Jovem transforma vida de moradores de comunidade carente com ONG



Voluntários atendem crianças, adolescentes e adultos com dança, teatro, alfabetização, reforço escolar, cursos profissionalizantes e vários outros.
Desde pequena Bianca é uma transformadora. “Tudo começou na casa da minha mãe, quando eu tinha 16 anos e tive um sonho de trazer um projeto cultural para a Chatuba. A gente tinha uma cortina no meio, metade era sala e metade era o quarto dos meus irmãos. Minha mãe desmontou tudo, nós passamos a morar no quarto dela e tudo virou um projeto social. Só que a maior surpresa é que na primeira semana foram mais de 150 inscritos. Nós éramos os maiores investidores, cada um com o que tinha. Um amigo comprava um pão, no outro dia outro comprava, a gente pedia material escolar e todo mundo juntava o que tinha em casa. Era tudo improvisado”, lembra.
A sede da ONG Mundo Novo foi inaugurada há três anos e tem três andares. Foi com muito esforço. É como se fosse um oásis, um sonho na Chatuba, um dos bairros com o maior índice de criminalidade na cidade de Mesquita, que fica na Baixada Fluminense.
“Isso aqui era um terreno abandonado, onde a comunidade costumava jogar lixo. A gente rejuntou, colocou piso, pinta. Todo início de ano a gente reúne nossos alunos, reúne a equipe de voluntariado e a gente mesmo vai fazendo a obra, dando um jeito”, afirma Bianca.
“Eu consegui colocar todos eles na ONG através do Leonardo. Na época eu tinha me separado do pai dele, ele não queria estudar, estava ficando rebelde e eu não queria perder o meu filho. Fizeram um bom trabalho com ele, ele começou a gostar de estudar. Fiquei feliz da vida”, conta Maria Lucia Jacinto, mãe e aluna da ONG.
“Hoje em dia se eu não tivesse aqui, não sei nem o que seria de mim. Quero ser marinheiro. Fiz uma prova, passei para fuzileiro naval, eu passei. Basta a gente querer. Quando a gente quer, a gente consegue”, diz Leonardo.
“Já estou aprendendo a ler e escrever. Em vista do que eu era antes, eu falo para ela que agora eu estou bem melhor. Me esforçando, falta muito, mas estou vindo”, brinca Maria Lucia.
“Lorraine entrou na instituição com 12 anos de idade como aluna. Veio de um relacionamento familiar difícil”, conta Bianca.
“Passei minha vida toda com a minha avó e meu avô. Eles que de me deram a criação. Meu pai era alcoólatra e agressivo. Quando eu chegava na ONG era diferente, parecia que tudo que eu passava lá fora, com os meus pais, eu esquecia”, lembra Lorraine Gonzaga.
“Quando ela se deparou com a arte, com a educação, isso transformou a vida dela. Hoje ela é uma professora contratada pela instituição, faz faculdade de pedagogia”, conta Bianca.
“Quero continuar este trabalho de transformação. Assim como um dia transformaram a minha vida, quero transformar a vida de outras pessoas”, diz Lorraine.
“É muito significativo para a instituição. Não só ela, mas hoje temos outras ex-alunas que são contratadas e atuam no projeto como monitores”, lembra Bianca.
“Meu sonho é me profissionalizar na dança, ser professora e mostrar o que eu sei para as outras crianças também. Quando eu entrei aqui eu era uma delas, e hoje eu passo para elas o que eu aprendi com a Bianca”, diz Julia Fernandes da Silva.
“A gente não quer fazer um depósito de criancinhas, a gente quer transformar vidas. Vamos cada um fazer a sua parte. Enquanto a gente fica reclamando a gente perde tempo. Existem muitas pessoas querendo transformar o mundo”, completa Bianca.
Bom Dia Brasil
02/05/2014

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