NO TEMPLO BUSSHINJI - A Isis Dumont

            
                No início da madrugada de 15 de maio de 2014
                Texto escrito em 13 de julho de 2008



Quero compartilhar com vocês, queridos amigos do Recanto, através de humílimo relato, um momento marcante de minha vida, também da vida das pessoas presentes ontem no Templo Busshinji, budista, situado no bairro da Liberdade, na capital de São Paulo, local onde foi realizada cerimônia religiosa profundamente tocante, em memória de H. Massuda Goga, nosso querido mestre Goga, nos 49 dias de sua "passagem" para Plano Mais Alto. Ali, no Templo, parentes, amigos, nos despedimos da sua presença enquanto corpo físico neste plano.

        Mestre Goga, senhor dos segredos do haicai, foi o principal cofundador do Grupo Haicai Ipê ao qual, modestamente, pertenço. Durante muito tempo coordenou as atividades do grupo e, há anos, radicou-se em sítio, no maravilhoso mundo chamado Minas Gerais. Já além dos 90 de vida mantinha admirável lucidez, a despeito de problemas de audição. Morreu como um passarinho, de repente, passarinho que sempre foi. Calou-se, repentino, seu lindo canto que nos inspirou e guiou desde os primeiros passos no Grêmio Haicai Ipê.
        Ontem, antes de adentrarmos o Templo, cada um de nós tirou os sapatos, como sói acontecer quando se adentra um local sagrado (assim também ocorre em templos de outras tradições sagradas) e assim, de meias ou com os pés totalmente nus, cada qual se sentou com o seu "missal" nas mãos para acompanhar o cerimonial, diante da imagem de Buda.
        Não tenho recursos verbais nem conhecimento para descrever a sequência deste cerimonial, a beleza do templo, a "liturgia", toda em Língua Japonesa (lembrou-me as missas em Latim que não cheguei a assistir). Em determinado momento, cada uma das fileiras de pessoas presentes fizemos a volta completa em torno do espaço interno do Templo, curvando-nos, cada um, diante da imagem do Buda e da foto do mestre Goga.
        No final da cerimônia, um dos monges oficiantes fez uma breve preleção em Japonês, seguida de tradução, por outro monge, para a Língua Portuguesa. Nesta preleção explicou-se, sucintamente, o significado da cerimônia após a passagem dos 49 dias da morte: Os 49 dias representam, simbolicamente, o tempo que o ser desencarnado leva para o total desapego dos bens, bens de toda natureza; o tempo necessário para percorrer os 49 templos nos quais, sucessivamente, as vestes dos apegos irão sendo despidas. A partir do encerramento destes "ritos de passagem" o Ser, purificado, está apto para ingressar no Reino de Buda.



        Após o término da cerimônia, nos calçamos e nos dirigimos ao grande salão com as mesas postas, onde nos confraternizamos, comendo sushis (com ou sem palitinhos) doces japoneses, tomamos chá (para quem o preferisse, havia coxinhas de frango, Coca-Cola, coisas que tais). Falamos de haicai, também de variados assuntos e recebemos, cada um, duas fotos do mestre Goga, tiradas no sítio em Minas: uma no seu gabinete de trabalho e outra junto de suas  bem-amadas flores.
        A caminho de casa voltamos todos, certamente, com fundo sentimento de paz e uma confortadora sensação de imortalidade, independente da crença religiosa ou do ceticismo de algum(s) de nós. Todos mais ricos, sem qualquer sombra de dúvida.
São Paulo, 13 de julho de 2008.
  




Grande abraço, amiga.
REPUBLICAÇÃO.
Zuleika dos Reis 
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4806864


Essas rosas são para você, amiga! 
Elas representam meu carinho e 
nossa amizade!!


Muito obrigada, querida amiga (mesmo sendo virtual), não importa! Seu carinho nesta lembrança me deixou comovida e muito feliz! Sou católica, não entendo bem sua "religião" ou doutrina, mas tenho profundo respeito pela escolha de cada pessoa/irmão. Deus abençoe grandiosamente sua vida e seus familiares! 
Obrigada por me permitir compartilhar em minha página, este lindo presente!
Bom dia!!!!
Beijos e ternura!!!
Aparecida Ramos
Ísis Dumont (meu nome poético)

PS.: Escolhi esta imagem por entender que faz sentido (um pouco) com o que escrevestes. 
Beijos, amiga querida!!!

Comentários

  1. Bom post amiga Aparecida. Pois é nunca assisti a nenhuma cerimônia deste nível, apenas assisti na adolescência às missas em latim com o sacerdote, em parte do rito, de costas para os assistentes, mas faz tempo, um tempinho, coisa de cinquenta anos...
    Um abraço. Tenhas um bom dia.

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