sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Entre "algemas e agulhas"


Quando a delinquência toma um caráter muito maciço, 

e o funcionamento da polícia e da Justiça está associado à 

corrupção, o controle disso se torna algo altamente problemático.

(Filósofo Manoel Barros da Motta)



          Há poucos dias estive acompanhando uma pessoa num Hospital público. Confesso que fiquei mais feliz em constatar que o atendimento melhorou bastante!! Atualmente, gerenciado por uma Empresa instituída pelo Governo do Estado, o Hospital (referência na Região) que atende mais de 20 cidades no entorno, está, aparentemente, mais organizado, disponibilizando melhor atendimento e, consequentemente, mais tranquilidade à população que procura  aqueles serviços. 

      Durante mais de três horas fiquei observando o acolhimento/atendimento às pessoas que ali buscavam alívio para suas dores ou de algum familiar... De repente algo me chamou a atenção: trajando calção e camisa de malha branca, eles adentraram acompanhados de dois policiais penais. Um homem aparentando menos de 50 anos, e um jovem que, talvez tivesse no máximo 20 anos. Com as mãos algemadas para a frente, após adentrar ao recinto foram posicionados imediatamente contra a parede, sob a guarda dos policiais (devidamente armados). Enquanto os prisioneiros foram atendidos seguindo os protocolos da Instituição, fiquei refletindo sobre: qual foi o crime que esse senhor cometeu, para vir parar no presídio? Onde trabalhava, se tem esposa, filhos etc. E aquele jovem com feição de adolescente de 13/14 anos o que andou cometendo? Quem são seus pais, irmãos, algum amigo de infância. Qual foi sua participação na escola, quanto "tempo" permaneceu por lá. São questões sem respostas, sim. Mas imagino que, se "caiu a ficha" deles, devem sentir falta da companhia da mãe, do pai, da esposa ou namorada, que em outras circunstâncias sem dúvidas, estariam os acompanhando. Não tenho ideia de quais foram os delitos que os levaram à prisão, mas sei que se tivessem pensado melhor nas consequências de seus atos, quem sabe, nem estivessem doentes ou se estivessem não teriam a necessidade de utilizar algemas, nem trocar um carro ou ambulância por um "camburão".

       Aqui vale um lembrete, embora seja do conhecimento de todos: ficar na prisão de verdade mesmo, em nosso país... só para "ladrões de galinha" com raríssimas exceções. Isso é fato, sempre foi, sabemos.  

Aparecida Ramos

https://isisdumont.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=8160457

Imagem do Site:

Pixabay.



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