SOMOS CIDADÃOS DO BRASIL... (Conto)





Ah... somos cidadãos da grande metrópole de SP que junta, apertadamente, 11 milhões de pessoas...a maioria nem nascida aqui, mas de todo esse grande e complexo Brasil e que presos ao sonho de um ganho maior aqui se instalam precariamente com sua extrema pobreza.Eis aqui uma história real por mim vivida há dias atrás. Vejam só !!!
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Então, ela me olha...com seus grandes olhos de baiana...toda apertada em seu vestido curto e justo... e com seus seios salta montes. Seu olhar está bem triste, mesmo sendo o seu sorriso muito cativante... e seus dentes mais bonitos ainda....essas pérolas que poucos podem se dar ao luxo de ter.E então me diz: sabe que eu tenho de viver no meu barraco de portas fechadas ? Pergunto por quê ? E ela me diz: Ah...tenho medo de ser estuprada e que me roubem o pouco que tenho...Meus vizinhos são gente perigosa..Todos são bandidos e vendem drogas...e muitos estão viciados e eu tenho pavor deles...Às vezes batem em minha porta e eu de medo não abro não...só abro se for gente que conheço. Estou pensando em voltar para a Bahia...porque aqui não é como eu pensei que fosse...Ela esfrega as mãos nervosamente...e me conta sobre sua família...Depois...lágrimas correm por seu rosto...São lágrimas de tristeza e de saudades de sua família...pois há quatro anos que não vê nenhum deles...Fico consternado...mas logo ela me pergunta: diz pra mim...o que eu devo fazer ? E eu olho suas lágrimas que não param de correr em seu rosto bonito e redondinho...e lhe digo: melhor é voltar para tua familia do que viver enfiada num quarto o tempo todo com medo de todos que te cercam...Pelo menos com tua familia você estará melhor e sem medos..Ela então enxuga suas lágrimas com as costas da mão...e olhando-me bem nos olhos apenas diz : você tem razão...isso aqui não é vida...é a morte de mim mesma. Sim...eu vou voltar...não aguento mais viver no meu barraco. E de repente ela me abraça forte , dá-me um beijo rápido e sai correndo ao longo da calçada.Fico olhando e quando quase estava desaparecendo...ela vira-se e me acena um adeus que até agora me comove...apesar de eu nunca mais tê-la visto. Deve ter voltado para a sua família...quem sabe ?






Cássio Seagull (cadastrado no Recanto das Letras) onde mantém sua Escrivaninha, repleta de poemas/textos belíssimos!

em 14-09-14 SP
Conto verídico
da cidade de SP

Agradeço ao poeta, pelo compartilhar!





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