Cármen Lúcia homologa delações da Odebrecht: entenda os próximos passos e implicações
Direito de imagemAFPImage captionApós serem homologadas pelo STF, delações da Odebrecht serão analisadas pela Procuradoria Geral da República
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, homologou hoje as delações de funcionários da Odebrecht, mantendo o sigilo sobre seu conteúdo. A decisão torna oficiais os depoimentos de 77 executivos e ex-executivos da empreiteira.
Agora, as centenas de páginas de depoimentos produzidos pela operação Lava Jato serão analisados pela Procuradoria Geral da República (PGR). A partir disso, os procuradores decidirão contra quem serão apresentadas denúncias à Justiça.
Segundo a assessoria de imprensa da PGR, cabe ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, analisar essas delações, mas não há um prazo para que isso seja feito.
"O que pode acontecer agora é a abertura de novos inquéritos, a distribuição das informações recebidas em inquéritos já abertos ou, ainda, o encaminhamento a outras instâncias do Ministério Público Federal. No entanto, só teremos esta informação após a análise", informou a PGR por meio de nota à BBC Brasil.
Uma vez feitas as denúncias, caberá ao relator do processo no STF decidir se elas devem ser aceitas ou não. A função cabia ao ministro Teori Zavascki, que morreu em uma queda de avião em 19 de janeiro em Paraty, no Estado do Rio.
Pelo regimento interno do STF, no artigo 38, "em caso de aposentadoria, renúncia ou morte", o relator é substituído pelo ministro que será nomeado pelo presidente da República para sua vaga. Mas, em casos urgentes, a presidente do STF poderia passar a relatoria para outro membro da corte, segundo as regras da Casa.
O novo relator terá de submeter sua decisão à apreciação dos integrantes da turma da Corte da qual participa. O ministro Zavascki era membro da segunda turma, junto com os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
Mas, com sua morte e a indefinição de quem o substituirá no cargo e na relatoria da Lava Jato, não é possível saber no momento a qual turma caberá a apreciação das denúncias que vierem a ser feitas pela PGR.
Expectativa
Direito de imagemREUTERSImage captionMarcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht ,está entre os executivos que fizeram delações premiadas
Há uma grande expectativa em torno das delações feitas por executivos da Odebrecht. Seu ex-presidente, Marcelo Odebrecht, foi condenado em março do ano passado a 19 anos e 4 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Para o magistrado, as investigações comprovaram que Odebrecht pagou mais de R$ 113 milhões em propinas para que sua empresa conquistasse contratos com a Petrobras.
Em nota na época, sua defesa afirmou que recorreria da decisão "injusta e equivocada, além de lastreada em provas obtidas ilegalmente".
Ele e outros executivos da empreiteira aceitaram colaborar com a Justiça nas investigações em troca de terem suas punições atenuadas.
Já se sabe que ao menos uma das delações, feita por Claudio Melo Filho, cita mais de 50 políticos, entre eles o presidente Michel Temer e outros integrantes do primeiro escalão do governo federal.
'Propinas'
Direito de imagemREUTERSImage captionOdebrecht teria pago mais de R$ 113 milhões em propinas para obter contratos com a Petrobras, diz Moro
Em sua delação, o ex-executivo da Odebrecht disse que a relação da empreiteira com políticos envolvia repasses de propinas e de doações legais de campanha.
O objetivo, afirmou, era "manter uma relação frequente de concessões financeiras e pedidos de apoio, em típica situação de privatização indevida de agentes políticos em favor de interesses empresariais nem sempre republicanos".
O teor do documento foi vazado e publicado pelo site Buzzfeed e pela revista Veja em dezembro passado. Nele, Temer é mencionado 43 vezes.
Melo Filho disse que mantinha "relação próxima" com o núcleo político do presidente, mas que tratou "poucas vezes diretamente" com Temer sobre repasses de recursos.
Uma dessas ocasiões, teria ocorrido em maio de 2014, em um jantar no Palácio do Jaburu (residência oficial do vice-presidente), quando Temer teria pedido a Marcelo Odebrecht uma contribuição para as campanhas eleitorais do PMDB, e o presidente da empreiteira teria concordado em repassar R$ 10 milhões ao partido.
Em agosto passado, o presidente confirmou ter jantado com Odebrecht, mas ressaltou ter havido um pedido legal de "auxílio financeiro da Odebrecht a campanhas eleitorais do PMDB, em absoluto acordo com a legislação eleitoral em vigor".
Em nota, o presidente "repudiou com veemência as falsas acusações" e disse que as doações da Odebrecht ao PMDB foram "todas por transferência bancária e declaradas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral)".
Ministros citados
Direito de imagemREUTERSImage captionTemer e outros membros do primeiro escalão do governo foram citados em delações
Identificado como "Primo" em documentos internos da Odebrecht, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PSDB), aparece 45 vezes na delação de Melo Filho.
Segundo o ex-executivo, Padilha atua como "verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome". Em nota, Padilha negou ter recebido propina da empreiteira.
Também foi citado por Melo Filho o ex-assessor especial do gabinete da Presidência, o advogado José Yunes, que pediu demissão do cargo após vir à público que seu nome estava na delação.
Os nomes do secretário-executivo de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco (PMDB), do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, e do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), aparecem nesta e em outras delações.
Os três negam terem cometido irregularidades, assim como o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), que é apontado por funcionários da Odebrecht como destinatário de R$ 23 milhões repassados via caixa 2 para sua campanha presidencial de 2010.
Os ministros Mendonça Filho (Educação, DEM), Raul Jungmann (Defesa, PPS) e Ricardo Barros (Saúde, PP) também aparecem em documentos da Odebrecht apreendidos em fevereiro de 2016.
Eles estariam entre os mais de 200 políticos de mais de 20 partidos que receberam recursos da empreiteira.
Sindicalista lamenta que em vez de nomear concursados o governador contrata “quase 10 mil codificados”
30 DE JANEIRO DE 2017
O sindicalista Nataluan Carvalho, presidente do Sinditec (Sindicato dos Técnicos Administrativos) lamentou que o governador Ricardo Coutinho, em vez de nomear os técnicos administrativos concursados, prefira nomear “quase 10 mil codificados no Estado, servidores que não possuem vínculo nenhum com o Estado”.
Há poucos dias, o conselheiro Nominando Diniz, do Tribunal de Contas do Estado, deu prazo de 180 dias para o Governo regularizar a situação dos codificados, aqueles que recebem apenas com a apresentação do CPF na boca do caixa de banco. “É lamentável termos que acionar a justiça para tentar reverter essa situação dos técnicos administrativos do Estado”, disse Nataluan.
O presidente do Sinditec também lamentou “não existir uma política de valorização direcionada aos servidores públicos estaduais, onde são os verdadeiros servidores públicos, pois servidor público é aquele aprovado mediante concurso público, de acordo com o art. 37 II.” Segundo ele, há praticamente 10 mil concursados a espera de nomeação, e o governador prefere nomear os codificados.
E arrematou: “Se tem concursado na lista de espera, eles que deveriam ser convocados. Se há uma exoneração no Estado de um técnico administrativo, automaticamente abre-se vacância daquele cargo, então aquele cargo deveria ser preenchido por outro técnico administrativo, mas isso na prática não está ocorrendo.”
De 26 de janeiro... Mas vale o Compartilhar!! "Paraíba nas trevas"
Paraíba nas trevas: governador impede Diário Oficial de publicar nomeações de concursados e Defensoria recorre à Justiça
26 DE JANEIRO DE 2017
Uma situação inusitada vem ocorrendo na relação entre o governador Ricardo Coutinho e a Defensoria Pública do Estado. Desde novembro, obedecendo a um preceito legal, a Defensoria editou os atos de nomeação de 20 defensores públicos concursados. Só que, para os atos se tornarem efetivos, se faz necessária a publica em diário oficial.
E, segundo informação da Defensoria, o governador vem impedindo a publicação dos atos no Diário Oficial do Estado. Com isso, se criou uma situação irreal: os defensores foram nomeados, mas, de acordo com o que estabelece a legislação vigente, eles não pode exercer suas funções, enquanto os atos não forem publicados em diário oficial.
Diante da “sistemática do governador Ricardo Coutinho em autorizar a publicação dos atos”, a Defensoria decidiu recorrer ao Tribunal de Contas do Estado à Justiça, mas que se encontre uma alternativa de publicação dos atos no Diário da Justiça.
As nomeações são legais, uma vez que a Defensoria apenas utilizou a prerrogativa prevista em sua autonomia administrativa e financeira que, aliás, foi ratificada em decisão unânime pelo Tribunal de Justiça da Paraíba, em decisão desta terça-feira.
Nomeação – Pendenga similar ocorreu após a eleição da lista tríplice para nomeação do defensor-geral. Madalena Abrantes, presidente da Associação dos Defensores Públicos da Paraíba, venceu a disputa com 149 votos. Ela superou Otávio Gomes de Araújo (140 votos) e Ricardo José Costa Souza Barros (99). Como o governador se negou a nomear Madalena, o Conselho da Defensoria homologou sua nomeação, conforme reza a legislação.
O governador tentou nomear Otávio Gomes de Araújo, que se recusou. Tentou também Ricardo José Costa, mas ele foi pressionado pela categoria a não aceitar a nomeação. Diante do impasse, e como o governador se recusou a nomear a mais votada, o Conselho decidiu usar a lei e homologar sua nomeação.
GOVERNADOR RICARDO, O VERDADEIRO SOCIALISTA, JAMAIS FOGE A LUTA E DEFENDE UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA, FRATERNA E IGUALITÁRIA, SEJA SENSÍVEL AO PLEITO DESTA CATEGORIA TÃO IMPORTANTE PARA O ESTADO. OS DEFENSORES PÚBLICO MERECEM SIM SENHOR MAIS RESPEITO DO SENHOR GOVERNADOR
“QUANDO ME DESESPERO, LEMBRO-ME DE QUE EM TODA A HISTÓRIA A VERDADE E O AMOR SEMPRE VENCERAM. HOUVE TIRANOS E ASSASSINOS E, POR UM TEMPO, PARECIAM INVENCÍVEIS, MAS, NO FINAL, SEMPRE CAÍRAM. PENSE NISSO! SEMPRE. ” MAHATMA GANDHI
ATENCIOSAMENTE,UM ALUNO DE DIREITO A ESTUDAR, DEVIDO INJUSTIÇA PRATICADO PELA ADMINISTRAÇAO PUBLICA, E SEUS AUXILIARES POLITICOS QUE INFRIGEM O DIREITO NA LEI,EM VIGOR PUBLICADO NO DOE/PB. MESMO ASSIM NAO QUARDO RANCOR CONTRA O GOVERNO, SE ELE TIVER A C
O GOVERNADOR DA PB ,A VOSSA EXC. RICARDO COUTINHO. EM 2010, QUANDO CANDIDATO AO GOV DA PB, COM APOIO DE CASIO CUNHA LIMA. SE ELEGEU A GOVERNADOR, CONTRA JOSE MARANHAO,2010/2014.2014 CANDIDATO A REELEIÇAO, COM APOIO DO SENADOR JOSE MARANHAO, E PARTIDOS ALIADOS, SE REELEGEU AO GOVERNO CONTRA CASSIO CUNHA LIMA.MAS SUA CONJECTURA DE POLITICA PUBLICA, E FRACA NOS REQUISITOS DE CUMPRI AS LEIS, DE FUNCIONARIOS NA LEGITIMIDADE DO DIREITO NA LEI. TENHO ALTO ANALISE DE COMPORTAMENTO DE SUA GOVERNABILIDADE.ELE PENSA QUE POR INAUGURAR O VIADUTO DE MANGABEIRA A SUA ADMINISTRAÇAO, OS PARAIBANOS QUE VOTARAM NELE IRAO VOLAR PARA O SENADO. GOVERNO ESTA PRESO SO NA VISAO DE ECONOMIA DO DINHEIRO PUBLICO, SE ESQUECE DE INVESTIR EM TRES CATEGORIAS QUE PODERA ELEVAR SUA CONFIABILIDADE DE GOVERNANÇA PARA O POVO DA PB ELEITOR,SEU . TENHO SOFRIDO COM ESTE COMPORTAMENTO DO GOVERNO POR O NAO CUMPRIMENTO DA LEI , SOU UM CRISTAO ,TENHO ORADO A DEUS POR SUA GOVERNABILIDADE, SE ELE TIVER CORAGEM DE GASTAR EM 3 CLASSES IMPORTANTISSIMA, NO ESTADO DA PB, SUA CONFIABILIDADE IRA AUMENTAR PERANTE TODA A SOCIEDADE DA PB,E AS INSTITUIÇOES, AH TENHO UM PEQUENO ENTENDIMENTO SOBRE A PROVISAO DE AUMENTO DE RENTABILIDADE ,OU SEJA . PARA AJUDAR OS GASTOS PARA ESTE RELEVANTE E FUNDAMENTAL IMPORTANCIA ,PARA TODOS OS PARAIBANOS QUE PAGAM SEUS IMPOSTOS,AO ESTADO DA PB, SE INTERESSAR , SOU UM POLICIAL MILITAR DA PB , NO DISPOSITIVO DA LEI ,EMENDA 37/PB.PUBLICADO NO DOE/PB DESDE 31/10/2014. QUE DAR O DIREITO A REATIVAÇAO AOS POSTOS DA POLICIA MILITAR DA PB, AH LEMBR SE QUE O TEMPO ESTA PASSANDO , SE QUERES MUDAR A SUA AÇAO DE POLITICA PUBLICA , ESTOU A SUA DISPOSIÇAO, ATENCIOSAMENTE MISSIONARIO ,E SOLDADO PMPB. MOISES. A VOSSA EXC. COMANDANTE GERAL ,EULER CHAVES ME CONHECE. DEUS E FIEL. PARABINIZO A TODOS OS DEFENSORES PUBLICO DA PB, PELA VITORIA ,EM ESPECIAL A VOSSA EXC, DRA,MADALENA ABRANTES DEFENSORA GERAL. UM ABRAÇO , MOISES E PASTORA SANDRA.
Paraíba tem rombo de R$ 900 milhões na Previdência mas TCU suspeita que pode ser mais
30 DE JANEIRO DE 2017
A Paraíba tem um déficit de R$ 900 milhões na PBPrev (Previdência do Estado). É o que mostra estudo realizado pelo Tribunal de Contas da União, a partir de dados fornecidos pelo próprio Governo Ricardo Coutinho. Porém, os técnicos do TCU acreditam que o rombo pode ser maior, não apenas na Paraíba, mas em outros Estados também.
Conforme reportagem da Folha de São Paulo, há um problema de credibilidade dos dados. “Existe um grande problema de confiabilidade das informações, que compromete a transparência… pode estar havendo problemas de subdimensionamento de déficit”, segundo Fábio Granja, secretário de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência Social do TCU.
Pedaladas – Em março de 2016, o governador foi denunciado pelo Ministério do Trabalho e da Previdência, por ter transferido indevidamente R$ R$ 88.825.017,31 do Fundo Previdenciário Capitalizado para a conta única do Estado (mais em http://migre.me/vXIwQ). O caso das pedaladas foi acionado a partir de uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado.
Segundo o coordenador Allex Albert Rodrigues (MTP), os procedimentos utilizados pelo Governo do Estado foram ilegais, ao mobilizar os recursos do Fundo Previdenciário. Allex Albert faz, inclusive, várias restrições à Lei Estadual nº 10.604/15, que permitiu a utilização dos recursos do Fundo Previdenciário Capitalizado. O MTP deu prazo de 45 dias para o governador devolver o dinheiro do Fundo Previdenciário.
A agonia da mulher que acordou da anestesia durante uma operação
Donna Penner passou por momentos de pavor durante uma cirurgia exploratória considerada um procedimento simples.
"Eu já tinha recebido anestesia geral antes e nunca tive nenhum problema", diz Donna Penner, que até 2008 levava uma vida bastante ativa numa pequena cidade na província de Manitoba, no Canadá. A vida dela mudou, no entanto, depois de uma cirurgia de rotina que a deixou com todos os sintomas de estresse pós-traumático: pesadelos recorrentes, ansiedade, insonia e pavor noturno.
Mas o relato de Donna também pode servir para ajudar os cientistas a entender e corrigir o que houve de errado durante a sua operação.
"Por algum motivo eu estava nervosa. Era apenas uma laparoscopia: iam me fazer dois cortes na barriga para poder introduzir os instrumentos e explorar a área", contou Donna à BBC.
"Me levaram para a mesa de operação, me conectaram aos monitores, o anestesista injetou alguma coisa na minha veia, colocou a máscara em mim e me mandou respirar fundo".
Direito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARYImage captionDonna lembra que a anestesia foi injetada na sua veia, assim como uma droga paralisante.
Donna obedeceu e foi adormecendo, como era de se esperar.
"Quando acordei, no entanto, podia ouvir todos os sons da sala de operação, os passos, o som das máquinas, o ruído do movimento dos instrumentos..."
"Pensei: 'Que bom, já acabou'!"
Medicada, mas alerta, ela se entregou à "sensação preguiçosa de acordar, quando se está totalmente relaxada".
"Mas tudo mudou segundos depois quando ouvi o cirurgião dizer uma frase que me aterrorizou: 'Bisturi, por favor'."
Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionA operação, que durou uma hora e meia, se transformou em tormento quando Donna ouviu o cirurgião pedir o bisturi e sentiu que estava sendo cortada.
"Fiquei literalmente gelada".
Donna não podia se mexer, porque junto com a anestesia tinha recebido um bloqueador neuromuscular que provoca paralisia.
"Isso é feito para que os médicos possam explorar o adbômen. O bloqueador relaxa os músculos, para que não haja tanta resistência ao cortá-los", explica.
"Infelizmente, a anestesia geral não funcionou, mas o medicamento paralisante, sim".
Paralisada, mas acordada
"Entrei em pânico. Esperei alguns segundos e já senti o primeiro corte, a dor... Não tenho palavras para descrever. Era horrível", lembra.
"Não podia abrir os olhos", afirma.
"A primeira coisa que tentei fazer foi me levantar, mas não conseguia me mexer. Era como se alguém estivesse sentado em cima de mim".
"A dor era tão forte que eu tinha vontade de chorar. Mas não podia, estava tão paralisada que não conseguia ter lágrimas para chorar".
A operação, no entanto, continuava como se nada errado estivesse acontecendo.
"Mas eu ouvia o monitor com as batidas do meu coração cada vez mais rápidas", continua.
"Por três vezes, durante a operação, consegui reunir todas as forças para mexer um pouquinho meu pé, o suficiente para alguém da equipe colocar a mão sobre ele. Mas antes que eu pudesse voltar a movê-lo, tiraram a mão".
O esforço extraordinário de Donna passou desapercebido durante a hora e meia que durou a cirurgia.
"Fiquei completamente em pânico. E não consigo explicar como a dor era forte", conta.
"Escutei o que eles falavam e o que faziam. Senti quando o cirurgião fez os cortes e quando ele introduziu os instrumentos no meu abdômen. Também senti quando ele movia os meus órgãos para explorar a área".
Direito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARYImage captionA laparoscopia é uma cirurgia pouco invasiva, em que são feitos pequenos cortes na parede abdominal para a introdução de câmeras, pinças e pequenos aparelhos para manipular os órgãos e vísceras.
"Ouvi o cirurgião dizendo coisas como: 'Vejam o apêndice, está bem rosado. Dá para ver bem o cólon e os ovários".
Sete respirações
"Ainda por cima, além de estar paralisada, eu tinha sido entubada e conectada a um respirador", conta.
A máquina estava programada para fazê-la respirar sete vezes por minuto, mas - naquelas circunstâncias - a frequência cardíaca de Donna chegou a 148 batimentos por minuto.
"Era tudo o que eu tinha: sete respirações por minuto. Ou seja, além da dor, eu estava sufocando".
Por fim, quando a operação estava acabando, Donna percebeu que recuperava os movimentos da língua.
"Comecei a usá-la para mover o tubo do respirador, tentando chamar a atenção da equipe. E consegui. Mas o anestesista pensou que o remédio paralisante já não estava fazendo muito efeito e retirou o tubo que me ajudava a respirar", explica.
"Foi quando pensei: 'Agora sim estou em apuros'", continuou.
"Passei por momentos em que a agonia da dor era tanta que achei que ia morrer. Já tinha me despedido mentalmente das pessoas que amo. Agora, eu não podia respirar".
Enquanto isso, a enfermeira gritava: "Respira Donna, respira!"
"Foi então que me aconteceu a coisa mais impressionante: Saí do meu corpo."
Image captionDonna se despediu mentalmente do marido e dos filhos durante a operação: a dor era tão grande que ela achou que ia morrer.
"Sou cristã e não digo que estive no céu, mas também não estava na Terra. Eu estava em outro lugar", disse Donna.
"Era silencioso, mas com os sons da sala de operações ao fundo. Eu conseguia ouvi-los, mas muito distante", explicou.
"O medo e a dor passaram. Senti calor, conforto e segurança. E instintivamente sabia que não estava sozinha. Havia uma presença comigo. Digo sempre que era Deus, porque não tenho nenhuma dúvida de que Ele estava ali, ao meu lado".
"Depois, escutei uma voz me dizendo: 'Haja o que houver, você vai ficar bem'".
Direito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARYImage captionDonna conta que sentiu a sensação de abandonar o próprio corpo e sair da Terra: "Eu estava em outro lugar. Havia uma presença comigo".
"Para manter a minha mente ocupada, fiquei rezando, cantando, pensando no meu marido e nos meus filhos o tempo todo. Mas quando senti aquela presença, disse: 'Me leva para casa, por favor, me deixa morrer porque não aguento mais".
'Senti quando você me cortava'
Assim, de repente, do mesmo modo como tinha "partido", Donna voltou.
"Como se alguém tivesse estalado os dedos, voltei ao centro cirúrgico. A enfermeira gritava e o anestesista disse: 'Vamos ressuscitá-la!'".
Quando o ar entrou nos seus pulmões, Donna sentiu um "alívio enorme".
Em seguida, o anestesista lhe deu um medicamento para cortar o efeito da droga paralisante e, logo depois, ela pôde começar a falar.
Direito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARYImage caption"Quando senti aquela presença, disse: 'Me leva para casa, por favor, me deixa morrer porque não aguento mais"", lembra a canadense, que teve que ser ressuscitada.
Mais tarde, o cirurgião foi visitá-la no quarto do hospital, segurou suas mãos e disse: "Me contaram que houve um problema, senhora Penner".
E ela respondeu que tinha sentido quando o médico a cortara.
"Os olhos dele se encheram de lágrimas e, apertando a minha mão, ele disse que sentia muitíssimo".
Donna contou tudo o que havia escutado e o cirurgião confirmou: "Sim, eu disse isso".
"E ele terminou me dizendo: 'Donna, não tenho dúvidas de que você estava acordada durante toda a operação".
Aprender com lágrimas nos olhos
Recuperar-se de uma experiência tão difícil não é fácil.
Ela sofreu de estresse pós-traumático, transtorno comum em soldados ou feridos em guerras, fenômenos naturais como terremotos ou vítimas de acidentes graves.
No seu caso, o que a ajudou foi falar sobre o que lhe aconteceu. "Isso foi o que o terapeuta me recomendou: falar, falar e depois, falar mais ainda".
Direito de imagemPIXABAYImage captionO caso de Donna Penner tem auxiliado anestesistas e outros profissionais de saúde a ficarem mais alertas durante cirurgias aparentemente simples.
Assim, Donna começou a contar a sua história para desconhecidos, especialmente estudantes de medicina, para que saibam do que pode acontecer com seus pacientes sem que percebam.
"Fui ao departamento de Anestesiologia da Universidade de Manitoba para falar com os médicos residentes. Quando eles me ouvem, geralmente ficam horrorizados. Muitos ficam com lágrimas nos olhos".
Mas, certamente, esta não é a intenção de Donna.
"Não conto minha história para culpar ninguém. Quero que as pessoas aprendam com ela", conclui.
Casos com o de Donna são raros, mas ocorrem - e servem de alerta, especialmente para que anestesistas presentem atenção a sinais do paciente.
Um estudo divulgado em 2014 constatou que mais de 150 pessoas por ano no Reino Unido e na Irlanda relataram ter recuperado a consciência durante uma cirurgia, apesar de terem recebido anestesia geral.
A pesquisa sugere que isso ocorre uma vez a cada 19 mil operações.
Os casos relatados mais comuns eram de mulheres que receberam anestesia geral para cesarianas.
MAHATMA GANDHI