A preocupação com o novo coronavírus
também chegou aos templos religiosos do Brasil. No fim de semana,
algumas denominações, como igrejas evangélicas e mesquitas, suspenderam
cultos e celebrações por tempo indeterminado para evitar a aglomeração e
uma possível transmissão em massa do vírus entre os fiéis.
Para
tentar resolver essa questão, alguns templos têm transmitido mensagens
religiosas aos fiéis por meio de serviços de streaming, redes sociais,
aplicativos e até do rádio. Há entidades que mantiveram alguns eventos,
mas orientaram fiéis com mais de 60 anos ou com sintomas da doença a
ficar em casa.
Por outro lado, alguns líderes religiosos de
grandes igrejas disseram que não vão fechar as unidades e até pediram
para que fiéis parem de ler notícias sobre a pandemia.
A
transmissão da doença pode ocorrer por contato com pessoas infectadas ou
superfícies que tenham o vírus — respirando no mesmo ambiente ou
tocando algo que uma pessoa infectada tocou, por exemplo.
Transmissão crescente
Hoje,
o Brasil tem 234 casos de coronavírus registrados e 2.064 suspeitos,
segundo o Ministério da Saúde. A primeira morte foi confirmada nesta
terça-feira (17/03).
Porém, esse número deve aumentar
substancialmente nas próximas semanas, segundo projeções de
especialistas e médicos. Por isso, cultos religiosos — que costumam
receber centenas ou até milhares de pessoas — podem se transformar em um
local de transmissão em massa, assim como jogos esportivos, protestos e
festas.
Na Coreia do Sul, um dos países mais afetados pelo vírus,
por exemplo, uma igreja foi responsável por boa parte das transmissões.
A
Igreja de Jesus de Shinchonji, uma seita dedicada a expandir a ideia de
que seu fundador, Lee Man-hee, é a segunda encarnação de Jesus Cristo,
chegou a esconder das autoridades os nomes dos fiéis que estavam
infectados — alguns deles viajaram pelo país. Dias depois, o líder da
seita pediu desculpas à população pela negligência.
No Brasil, um
dos templos que suspenderam todos os cultos foi a Igreja Batista da Água
Branca, na zona oeste de São Paulo. Em comunicado nas redes sociais na
quinta-feira, o pastor Ed René Kivitz afirmou que todas as atividades
presenciais estão "suspensas até segunda ordem".
"Atendendo às
orientações das autoridades e dos profissionais de saúde, nós resolvemos
nos juntar a esse esforço global de contenção da disseminação do
vírus", afirmou. Os cultos do domingo, dia em que a igreja recebe um
grande número de fiéis, foram transmitidos ao vivo pela internet — no
templo havia apenas alguns membros da denominação.
O mesmo ocorreu
com a Comunidade da Vila, igreja evangélica na zona oeste paulistana —
três cultos desse domingo, sem a presença dos fiéis, foram transmitidos
pelas redes sociais e pelo aplicativo da igreja.
"Nós vamos manter
nossa programação, mas você não precisa estar junto, porque estamos
tentando evitar aglomerações", explicou o pastor Marcos Botelho, em
vídeo enviado a fiéis.
"Não queremos criar pânico. Acreditamos que
Deus está no controle de todas as coisas, mas queremos ajudar o Brasil a
não espalhar o vírus de maneira rápida e não ocupar nossos leitos de
hospitais. Nos vemos online", finalizou.
Outras religiões também têm seguido recomendações de evitar reunião de pessoas.
'Muita seriedade'
A
Mesquita Brasil, no centro de São Paulo, é uma delas. "Estamos levando
essa questão com muita seriedade. A partir da última sexta-feira,
cancelamos nossas orações que têm congregações e reunião de fiéis, para
evitar qualquer contato entre as pessoas", disse o xeique Mohamed al
Bukai.
Segundo ele, outras mesquitas do país têm tomado medidas
parecidas, mas, por enquanto, ainda não há transmissão de eventos pela
internet. "Estamos esperando o que vai acontecer para decidir como
continuar com nossas celebrações. Vamos aguardar mais orientações das
autoridades", explica.
Segundo a Federação Israelita de São Paulo,
algumas sinagogas da cidade também suspenderam as atividades, assim
como todas as escolas judaicas da capital paulista. Fiéis com mais de 60
anos também estão sendo orientados a não comparecer aos locais de
reunião. Por outro lado, há unidades que mantiveram os cultos em áreas
abertas, como jardins, ou dividiram o público em diversos espaços.
Os
terreiros de umbanda têm se dividido nessa questão, segundo o sacerdote
Pai Engels de Xangô, dirigente do templo Amor e Caridade Caboclo Pena
Verde, em São Paulo. Alguns locais suspenderam as atividades nessa
semana, embora outros continuem abertos. Esses têm orientado os fiéis
com possíveis de sintomas de covid-19 a ficar em casa.
"Estamos
pedindo uma coisa difícil na nossa religião, que é evitar o cumprimento,
o beijo na mão e a troca de bênçãos. São gestos muito tradicionais",
explica. Seu terreiro continua aberto, mas ele diz que a situação pode
mudar nos próximos dias, a depender da evolução das infecções no Brasil.
Para
o pastor batista Levi Araújo, é importante que, nesse momento,
denominações religiosas se posicionem com o objetivo de proteger seus
fiéis e o restante da população.
"Seja
qual for a religião, essa situação do coronavírus vai apontar quem são
os fanáticos e os oportunistas, muitos dos quais só pensam em dinheiro.
Esses vão continuar a promover a aglomeração de pessoas dentro das
igrejas", disse à BBC News Brasil.
"Os religiosos de bom senso vão
seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde e das autoridades
de saúde", afirmou ele, que também suspendeu viagens pelo Brasil e tem
pregado apenas por meio das redes sociais e de aplicativos de vídeo.
Igreja Católica e líderes evangélicos
No
sábado, a Justiça suspendeu missas e eventos religiosos no Santuário
Nacional de Aparecida, interior de São Paulo, local com grande
concentração de católicos. Nesse domingo, apesar da suspensão das
celebrações, centenas de fiéis compareceram ao templo, pois as visitas
estavam liberadas.
Outras denominações religiosas mantiveram as
atividades plenamente — ou apenas com algumas alterações ou
recomendações ao público.
A Diocese de São Paulo da Igreja
Católica, por exemplo, orientou as igrejas a se manterem "limpas e bem
ventiladas". As unidades com grande presença de pessoas devem aumentar o
número de missas para evitar grandes aglomerações em um único evento,
afirmou a cúpula.
"Durante as celebrações, evite-se o contato
físico, sobretudo, na saudação da paz e na oração do Pai-Nosso; a
comunhão seja recebida, preferencialmente, na mão", escreveu a Diocese,
pedindo também que idosos ou pessoas com sintomas de covid-19 fiquem em
casa.
Já grandes igrejas evangélicas do país, como a Sara Nossa
Terra, Mundial do Poder de Deus e a Renascer em Cristo mantiveram os
cultos.
A Renascer, por exemplo, afirma em seu site que vai
disponibilizar álcool em gel, que a unção com óleo na testa deve agora
ser feita com spray e que os fiéis não devem dar as mãos durante as
orações e não terão mais funcionários disponíveis para manobrar os
carros em estacionamentos da igreja.
Nos últimos dias, famosos líderes evangélicos causaram polêmica ao se posicionarem sobre o coronavírus.
O
pastor Silas Malafaia, por exemplo, afirmou em um culto que não fechará
sua igreja, a Vitória em Cristo, por causa da pandemia.
"Não vou
fechar igreja coisíssima nenhuma. Se amanhã os governos disserem que vão
impedir transporte público, fechar mercados, fechar todas as lojas...
Como pastor, acredito que a igreja tem que ser o último reduto de
esperança para o povo. Se fechar tudo, numa medida drástica, a igreja
precisa estar de porta aberta."
Na semana passada, o missionário
R.R Soares, da Graça de Deus, afirmou que a população "não precisa ter
medo de jeito algum" do coronavírus. "Já houve outras ameaças no meio da
humanidade. A profecia, lá no Apocalipse, diz que vai chegar um tempo
em que uma terça parte das pessoas vai morrer. Mas ainda não estamos
nessa época, não estamos na época de ganhar as almas para Jesus",
afirmou.
Já o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, pediu que seus fiéis não leiam notícias sobre o coronavírus.
"Quem
anda pela fé anda pela frente. Quando você vê no noticiário 'morreu
fulano, beltrano teve coronavírus', não olhe para isso, não leia essas
notícias", afirmou em um vídeo nas redes sociais. "Ao invés de você ler
essas notícias que falam de morte e de quarentena, da epidemia e
pandemia, olhe para a palavra de Deus e tome sua fé na palavra de Deus,
porque essa, sim, faz você ficar imune a qualquer praga e a qualquer
vírus, inclusive o coronavírus", disse.
Mesmo com a fala de
Macedo, a Igreja Universal está tomando medidas para tentar impedir a
disseminação do vírus em suas dependências, segundo nota da instituição
enviada à BBC News Brasil.A denominação afirmou que vai limitar o número
de pessoas nos templos caso as autoridades estipulem uma lotação máxima
— mas que também vai aumentar o número de cultos para "atender a todos
os que procuram a igreja".
Também disse que as pessoas "são
orientadas a se sentarem distantes umas das outras, mantendo pelo menos
uma ou duas cadeiras vazias entre si". E que também serão evitadas
orações com imposição de mãos.
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2
A preocupação com o
novo coronavírus também chegou aos templos religiosos do Brasil. No fim
de semana, algumas denominações, como igrejas evangélicas e mesquitas,
suspenderam cultos e celebrações por tempo indeterminado para evitar a
aglomeração e uma possível transmissão em massa do vírus entre os fiéis.
Para tentar resolver essa questão, alguns templos têm transmitido
mensagens religiosas aos fiéis por meio de serviços de streaming, redes
sociais, aplicativos e até do rádio. Há entidades que mantiveram alguns
eventos, mas orientaram fiéis com mais de 60 anos ou com sintomas da
doença a ficar em casa.
Por outro lado, alguns líderes religiosos de grandes igrejas disseram
que ... - Veja mais em
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De namastê a pés:
internet elege novas saudações em tempos de coronavírus ... - Veja mais
em
https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/03/12/e-protecao-que-fala-4-saudacoes-novas-para-usar-em-tempos-de-coronavirus.htm?cmpid=copiaecola
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