Análise: Temer ignora extinção da Renca em discurso na ONU

Questões ambientais têm sido causa de constrangimento para o presidente


Temer faz discurso na ONU - TIMOTHY A. CLARY / AFP


BRASÍLIA - Alvo de críticas de dentro e fora do país por ter extinguido a Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), situada entre os estados do Amapá e do Pará, o presidente Michel Temer usou seu discurso na abertura da reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, para assegurar que o Brasil é um país preocupado em preservar o meio ambiente. Temer aproveitou os holofotes no evento em que, por tradição, o presidente brasileiro é o primeiro a falar, para ressaltar que houve uma redução de 20% do desmatamento na floresta amazônica.
O presidente falou sobre a Amazônia, mas destacando sua preocupação quanto ao desmatamento. Nada sobre mineração. Por razões óbvias, evitou tocar em temas que arranham sua imagem, incluindo o decreto que liberou uma área de tamanho aproximado ao da Dinamarca para a exploração de minerais.
Questões ambientais têm sido causa de constrangimento para Michel Temer. Em junho deste ano, em viagem à Noruega, ele chegou a cometer uma gafe ao agradecer as contribuições daquele país ao Fundo da Amazônia. Sua declaração foi feita quase ao mesmo tempo em que o governo daquele país anunciou que cortaria metade dos R$ 400 milhões repassados anualmente ao Brasil. A razão que teria sido alegada por Oslo: o descuido no controle do desmatamento amazônico.

Se tivesse oportunidade de explicar o que aconteceu com a Renca, o presidente diria que suspendeu os efeitos do decreto, no fim de agosto, por 120 dias para consulta pública. Que, apesar dos ataques de diversos segmentos da sociedade brasileira, ainda acredita que a medida será benéfica para a economia da região.
Um dos argumentos que têm sido usados pelo governo é que o fim da reserva permitirá o aumento da fiscalização de garimpos ilegais no local. Somente o Ibama entra nas áreas de proteção ambiental. Os técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME) são proibidos de atuar na Renca. Há claras divergências em torno do tema entre técnicos dos ministérios do Meio Ambiente e do MME.
- Esse discurso do presidente da República não deixará qualquer marca. Será facilmente esquecido. Com o governo frágil não se lava roupa suja em público é como se estivesse lavando roupa suja em público - afirma Estevão Martins, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília.


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