quarta-feira, 28 de junho de 2023

Centenas de imigrantes são resgatados: por que rota africana é considerada uma das mais mortíferas do mundo


Diversos imigrantes resgatados nas Ilhas Canárias foram levados para o hospital

Pelo menos 227 migrantes foram resgatados nas Ilhas Canárias, na Espanha, na quinta-feira (22/6), segundo autoridades locais. O caso ocorreu um dia após a morte de mais de 30 migrantes na região daquela que é considerada a segunda rota mais mortal de imigrantes do mundo.

Os serviços de emergência da região dizem que a Guarda Costeira salvou os imigrantes que viajavam em botes infláveis perto das ilhas Lanzarote e Gran Canaria, no Atlântico.

Vários deles foram levados ao hospital para serem tratados por "condições leves".

Na quarta-feira (21/6), duas instituições de caridade disseram que mais de 30 migrantes podem ter se afogado depois que o bote onde elas estavam afundou na Gran Canaria.

As autoridades espanholas disseram que equipes de resgate encontraram os corpos de um menor de idade e um homem e resgataram outras 24 pessoas.

No entanto, as instituições de caridade —Walking Borders e Alarm Phone— disseram que cerca de 60 pessoas estavam a bordo.

Helena Maleno Garzon, da Walking Borders, disse que 39 pessoas se afogaram, incluindo quatro mulheres e um bebê, enquanto a Alarm Phone disse que 35 pessoas estão desaparecidas.

Ambas as organizações monitoram os barcos de imigrantes e recebem ligações de pessoas a bordo ou de seus parentes.

Um navio de resgate espanhol, o Guardamar Caliope, estava a apenas uma hora de navegação do bote na noite de terça-feira (20/6), segundo a agência de notícias espanhola Efe.

Bote lotado, com dezenas de imigrantes

CRÉDITO,GETTY IMAGES

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A ONU estima que desde 2014 quase 50 mil migrantes morreram ou desapareceram tentando chegar a destinos como EUA ou União Europeia

Mas o navio não ajudou o bote porque a operação havia sido assumida por autoridades marroquinas, que enviaram um barco patrulha que chegou na manhã de quarta-feira (23/6), 10 horas depois de ter sido avistado por um avião de resgate espanhol, segundo a Reuters.

A BBC procurou o Ministério do Interior do Marrocos para comentar o assunto.

Angel Victor Torres, líder da região das Ilhas Canárias, qualificou o incidente como uma "tragédia" e pediu à União Europeia que estabeleça uma política migratória que "ofereça respostas coordenadas e solidárias" à questão da migração.

Embora esteja localizada na costa ocidental da África, as Ilhas Canárias fazem parte da Espanha, e muitos migrantes viajam da África para o arquipélago na esperança de chegar à Europa continental.

Rotas mais perigosas do mundo

A rota de migração África Ocidental-Atlântico é considerada uma das mais mortais do mundo. Pelo menos 543 migrantes morreram ou desapareceram nessa jornada apenas em 2022, de acordo com a Organização Internacional para Migração (OIM) da ONU.

A OIM diz que houve 45 naufrágios na rota durante esse período, mas reconhece que o número é "provavelmente subestimado" porque os dados são escassos e incompletos.

A maioria dos que fazem a viagem são de Marrocos, Mali, Senegal, Costa do Marfim e outras partes da África Subsaariana, diz a OIM.

Segundo a OIM, a rota mais mortal do mundo para os migrantes é a do Mediterrâneo Central. Estima-se que mais de 19,5 mil pessoas morreram tentando atravessar o Mar Mediterrâneo do norte da África para a Europa desde 2014.

As tentativas de travessia geralmente ocorrem em embarcações improvisadas e superlotadas, como botes de borracha, que tornam a viagem perigosa e potencialmente mortal.

Na última semana, um barco de migrantes que transportava centenas de pessoas afundou na costa grega e causou pelo menos 78 mortes, embora muitos mais pessoas tenham se afogado.

O escritório de direitos humanos da ONU diz que cerca de 500 pessoas ainda estão desaparecidas. A BBC obteve evidências que lançam dúvidas sobre o relato da guarda costeira grega sobre o que aconteceu. O órgão afirmou que o barco estava a caminho da Itália e não precisava de resgate.

Segundo um relatório da ONU publicado em julho de 2022, desde 2020, cerca de 40 mil pessoas da África Ocidental e do Norte partiram da Costa noroeste da África por meio do Oceano Atlântico, e entrou irregularmente na Espanha pelas Ilhas Canárias.

Bolsonaro no TSE: relator vota por deixar ex-presidente inelegível; o que acontece agora?

 

Ministro Benedito Gonçalves votou pela inelegibilidade de Bolsonaro

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomou nesta terça-feira (27/06) o julgamento de uma ação que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu candidato a vice, Walter Braga Netto (PL), inelegíveis por até oito anos.

Na sessão, o relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, votou para que Bolsonaro seja condenado. A sessão foi interrompida após o voto do magistrado e será retomada na quinta-feira (29/06).

A leitura do voto de Benedito Gonçalves durou toda a sessão desta terça-feira. O ministro leu, então, um resumo com os principais trechos do documento.

Para ele, Bolsonaro cometeu crimes eleitorais ao convocar e participar da reunião com embaixadores de diferentes países em Brasília em 2022 na qual ele teria colocado em xeque a segurança do sistema eleitoral brasileiro.

Benedito defendeu, ainda, que Braga Netto não seja considerado inelegível porque não teriam sido encontrados indícios de seu envolvimento no planejamento e execução da reunião. A posição do ministro em relação a Braga Netto seguiu a mesma linha adotada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE).

O magistrado classificou as ações de Bolsonaro em torno do episódio como um "flerte perigoso" com o "golpismo".

Bolsonaro está sendo acusado de ter cometido abuso do poder político e uso indevido dos meios de comunicação social quando reuniu em julho de 2022 dezenas de diplomatas no Palácio da Alvorada para apresentar falsas teorias sobre a insegurança das urnas e atacar ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O encontro ocorreu pouco antes do início da campanha eleitoral, em que Bolsonaro foi derrotado pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o PDT, partido que apresentou a ação no ano passado, essa reunião estava inserida em uma campanha sistemática do então presidente para minar a credibilidade do sistema eleitoral, visando questionar o resultado da eleição em caso de derrota.

Benedito Gonçalves acolheu a tese do PDT e também defendida pelo MPE, que também pediu a inelegibilidade de Bolsonaro.

"O primeiro investigado (Bolsonaro) difundiu informações falsas a respeito do sistema eletrônico de votação direcionado a convencer que havia grave risco de que as eleições de 2022 fossem fraudadas para assegurar a vitória do candidato adversário", afirmou o magistrado em um trecho de seu voto.

"(Bolsonaro) assumiu injustificada antagonização direta com o TSE buscando vitimizar-se e desacreditar a competência do corpo técnico e a lisura do comportamento de seus ministros para levar a atuação do TSE ao absoluto descrédito internacional despejou sobre as embaixadores e embaixadoras mentiras atrozes a respeito da governança eleitoral brasileira", disse o ministro em outro momento.

"A conduta (adotada por Bolsonaro) se amolda à difusão deliberada e massificada por meio de emissora pública e redes sociais de severa desordem informacional sobre o sistema eletrônico de votação e em benefício das candidaturas dos investigados (Bolsonaro e Walter Braga Netto)", disse Benedito Gonçalves em outro momento.

Bolsonaro

CRÉDITO,REUTERS

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Bolsonaro 'flertou com o golpismo', disse ministro do TSE

O que acontece agora?

O julgamento deverá ser retomado na quinta-feira, quando é esperada a leitura do voto do ministro Raul Araújo. Ao todo, o Plenário do TSE é composto por sete ministros. Com o voto de Benedito Gonçalves, faltam seis magistrados para votar. Para que Bolsonaro seja, portanto, são necessários pelo menos mais três votos.

Não há garantias, no entanto, de que o julgamento de Bolsonaro acabe nesta semana uma vez que qualquer magistrado pode pedir vistas do processo, procedimento que um ministro adota quando entende que precisa de mais tempo para analisar o caso.

Em declaração a jornalistas no TSE, o advogado de Bolsonaro neste processo, o ex-ministro do TSE Tarcísio Vieira, disse que um pedido de vistas não seria totalmente inesperado.

"Não seria de estranhar um pedido de vista. Faz parte da tradição do tribunal, não só nesse tipo de julgamento, mas em qualquer tipo de ação", afirmou o advogado.

A defesa de Bolsonaro vem alegando que o ex-presidente não cometeu nenhuma irregularidade ao convocar os embaixadores. Além disso, Vieira afirma que a vinculação dos atos de 8 de janeiro com a reunião promovida pelo ex-presidente não poderia ser feita.

Ele vem afirmando que os atos foram "lamentáveis", mas posteriores à eleição e, por isso, não podiam ser considerados para condenação do presidente por ilegalidade eleitoral. Argumentou ainda que Bolsonaro se recolheu após a derrota, não podendo ser acusado de convocar atos violentos.

Vieira prometeu recorrer ao Supremo Tribunal Federal caso o TSE condene seu cliente. Ele argumenta que a ampliação da ação para incluir atos posteriores é ilegal e veio acompanhada de cerceamento da defesa.

“É totalmente inverossímil essa narrativa de golpe de Estado. O que houve foi sim um debate, lá na reunião de julho (com os diplomatas), legítimo, salutar, em torno da necessidade de aprimoramentos constantes do sistema eletrônico de votação. Talvez com verve imprópria, sim, mas substancialmente é isso que ocorreu”, afirmou, na semana passada.

O julgamento vem sendo bastante aguardado por parte da cena política uma vez que Bolsonaro é visto como o principal líder da direita no Brasil e maior adversário do presidente Lula hoje.

Se a decisão acarretar a inelegibilidade, Bolsonaro ficaria impedido de concorrer às eleições presidenciais de 2026, entretanto, o ex-presidente ainda poderia apelar contestando a sentença, como já sinaliza a defesa.

A BBC News Brasil consultou especialistas em Direito Eleitoral sobre os três principais cenários que podem ocorrer ao longo do julgamento que pode definir o futuro do ex-presidente.

Segundo eles, o julgamento deverá ser demorado, diferentemente do que ocorreu com o ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que foi julgado em uma única sessão e terminou com seu mandado cassado.

Eles afirmam que um cenário com pedido de vistas não está descartado, o que paralisaria o julgamento por até 60 dias.

Entretanto, eles também afirmam que, caso isso ocorra, é possível que outros ministros da Corte adiantem seus votos, o que indicaria qual é a tendência no tribunal em relação ao caso.

Como a BBC News Brasil mostrou nesta semana, apesar da importância do julgamento, a mobilização da militância bolsonarista nas redes sociais ainda é dispersa.

'Não foi golpe': líder do grupo Wagner quebra silêncio sobre marcha de mercenários a Moscou

 

O líder do Grupo Wagner publicou um áudio no Telegram nesta segunda-feira

O líder do grupo mercenário Wagner, que protagonizou uma impressionante marcha militar desde a Ucrânia em direção a Moscou no sábado (23/6), quebrou o silêncio sobre sua fugaz rebelião contra o Exército russo.

Yevgeny Prigozhin divulgou um comunicado na segunda-feira (26/6) por meio de um áudio de 11 minutos em um canal do Telegram. Na mensagem, ele disse que iniciou a marcha em resposta aos planos do Ministério da Defesa da Rússia para que sua empresa "deixe de existir" no próximo mês.

"O objetivo da marcha era evitar a destruição do (grupo) Wagner e chamar a atenção dos funcionários que, por meio de suas ações não profissionais, cometeram um grande número de erros", disse ele em sua mensagem.

"Não estamos marchando para derrubar a liderança da Rússia", disse ele.

A crise começou entre sexta e sábado, quando Prigozhin convocou um levante contra o Exército russo.

O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou o chamado para a rebelião como uma "traição" e chamou o movimento de tropas de "uma facada nas costas".

Após horas de tensão com o exército russo, Prigozhin anunciou a retirada dos milicianos do Wagner para seu quartel-general e, desde então, só se sabe que ele havia deixado a Rússia pela fronteira com Belarus.

Vladmir Putin com expressão séria

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O presidente Putin chamou as ações do grupo Wagner de 'facada nas costas'

Prigozhin é uma das principais figuras militares da Rússia e um aliado de Putin há anos.

Desde a invasão russa da Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, ele atuou nas frentes de guerra para assegurar os territórios ucranianos a favor de Moscou.

O grupo Wagner deixa de existir?

No áudio transmitido nesta segunda-feira, Prigozhin insistiu que o objetivo da marcha a Moscou não era "um golpe militar", mas "uma marcha por Justiça".

Ele anunciou que a companhia mercenária estava condenada a deixar de existir no dia 1º de julho por causa dos planos do Kremlin.

Ele também disse ter se arrependido por "ter atacado aeronaves russas". Ele explicou que deu a ordem de voltar "para evitar derramar o sangue dos soldados russos".

“Estávamos em uma marcha para mostrar nosso protesto, não para derrubar o governo”, disse ele.

Falando sobre os termos do acordo que supostamente foi feito para conter a rebelião, Prigozhin observou que o grupo era "categoricamente contra a decisão de fechar o Wagner em 1º de julho de 2023 e incorporá-lo para o Ministério da Defesa".

Os comandantes se recusaram a aceitar o pedido de assinatura de contratos com o Ministério da Defesa da Rússia, disse ele.

Pelo contrário, ele afirma que cerca de 30 de seus homens "foram mortos por ataques russos".

A BBC não conseguiu confirmar essa afirmação.

Membros do Grupo Wagner ao lado de tanque de guerra

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Membros do Grupo Wagner chegaram a Rostov-on-Don na madrugada de sábado

Prigozhin também disse que o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, desempenhou um papel importante no acordo com Moscou.

"Ele estendeu a mão e se ofereceu para encontrar maneiras do Wagner continuar seu trabalho legalmente", disse o líder sem dar detalhes.

Desde a retirada no sábado, seu paradeiro não foi revelado e na mensagem de áudio ele não deu detalhes sobre isso.

Vários relatos sugerem que, como parte do acordo com Moscou, Prigozhin concordou em ir para Belarus.

'Problemas de segurança' na Rússia

Nas últimas semanas, Prigozhin criticou fortemente as forças de segurança da Rússia, e isso se refletiu em sua mensagem de áudio.

Ele disse que a marcha para Moscou no sábado revelou "problemas de segurança mais sérios em todo o país", e disse que suas unidades conseguiram bloquear "todas" as unidades militares russas e aeródromos em seu caminho.

Segundo ele, contou ainda com o apoio das localidades por onde passou durante a curta rebelião na qual as suas forças percorreram 780 km.

Essa distância é equivalente à que as forças russas percorreram no dia 24 de fevereiro de 2022, quando iniciaram a invasão da Ucrânia.

Para Prigozhin, se forças como as tropas de Wagner tivessem realizado aquele primeiro ataque de 2022, "a operação militar especial na Ucrânia" teria terminado muito antes.

Lula, CNBB e Papa Francisco: uma análise sincera | Bernardo Küster

quarta-feira, 14 de junho de 2023

... das chuvas dessa tarde



tarde fria, chuvosa, água lavando o asfalto

pessoas apressadas caminham em direções opostas

algumas nos mesmos sentidos...

buscando seus afazeres enquanto a noite se avizinha


na rua ao lado há que se lamentar a dor de quem perdeu

um ente amado...

no outro quarteirão alguém partiu sem despedida

sem choro, sem comoção...

ninguém, nenhum familiar para chorar essa perda,

que não deixa de ser triste mesmo para quem apenas

o conhece "de vista"


viver não deixa de ser além de tudo..., 

um grande mistério!

entre uma dobra e outra,

entre um riso e uma lágrima

entre um 'chegar' e 'partir'

tudo pode mudar!

Aparecida Ramos

Imagem: de uma página do Google.