Após saída das Forças Armadas, Rocinha registra tiroteios


A movimentação na Favela da Rocinha
A movimentação na Favela da Rocinha Foto: Fabiano Rocha / Agência O Glob
 A movimentação na Favela da Rocinha Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo


Os dias seguintes à saída das Forças Armadas da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, tiroteios marcam a favela. Na manhã desta segunda-feira, moradores voltaram a relatar barulhos de disparos na comunidade. Ainda não há informações sobre as circunstâncias em que ocorreu o tiroteio. De acordo com a Polícia Militar, os disparos foram na parte alta da favela.
Os tiros assustaram cerca de quatro turistas que faziam um passeio na comunidade com um guia turístico da empresa Jeep Tour. Eles deixaram a comunidade e embarcaram rapidamente no veículo da empresa, que foi embora. Segundo um policial do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), os disparos foram feitos contra eles no momento em que faziam uma ação de reconhecimento do terreno dentro de becos na região chamada Roupa Suja.
O agente contou que uma moradora passou por eles dizendo que um rapaz de camisa vermelha, portando um fuzil, estava escondido num dos becos, preparado para atirar. Uma grande varredura foi feita na localidade, mas ninguém foi encontrado.
Após os tiros, policiais do batalhão de choque e de outras unidades entraram em alerta. Um caminhão blindado da Polícia Militar se deslocou para a religião e está posicionado em frente a um dos acessos.
Cerca de 500 PMs estão na comunidade com o objetivo de prender bandidos envolvidos numa disputa pelo controle do tráfico na região. Há também uma ação no Morro do Vidigal, comunidade vizinha.

Moradores se queixam da violência

Moradores reclamam da rotina de violência que a Rocinha tem vivido desde meados do mês pasado.
— Desde ontem só tiros, mas não sei o que está acontecendo. Tive que pedir desculpas no trabalho porque vou chegar atrasado — disse um morador, que mora na parte baixa da comunidade, mas ainda não conseguiu sair para trabalhar nesta manhã.
O clima entre quem vive na comunidade é de medo. Uma senhora que circulava pela passarela da Rocinha, que cruza a Autoestrada Lagoa-Barra, chegou a perguntar para repórteres:
— Será que dá para subir? Ouvi tiros.
Um outro morador que passava em frente à 11ª DP (Rocinha) comentou que está com muito medo porque o clima dentro da comunidade é de insegurança e cheio de boatos sobre novas ordens impostas pelo tráfico.
— Estão dizendo que querem que moradores ajudem a fazer alguma coisa, mas estou indo para o trabalho agora e não sei quando eu vou voltar — disse o senhor, apressado.
Apesar da situação tensa na manhã desta segunda, todas as unidades de saúde e de educação localizadas na Rocinha estão funcionando. A informação é das assessorias de imprensa das secretarias municipais de Saúde e de Educação.

Outros três confrontos

A PM confirma outros três confrontos envolvendo agentes, ocorridos neste domingo. Não há informações de feridos. Por volta das 8h20 e do meio-dia foram registrados dois dos confrontos, entre traficantes e policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). O primeiro foi na Rua 1 e o segundo, no local conhecido como Vila Verde.
À noite, equipes do Batalhão de Ações com Cães (BAC) faziam um patrulhamento na localidade conhecida como 199 quando se depararam com criminosos armados. Houve tiroteio. Após o confronto, os PMs fizeram buscas e apreenderam uma pistola. A ocorrência seguiu para registro na 11ª DP.
A PM vem atuando na Rocinha desde 18 de setembro — um dia após a favela ser palco de uma guerra do tráfico, quando cerca de 60 bandidos ligados a Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, invadiram a comunidade para expulsar Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, seu antigo aliado.
As Forças Armadas foram acionadas para a comunidade no dia 22 de setembro e ficaram por lá até o dia 29. Desde então, a PM vem reforçando a atuação na Rocinha. Nesta fase, de acordo com a corporação, a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Rocinha e o 23ºBPM (Leblon) continuam realizando o cerco à região. Os agentes contam com o apoio de policiais de outras UPPs.
Ainda de acordo com a PM, os "mais de 500 policiais por dia" realizam 15 pontos de cerco e 14 pontos de contenção na comunidade, "além do patrulhamento de toda área por policiais das tropas especiais — Bope (Batalhão de Operações Especiais), BPChq, BAC e GAM (Grupamento Aero-Marítimo)".

Prisões e apreensões

Desde o dia 18 até as 19h deste domingo, a PM prendeu 18 suspeitos e apreendeu quatro menores. Sete acusados de tráfico morreram. Houve apreensão de 13 fuzis, 15 pistolas, seis armas falsas — três fuzis e três pistolas —, 27 granadas e artefatos explosivos e mais de duas toneladas de drogas.

https://extra.globo.com/casos-de-policia/apos-saida-das-forcas-armadas-rocinha-registra-tiroteios-21896340.html

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