A notícia fez o
México estremecer. Mara Fernanda Castilla, a estudante que tinha desaparecido depois de pedir um carro pelo
Cabify na semana passada, foi encontrada morta, confirmou nesta sexta-feira o governador de Puebla, Tony Gali. O motorista, que a deveria ter levado para casa, é o único suspeito e está preso. A Promotoria assegura que o chofer a matou num motel.
O corpo foi encontrado na manhã de sexta-feira em Santa María Xonacatepec, povoado a 15 quilômetros da capital de Puebla. As autoridades também revistaram uma casa em Fraccionamiento Malintzi, no Estado vizinho de Tlaxcala, na qual encontraram roupas e objetos da estudante universitária. “Todo o peso da lei sobre os responsáveis pelo crime de Mara Castilla, revisaremos com rigor os padrões de segurança do Cabify”, escreveu o governador no Twitter.
À indignação nas redes e nas ruas se soma a macabra forma de sua morte, detalhada pela Promotoria.
Depois de sair para dançar com seus amigos, Mara pediu um táxi pelo aplicativo do Cabify para voltar para casa. Eram cinco da manhã de 8 de setembro, sexta-feira. Meia hora depois o carro chegou a sua casa e ficou parado em frente à residência familiar por mais de 20 minutos, como registraram câmeras de segurança. A jovem estava então no carro, e o suposto assassino fumou um cigarro dentro do veículo, segundo a Promotoria.
O condutor, Ricardo Alexis "N" — as autoridades omitiram o sobrenome —, foi depor voluntariamente um dia depois. Segundo sua versão, ela pediu para descer alguns metros antes de chegar em casa. A partir disso, as autoridades seguiram três linhas de investigação: que o que ele disse era verdade; que ele a entregara a um terceiro no caminho entre o bar e a casa, ou que ela estivesse no interior do veículo quando as câmeras fizeram a gravação, que foi o que concluíram.
Ao averiguar o que Ricardo Alexis testemunhara, os promotores determinaram que Mara e ele haviam estado nos mesmos locais no dia do desaparecimento. O telefone da estudante, em poder do suposto assassino, permitiu rastrear, via GPS, os lugares. Alexis supostamente levou Mara ao motel Del Sur, que a polícia revistou na sexta-feira. Ao vasculhar o quarto, descobriu que faltavam um lençol e uma toalha. Mara foi encontrada às 13h num lençol do mesmo motel. Mara foi assassinada no motel, segundo as autoridades.
O motorista está na prisão, acusado de privação de liberdade e assassinato. Durante a angustiante semana de busca, a família não recebeu pedidos de resgate, mas recebeu uma chamada anônima em que disseram que ela estava bem, sem dar outros detalhes. A principal linha de investigação era o tráfico de pessoas, mas as autoridades afirmam que a jovem morreu no dia 8 de setembro mesmo. As autoridades não revelaram as causas da morte, mas disseram que todos os elementos indicam que o autor não teve cúmplices.
A Promotoria
classificou o assassinato como “feminicídio”, e a morte pôs o dedo na ferida do machismo no México. Na mesma semana um coletivo de atrizes publicou um vídeo para denunciar a impunidade e a insegurança em que vivem as mulheres no país.
“Mara, não peça perdão por ser mulher”, escreve Vivien Vázquez, uma jovem de Puebla que responde por carta à revitimização de Mara: “Quando voltar para casa não peça perdão por ter saído com seus amigos para se divertir nem por ter ficado linda”. Vázquez não conhecia Mara Castilla, mas isso não importa. O desaparecimento e o assassinato da jovem evidenciam uma crise sistêmica.
O Cabify manifestou lamentar “profundamente” a morte de Mara Fernanda. A empresa foi duramente criticada pelas supostas falhas em seus filtros de segurança. A empresa se gaba de oferecer um serviço mais seguro que outros; seus motoristas precisam passar por exames de condução, psicométricos e de antecedentes. Em sua declaração de termos e condições, o Cabify se isenta de “qualquer obrigação, reclamação ou prejuízos surgidos” na relação entre o usuário e o “terceiro transportador”. O Governo de Puebla anunciou que vai investigar a empresa.
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