Pela 1ª vez, uma das principais avaliações internacionais de educação incluiu questões que medem a criatividade de estudantes de 15 anos na resolução de problemas sociais e científicos. Entre os 56 países participantes (membros da OCDE e parceiros), Brasil está na 44ª posição.
Por Luiza Tenente, g1
🎨Desta vez, no entanto, o Pisa foi além de mostrar se os jovens sabem identificar figuras geométricas ou entender textos longos. A prova, aplicada em 2022 (com atraso, por causa da pandemia), passou a mensurar também a criatividade dos participantes: eles conseguem sugerir soluções originais para uma situação-problema? São capazes de usar a escrita e a arte para representar uma nova ideia? Têm imaginação para criar histórias curiosas e fora do padrão?
⬇️Entre os 56 países participantes (membros da OCDE e parceiros), o Brasil ficou no fim da lista, na 44ª posição, atrás de outras nações latino-americanas, como Uruguai, Colômbia e Peru.
Veja os principais dados do desempenho do Brasil:
- Em uma escala de 0 a 60, o Brasil somou 23 pontos (10 abaixo da média da OCDE).
- Houve uma diferença significativa, de 11 pontos, entre o desempenho dos alunos brasileiros mais pobres (19 pontos) e dos mais favorecidos economicamente (30 pontos).
- Entre as áreas de criatividade avaliadas no Pisa, a que teve menor taxa de sucesso no Brasil foi a de resolução de problemas científicos.
- Abaixo do Brasil no ranking, estão apenas: Arábia Saudita, Panamá, El Salvador, Tailândia, Bulgária, Jordânia, Macedônia do Norte, Indonésia, República Dominicana, Marrocos, Uzbequistão, Filipinas e Albânia.
Nos níveis 1 e 2 de criatividade, que são os mais baixos do Pisa, estão 54,3% dos alunos brasileiros. Isso significa que eles:
- conseguem apenas fazer desenhos isolados e simples, dentro de assuntos ligados ao cotidiano;
- apresentam ideias óbvias e têm dificuldade de propor mais de uma solução para um problema.
"É importante destacar que a criatividade não é um dom, mas sim uma competência que precisa ser desenvolvida na escola", afirma Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.
Quais os critérios de correção?
As 32 perguntas de criatividade avaliavam a capacidade de expressão escrita e artística, além da habilidade de solucionar problemas sociais e científicos.
Veja só um exemplo dos critérios de correção: a questão abaixo, que estava na prova, pedia que o aluno criasse três títulos diferentes para a imagem de um livro enorme em um jardim.
Questão pede que o aluno crie três títulos diferentes para a imagem de um livro enorme, com uma árvore e um banco posicionados entre as páginas — Foto: Reprodução/OCDE
- Um aluno de nível 1 ou 2, por exemplo, apresentaria ideias mais simples e literais de título, muito parecidas entre si, como: "O livro grande", "O livro gigante" e "Um livro gigante no campo".
- Já as respostas criativas, de alunos dos níveis mais avançados, trariam adjetivos menos óbvios e mais variados, como "A árvore solitária", "A história perfeita" e "A trilha escrita".
🎭Quais países fazem parte do top 10 de criatividade?
- Singapura (41 pontos) - com destaque para solução de problemas sociais
- Coreia (38 pontos) - com destaque para soluções de problemas científicos
- Canadá (38 pontos)
- Austrália (37 pontos)
- Nova Zelândia (36 pontos)
- Estônia (36 pontos)
- Finlândia (36 pontos)
- Dinamarca (35 pontos)
- Letônia (35 pontos)
- Bélgica (35 pontos)
Média geral da OCDE: 33 pontos
➡️Observações da OCDE:
- Em todos os países participantes, os alunos com maior status socioeconômico tiveram melhor
- desempenho em pensamento criativo do que os menos favorecidos. Em média, a diferença
- foi de 9,5 pontos.
- As meninas tenderam a ser muito mais criativas que os meninos no Pisa -- 31% delas e 23%
- deles conseguiram atingir o nível 5 de proficiência (considerado alto).
- Alunos que participam de atividades de artes, teatro, escrita criativa e programação ao menos
- uma vez por semana costumam ter desempenho melhor do que os demais.
- O incentivo dos professores e a valorização da criatividade pelas escolas também aparecem
- como elementos importantes para os alunos, segundo o questionário aplicado pelo Pisa.
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