Um presente de Paulo Francisco


Acabo de adentrar minha sala de redação e, eis que me deparo com um comentário de meu querido amigo (virtual) escritor e poeta Paulo Francisco, editor dos Blogs "Varal de Cores e Da Varanda da Minha Casa". Estive lhe visitando para retribuir a gentileza e me encantei com sua mais recente postagem, a qual, tomei a liberdade de publicar em minha página. Espero que leiam e apreciem sem moderação este texto inspirado e inspirador, fruto do talento de nosso amigo blogueiro dos 'bãos"! rs
Bom dia!!!
Ternos beijos!!!!




Era uma sala de espera comum. Mesinha de centro com revistas e jornal. Cadeiras de palhinha e uma TV ligada num canal de documentários – naquele momento era a vez das formigas cortadeiras. Seria uma sala como outra qualquer se não fosse um menino sentado ao lado de sua mãe, divertindo-se com seus brinquedos de plástico.  Bonecos e carrinhos minúsculos passeavam em sua imaginação.

Abri a mochila e tirei um livro que ganhara no Natal passado da amiga Claudia Lemos. Fiquei com o livro na mão sem abri-lo, olhando para a televisão infestada de saúvas. Ouvia o zummmmm do carrinho do menino enquanto sua mãe falava ao celular e a voz melódica e dramática do locutor do documentário. Quase tudo naquela sala era paisagem repetida em minha memória, exceto pelo celular e pelas noticias da primeira página do jornal impecavelmente intacto sobre a mesa de vidro.

Olhei para a cara redonda e vermelha da mãe ao celular, comparei os seus traços com os do menino e por alguns segundos ouvi o locutor falar sobre a vida das cortadeiras: sistema agrícola, mutualismo, praga, devoradoras... Fechei os olhos pelo tempo de uma respiração profunda e esperançosa. Voltei ao livro. O fio da palavra de Bartolomeu Campos de Queirós. Um livro de poucas páginas, mas que me enganara na certeza de lê-lo na sala de espera de uma consulta médica.  Li e reli o primeiro texto:

¨ A vida é um fio,
a memória é seu novelo.
Enrolo - no novelo da memória –
o vivido e o sonhado.
Se desenrolo o novelo da memória,
Não sei se tudo foi real
ou não passou de fantasia. ¨

Voltei a fechar os olhos e fiquei com a escuridão mais tempo que o suspiro.  Só voltando com o ranger da porta e a aparição aflita do menino. Ele levantou a almofada e apanhou uma caixa de madeira escura – possivelmente era onde guardava o seu tesouro de plástico. Sorri com a surpresa do menino; sorri com a surpresa do livro em minhas mãos. Parei nas páginas seguintes com os dois anjos ocupando as duas folhas. Eram dois anjos dormindo.

Voltei pra casa lendo o livro e pensando na tal caixa de madeira. Olhei para o céu acinzentado, típico céu de fim de tarde do mês de março – promessa de tempestade e medo. E antes que eles chegassem, corri até o quarto. Com auxilio de uma escada, recuperei uma antiga caixa de madeira.

Fiquei ali, sentado na cama, olhando para a caixa e lembrando-me do menino.

Minha foto

Paulo Francisco
http://davarandadaminhacasa.blogspot.com.br/
Bravooo, querido amigo! Amei ler-te nessas primeiras horas do dia! Obrigada por compartilhar a beleza de seu inspirar nesta obra maravilhosa!!!
Abraço carinhoso!!

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