Sobre erros e opiniƵes...

Dos erros de opiniĆ£o das pessoas ditas sinceras




O filĆ³sofo RenĆ© Descartes escreveu certa vez das opiniƵes que tinha na infĆ¢ncia, e que depois descobriu nĆ£o serem corretas. Vemos em nossa sociedade, com toda essa informaĆ§Ć£o, que muitas opiniƵes nĆ£o sĆ£o comprovadas, e que quase sempre se baseiam em raciocĆ­nios falsos. Existe uma arte para verificar a validade desses raciocĆ­nios. Essa arte se chama lĆ³gica. Vemos pessoas falando toda a sorte de barbaridades, e sendo descritas como “sinceras” ou de “gĆŖnio forte”, quando na verdade apenas tĆŖm um gĆŖnio equivocado, e nos dĆ£o confusƵes em raciocĆ­nios. Isso se revela muito em conclusƵes baseadas em achismos. Pior ainda se dĆ” com relaĆ§Ć£o a valores, onde se quer colocar uma moral de 500 anos atrĆ”s, na sociedade atual, o que Ć© sobremaneira impossĆ­vel. Do geral sĆ£o erros de opiniƵes, dos quais jornalistas muitas vezes nĆ£o escapam, uma vez querendo divulgar uma “polĆŖmica”.
 

O primeiro engano estĆ” em generalizaƧƵes e preconceitos, onde se pega uma pessoa e se coloca em todo o grupo. Isso se dĆ” com artistas, jogadores de futebol, loiras etc. Em muito esse raciocĆ­nio serve para se formular piadas, mas nĆ£o para se provar algo racional. TambĆ©m nĆ£o se deve exigir uma moral cheia de virtudes de pessoas que vivem em uma sociedade cada vez mais relativista em seus valores, como casamentos eternos ou mesmo uma moral religiosa. Isso serve para grupos que aceitam tal comportamento, e nĆ£o a uma sociedade livre. 

EntĆ£o, as comparaƧƵes sĆ£o falsas, uma vez que se pode achar que determinada profissĆ£o tenha muitos pares que nĆ£o respeitam a Ć©tica, mas jamais se pode dessa informaĆ§Ć£o, colocar em toda a classe profissional. NĆ£o raro vemos pessoas comentando barbaridades e equĆ­vocos sobre mĆ©dicos e advogados. FaƧo a proposta: retiremos os mĆ©dicos e advogados por um dia do mundo. Certamente muita gente morrerĆ” ou ficarĆ” sem nenhum direito.
 

Outra bobagem Ć© se entender uma pessoa de boca suja ou cheia de falĆ”cias como prova de sinceridade. Essa sinceridade nĆ£o prova a qualidade de uma pessoa, mas apenas que ela tem vĆ”rios preconceitos e Ć© intolerante. Talvez prove a intolerĆ¢ncia das pessoas que admiram esses formadores de opiniĆ£o. Pensassem por si mesmos, e avaliassem melhor as opiniƵes, as pessoas nĆ£o cairiam em clichĆŖs como esses, quando se condenam comportamentos, no caso de artistas ou jogadores de futebol. Parece mais uma inveja com relaĆ§Ć£o Ć s pessoas que tĆŖm a fama, do que um juĆ­zo de valores. Talvez ao vermos a vida de quem opina, vejamos o mesmo na vida desses inquisidores. Simples, peƧamos que eles provem os seus argumentos.


Claro que nossa sociedade anda perdida em seus valores. Mas talvez isso seja uma dimensĆ£o de novos valores que surgem, mais tolerantes e diversificados. A diversidade da vida emocional das pessoas pode ser uma prova. E pessoas polĆŖmicas sempre existiram, sendo condenadas por inquisidores, enrustidos e frustrados. Para o frustrado Ć© mais fĆ”cil condenar. Aparentar esse ser “sincero”. Apontar o dedo Ć© mais fĆ”cil, e as pessoas pĆŗblicas sĆ£o mais sujeitas a tais condenaƧƵes. Lembra a InquisiĆ§Ć£o, onde uma pessoa era morta por uma marca no corpo, por ter visĆ£o diferente de Deus, por ter um crucifixo quebrado e motivos ainda mais banais. Hoje vemos algo parecido nesses jornalistas que falam mal de todo mundo e nĆ£o tem limites para a boca.
 

O segredo Ć© que os argumentos tĆŖm de ser comprovados. Se nĆ£o comprovados, nem sĆ£o premissas. Posso falar que todos os jogadores de futebol sĆ£o ricos. Mas vejo aos poucos que errei, uma vez que existem jogadores que nĆ£o sĆ£o ricos. Isso vale para diversas opiniƵes, como em relaĆ§Ć£o a artistas, advogados, polĆ­ticos etc. Ɖ mais fĆ”cil criar um preconceito, porque nĆ£o necessita muita razĆ£o. As pessoas perderam a razĆ£o e preferem a diversĆ£o.

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