Aumento no número de casos de microcefalia provoca alerta em PE
Número em 2015 é mais de dez vezes maior que o registrado em 2014.
Ministério da Saúde decretou estado de emergência em saúde pública.
Pernambuco registrou, neste ano, 141 casos de bebês nascidos com microcefalia no estado, uma malformação em que o recém-nascido tem o crânio pequeno. O número disparou em 2015 e o caso vem sendo investigado pela Secretaria de Saúde do estado, em conjunto com o Ministério da Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde, para entender o que causou o aumento. O número de ocorrências é mais de dez vezes maior que os 12 registrados em 2014.
O aumento significativo do número de casos fez o Ministério da Saúde decretar emergência em saúde pública nesta quarta-feira (11). O ministro da saúde, Marcelo Castro, afirmou que essa é uma situação inusitada. "Todas as hipóteses estão sendo avaliadas", disse o ministro em coletiva de imprensa.
Os casos suspeitos de microcefalia se caracterizam por recém-nascidos que apresentam o perímetro da cabeça igual ou menor de 33 centímetros. A Secretária de Saúde do estado lançou um protocolo padrão, com orientações para a notificação dos casos, além de um portal onde as unidades de saúde enviam os dados.
A secretária-executiva de Saúde, Luciana Albuquerque, explica que o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) e o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) foram escolhidos como referência no estado para esses casos.
"As maternidades que receberem esses casos devem encaminhar para estas duas unidades. A partir do momento que a mães chegarem lá, todo o protocolo deve ser realizado, tanto a solicitação e a realização dos exames de imagens quanto os exames de laboratório", explica a secretária-executiva.
A microcefalia pode ter causas genéticas, passadas dos pais para a criança, quanto também por uso de drogas, álcool ou outros produtos tóxicos durante a gestação, além de possíveis infecções que atinjam o bebê durante a gestação.
A neuropediatra Ângela Rocha, coordenadora do setor pediátrico de Doenças Infeciosas do Huoc, explica que o aumento dos casos pode estar relacionado provavelmente a infecções nos quatro primeiros meses de gestação, quando o cérebro é formado.
"Alguma coisa aconteceu nesse ano e as causas infecciosas são sugestivas. Tem muitas situações que podem provocar microcefalia, como toxoplasmose, herpes, rubéola, zika, chikungunya, dengue. Fizemos o protocolo com a Secretaria de Saúde para fazer a investigação com segurança, estamos fazendo todos os exames, todas as sorologias para as patologias possíveis", detalha a neuropediatra.
Maioria de meninas
O levantamento mais recente aponta que os casos foram registrados em moradores de 42 municípios, com uma concentração maior no Recife, em Jaboatão dos Guararapes e Olinda, na Região Metropolitana, além de Toritama, no Agreste. A maioria dos casos são de meninas, representando 53,9%. Do total, 69,7% das crianças nasceram ‘a termo’, ou seja, entre de 37 e 41 semanas e seis dias.
Crianças nascidas com a malformação podem ter complicações no desenvolvimento da fala, motora e até quadros de convulsão. "Essas crianças às vezes vivem bem. Não é um cérebro igual de outra pessoa, mas há evoluções com ganhos significativos. Os casos mais sérios têm quadros de convulsão, dificuldade de fala", enumera a neuropediatra.
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