O Autismo, também conhecido como Transtornos do
Espectro Autista (TEA), são transtornos que causam problemas no desenvolvimento
da linguagem, nos processos de comunicação, na interação e comportamento social
da criança. Atualmente, estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo todo
possuem algum tipo de autismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com relação ao Brasil, esse número passa para 2 milhões. Uma pesquisa atual
realizada neste ano do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) diz que
o autismo atinge ambos os sexos e todas as etnias, porém o número de
ocorrências é maior entre o sexo masculino (cerca de 4,5 vezes).
Esse transtorno não possui cura e suas causas ainda
são incertas, porém ele pode ser trabalhado, reabilitado, modificado e tratado
para que, assim, o paciente possa se adequar ao convívio social e às atividades
acadêmicas o melhor possível. Quanto antes o Autismo for diagnosticado melhor,
pois o transtorno não atinge apenas a saúde do indivíduo, mas também de seus cuidadores,
que, em muitos casos, acabam se sentindo incapazes de encararem a situação.
https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-autismo-sintomas-tipos-infantil-leve-e-mais/
1.Comportamento é comunicação.
Todo comportamento acontece por uma
razão. Ele conta para você, mesmo quando as
minhas palavras não podem
fazê-lo, como eu percebo o que está acontecendo ao meu
redor. Comportamento negativo
interfere no meu processo de aprendizagem. Entretanto, simplesmente interromper esses
comportamentos não é suficiente; ensine-me a trocá-los por alternativas adequadas de modo
que a aprendizagem real possa fluir. Comece por acreditar nisto: eu
verdadeiramente quero aprender a interagir de forma apropriada.
Nenhuma criança quer receber uma
bronca por comportamento negativo. Esse comportamento geralmente quer dizer que eu estou
atrapalhado com sistemas sensoriais desorganizados, não posso comunicar meus desejos ou
necessidades ou não entendo o que se espera de mim. Olhe além do meu
comportamento para encontrar a fonte da minha resistência.
Anote o que aconteceu antes do
comportamento: as pessoas envolvidas, hora do dia,
ambiente. Um padrão emerge depois de
um período de tempo.
2. Nunca presuma nada.
Sem apoio de fatos uma suposição é
apenas uma suposição. Posso não saber ou não
entender as regras. Posso ter ouvido
as instruções, mas não ter entendido. Talvez eu
soubesse ontem, mas não consigo me
lembrar hoje. Pergunte a si mesmo:
Você tem certeza que eu realmente sei
como fazer o que você está me pedindo? Se de repente eu preciso correr para o
banheiro cada vez que preciso fazer uma folha de matemática, talvez eu não saiba como fazer ou tema que
meu esforço não seja o suficiente. Fique comigo durante repetições suficientes da tarefa até
que eu me sinta competente. Eu posso precisar de mais prática para dominar as tarefas
que outras crianças.
Você tem certeza que eu realmente
conheço as regras? Eu entendo a razão para a regra
(segurança, economia, saúde)? Estou
quebrando a regra porque há uma causa? Talvez eu tenha pegado um pedaço do meu lanche
antes da hora porque eu estava preocupado
em terminar meu projeto de ciências,
não tomei o café da manhã e agora estou morto de fome.
3. Procure primeiro por problemas
sensoriais.
Muitos de meus comportamentos de
resistência vêm de desconforto sensorial. Um exemplo é luz fluorescente, que foi
demonstrado muitas vezes ser um problema para crianças como eu. O som que ela produz é muito
perturbador para minha audição supersensível e o piscar da luz pode distorcer minha percepção
visual, fazendo com os objetos pareçam estar se movimentando. Uma luz
incandescente ou as novas luzes econômicas na minha carteira vai reduzir o piscar Ou talvez
eu precise sentar mais perto de você; não entendo o que você
está dizendo porque há muitos
sons “entre nós” – o cortador de grama lá fora, a Maria
conversando com a Lurdes, cadeiras
arrastadas, o som do apontador. Peça à terapeuta
ocupacional da escola para dar
algumas idéias sensoriais que sejam boas para todas as
crianças, não só para mim.
4. Dê um intervalo para auto
regulação antes que eu precise dele
Um canto quieto com carpete, algumas
almofadas livros e fones de ouvido me dão um
lugar para me afastar quando preciso
me reorganizar sem ser distante demais que eu
não possa voltar para o fluxo de
atividades da classe de forma tranqüila.
5. Diga o que você quer que eu faça
de forma positiva ao invés de imperativa.
“Você deixou uma bagunça na pia!” é
apenas a afirmação de um fato para mim. “Não sou
capaz de concluir que o que você
realmente quer dizer é: por favor, lave a sua caneca de
tinta e ponha as toalhas de
papel no lixo”. Não me faça adivinhar ou ter de descobrir o que
eu devo fazer.
6. Tenha uma expectativa razoável.
Uma reunião de todas as crianças no
ginásio de esportes e alguém falando sobre a venda
de balas é desconfortável e sem
significado para mim. Talvez fosse melhor eu ir ajudar
a secretária a grampear o
jornalzinho.
7. Ajude-me a fazer a transição entre
atividades.
Leva um pouco mais de tempo para eu
fazer o planejamento motor de ir de uma atividade
para outra. Dê-me um aviso de que
faltam cinco minutos, depois dois, antes de mudar de
atividade – e inclua alguns minutos
extras no final para compensar. Um relógio, com o mostra
dor simples ou um “timer” na minha
carteira pode me dar uma dica visual sobre o tempo para a próxima mudança e me
ajudar a lidar com o tempo mais independentemente.
8. Não torne pior uma situação ruim.
Sei que embora você seja um adulto
maduro às vezes você pode tomar decisões ruins
no calor do momento. Eu realmente não
tenho a intenção de ter uma crise, mostrar raiva
ou atrapalhar a classe de qualquer
outra forma. Você pode me ajudar a encerrar mais
rapidamente não respondendo com um
comportamento inflamatório. Conscientize-se de que estes comportamentos
prolongam ao invés de resolver a crise:
- Aumentar o volume ou tom de voz. Eu
escuto os gritos, mas não as palavras.
- Imitar ou caçoar de mim. Sarcasmo,
insultos ou apelidos não me deixam sem graça e não mudam meu comportamento.
- Fazer acusações sem provas.
- Adotar uma medida diferente da dos
outros.
- Comparar com um irmão ou outro
aluno.
- Lembrar episódios prévios ou não
relacionados.
- Colocar-me em uma categoria
(“crianças como você são todas iguais)”.
9. Critique gentilmente, seja honesta
– você gosta de aceitar crítica construtiva?
A maturidade e auto confiança de ser
capaz de fazer isso pode estar muito distante das minhas habilidades atuais.
Você não deveria me corrigir nunca? Lógico que sim. Mas faça-o gentilmente, de
modo que eu realmente consiga ouvir você.
- Por favor! Nunca, nunca imponha
correções ou disciplina quando estou bravo, frustrado, super- estimulado,
ansioso, “ausente” ou de qualquer outra forma que me incapacite a interagir com
você.
- Lembre-se que vou reagir mais à
qualidade de sua voz do que às palavras. Vou ouvir a gritaria e o
aborrecimento, mas não vou entender as palavras e consequentemente não
conseguirei descobrir o que fiz de errado. Fale em tom baixo e abaixe-se para
falar comigo, de modo que esteja falando comigo no mesmo nível.
- Ajude-me a entender o comportamento
inadequado de forma que me apóie, me ajude a resolver o problema ao invés de
punir ou me dar uma bronca. Ajude-me a descobrir os sentimentos que despertaram
o comportamento. Posso dizer que estava bravo mas talvez estivesse com medo,
frustrado, triste ou com ciúmes. Tente descobrir mais que a minha primeira
resposta.
- Ajuda quando você está modelando
comportamento adequado para responder à crítica.
10. Ofereça escolhas reais - e apenas
escolhas reais.
Não me ofereça uma escolha ou
pergunte “você quer...?” a menos que esteja disposto a aceitar não como
resposta. “Não” pode ser minha resposta honesta para “Você quer ler em voz alta
agora? ou você quer usar a tinta junto com o Pedro?” É difícil confiar em
alguém quando as escolhas não são realmente escolhas.
Você aceita com naturalidade o número
enorme de escolhas que faz diariamente. Constantemente escolhe uma opção sobre
outras sabendo que ter escolhas e ser capaz de escolher lhe dão controle sobre
sua vida e futuro. Para mim, escolhas são muito mais limitadas, e é por isso
que pode ser difícil ter confiança em mim mesmo. Dar-me escolhas freqüentes me
ajuda a me envolver mais ativamente na minha vida diária.
- Sempre que possível, ofereça uma
escolha dentro do que tenho de fazer. Ao invés de dizer: “escreva seu nome e
data no alto da página” diga: você gostaria de escrever primeiro o nome ou a
data? Ou “qual você gostaria de escrever primeiro: letras ou números?”. A
seguir diga: “você vê como o Paulo está escrevendo o nome no papel?”
- Dar escolhas me ajuda a aprender
comportamento adequado, mas também preciso entender que há horas em que você
não pode escolher. Quando isso acontecer, não ficarei tão frustrado se eu
entender o por que:
▫ ”não posso deixar você escolher
nesta situação porque é perigoso. Você pode se machucar.
▫ não posso dar essa escolha porque
atrapalharia o Sérgio (teria um efeito negativo sobre outra criança).
▫ eu lhe dou muitas escolhas mas
desta vez tem de ser a escolha do adulto.
Henry Ford disse: “quer você acredite
que pode ou que não pode, geralmente você está certo”. Acredite que você pode
fazer uma diferença para mim. É preciso acomodação e adaptação, mas autismo é
um distúrbio não pré fixado. Não há limites superiores inerentes para
aquisições. Posso sentir muito mais que posso comunicar e a coisa que mais
posso perceber é se você acredita ou não que “eu posso”. Espere mais e você
receberá mais. Incentive-me a ser tudo que posso ser, de modo que possa seguir
o caminho muito depois de já ter saído de sua classe.
Traduzido de Ellen Notbohm por
Heloiza Goodrich, TO
Fonte: Instituto Inclusão Brasil
http://inclusaobrasil.blogspot.com.br/2010/07/dez-coisas-que-todo-aluno-com-autismo.html
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