Somos todos portadores de transtornos (Artigo)
Ler é uma atividade
prazerosa, desenvolve o intelecto e nos torna menos “ignorantes” (não falo aqui
de uma não formação acadêmica, do que aprendemos nos bancos escolares,
refiro-me à falta de bom senso e a incapacidade de compreensão). Descubro através de um texto fácil, mas
também impactante, que todos somos portadores de transtornos.
Muitos têm dito que o
mal do século XXI é a ansiedade, como a AIDS foi o mal do século XX e a
tuberculose do século XIX. Parece até que vivemos de rótulos, pois o ser humano
adora ser rotulado: o social/o antissocial; o desportista/o sedentário; o
inteligente/ o ‘desprovido de inteligência’; o normal/ o doido, o maluco, o
excêntrico, o diferente, o deficiente, o depressivo, o ansioso.
O tema “ansiedade” é
tratado no livro Mentes Ansiosas (medo e ansiedade além dos limites), Editora
Objetiva, 2011, de Ana Beatriz Barbosa Silva, com leveza, naturalidade,
seriedade e tamanho respeito que nos obriga (é uma obrigação gostosa) a
espalhar as ideias de Ana.
Os transtornos de
ansiedade, como são chamados os medos excessivos que acabam por prejudicar a
vida das pessoas, variam em grau, intensidade e na forma como se apresentam;
tem características e manifestações distintas, mas estão intimamente
relacionados ao medo e a ansiedade que todos carregamos. Nesse livro, a Dra.
Ana Beatriz oferece informações dadas pela ciência sobre esses transtornos com
a finalidade de que as pessoas que se sentirem lesadas busquem ajuda para curar
ou minimizar as suas dores.
De acordo com uma
pesquisa norte-americana 25% da população apresenta algum tipo de transtorno de
ansiedade, isso representa um quarto da população mundial, quer dizer, um
quarto de todos nós tem ou terá algum tipo de transtorno ansioso (péssima
notícia para quem se considera imune e tampouco se importa com o problema do
outro). Segundo Ana, com orientações adequadas e tratamentos todos podem
reverter esse quadro ou pelo menos atenuá-lo. Afinal, todos temos medo, “medo
de falar a verdade, de não ter verdades pelas quais lutar, de magoar, de
brigar, de perdoar... medo da solidão, da rejeição, da palavra não dita, da
indiferença, do preconceito... e medo de não ter coragem para enfrentar tudo
isso, mesmo que isso não tenha fim”.
A autora dá início ao tema de forma brilhante,
descrevendo um diálogo entre ela e um sobrinho de 7 aninhos sobre o medo. O
garoto pergunta à tia a diferença entre medo e ansiedade. A tia explica que
medo a gente teme e tenta evitar, e ansiedade é uma sensação ruim que aperta o
peito. Logo, o garoto compreende que criança tem medo e adulto tem ansiedade
porque tem vergonha de dizer o que lhe causa ansiedade. Nasce daí a certeza
para Ana de que todos têm medo e ansiedade, não importando a idade que se
tenha.
A psiquiatra Ana
Beatriz faz um passeio sobre temas difíceis. O livro está dividido em dez
capítulos, trazendo conceitos, sugestões, depoimentos de pacientes e muitas
informações que versam sobre a ansiedade e o medo, transtorno do pânico (TP),
fobia social, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade
generalizada (TAG) e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Ela também dedica
um capítulo para dicas preciosas, não medicamentosas, para superar a ansiedade.
Por último, ela nos apresenta um quadro das possíveis causas desse problema.
De acordo com Ana, o
primeiro passo para superar a ansiedade é reconhecer e aceitar os próprios
medos, depois trocar experiências com outras pessoas, ler literatura
especializada, enfim, armar-se contra o
“inimigo”. Ela também considera importante que o paciente seja generoso consigo
mesmo e busque ajuda médica. Cita como importantes na recuperação dessas
pessoas, além de tratamento medicamentoso (quando necessário), o acompanhamento
de um terapeuta. As técnicas e métodos usados na TCC (terapia
cognitivo-comportamental), por exemplo,oferecem treinamento para solução de
problemas e ajudam o paciente a controlar as próprias ações.
A Dra. Ana Beatriz
nos dá excelentes dicas, melhor, ela nos orienta em relação a como ajudar as
pessoas que sofrem em demasia com o medo patológico; ou a procurar a própria
ajuda. O tratamento respeitoso com que ela trata o tema e os pacientes (podemos
perceber através dos depoimentos) é essencial nesse processo. Ressalta ainda que é preciso transformar as
experiências de medo e ansiedade em algo frutífero, que nos ajude a revelar
novas versões da vida, a partir da compreensão de nossas próprias identidades,
num processo simultâneo de reestruturação e construção.
É de senso comum que
toda a humanidade sofre de medo, alguns acentuados. Ter medo é tão natural!
Como não ter medo num mundo tão hostil? Somos, sim, portadores de transtornos.
Cheios de esquisitices e maluquices, como denominam alguns. Lamentavelmente, há
uma leva de pessoas que só sabe criticar. Risinhos e apertos de mão falseiam os
hábitos de boa vizinhança. Eu tenho pena e medo.
Tenho pena não dos
que carregam consigo medos e ansiedades, com eles me solidarizo, fazemos parte
do mesmo grupo (com todas as diferenças possíveis, próprias da natureza
humana). Tenho pena dos que trazem consigo a ignorância e por extensão a
arrogância. Tenho pena enorme da incapacidade do ser humano de ser gente.
E tenho um medo
triste. Eu tenho muito medo de que ao chegar ao fim todos tenhamos a certeza de
não ter feito algo de bom ou ter simplesmente feito tudo errado.
Ana neste livro nos
faz um alerta. Carinho, compreensão e apoio são fatores que não podem faltar na
vida de cada um de nós. Vale muito lê-la.
“O autoconhecimento
nos traz o saber, e este, o poder de nos transformar em pessoas melhores e mais
felizes”.
Ana Beatriz
In Recanto das Letras
Agradeço à amiga recantista o partilhar de seu texto pertinente
e informativo.
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