque na fronteira


 

Soldado chinês gesticula enquanto fica perto de um soldado indiano no lado chinês da antiga fronteira de Nathu La entre Índia e China
 Getty Image caption Índia e China entraram em conflito sobre quem possui território no alto do Himalaia 

Índia e China, as duas nações mais populosas do mundo — com os dois maiores exércitos e armas nucleares — estão em conflito há semanas no Himalaia.
Mas a crise escalou nesta terça-feira. O exército indiano diz que três de seus soldados, incluindo um coronel, foram mortos em combates corpo a corpo com tropas chinesas.
Na noite de terça-feira no horário local, a imprensa indiana informou que o exército tinha perdido 20 homens e "infligiu 43 baixas aos chineses".
A China ainda não confirmou o número de mortos e feridos.
Foram as primeiras mortes em mais de quatro décadas na disputa pela fronteira reivindicada pelos

Como surgiu o confronto mais recente e o que está por trás dele?

Acúmulo de tensões

A área do confronto de terça-feira está exatamente na fronteira — chamada de Linha de Controle Real ou LAC (na sigla em inglês) — entre os dois países no vale de Galwan, em Ladakh.
Isso ocorre na disputada região da Caxemira, que é altamente militarizada e ponto de frequentes conflitos por causa de reivindicações territoriais concorrentes entre Índia, Paquistão e China.
No vale de Galwan, muitos incidentes entre patrulhas indianas e chinesas têm sido registrados. Desde abril, os dois lados acumulam tanques, artilharia e tropas nas proximidades do vale.
As forças terrestres são apoiadas por helicópteros de ataque e aviões de combate.




Mapa mostra local do conflito na Ásia
No início de maio, as tensões aumentaram depois que a imprensa indiana disse que as forças chinesas montaram tendas, cavaram trincheiras e transportaram equipamentos pesados ​​vários quilômetros para dentro do que era considerado pela Índia como seu território.
O movimento ocorreu depois que a Índia construiu uma estrada de várias centenas de quilômetros para ligar uma base aérea de alta altitude que reativou em 2008.
A Índia culpou a China pela situação. "Durante o processo em andamento no vale de Galwan, um confronto violento ocorreu ontem à noite com vítimas de ambos os lados", diz um comunicado do Exército indiano.
A China, por sua vez, pediu à Índia "para não tomar medidas unilaterais ou criar problemas", e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse que foi a Índia que cruzou a fronteira, "provocando e atacando o povo chinês, resultando em sério confronto físico entre as forças fronteiriças dos dois lados".

Qual é o pano de fundo dessa disputa?

Vários fatores levaram a esse confronto, mas objetivos estratégicos concorrentes estão na sua raiz.
A Índia e a China compartilham uma fronteira com mais de 3.440 km e reivindicações territoriais ao longo dela.
 Lago Pangong no distrito de Leh, do território da União de Ladakh, na fronteira entre a Índia e a ChinaDireito de imagem Getty Images Image caption Este pitoresco lago está entre as regiões disputadas entre os gigantes asiáticos
Desde a década de 1950, a China se recusa a reconhecer as fronteiras traçadas durante a era colonial britânica.
Em 1962, isso levou a uma guerra breve e brutal, que resultou em uma humilhante derrota militar para a Índia.

Propostas e contrapropostas

Desde essa guerra, Índia e China se acusam mutuamente de invasão.
A Índia diz que a China está ocupando 38 mil km² de seu território — que fica na área onde o atual confronto está ocorrendo.
A China reivindica todo o Estado de Arunachal Pradesh, que chama de Tibete do Sul.

Oficiais indianos ocupando um dos fortes da região de Ladakh, em 1962Getty Image caption Durante a guerra de 1962, o exército chinês foi capaz de superar os postos indianos sem muita resistência
Existem também várias outras regiões em que os dois países têm opiniões diferentes sobre a localização da fronteira.
A Linha de Controle Real é mal demarcada e fica em Ladakh, onde há muitos rios, lagos e calotas de neve — o que significa que a linha que separa os soldados pode mudar e eles geralmente se aproximam do confronto.
Várias rodadas de negociações nas últimas três décadas falharam em resolver as disputas de fronteira, mas mantiveram um certo grau de estabilidade na região.

Construindo infraestrutura

Para apoiar as tropas posicionadas em um terreno tão hostil e sem habitantes, os dois lados estão construindo uma infraestrutura ferroviária e rodoviária.
Sob o governo de Narendra Modi, a Índia começou a construir dezenas de estradas ao longo da LAC e está correndo para cumprir o prazo de dezembro de 2022 para concluir esses projetos.
Uma dessas estradas vai para o vale de Galwan, onde o atual conflito aconteceu.
A China também vem construindo estradas e infraestrutura em uma área estrategicamente importante para Pequim, pois conecta sua Província de Xinjiang ao oeste do Tibete.

Poder global x poder regional

A economia chinesa é quase cinco vezes maior que a da Índia. A China se vê competindo para substituir os EUA como a potência mundial dominante.
A Índia, por outro lado, abriga visões de uma ordem mundial multipolar, onde espera desempenhar um papel significativo.
 Caminhões militares indianos em direção à fronteira chinesaDireito de imagem Getty Images Image caption China e Índia estão levando reforços para a região, incluindo artilharia
Os políticos e analistas indianos às vezes falam como se a Índia e a China fossem potências iguais, sem reconhecer os avanços maciços da China.
Em agosto de 2019, a Índia tomou a decisão controversa de acabar com a autonomia limitada de Jammu e Caxemira, e reformulou o mapa da região — uma ação que a China denunciou como hostil.
Isso criou o novo Ladakh, administrado pelo governo federal, que incluía Aksai Chin, uma área que a Índia reivindica, mas controlada pela China. O confronto ocorreu nessa área.

Fator Paquistão

Uma das raízes da desconfiança da Índia está na relação entre China e Paquistão, aliados de longa data. O governo indiano acusa os chineses de terem ajudado os paquistaneses a obter tecnologia nuclear e mísseis.
 Havildar PalaniImage caption A suspeita é de que um dos soldados mortos seja o sargento Havildar Palani
A alta cúpula do governo nacionalista hindu BJP da Índia também conversa sobre a recuperação da Caxemira, administrada pelo Paquistão.
Uma rota estratégica, a rodovia de Karakoram, passa por essa área que liga a China ao Paquistão. Pequim investiu cerca de US$ 60 bilhões (cerca de R$ 314 bilhões) na infraestrutura do Paquistão — o chamado Corredor Econômico da China no Paquistão (CPEC, por sua sigla em inglês) — como parte de sua Iniciativa Belt and Road, e a rodovia é a chave para o transporte de mercadorias de e para o porto de Gwadar, no sul do Paquistão. O porto dá à China um ponto de apoio no mar da Arábia.
A Índia teme que, em um futuro próximo, Gwadar seja usado para apoiar as operações navais chinesas no mar da Arábia.

Questão Tibete

Por sua vez, a China suspeita da relação entre o governo indiano e o líder tibetano, Dalai Lama. O líder espiritual fugiu para a Índia após o levante fracassado em 1959 no Tibete.
A Índia se recusou a reconhecer o governo tibetano no exílio, mas seu líder estava entre os convidados durante a cerimônia de posse do primeiro-ministro Modi em 2014.
A China não leva a sério as aspirações geopolíticas da Índia e a vê como um país que poderia colaborar com seus rivais tradicionais como EUA, Japão e Austrália.
 O líder espiritual tibetano exilado, Dalai Lama, recebe seus seguidores budistas no campo de Yiga Choezin, no distrito de Tawang, perto da fronteira Índia-ChinaDireito de imagem Getty Images Image caption China quer que a Índia controle o movimento de independência tibetana
A Índia também alterou as regras para proibir que empresas chinesas assumam o controle de empresas indianas quebradas devido às perdas causadas pela pandemia.
Mas a China continua sendo o segundo maior parceiro comercial da Índia — assim como com a maioria dos países, a China desfruta de um enorme superávit comercial em relação à Índia.

Negociações

No passado recente, as patrulhas de fronteira de ambos os exércitos se enfrentavam centenas de vezes todos os anos.
Em 2013 e 2017, isso levou a impasses sérios que terminaram após semanas de manobras políticas e diplomáticas.
Após o último impasse em 2017, Modi e o presidente chinês Xi Jjinping realizaram duas cúpulas informais para resolver suas diferenças.
Índia e China estão mantendo conversas para neutralizar a situação — oficiais militares se reuniram em 6 de junho e novamente na terça-feira após o incidente.
A reunião mais recente foi realizada no ponto de patrulha 14 em Galwan, perto do local onde as mortes ocorreram.
Esse confronto sem dúvida aumentará a desconfiança entre as duas nações, o que pode exigir intervenção política entre as cúpulas para evitar que a situação fuja do controle.

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Coronavírus: as estratégias e desafios dos países que estão reabrindo suas escolas


Escola reaberta em Londres Getty Images Image caption Carteiras viradas para frente, em vez de todos sentados juntos no chão: o novo formato na educação infantil britânica em meio à pandemia 

Em Cingapura, alunos limpam as próprias carteiras escolares e fazem um caminho pré-determinado até suas salas de aula. Na França e na Coreia do Sul, algumas escolas reabertas tiveram de fechar, por conta de novos focos de covid-19. No Reino Unido, um dos países que reabriu as escolas recentemente, menos da metade dos alunos esperados apareceram na volta às aulas em algumas delas.
A expectativa de retorno à escola traz sensações mistas de alívio e preocupação a muitos pais — prenunciando uma possível volta à rotina, mas também o medo de expor as crianças (e suas famílias) ao contágio pelo coronavírus.
No Brasil, as secretarias estaduais de educação ainda não têm previsão de quando as aulas presenciais retornarão. Estados como Maranhão e Rio Grande do Sul adiaram seus anúncios de abertura de escolas.
Mas o Conselho de Secretários Estaduais da Educação (Consed) afirmou que "está trabalhando com suas equipes nas estratégias sanitárias, financeiras e pedagógicas que serão colocadas em prática a partir do momento em que as datas forem definidas".
O Consed elaborou diretrizes para ajudar redes e escolas no retorno. Entre as orientações, estão a de se suspender atividades presenciais em grupos, limitar a quantidade de alunos à metragem da sala, revezar horários de entrada, saída e recreação, sinalização de rotas dentro da escola para minimizar as chances de contato entre alunos e criar rotina de triagem e higienização na entrada das escolas.

 Na parte pedagógica, o documento orienta as escolas a ampliar sua jornada diária e a repor aulas aos sábados e à noite, para compensar as perdas da quarentena; a dar apoio psicossocial a alunos e professores e a fazer uma busca ativa de alunos que possam ter decidido abandonar os estudos durante o período de isolamento.

escola em Cingapura AFP Image caption Em Cingapura, medição diária de temperatura e normas rígidas sobre quais crianças podem circular em quais lugares

Na prática, muitas dúvidas práticas permanecem nas cabeças de pais e educadores. Como escalonar a volta das crianças e jovens à escola — e quais devem ter prioridade? Como garantir medidas de distanciamento social com as crianças pequenas? Quais devem ser as prioridades da escola na pós-pandemia? E, principalmente, como ter certeza de que o ambiente escolar não vai virar um foco de proliferação da covid-19?
O Consed diz que se baseou nas opiniões de seus técnicos e nas experiências internacionais de volta às aulas. A BBC News Brasil coletou algumas dessas experiências a seguir:

As crianças pequenas

Alguns dos países que reabriram suas escolas priorizaram as crianças menores, por sua menor taxa de adoecimento e para liberar seus pais para voltar ao trabalho. É, também, uma das etapas mais difíceis de se fazer um ensino remoto de qualidade.
No entanto, é também uma faixa etária que tem mais dificuldades em fazer atividades sentadas em carteiras, com coleguinhas distantes entre si.
No Reino Unido, que reabriu parte de suas escolas em 1° de junho, crianças da pré-escola e anos iniciais não puderam mais fazer as aulas sentadas lado a lado no carpete, como de costume, mas sim enfileiradas em carteiras — um modelo de sala de aula mais antiquado e menos interativo.
Cada turma foi dividida em dois grupos: um deles frequenta as aulas de segunda e terça; o outro, de quinta e sexta-feira. Na quarta-feira, a sala de aula é limpa minuciosamente. Todas as classes foram equipadas com álcool gel e lenços umedecidos.
Mesmo assim, na escola que foi acompanhada pela BBC em seu primeiro dia de retomada, apenas 32 crianças apareceram, de um total de 85 que eram esperadas, mostrando que muitos pais ainda têm receio de colocar os filhos de volta no ambiente escolar.
Uma mãe que levava seu filho, porém, afirmou que o menino estava "implorando para voltar à escola". "O principal para mim é a normalidade e a saúde mental dele. Ele precisa da interação com seus amigos."
 Escola reaberta em LondresDireito de imagem Getty Images Image caption Em algumas escolas britânicas, menos da metade dos alunos esperados apareceram no primeiro dia de volta às aulas
Na Dinamarca, onde as escolas estão reabertas desde 15 de abril, as crianças têm de lavar as mãos de cinco a seis vezes por dia. Classes de 20 foram divididas em dois, e as crianças são o dia inteiro lembradas por educadores a ficarem distantes entre si. No recreio, podem brincar em grupos de no máximo quatro, e cada grupo fica em um canto do pátio.
Uma menina de 7 anos entrevistada pela BBC admitiu que o mais difícil de tudo era não poder mais abraçar os amigos.
Em maio, em entrevista ao jornal Guardian, um representante do sindicato de professores dinamarqueses afirmou que a retomada às aulas ocorreu suavemente, mas, mesmo assim, confirmou que alguns educadores contraíram o novo coronavírus depois de voltar ao trabalho presencial.
Em Cingapura, uma estratégia das escolas para incentivar o uso de máscaras pelas crianças pequenas foi comprar um estoque extra e pedir que cada criança decore a sua, "para virar um novo acessório personalizado para este novo normal", nas palavras de um representante do governo ao jornal Strait Times.
As escolas do pequeno país passaram a medir a temperatura dos alunos diariamente, e agora cada um traz suas refeições de casa. As crianças só interagem em pequenos grupos no recreio e só podem andar nos corredores das escolas em fila única. Cada grupo tem uma rota pré-determinada à sala de aula e só pode usar um banheiro específico, para diminuir as chances de contágio.
Em Portugal, que tem escalonado sua volta às aulas desde 18 de maio, as crianças da pré-escola fizeram parte da última leva de estudantes que retornaram à escola. Em um vídeo produzido pela Direção Geral de Estabelecimentos Escolares, pede-se que as crianças "não toquem na boca, no nariz e nos olhos, mesmo que estejam com as mãos limpas", e conversem com os professores "se estiverem tristes ou se sentindo mal".

Saúde mental e perigo de evasão escolar

Muitos educadores também se questionam como estarão, do ponto de vista emocional, as crianças que estão voltando às aulas presenciais. "Para algumas crianças, a quarentena foi um período seguro e agradável. Para outras, foi traumática e desafiadora", diz a Fundação Britânica de Saúde Mental em documento de orientação à volta à escola, lembrando que muitas famílias podem ter perdido entes queridos ou sua fonte de renda, ou enfrentado problemas mentais (como depressão) durante o período de confinamento.
Isso pode se refletir em crianças mais retraídas, ansiosas ou irritadas em sala de aula, aponta a fundação. Outras podem ter dificuldades iniciais em se concentrar e se readaptar à rotina escolar.
Entre as recomendações do órgão estão dar espaço às crianças para que falem de seus sentimentos — entre si, em sala de aula e em conversas individuais com educadores. E também de dar tempo para que os vínculos entre as crianças e as escolas sejam refeitos.
Ao mesmo tempo, o bem-estar físico e mental das crianças tem sido usado também como argumento por gestores para defender a volta às aulas.
 Escola na FrançaDireito de imagem Getty Images Image caption Ministro francês considerou a volta às aulas uma 'emergência social'
Na França, o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, disse que se tratava de uma "emergência social" colocar os jovens de volta nas escolas, pelo medo de que uma parcela dos alunos não conseguisse concluir os estudos ou evadisse, criando "uma geração perdida de crianças que foram impedidas por meses de frequentar a escola".
No relatório Estratégias para a Reabertura de Escolas, feito por Unicef, Unesco, Banco Mundial e o Programa da ONU para Alimentação, os organismos afirmam que "quanto mais tempo as crianças marginalizadas ficarem fora da escola, menor é a probabilidade de que retornem. Crianças de lares mais pobres já têm cinco vezes mais probabilidade de não estar na escola primária, em comparação com lares mais ricos. Ficar fora da escola também aumenta o risco de gravidez na adolescência, exploração sexual, casamento infantil, violência e outras ameaças."

O debate de quando reabrir

Mas qual é a hora certa de reabrir? "O momento de reabertura de escolas deve ser guiado pelo melhor interesse das crianças e por preocupações gerais de saúde pública, com base na avaliação dos riscos e benefícios e das evidências (locais)", diz o documento da ONU.
Não é uma avaliação simples. Na França, por exemplo, onde a reabertura começou em 11 de maio, algumas escolas tiveram de fechar temporariamente na semana seguinte, depois que surgiram 70 novos casos de covid-19 no ambiente escolar (embora a percepção fosse de que, diante do tempo de incubação do coronavírus, o contágio dessas pessoas provavelmente ocorreu antes da volta às aulas).
No Reino Unido, a reabertura das escolas encontrou resistência entre cientistas e gestores escolares, muitos dos quais consideraram 1° de junho cedo demais em um país com um dos mais altos números de mortes por covid-19 no mundo. Algumas escolas se mantiveram fechadas a despeito da autorização do governo e, na Escócia, a volta às aulas é prevista apenas para agosto, e mesmo assim em modelo híbrido — parte dos estudos em casa, e outra parte no ambiente escolar.

Recreio em escola de CingapuraRecreio em Cingapura agora tem lanches trazidos de casa e menos interação entre crianças

Em meados de junho, alunos mais velhos já começaram a voltar à escola, mas quase todos eles só estão tendo aulas presenciais por no máximo dois dias por semana.
Mesmo 15 dias depois do início da retomada, ainda há dúvidas quando algumas escolas devem ser reabertas, abrindo uma disputa entre parlamentares e sindicatos de professores.
O parlamentar trabalhista Jonathan Gullis acusou o Sindicato Nacional de Educação britânico de "promover uma campanha política (...) para garantir que as escolas não reabram". Uma representante do sindicato afirmou que, com a atual proporção alta de alunos por professores, é muito difícil reabrir as escolas e garantir medidas de segurança e distanciamento social.
Na Coreia do Sul, à semelhança da França, algumas escolas fecharam poucos dias após reabrirem, diante de novos picos de casos de covid-19 no país. Mais de cem escolas sul-coreanas também adiaram sua reabertura.
Mas, mesmo com adiamentos, a reabertura tem ocorrido ali: a última leva de estudantes estava prevista para voltar às escolas no dia 8. O que tem sido feito para mitigar os riscos é escalonar não apenas as séries com aulas, mas também horários de aula, de almoço e recreio. O tempo de aula presencial é menor do que o pré-pandemia, e parte do conteúdo segue sendo ensinado no ambiente virtual.
No início, classes do ensino fundamental poderão funcionar com um terço dos alunos; as do ensino médio, com dois terços.
O governo sul-coreano também tem inspecionado escolas e, apenas entre as preparatórias para o vestibular, foram encontradas 10 mil com problemas de adequação às novas normas sanitárias.
E a reabertura tem despertado dúvidas, segundo o jornal Korea Times. Como apenas os alunos do último ano do ensino médio estão autorizados a frequentar as escolas todos os dias, alguns pais dos alunos das demais séries têm se questionado se é produtivo mandar seus filhos à escola apenas um ou dois dias por semana, e se isso vale a pena o risco de as crianças contraírem a covid-19.
Em Cingapura, o escalonamento e a supervisão também são rígidos. Os primeiros a regressar à escola foram os dos anos finais do ensino médio, que se preparam para exames de ingresso nas universidades. E lá também ainda estão sendo mescladas atividades presenciais com as virtuais.
Alunos mais velhos são responsáveis por higienizar as próprias carteiras escolares. Aulas de educação física são feitas em ginásios grandes, com alunos fazendo atividades físicas individuais orientadas por um professor em um microfone.

Normas de higiene

 Alunos em escola francesaDireito de imagem Getty Images Image caption Alunos lavando as mãos na França; algumas escolas voltaram a ser fechadas temporariamente após surgirem novos casos de covid-19 

Em todos os países, a preocupação maior, é claro, é com as normas de higiene para reduzir a chance de contágio. 

Os CDCs, centros de controle de doenças dos EUA, produziram um guia com orientações específicas de higiene: desde a diluição ideal para desinfetantes até orientações para deixar as salas mais ventiladas e com o máximo possível de exposição ao sol, o que ajuda a matar o coronavírus. Outra orientação importante é de que escolas e demais locais não estoquem materiais de limpeza em excesso, para evitar a escassez em varejistas.

O documento da ONU de reabertura de escolas pede que países e regiões emitam protocolos de higiene que sejam claros e de fácil entendimento, que educadores de grupos de risco sejam preservados do ambiente presencial, que exames escolares não essenciais sejam adiados, que pagamentos de salários sejam preservados e que a higiene pessoal ganhe novo protagonismo neste período de pandemia.
Em artigo na revista científica Lancet, membros da Unesco falam da promoção da "alfabetização higiênica": "professores devem agir como promotores da saúde para seus alunos desde cedo, estimulando ativamente hábitos de atividades físicas, boa higiene pessoal e dieta balanceada, e advertindo para as consequências de comportamentos de risco", diz o texto.
"Pode-se usar para isso uma grande variedade de atividades participativas, como debates, trabalhos em grupo, atividades baseadas em situações da vida real, contação de histórias, simulações, jogos educativos, artes, música, teatro e dança."

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quarta-feira, 10 de junho de 2020

Lembrai-vos de Fernando Henrique Cardoso

Texto

Lembrai-vos de Fernando Henrique Cardoso

Quando da campanha eleitoral para a sucessão de Itamar Franco, que completou o mandato de Collor de Mello, eu já sabia que Fernando Henrique Cardoso não era flor que se cheire. Sua arrogância e antipatia eram patentes na campanha eleitoral e ele dispunha do maior tempo na tv. Eu percebi a mendacidade das suas palavras, embora ainda pouco conhecesse da pessoa. Afinal ele não colocava o dedo nas verdadeiras feridas.
Intelectual de esquerda, conhecido como tal de longa data, acabou vencendo a eleição graças ao medo que grande parte do eleitorado tinha de Lula. Mal sabiam os eleitores que os dois eram amigos, como se pode facilmente constatar pesquisando na internet. Consta mesmo, como eu ouvi de várias fontes, que FHC costumava comparecer nos comícios de Lula e nas primeiras reuniões de formação do PT, o fato é que nosso povo caiu numa grande esparrela. Quando a inclinação era para a direita elegeram FHC que ficou com fama de direitista sendo esquerdista (afinal onde já se viu liberal de direita?). Governou tão mal como esquerda enrustida que o eleitorado se voltou para a esquerda explícita e elegeu Lula.
FHC é o grande responsável pelo desastroso Plano Real, que arruinou o país. Itamar Franco revelou muitos anos depois que o Real nunca foi plenamente executado porque FHC não tratou das reformas previstas, preferindo tratar da sua reeleição.
Bem que o saudoso patriota Dr. Enéas Carneiro chamava o Real de "plano diabólico", e com toda a razão.
A minha experiência pessoal foi horrível. No início do governo neoliberal eu tinha reservas financeiras. Em poucos meses elas acabaram e eu passei a ter dívidas, e nunca mais pude me recuperar. Até hoje vivo na corda bamba, arruinado pelo Plano Real e pelo horripilante governo de Fernando Henrique Cardoso.
Já naquela época a corrupção era terrível e o presidente revelava grande desinteresse pelo povo, que ele olhava de cima de sua arrogância. A rigor deveria ter sido afastado, mas foi blindado. E ainda fez chegar ao poder o indesejável Lula.
Agora vemos esse homem repugnante continuando a meter o nariz na política nacional, engrossando a fileira da esquerda radical que quer derrubar Bolsonaro por meio de insidiosa campanha de difamação, aliás de linchamento moral sem precedente no país e talvez só comparável ao que os odiadores de internet fazem com a menina sueca Greta Thunberg.
Mas eu pergunto: que moral tem um homem como Fernando Henrique Cardoso, com todo o seu passado de maldade e prepotência, para falar mal de Jair Bolsonaro ou de quem quer que seja?
Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 10/06/2020
https://www.recantodasletras.com.br/redacoes/6973515
Gratidão a você, Miguel, por compartilhar e me permitir republicar!!
Deus lhe abençoe infinitamente!!

(Que a vida não me apague da memória fatos como esse!) Mãe de Miguel defende punição para ex-patroa: 'antes disso, perdoar seria matar o Miguel novamente', diz em carta

Mensagem da doméstica responde à carta de Sari Corte Real, que estava com o menino antes de ele cair do 9º andar de prédio no Recife.

Por G1 PE





Mirtes, mãe do menino Miguel, assina carta em resposta a Sari Corte Real


Mirtes, mãe do menino Miguel, assina carta em resposta a Sari Corte Real
Após o filho de 5 anos morrer ao cair do 9º andar do prédio onde trabalhava, no Recife, a doméstica Mirtes Renata Santana escreveu, nesta quarta (10), uma carta à ex-patroa Sari Corte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB). "Eu não recebi qualquer pedido de desculpas", disse a mãe do menino em resposta a um texto que a primeira-dama havia divulgado, pelo advogado, pedindo perdão a Mirtes (veja vídeo acima).
"Perdoar pressupõe punição; do contrário, não há perdão, senão condescendência. A aplicação de uma pena será libertadora, abrandará o meu sofrimento, permitirá o meu recomeço e abrirá espaço para o que foi pedido: perdão. Antes disso, perdoar seria matar o Miguel novamente", afirmou a mãe do menino no texto, que foi escrito com auxílio de um advogado.
Ainda na mensagem, Mirtes disse que a carta divulgada por Sari não foi destinada a ela. "A carta de perdão foi dirigida à imprensa, o que me faz pensar que eu não era destinatária, mas sim a opinião pública com a qual ela se preocupa por mera vaidade e por ser esse um ano de eleição", afirmou Mirtes na carta.
Miguel Otávio, de 5 anos, morreu ao cair do 9º andar de edifício no Recife — Foto: Reprodução/Facebook



Miguel Otávio, de 5 anos, morreu ao cair do 9º andar de edifício no Recife — Foto: Reprodução/Facebook
No texto, escrito com o auxílio de um advogado, Mirtes contou não ter rancor, mas, sim, saudade do filho. "Eu não tenho forças neste momento, não tenho chão. Não tenho vida!", declarou.
Ainda na carta, a empregada doméstica descreveu como está a vida sem o filho. "O sentido da vida de quem é mãe passa pelo cheiro do cabelo do filho ao acordar, pelo sorriso nas suas brincadeiras, pelo 'mamãe' quando precisa do colo e do abrigo de quem o trouxe ao mundo. Uma mãe, sem seu filho, sofre uma crise, não apenas de identidade, como também de existência. Quem sou eu sem Miguel? Ela tirou de mim o meu neguinho, minha vida, por quem eu trabalhava e acordava todos os dias", disse.
Também no texto, Mirtes se referiu, mais de uma vez, à carta divulgada por Sari dias após a morte de Miguel. "Após poucos dias, é desumano cobrar perdão de uma mãe que perdeu o filho dessa forma tão desprezível. Afinal, sabemos que ela não trataria assim o filho de uma amiga. Ela agiu assim com o meu filho, como se ele tivesse menos valor, como se ele pudesse sofrer qualquer tipo de violência por ser 'filho da empregada'", afirmou a doméstica.
Mirtes Santana guarda pertences do filho Miguel, morto após cair de prédio de luxo no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Mirtes Santana guarda pertences do filho Miguel, morto após cair de prédio de luxo no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Veja a íntegra da carta

"SOBRE O PERDÃO PEDIDO POR SARI
Eu não recebi qualquer pedido de desculpas. A carta de perdão foi dirigida à imprensa, o que me faz pensar que eu não era destinatária, mas sim a opinião pública com a qual ela se preocupa por mera vaidade e por ser esse um ano de eleição.
Eu não tenho rancor. Tenho saudade do meu filho. O sentido da vida de quem é mãe passa pelo cheiro do cabelo do filho ao acordar, pelo sorriso nas suas brincadeiras, pelo “mamãe” quando precisa do colo e do abrigo de quem o trouxe ao mundo. Uma mãe, sem seu filho, sofre uma crise, não apenas de identidade, como também de existência. Quem sou eu sem Miguel? Ela tirou de mim o meu neguinho, minha vida, por quem eu trabalhava e acordava todos os dias.
Quando eu grito que quero justiça, isso significa que eu preciso que alguém assuma a minha dor, lute minha luta, seja o destilado da cólera que eu não quero e nem posso ser. Eu não tenho forças neste momento, não tenho chão. Não tenho vida!
Após poucos dias é desumano cobrar perdão de uma mãe que perdeu o filho dessa forma tão desprezível. Afinal, sabemos que ela não trataria assim o filho de uma amiga. Ela agiu assim com o meu filho, como se ele tivesse menos valor, como se ele pudesse sofrer qualquer tipo de violência por ser “filho da empregada”.
Perdoar pressupõe punição; do contrário, não há perdão, senão condescendência. A aplicação de uma pena será libertadora, abrandará o meu sofrimento, permitirá o meu recomeço e abrirá espaço para o que foi pedido: perdão. Antes disso, perdoar seria matar o Miguel novamente. Mirtes, mãe de Miguel (carta escrita com auxílio do advogado constituído)"

Caso Miguel

Vídeo mostra patroa deixando Miguel sozinho no elevador — Foto: Reprodução

Vídeo mostra patroa deixando Miguel sozinho no elevador — Foto: Reprodução
Quando caiu do prédio, Miguel estava sob os cuidados de Sari Corte Real, já que a mãe dele havia descido do apartamento para passear com uma cadela. Por meio de imagens das câmeras de segurança do elevador, é possível ver que o menino entrou sozinho e foi seguido por Sari.
A ex-patroa aperta um botão no alto e, em seguida, o elevador se fecha. Miguel já havia apertado outros botões antes.
O elevador para em um dos andares, mas a criança não desce. Ao chegar ao 9º andar, a porta se abre e Miguel sai do elevador. De acordo com a perícia feita no dia do acidente, o menino caiu de uma altura de 35 metros. Segundo Mirtes, ele estava respirando quando ela o encontrou.
A criança foi levada ao Hospital da Restauração, na área central do Recife, mas não resistiu. Mirtes pediu demissão após o ocorrido (veja vídeo abaixo).
Caso Miguel: 'Ver que meu filho não vai mais voltar é muito difícil', diz mãe
Caso Miguel: 'Ver que meu filho não vai mais voltar é muito difícil', diz mãe
Sari foi presa em flagrante e liberada após pagamento de fiança de R$ 20 mil. Ela vai responder por homicídio culposo, por ter agido com negligência, segundo delegado Ramon Teixeira, titular da investigação do caso.

Protestos

O caso ganhou repercussão nacional, com manifestações de vários artistas e criação de um abaixo-assinado virtual com mais de 2,5 milhões de assinaturas pedindo justiça.
Na sexta (5), um protesto reuniu centenas de pessoas em frente ao prédio onde vive a família dos patrões de Mirtes, com forte participação do movimento negro. No domingo (7), outra homenagem foi feita em Tamandaré. Uma missa de sétimo dia foi realizada virtualmente na segunda (8), mesmo dia em que artistas pediram justiça em um protesto no Rio Capibaribe, no Recife.
Miguel Otávio, que caiu de um prédio no Recife, foi homenageado por artistas no Rio Capibaribe — Foto: Reprodução/TV Globo

Miguel Otávio, que caiu de um prédio no Recife, foi homenageado por artistas no Rio Capibaribe — Foto: Reprodução/TV Globo
Em meio à comoção, veio à tona que a mãe e a avó de Miguel são funcionárias da prefeitura de Tamandaré, apesar de trabalharem na casa do prefeito como domésticas. O Tribunal de Contas do Estado esteve na sede do poder executivo municipal na segunda (8) para recolher documentos e verificar se há outras pessoas que estão na folha de pagamento.

Auxílio emergencial

O nome de Sari Gaspar Corte Real, primeira-dama de Tamandaré, aparece no portal Dataprev após um pedido de auxílio emergencial, benefício concedido durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus.
De acordo com o Dataprev, o requerimento do auxílio emergencial foi feito no dia 14 de maio. O portal recebeu o pedido no dia seguinte e, até a manhã da terça (9), o requerimento está “em processamento”. Os dois filhos de Sari, de 6 e 3 anos de idade, estão cadastrados como parte do grupo familiar.
Procurado pelo G1, o advogado de Sari Gaspar Corte Real, Pedro Avelino, informou por telefone que a solicitação de auxílio emergencial feita em nome de Sari é uma fraude.