Ensaio tem 40 fotografias de homens e mulheres, civis e militares
Um trabalho que traz histórias esquecidas. É assim que o fotógrafo holandês Martin Roemers define o ensaio fotográfico The Eyes of War, que fez com pessoas que perderam a visão durante os confrontos da Segunda Guerra Mundial (1939-45). Em 40 fotografias, Roemers retratou civis e militares alemães, russos, holandeses, belgas e britânicos cujos rostos exibem as marcas dos conflitos.
Martin Roemers
Fotógrafo retratou civis e militares em seu ensaio
Segundo ele, a maioria dos personagens era criança à época e perdeu a visão enquanto brincava. “Quase no fim da guerra, eles mexiam com artefatos que acabaram explodindo e provocando danos em seus rostos”, contou o fotógrafo por telefone ao Opera Mundi.
No entanto, alguns dos retratados carregam histórias diferentes. Alguns dos personagens do ensaio eram militares à época do conflito e foram atingidos por balas ou bombas, fazendo com que ficassem cegos.
Segundo ele, a ideia de retratar as mazelas dessas pessoas surgiu em 2006, enquanto produzia uma série semelhante: “The Never-Ending War”. Nela, Roemers tirou retratos de veteranos da Segunda Guerra, homens e mulheres. “Descobri que um dos homens ficou cego durante os conflitos. Decidi então realizar um novo trabalho mostrando essas vítimas da guerra”, completou.
Martin Roemers
Trabalho também apresenta mulheres que perderam a visão durante a Guerra
Proposta
Para ele, era necessário evidenciar os efeitos das guerras. Desta forma, Roemers optou por mostrar apenas o rosto das pessoas sobre um fundo preto, evidenciando a lesão que tiveram por conta das explosões. “Esse grupo foi vítima da guerra, mas a história acaba sendo universal. É necessário mostrar o que essas guerras podem fazer com as pessoas, suas consequências. Suas histórias foram esquecidas e eu precisava mostrar isso”, disse o fotógrafo.
Para Roemers, seu trabalho não se resume apenas às fotografias, já que ele entrevistou as pessoas para entender como seguiram suas vidas após o cessar fogo. “Eu basicamente perguntei duas coisas: como elas haviam perdido a visão e como viveram com essas feridas.”
O fotógrafo ressaltou que a maioria construiu uma vida normal: se casaram, constituíram famílias e empregos. “Um grupo trabalha como telefonista em uma mesma empresa”, explicou. O ensaio gerou um livro que deverá ser publicado no próximo mês de maio. Confira outras fotografias do trabalho do holandês em seu site oficial.
No Opera Mundi
Da Folha 13
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