quarta-feira, 24 de novembro de 2021

O que é depressão e como buscar ajuda e tratamento para você ou outras pessoas

   (Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda no Centro de Valorização da Vida e o Centro de Atenção Psicossocial (CAP) da sua cidade. O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.)
 
 Imagem ilustrativa de depressão
 Obstáculos para diagnosticar e tratar doença são enormes; estimativas apontam que ela será principal problema de saúde do mundo até 2030

"É assustador, mas comum que, não importa o que você diga sobre sua depressão, as pessoas não acreditam, a não ser que você pareça agudamente deprimido", resumiu o escritor e jornalista americano Andrew Solomon, no best-seller O Demônio do Meio-Dia.

Os obstáculos para diagnosticar e tratar a depressão são enormes, afirma a Associação Brasileira de Psiquiatria, mesmo que essa condição médica seja comum, recorrente e crescente em seus mais diversos sintomas e impactos. Estima-se, aliás, que até 2030 ela deva afetar mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta atualmente quase 12 milhões de pessoas no Brasil, ou 5,8% da população, taxa superior à média mundial (4,4%) e abaixo apenas do líder Estados Unidos (5,9%). Essa condição, que não tem causa única, atinge as pessoas independentemente da idade, classe social, profissão, raça/etnia ou do gênero.

Em linhas gerais, a depressão é descrita por especialistas como um transtorno biológico no qual a pessoa se sente deprimida ou perde o interesse ou prazer em relação a algo que tinha antes, afetando diversas áreas de sua vida (profissional, pessoal, familiar, social etc.). Mas o diagnóstico é complexo: não passa por exames, mas pela análise clínica de profissionais de saúde especializados com base em sintomas, critérios diagnósticos (há quanto tempo persistem os sintomas, por exemplo), histórico familiar, gatilhos, comorbidades, entre outros pontos. 

 E por que é tão difícil identificar e entender os sintomas e as causas do chamado "mal do século 21"? Que profissionais fazem esse diagnóstico? O que especialistas recomendam para quem busca ajuda e tratamento para si mesmo ou para outras pessoas? E quem não tem condições financeiras de pagar atendimento particular ou plano de saúde? Luto pode desencadear depressão? Por que os pacientes são estigmatizados como fracos ou sem força de vontade, por exemplo? Todos precisam tomar remédio? Fazer terapia basta para os casos mais leves? 

Mulher sentada com mãos na cabeça escondendo rosto Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), depressão afeta atualmente quase 12 milhões de pessoas no Brasil

A BBC News Brasil reúne no texto abaixo respostas de especialistas e entidades de psiquiatria e psicologia para algumas das dúvidas mais buscadas sobre depressão.

E para responder brevemente às duas últimas perguntas, a Inglaterra decidiu mudar as diretrizes do sistema público de saúde nacional (uma espécie de SUS) para pessoas diagnosticadas com depressão leve. Antes de iniciarem tratamento com antidepressivos, esses pacientes devem primeiro ter acesso à terapia e a exercícios físicos em grupo, por exemplo.

O novo protocolo surge em meio ao aumento das prescrições de antidepressivos no país no fim de 2020 (alta de 6% em relação ao ano anterior), mas isso não significa, obviamente, que o tratamento com remédios como um todo esteja sendo questionado.

Um estudo publicado no fim de setembro no periódico científico The New England Journal of Medicine apontou que pessoas que permanecem usando medicamentos antidepressivos a longo prazo têm menos chance de sofrer recaída do que aquelas que decidem parar de tomá-los.

Mulher na camaCrédito, Getty Images, Legenda da foto, 
Uma das formas mais comuns de problemas de saúde mental, a depressão é descrita como transtorno, doença, síndrome, sentimento ou melancolia

O que é depressão e quais são os principais sintomas, segundo especialistas

Uma das formas mais comuns de problemas de saúde mental, a depressão é descrita como transtorno, doença, síndrome, sentimento ou melancolia (antigo nome que se dava a ela).

"A depressão se caracteriza por uma tristeza profunda e prolongada, que faz o indivíduo perder o interesse por coisas que anteriormente eram prazerosas. Além da tristeza, que é o sintoma mais conhecido e falado, o padecente pode sofrer com alterações no sono, podendo dormir demais ou ter insônia, distúrbios alimentares, irritabilidade, fadiga, pensamentos de suicídio. Cabe ressaltar que os sintomas variam de pessoa para pessoa", explica Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, em entrevista à BBC News Brasil.

A necessidade de encontrar uma definição para uma condição tão complexa quanto a depressão é fundamental quando se deseja instituir um diagnóstico, pois só então é possível traçar um tratamento adequado, seja com remédios, terapia ou ambos, por exemplo.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, traz uma série de "pré-requisitos" para caracterizar o diagnóstico formal de depressão, como a presença de cinco ou mais sintomas da lista abaixo ao mesmo tempo durante pelo menos duas semanas. São eles, de forma simplificada:

  • Sentir-se triste ou deprimido
  • Ausência de interesse e prazer em atividades que antes eram prazerosas
  • Fadiga e perda de energia
  • Alterações no apetite e no peso (ganho ou perda sem relação com dieta)
  • Dificuldade para dormir ou o oposto, dormir muito
  • Sentimentos de inutilidade e culpa
  • Problemas para pensar, se concentrar ou tomar decisões
  • Aumento da atividade física sem propósito, como ficar balançando as mãos ou os pés, andar de um lado para outro, não conseguir ficar parado em pé ou sentado.
  • Pensamentos suicidas

Mas o diagnóstico vai muito além de preencher ou não os critérios acima. Segundo Silva, "cerca de 50% a 60% dos casos de depressão não são detectados pelo médico clínico e muitas vezes o tratamento prescrito não é suficientemente adequado".

Há diversas variáveis biológicas, neuroquímicas, ambientais, genéticas e emocionais envolvidas — e diversos tipos de depressão e de transtornos mentais. Por isso cabe a um profissional especializado investigar e identificar qual problema de saúde está afetando ou não cada paciente.

"Um aspecto relevante, por exemplo, passa pelas comorbidades. Muitas vezes, o paciente não tem só depressão. É muito comum o paciente ter depressão e problemas relacionados ao uso de substâncias, ou transtorno de ansiedade associado a um transtorno alimentar, transtorno de personalidade… A importância da avaliação, do diagnóstico apropriado com um profissional especializado se dá porque na maioria das vezes os transtornos mentais não aparecem sozinhos", disse à BBC News Brasil Wilson Vieira Melo, presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas.

A avaliação não é feita apenas por todos esses sinais, mas também pela exclusão de sintomas, demandando diagnósticos diferenciais com outras condições médicas, como deficiência de vitaminas, alterações na tireoide e tumor cerebral, que podem apresentar sintomas semelhantes aos da depressão.

"O psiquiatra é quem pode avaliar o quadro e identificar o desenvolvimento de uma doença mental, intervindo de forma precoce e evitando seu agravamento. Sempre que notarmos o prejuízo no comportamento do indivíduo, ou seja, que os sintomas começam a atrapalhar a vida da pessoa, é a hora de buscar um psiquiatra para tratamento e manejo correto", afirma Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Como buscar ajuda e tratamento para si mesmo ou outras pessoas?

O psiquiatra ressalta que familiares e amigos são fundamentais na busca por ajuda e no apoio ao tratamento. Muitas vezes, são os primeiros a perceber que há algo de diferente e apontar a necessidade de buscar auxílio psiquiátrico ou psicológico.

Além dos sintomas listados acima, há outros sinais de mudança em pessoas que podem precisar de ajuda psiquiátrica e/ou psicológica, como evitar contato com familiares e amigos, se machucar, apresentar autoestima mais baixa, uso de substâncias ilícitas, desenvolver dores físicas sem causa aparente ou sentimentos persistentes de irritação, preocupação, melancolia, vazio ou anedonia, uma espécie de perda do prazer que se sentia em atividades ou eventos antes prazerosos.

"A depressão é um transtorno mental sério, quando a gente percebe que tem alguém que está com sintomas que justificam uma atenção clínica maior, o ideal é que faça, que essa pessoa possa buscar ajuda profissional", afirma Melo, da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas. "Às vezes ações como convidar um amigo que está deprimido para ir ao cinema ou ao parque, caminhar, são coisas terapêuticas. Não é terapia, mas é terapêutico. Pode ser que a pessoa não esteja aberta a isso. Nesses casos, buscar um acompanhamento profissional seria o mais indicado."

 Imagem turva de homemSegundo especialistas, se você acha que alguém que você conhece tem depressão, a coisa mais importante a fazer é ouvir

Segundo especialistas, se você acha que alguém que você conhece tem depressão, a coisa mais importante a fazer é ouvir. Muitas vezes, apenas falar e compartilhar seus sentimentos pode ser uma grande ajuda para alguém com depressão. Tente ouvir sem julgamento.

Você também pode encorajar a pessoa a buscar atendimento médico especializado ou encontrar outras formas de apoio. Seja paciente: não diga a alguém para "sair dessa" ou "se animar", pois isso não é algo que uma pessoa com depressão é capaz de fazer por si só.

Além disso, há diversos obstáculos sociais e psicológicos antes de se chegar ao diagnóstico e tratamento especializado, como a falta de recursos e o estigma em torno da depressão.

O sistema de saúde pública do Reino Unido recomenda que todas as pessoas que apresentam os sinais listados neste texto por mais de duas semanas deveriam buscar atendimento médico.

Mas como isso funciona na prática?

"Devido à psiquiatria ser uma especialidade médica, a primeira consulta com um psiquiatra tem muito em comum com aspectos de outras consultas médicas. O primeiro passo é realizar a anamnese, ou seja, colher um histórico clínico do paciente. Este histórico deve ser bastante detalhado. Além disso, nesse processo são analisados hábitos como relacionamentos pessoais e familiares, ambiente de trabalho, atividades de lazer e hobbies", diz Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Em seguida, o psiquiatra pode requisitar exames para identificar outras doenças ligadas aos campos da neurologia e da psiquiatria, como Alzheimer. E ao longo de todo esse percurso, desde a entrada no consultório, se dá o exame psíquico, com base em elementos como a observação do comportamento, discurso, humor ou atenção, explica Silva.

"O exame psíquico é essencial, pois a grande maioria dos transtornos psiquiátricos não são visíveis, a não ser por suas manifestações clínicas. Nesses casos, os sinais e sintomas são detectados a partir de técnicas e metodologias específicas de avaliação, com calma e cuidado."

E o que o paciente deve dizer nessas consultas? "A abertura total é importante. Você deve conversar com seu médico sobre todos os seus sintomas, marcos importantes em sua vida e qualquer histórico de abuso ou trauma. Informe também o seu médico sobre o histórico de depressão ou outros sintomas emocionais em você ou em membros da família, histórico médico, medicamentos que você está tomando (prescritos ou não), como a depressão afetou sua vida diária e se você já pensou em suicídio", orienta Alan Gelenberg, professor emérito da Universidade do Arizona, em guia sobre depressão da Associação Americana de Psiquiatria.

Quais são os tipos de depressão?

Antes de explicar os diferentes tratamentos, é importante esclarecer que há diversos tipos de depressão. Os mais comuns são a depressão maior ou unipolar, depressão pós-parto, depressão bipolar e transtornos depressivos induzidos por outras substâncias ou medicamento.

"Todos precisam de acompanhamento médico adequado, pois se não tratados podem levar a pensamentos suicidas", afirma Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

O "transtorno depressivo maior" ou depressão unipolar, por exemplo, é o tipo mais conhecido e se caracteriza pelos sintomas mais conhecidos relacionados à depressão, como tristeza e falta de interesse persistentes, além de problemas de sono e apetite. É geralmente associada a fatores genéticos, mas pode ser desencadeada por eventos traumáticos, como a perda de um emprego, o fim de um relacionamento ou o surgimento de uma doença grave.

Outro tipo comum de transtorno é a depressão pós-parto. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, mulheres têm maior probabilidade de sofrer de depressão do que os homens. Alguns estudos inclusive apontam que um terço das mulheres passará por um episódio depressivo grave durante a vida. E parte delas enfrenta isso logo após o parto.

O Ministério da Saúde brasileiro define a depressão pós-parto como um quadro de tristeza, desespero e falta de esperança que se manifesta depois do nascimento de um filho. Segundo a pasta, "é importante ficar atento pois a condição pode afetar o vínculo da mãe com o bebê. Entre as causas estão a privação de sono das puérperas, falta de apoio familiar, isolamento, alimentação inadequada, vício em drogas. Ausência de planejamento da gravidez, depressão anterior, histórico familiar de depressão e violência doméstica são alguns dos fatores de risco".

Homem careca com as mãos na cabeçaCrédito, Getty Images, Legenda da foto, Grosso modo, há três linhas principais de tratamento: a psiquiátrica, a terapêutica e a farmacoterápica, que combina psiquiatria (uso de medicamentos) e psicoterapia geralmente para casos de depressão moderada ou grave

Quais são os tratamentos para depressão?

Conforme o estágio e a intensidade do quadro de saúde, há tratamentos com medicamentos específicos. E, a depender de como o paciente se sente e quais motivos levaram ele à condição atual, haverá linhas psicoterapêuticas mais adequadas para tratar.

Um dado positivo é que, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, a depressão é um dos transtornos mentais mais tratáveis. Entre 80% e 90% das pessoas com esse problema de saúde respondem bem ao tratamento.

Grosso modo, há três linhas principais de tratamento: a psiquiátrica, a terapêutica e a farmacoterápica, que combina psiquiatria (uso de medicamentos) e psicoterapia geralmente para casos de depressão moderada ou grave. Mas tudo vai depender do diagnóstico e da gravidade do quadro.

Como dito acima, a grande maioria dos casos de depressão leve pode ser tratada sem remédios, por exemplo. "Nesses casos, a primeira indicação pode ser a psicoterapia porque não tem efeito colateral, tem uma resposta mais rápida do que aquela com fármacos, porque antidepressivos precisam de pelo menos um ano de uso para tratar depressão. Então, se fizer psicoterapia nesses casos, você consegue melhorar mais cedo e ainda trabalhar outras coisas que não envolvam só a depressão", afirma Melo, da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas.

O tratamento terapêutico pode acontecer seguindo correntes como terapia cognitiva comportamental, psicanálise, terapia analítica (junguiana), gestalt-terapia, sistêmica, psicodrama, entre outras.

Algumas vão recorrer a simbologias e interpretação dos sonhos, como a terapia junguiana, por exemplo.

Outras terapias buscam focar nas ações do presente (em uma espécie de diferenciação de tratamentos como o psicanalítico, em que esse mesmo paciente seria recebido em consultório pelo analista, que o escutaria sobre episódios da infância, por exemplo), como analítico-comportamental, gestalt e terapia cognitivo-comportamental, uma das abordagens mais comuns para casos de depressão, que por meio da conversa entre paciente e terapeuta ensina o paciente a identificar e lidar com pensamentos, crenças e sentimentos negativos, quebrando o ciclo em torno deles.

Outras se dedicam mais ao autoconhecimento, em que o paciente faz associações livres por meio da fala e sem interrupções do terapeuta, como a psicanálise, que incentiva o paciente a acessar seu inconsciente e trazer à consciência o que está lhe afetando no quadro depressivo.

No caso da psicanálise, seus efeitos são estabelecidos na chamada "transferência" entre sujeito e analista, ou seja, grosso modo, no momento em que o paciente permite ao especialista (analista) a ajuda e se entrega de fato ao processo analítico. E isso pode contribuir no tratamento da depressão como contribui com outras modalidades de sofrimento psíquico: analisando a singularidade da experiência daquele paciente com esse diagnóstico, evitando generalizações.

Além disso, há outras terapias alternativas para casos mais leves de depressão, que incluem meditação, programas de exercício físico, arteterapia, entre outras. Caberá aos profissionais especializados identificar e acompanhar quais são mais adequadas para cada paciente.

"Em casos mais leves, o tratamento pode ser realizado somente com psicoterapia. Mas quadros moderados a graves precisam também de intervenção com medicamentos e, caso haja ideação suicida, a internação pode ser considerada", afirma Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria. Segundo ele, quase 70% das mortes associadas à depressão podem ser prevenidas com tratamento correto.

Em linhas gerais, os antidepressivos fazem alterações químicas no cérebro para reequilibrar o humor e a energia, por exemplo. Mas algumas vezes isso se dá com efeitos colaterais, inclusive dependência, algo que gera medo e hesitação entre pacientes.

Só que esses medicamentos acabam não surtindo efeito para algo em torno de 10% a 30% dos pacientes, diagnosticados posteriormente com depressão resistente ao tratamento, refratária ou não responsiva.

Uma das abordagens usadas para esses pacientes específicos é a estimulação magnética transcraniana (EMT), uma técnica não invasiva que estimula o cérebro com ondas magnéticas. O paciente fica acordado durante as sessões.

Imagem ilustrativa de depressão

Crédito, Getty Images, Legenda da foto, 

Tratamento terapêutico pode acontecer seguindo correntes como terapia cognitiva comportamental, psicanálise, terapia analítica (junguiana), gestalt-terapia, sistêmica, psicodrama, entre outras

Outra abordagem para esses tipos de casos mais graves ou refratários é a ECT (eletroconvulsoterapia, popularmente conhecida como eletrochoque), tratamento destinado a pacientes com depressão mais severa ou que já experimentaram outros tratamentos sem apresentação de melhora. Apesar de todo o estigma e preconceito em torno desse tipo de tratamento, ele é considerado seguro, indolor e eficaz.

Nesse tipo de terapia, uma baixa corrente elétrica estimula o cérebro e provoca uma convulsão no paciente sob anestesia, ajudando a aliviar os sintomas da depressão por meio de alterações químicas no cérebro. Ela é realizada em hospitais ou clínicas especializadas em séries de 6 a 12 sessões.

Há também o spray de escetamina (ou esketamina), derivado do anestésico cetamina aprovado em 2020 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esse remédio inalável estimula as áreas do cérebro ligadas às emoções.

Por fim, há diversas pesquisas promissoras em andamento em torno do uso de psicodélicos para tratar depressão e outros transtornos mentais, mas esses tratamentos ainda estão em fase experimental.

Homem negro abraça mulher branca Crédito, Getty Images Legenda da foto, Segundo OMS, depressão é principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma significativa para a carga global de doenças 

Como ter acesso a tratamentos para depressão pelo SUS?

Segundo a OMS, a depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma significativa para a carga global de doenças. Segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Brasil, foram 576,6 mil afastamentos por transtornos mentais e comportamentais em 2020.

"Ainda precisamos de um sistema público em saúde mental no Brasil que ofereça todo o suporte necessário ao padecente de transtornos mentais, que deve contar com o princípio de integração entre os diversos serviços, constituindo um sistema integrado de referência e contra referência no qual as unidades devem funcionar de forma harmônica, complementando-se, não se opondo nem se sobrepondo um ao outro, não concorrendo e nem competindo entre si", afirma Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

No SUS, pacientes podem buscar orientação e tratamento em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Convivência e Cultura, ambulatórios multiprofissionais, Unidades de Acolhimento (UAs), hospitais especializados e hospitais-dia de atenção integral. Parte dos medicamentos está disponível na rede de Farmácia Popular.

Segundo o Ministério da Saúde, há 2.742 CAPS espalhados por 1.845 cidades do país. Eles atendem todos os casos de depressão e isso inclui os quadros moderados e severos.

O atendimento não é feito apenas por médicos nessas unidades, mas também por psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, entre outros profissionais de saúde das equipes multidisciplinares.

Se os casos forem mais graves, os pacientes são encaminhados para hospitais especializados. Se houver diagnóstico da forma mais leve do transtorno, pode haver um direcionamento para uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Além da rede pública de saúde, é possível também buscar orientação e tratamento em iniciativas de atendimento psicológico gratuitas ou de baixo custo (valor social), como aquelas oferecidas por universidades (como USP, UFBA, UFSC, UFPR e UFPA), entidades de classe (como Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo e Associação Brasileira de Psicodrama), entre outros.

Por fim, Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria, lembra que os pacientes, depois de todos os obstáculos para conseguirem diagnóstico e tratamento, ainda precisam enfrentar o estigma em torno da depressão, uma "discriminação que pode ser tão incapacitante quanto a própria doença" e afeta inclusive a recuperação e reabilitação do paciente.

"O combate ao estigma é primordial para que o portador de doença mental viva de forma independente e autônoma, tenha oportunidades de trabalho, persiga suas metas e usufrua de oportunidades com dignidade e plena inserção social." 

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda no Centro de Valorização da Vida e o Centro de Atenção Psicossocial (CAP) da sua cidade. O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

BBC 

O que se sabe sobre naufrágio que matou 31 imigrantes que tentavam chegar ao Reino Unido

Migrantes a bordo de um barco de resgate da Força de Fronteira esperam para desembarcar no porto de Dover 

Um número recorde de imigrantes tenta fazer a travessia entre a França e o Reino Unido

Um barco com imigrantes que tentava chegar ao Reino Unido naufragou no Canal da Mancha, próximo à cidade de Calais, informou o governo francês.

Pelo menos 31 pessoas morreram no naufrágio, segundo o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, disse que o caso é uma "tragédia" e afirmou que os mortos foram vítimas de "contrabandistas criminosos".

Autoridades francesas e britânicas realizam operações de busca na área do Canal da Mancha pelo mar e também com aeronaves.

Um barco de pesca deu um alerta no começo da quarta-feira (24/11) após avistar várias pessoas no mar perto da costa francesa.

"Meus pensamentos estão com os muitos desaparecidos e feridos, vítimas de contrabandistas criminosos que se valem do sofrimento e da miséria deles", afirmou o premiê francês.

Franck Dhersin, vice-presidente de mobilidade, infraestrutura dos transportes e portos da região Altos da França e prefeito de Téteghem, disse que 24 corpos foram retirados do mar nas proximidades de Dunkirk, mas informou que também foram resgatados sobreviventes.

O ministro do Interior da França, Gerald Darmanin, declarou no Twitter que muitas pessoas morreram, mas não especificou um número.

Proximidade do inverno

Natalie Elphicke, membro do Parlamento britânico pela região Dover and Deal, disse que o evento é uma "tragédia absoluta" que reforça a ideia de impedir que os barcos entrem na água.

"Com a proximidade do inverno, os mares vão se tornar mais agitados, a água, mais fria, e o risco de perder ainda mais vidas de forma trágica será maior", disse a parlamentar conservadora. "É por isso que impedir essa perigosa travessia é algo humanitário e a coisa certa a fazer."

Diversas pessoas podem ter chegado à costa britânica em barcos pequenos na quarta. Elas foram vistas sendo levadas para terra por autoridades de imigração.

Lewis Goodall, do programa BBC Newsnight, disse que recebeu a informação de que 25 barcos tentaram fazer a travessia até o momento nesta quarta. 

A Guarda Costeira francesa disparou um alerta de emergência para 15 pessoas avistadas no mar, diz o correspondente.

Ele acrescenta que uma agência de assistência humanitária adverte para o risco de o Canal da Mancha se tornar um "cemitério".

Estão sendo registrados números recordes de tentativas de travessia entre a França e o Reino Unido. Até segunda-feira (22/11), o número de imigrantes que chegaram de barco ao território britânico em 2021 já era o triplo do total do ano passado.

Neste mês, mais de mil imigrantes chegaram em apenas um dia - um novo recorde.

O Estreito de Dover é a via marítima mais movimentada do mundo, onde várias pessoas morreram tentando fazer a travessia em botes infláveis. A estimativa é de que ocorreram 10 mortes nas últimas semanas ao fazer o percurso.

No começo da semana, a ministra do Interior britânica, Priti Patel, descreveu o número de imigrantes ilegais que partem da França como "inaceitável".

Ela disse que o projeto de lei do governo sobre nacionalidades e fronteiras é uma "solução de longo prazo" para abordar a questão "à frente de uma série de trabalhos operacionais e diplomáticos".

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 BBC

 

 

'John Lennon do Enem': dançarino da periferia de SP que virou questão na prova diz estar lisonjeado

John Lennon da Silva 

O dançarino John Lennon da Silva hoje trabalha como gerente de vendas

"A forma original de John Lennon da Silva reinterpretar a coreografia de 'A morte do cisne' demonstra que:"

Esse foi o enunciado de uma das 90 questões que mais de 2 milhões de estudantes brasileiros tiveram que responder no domingo, 21, no primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A pergunta na prova de Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias fazia referência a um texto publicado no jornal Correio Braziliense sobre a dança de um jovem da zona leste de São Paulo que usou a street dance para recriar uma coreografia originalmente do balé clássico. E também foi uma das mais comentadas nas redes sociais.

Na época, em 2011, o vídeo da apresentação no programa "Se ela dança, eu danço", do SBT, viralizou na internet. Um dos vídeos publicados (entre dezenas de replicados) no YouTube tem mais de 2,3 milhões de visualizações.

No domingo, Lennon, hoje com 31 anos, estava trabalhando numa loja de produtos eletrônicos em São Paulo quando soube que sua arte havia se tornado questão da principal prova do país.

Foi uma prima de Goiás, onde nasceu, que o avisou: "Foi uma novidade para mim, faz tanto tempo do vídeo, 10 anos. Mas veio com uma certa carga emocional, porque foi uma lembrança boa, e está sendo. Me sinto super lisonjeado", disse o gerente de vendas à BBC News Brasil.

"A cultura sempre viveu e vive um contexto de incerteza. Acho interessante e curioso terem citado meu nome e a diversidade artística. A diversidade precisa ser respeitada, em todos os âmbitos", completou ao comentar as notícias de que o governo Bolsonaro tinha intenção de interferir na prova, para vetar alguns temas.

Lennon da Silva trabalhou até a noite do domingo e já estava no serviço no início da tarde desta segunda, 22. Não deu nem tempo de ver toda a repercussão sobre a prova.

Nas redes, muitos estudantes brincaram com o nome do dançarino, inspirado no integrante dos Beatles. A mesma brincadeira, inclusive, feita pelos jurados do programa televiso em 2011.

"Eu gosto muito dos memes, são muito criativos", disse mostrando uma montagem com o resto do cantor britânico.

Vida após o vídeo

Na época em que a participação no programa do SBT viralizou, Lennon da Silva teve um reconhecimento repentino do público. Além da qualidade da performance, o vídeo chamou atenção pela postura dos jurados, que, de início, julgaram a sua aparência.

Lennon da SilvaCrédito, Arquivo pessoal,
Legenda da foto,

Lennon da Silva quer voltar a dançar

"Espero que seja boa porque o figurino achei nada a ver", comentou na época Lola Melnyck, bailarina ucraniana e jurada do programa. O jovem vestia camiseta estampada, calça preta e tênis com cadarço verde.

No rescaldo da apresentação, Lennon foi personagem de reportagens, participou de programas e chegou a ser contratado para ser garoto-propaganda da Reserva, uma grife de roupas para jovens abastados das grandes cidades brasileiras. "Teve um pico de eventos", lembra.

Ainda em 2012, em meio à repercussão do vídeo, Lennon da Silva decidiu parar de dançar profissionalmente, por motivos religiosos. Na época, chegou a dizer em entrevistas que, nos eventos que participava, havia "culto e idolatria a outras imagens que não Jesus". Mas ele mudou de ideia.

"Quando é jovem, a gente toma decisões precipitadas. Logo depois eu voltei à arte", lembra.

O dançarino fazia parte do grupo Amazing Break, com outros quatro colegas que participavam de um projeto num Centro Educacional Unificado, o CEU de São Rafael, na zona leste de São Paulo. Foi ali que Lennon da Silva foi introduzido às apresentações clássicas de dança, como "A morte do cisne", pelo bailarino Luís Ferron.

"Ele me deu um vídeo da Anna Pavlova [bailarina russa] dançando e falou: 'Pira na trilha, não pira na mulher'. Vi aqueles movimentos, comecei a treinar e deu certo", disse Lennon em entrevista à Folha de São Paulo em 2011.

A famosa obra clássica faz parte de O Carnaval dos Animais, peça escrita pelo compositor francês Camille Saint-Saëns em 1886, e coreografada pelo russo Mikhail Fokine.

Na releitura, Lennon da Silva levou sua experiência da street dance, mais especificamente o estilo popping, que é caracterizado pela técnica de rapidamente contrair e relaxar os músculos para causar um empurrão no corpo.

Em 2018, Lennon deixou de dançar profissionalmente. Entre os fatores que influenciaram a decisão, estava a questão financeira.

"Mas pretendo voltar a dançar sim. Onde eu vou, eu vejo e sinto a arte em mim, nos outros, no mundo, na linguagem e nos corpos", comentou.

Sobre a pergunta do Enem, Lennon da Silva diz que, para ele, a resposta seria a letra B - a mesma apontada como gabarito extraoficial por portais de notícias como G1 e UOL.

Nela, está escrito: "A criação artística é beneficiada pelo encontro de modelos oriundos de diferentes realidades socioculturais". 

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Educação 

Enem

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59382317

 

 

 

 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Inflação: por que taxa na Argentina é quase 5 vezes a do Brasil

Pesos argentinos com um gráfico que mostra alta Gasto desenfreado ou monopólios? Economistas e governo divergem sobre a causa da inflação argentina

No Brasil dos anos 1980 e início da década de 1990, era comum fazer compra de mercado para o mês todo logo que se recebia o salário, pois se sabia que o montante recebido iria perdendo valor dia após dia, corroído pela inflação.

Embora a inflação esteja de volta por aqui, com preços subindo nas gôndolas semana após semana, a situação ainda não se compara àquela vivida na Argentina, onde a inflação acumulada em 12 meses chegou a 52,1%, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).

Tirando a hiperinflação da Venezuela — estimada em 2.700% ao ano em 2021 pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) —, a inflação da Argentina é de longe a mais alta da região.

A terceira maior economia da América Latina tem uma inflação que é quase cinco vezes a da maior economia regional, a do Brasil (10,7%), e mais de oito vezes a da segunda maior, a do México (6,2%), de acordo com os indicadores oficiais para outubro. 

 Ter custos que aumentam 1% a cada semana, em média, pulveriza a renda dos argentinos e é um dos principais motivos da disparada da pobreza, que hoje atinge entre 42% e 50% da população, segundo números oficiais. 

Viver com inflação alta não é novidade para os argentinos. Embora uma inflação mensal próxima a 4% seja enorme, o país teve aumentos de preços muito mais vertiginosos nos últimos 50 anos.

O pior momento foi a hiperinflação de 1989, quando os preços subiram mais de 3.000%, levando à queda do governo de Raúl Alfonsín, que havia assumido após o retorno da democracia e da adoção do peso, moeda usada até hoje.

A título de comparação, naquele ano, a inflação brasileira subiu 1.973% e chegaria a 2.477% em seu pior momento, em 1993 — ano que antecedeu o Plano Real, que finalmente daria fim à hiperinflação por aqui.

Na década de 1990, a chamada "conversibilidade" — que atrelou o peso argentino ao dólar — fez com que a inflação desaparecesse.

Mas isso acabou catastroficamente com o corralito (que em espanhol significa cercadinho) em dezembro de 2001, que determinou o congelamento dos depósitos bancários e limites semanais para retiradas, o que acabou gerando violentos protestos e a renúncia do presidente Fernando De la Rúa.

A crise econômica e política do início deste século reabriu o ciclo inflacionário, que voltou a se acelerar durante o segundo governo de Cristina Fernández de Kirchner (2011-2015), e superou a barreira dos 50% ao final do mandato de Mauricio Macri (2015-2019).

 Mauricio Macri e Cristina Kirchner 

A inflação se acelerou durante os governos de Cristina Kirchner e Mauricio Macri

Embora a desaceleração da economia em 2020, devido à pandemia do coronavírus, tenha reduzido a inflação argentina a 36%, neste ano ela voltou a uma taxa acumulada em 12 meses de 52%.

E muitos economistas preveem que, em 2022, a inflação no país será ainda maior.

Por que tão alta

Mas por que a Argentina tem esse problema há tanto tempo e de forma tão mais grave do que os demais países da região?

Os economistas ortodoxos garantem que a razão subjacente é simples: o país sistematicamente gasta mais do que deveria.

As estatísticas mostram isso com clareza: nos últimos 60 anos, foram apenas seis anos sem déficit fiscal (entre 2003 e 2008, quando os preços internacionais das matérias-primas foram recordes, gerando um grande aumento na arrecadação).

E não é que a Argentina tenha poucos impostos, muito pelo contrário: segundo o Banco Mundial, é um dos países com maior carga tributária sobre a economia formal do mundo.

Mas como, mesmo assim, a arrecadação não é suficiente para manter os gastos públicos, sucessivos governos têm recorrido a duas ferramentas para se financiarem: o endividamento e a emissão monetária.

O primeiro levou a Argentina ao calote — ou ao default de sua dívida — nove vezes, o que prejudicou sua capacidade de obter empréstimos a taxas semelhantes às pagas por seus vizinhos.

Essa limitação tornou o país cada vez mais dependente da segunda opção para manter a carteira volumosa do Estado: a impressão de cédulas (ou o que os economistas chamam de "política monetária expansionista").

É essa emissão que, segundo a visão ortodoxa, gera inflação.

Impressão de notas de 500 pesos argentinos na Casa de la Moneda

Crédito, Getty Images Legenda da foto, Muitos economistas acreditam que a emissão de pesos está acelerando a inflação

O atual ciclo inflacionário

Marina Dal Poggetto, diretora executiva da consultoria econômica EcoGo, explica por que hoje a Argentina é o único país da região — exceto a Venezuela — que tem um problema de inflação tão alta.

"Na década de 1980, vários países latino-americanos sofreram crises inflacionárias, e, na década de 1990, todos entraram em processos de desinflação, incluindo a Argentina", diz.

Mas, no início deste século, "ao contrário do resto, a Argentina perdeu uma oportunidade sem precedentes de construir uma moeda e manter as taxas de inflação baixas".

"Todo o resto da região aproveitou o cenário global de desvalorização do dólar e os altos preços das commodities que a economia latino-americana experimentou nos anos 2000 para atar suas moedas a taxas de juros positivas. Foi assim que valorizaram e construíram suas moedas", afirma.

"Mas a Argentina, que vinha da crise de 2001, tinha sistematicamente uma taxa de juros que era a metade da taxa de inflação."

O governo de Néstor Kirchner (2003-2007) "priorizou o curto prazo" e manteve o peso barato para torná-lo mais competitivo, o que permitiu ao país crescer "a taxas chinesas" (muito altas) por alguns anos.

Com esse superávit fiscal sem precedentes, diz Dal Poggetto, "o governo Kirchner entrou em um cenário de políticas muito expansionistas, com uma política agressiva de distribuição de renda".

Apesar de a alta de preços da soja ter desacelerado quando sua esposa e sucessora, a atual vice-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), tomou posse e "os dólares acabaram", o governo continuou a expandir seus gastos, e, em 2009, a Argentina mais uma vez voltou a ter suas contas no vermelho.

Durante o kirchnerismo, o salário real subiu 50%, e incorporaram-se 3 milhões de aposentados (dobrando o número total) que não haviam feito as contribuições correspondentes, algo "insustentável", segundo a economista.

"Embora a arrecadação tenha crescido de 19% para 34% do Produto Interno Bruto (PIB), com as políticas fiscais expansionistas do kirchnerismo, o gasto público passou de 25% para 41% do PIB", afirma.

Isso gerou "uma deterioração muito grande da macroeconomia", com uma taxa de câmbio defasada e uma inflação que atingiu dois dígitos em 2006, desencadeando o processo inflacionário que continua até hoje.

Cristina e Néstor Kirchner em 2008

Crédito, AFP  Legenda da foto, Os Kirchners melhoraram a situação econômica de muitos argentinos, mas o custo macroeconômico foi alto

O único governo não kirchnerista que a Argentina teve durante este século — o de Mauricio Macri (2015-2019), que chegou ao poder em grande parte devido ao descontentamento popular com o aumento da inflação — manteve altos gastos do Estado durante os primeiros dois anos, mas em vez de imprimir dinheiro, foi financiado pela emissão de dívida.

Isso conseguiu desacelerar brevemente a inflação em 2017. Mas os fundos de investimento estrangeiros que compraram grande parte dos papéis emitidos pela Macri, atraídos pelos juros altíssimos, acabariam gerando uma grave crise econômica.

Uma corrida cambial em 2018 levou a uma "megavalorização" do peso, que foi automaticamente repassada aos preços. A inflação duplicou em um único ano, chegando a quase 48%.

Macri perdeu as eleições de 2019 e terminou o mandato com a maior inflação das últimas duas décadas: 53,83%.

Além disso, deixou a Argentina em uma nova crise de dívida, após ter negociado com o FMI o maior empréstimo de sua história — que não chegou em sua totalidade, mas que voltou a deixar o país com um pesado fardo, e que, se não for negociada com sucesso, pode resultar em um novo calote.

Como se tudo isso não bastasse, em março de 2020, chegou a pandemia.

Sem acesso a crédito, o novo governo de Alberto Fernández teve que apelar para mais emissão de moeda para aliviar a crise sanitária e econômica.

Mas sua decisão de impor uma das quarentenas mais longas do mundo obrigou o Banco Central a imprimir um número recorde de notas, o que representa pressão inflacionária extra.

O problema do dólar

Além de uma emissão monetária elevada, a Argentina tem outra peculiaridade que influencia a alta dos preços.

O fato de ter uma moeda em constante desvalorização e taxas de juros em pesos historicamente abaixo da inflação fez com que os argentinos economizassem e pensassem em dólares.

DólaresLegenda da foto, Os argentinos vivem em pesos, mas pensam em dólares

Mas, como a Argentina não gera verdinhas suficientes para atender à demanda, os governos aplicam controles de capital, conhecidos localmente como "armadilhas cambiais".

Isso gera outro fenômeno que pressiona a inflação: a chamada "brecha" cambial.

Por não conseguirem comprar dólares no mercado oficial — que além de ser restrito a US$ 200 (R$ 1.086) por pessoa ao mês, têm taxas que hoje chegam a 65% — empresas e poupadores recorrem aos mercados paralelos, o mais famoso deles é o informal, chamado localmente de "dólar azul".

Diante da desconfiança gerada pelo peso, o preço do "dólar azul" é considerado por muitos argentinos como referência na hora de realizar transações, como aluguel ou compra de suprimentos para construção, produtos eletrônicos ou automóveis.

Por isso, quando o preço desse dólar de mercado está bem acima do dólar oficial — como agora, quando a diferença entre um e outro chega a 100% — isso leva a um aumento de alguns preços em pesos, e gera uma sensação de que a moeda local está desvalorizada.

Isso, apesar de que, como afirma Dal Poggetto, "há muitos preços na economia que estão a um dólar mais parecido com o oficial do que com o azul".

"Se desvalorizassem o dólar oficial, a inflação ficaria muito maior", alerta.

Monopólios

Mas o governo e os economistas heterodoxos estão convencidos de que não é nem a questão monetária nem o hiato da taxa de câmbio que levam à alta dos preços, mas sim os "grupos concentrados de poder".

"A inflação é multicausal, mas um dos principais fatores é que você concentrou setores da economia, principalmente na produção e distribuição de alimentos, que têm capacidade de fixar preços", diz Alan Cibils, pesquisador e professor da Área de Economia Política da Universidade Nacional General Sarmiento (UNGS).

"Esses setores dão retorno em dólares, porque a maioria é estrangeira. Então, eles querem poder remeter dólares independente do tipo de câmbio", afirma.

"Eles fixam os preços em pesos, porque podem, e isso contribui fortemente para a inflação."

Venda de carne em um supermercado argentino em 2018

Crédito, Getty Images Legenda da foto, O governo restringiu a exportação de carne e aplicou controles de preços para tentar conter a inflação

Seguindo a mesma linha de pensamento, o governo de Alberto Fernández restringiu as exportações de carnes para que o preço local caísse, medida que o kichnerismo já havia adotado no passado e que levou à redução da produção pecuária.

Poucos dias antes das eleições legislativas de 14 de novembro, o governo também recorreu a outra ferramenta utilizada durante o governo de Cristina Kirchner: o congelamento de preços.

O Ministério do Comércio Interno emitiu uma resolução ao final de outubro que estabelece a "fixação de preços máximos" para mais de 1,4 mil produtos de consumo de massa até janeiro de 2022.

Embora ambas as medidas tenham sido duramente criticadas pela oposição, o chefe do governo da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, considerado o sucessor político de Macri, concordou que os setores concentrados da economia são parte do problema inflacionário.

"Temos que ir pra cima dos monopólios para que haja competição real, os monopólios não ajudam a baixar a inflação", disse ele em declarações à rádio Urbana Play.

Uma roda que não para

Mas, para além das discussões sobre o que causa a inflação na Argentina, há algo em que todos parecem concordar: é um processo muito difícil de frear.

O grande problema, eles apontam, é a inércia inflacionária, que faz com que todos estabeleçam preços com base na inflação passada.

De acordo com relatório da consultoria EconViews, "pelo menos 40% do núcleo da inflação de um mês é explicado pela inflação do mês anterior".

"Eles tendem a indexar contratos, aluguéis. Os sindicatos negociam reajustes anuais de salários", exemplifica Cibils.

"Tem gente que aumenta os preços todo mês em 'xis' por cento por precaução. Como você não sabe o que vai acontecer, você se protege na medida do possível", explica. 

 Um homem olhando ofertas imobiliárias em Buenos Aires

Crédito, Getty Images Legenda da foto, Os contratos de aluguel na Argentina, assim como no Brasil, incluem reajustes pela inflação

São esses comportamentos "inerciais" que fazem com que a inflação "se auto propague", diz ele. 

Como interromper esse ciclo vicioso? 

Para o governo e para quem tem uma visão heterodoxa: com mais intervenção do Estado.

Já organizações como o FMI e muitos economistas, como Dal Poggetto, acreditam que a solução é corrigir o problema subjacente. Ou seja, reduzir os gastos.

A questão é como fazer isso sem prejudicar ainda mais uma população já abatida e sem gerar as crises de governabilidade vividas em outros países que tentaram ajustar gastos, como

Colômbia e Equador, afirma.

"Sempre digo que o problema é que todos concordamos que o gasto deve ser reduzido, mas todos concordamos que o outro deve fazer o ajuste." 

BBC


O treinamento para alunos trabalhadores do sexo que gerou polêmica em universidade britânica

Silhueta de salto alto perto de um carro parado Estudantes britânicos reclamam do alto custo da educação que força muitos a buscarem empregos paralelos, inclusive na indústria do sexo

A Universidade de Durham, no noroeste da Inglaterra, saiu em defesa de sua decisão de oferecer treinamento para alunos envolvidos em trabalhos de cunho sexual, depois de ter sido alvo de críticas vindas do alto escalão governo britânico.

A polêmica começou na semana passada, quando o Grêmio Estudantil da universidade enviou um e-mail convidando funcionários e estudantes para um treinamento em dois níveis, voltado a pessoas que trabalham na indústria do sexo.

"Estudantes que sejam trabalhadores do sexo não deveriam sofrer nenhuma barreira para acessar apoio que seja bem informado e livre de preconceito", dizia o e-mail. "A posição do grêmio a respeito de estudantes em trabalho de cunho sexual é clara: apoio, aconselhamento bem informado, desestigmatização e colaboração com organizações especializadas."

 As sessões de treinamento, segundo a universidade, visavam garantir a segurança dos estudantes e que foram elaboradas a pedido "de um pequeno número de estudantes preocupados".

 Mas a iniciativa foi criticada pela parlamentar e ministra de Educação Superior e Continuada, Michelle Donelan. "Fico profundamente preocupada que qualquer universidade legitime uma indústria perigosa, que prospera em cima da exploração de mulheres", declarou Donelan. 

 

"Qualquer universidade que faça isso está fracassando em seu dever de proteger estudantes. É correto que apoio seja oferecido a mulheres que estão sendo exploradas. No entanto, esse curso (de Durham) tenta normalizar a venda de sexo, que não tem lugar dentro de nossas universidades. Sabemos que esse é um setor que pode alvejar jovens garotas e estudantes, e aprisioná-las em um buraco (sem saída). As universidades deveriam focar sua energia em conscientizar sobre esses perigos e apoiar as mulheres."

A universidade, por sua vez, defendeu-se dizendo que o objetivo não é estimular a venda de sexo.

Durham University Students Union, Dunelm House. Durham, as seen across the river with Kingsgate footbridge overhead 
 "De modo enfático, não estamos buscando encorajar o trabalho sexual, mas sim prover apoio a nossos estudantes. Nós não julgamos, nós ouvimos, apoiamos e oferecemos ajuda prática", afirmou um porta-voz da Durham.

"Promovemos muitos cursos para estudantes e funcionários em temas como saúde mental e bem-estar, até conscientização sobre drogas e álcool. A intenção aqui é garantir que o estigma social não impeça os estudantes vulneráveis ou sob risco de conseguir o apoio de que necessitam e a que têm direito."

O porta-voz acrescentou que a universidade "não se desculpa por trabalhar para garantir que Durham seja um ambiente seguro para todos nossos estudantes e funcionários. Estamos profundamente desapontados pela forma como nossas intenções e o conteúdo das sessões foram mal-interpretados".

Jonah Graham, que integra o Grêmio Estudantil, também saiu em defesa do curso, afirmando que "o público-alvo são (as pessoas) que dão apoio aos estudantes, de modo que consigam entender as preocupações legais, de segurança e bem-estar dos alunos e como a responder a elas de modo sensível".

"Fico contente que a ministra concorde que devemos 'conscientizar', que é o que esse treinamento almeja. Quem se preocupa com a segurança de estudantes deveria apoiar esse treinamento, e se educar a respeito de seu verdadeiro conteúdo antes de fazer comentários imprudentes", agregou.

Michelle Donelan

Crédito, Reuters Legenda da foto,Ministra Michelle Donelan criticou treinamento oferecido pela universidade

Michelle Donelan acrescentou, em suas críticas, que o governo britânico concedeu no ano passado 85 milhões de libras (R$ 622 milhões) a universidades para que elas apoiassem estudantes em dificuldades.

Por enquanto, porém, o auxílio extra que tem vindo desse programa "fica muito aquém do custo de vida" dos estudantes universitários britânicos, queixou-se Jake Butler, do site Save the Student.

"Os estudantes são forçados a depender de seus pais, de empregos temporários, de economias e potencialmente de meios ainda mais desesperados para pagar as contas", declarou.

BBC

Línea

Bolsonaro confirma provas do Enem 2021 com 'a cara do governo

Exame, marcado para 21 e 28 de novembro, vai ocorrer mesmo após demissão em massa de funcionários do órgão responsável

O presidente Jair Bolsonaro assegurou, nesta segunda-feira (15), durante agenda em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a realização das provas do Enem 2021, marcadas para os dias 21 e 28 de novembro. De acordo com Bolsonaro, o exame "começa agora a ter a cara do governo".

Bolsonaro garante Enem com 'cara do governo' 

Bolsonaro garante Enem com 'cara do governo' Alan Santos/PR - 

 "O Milton [Ribeiro, ministro da Educação] é uma pessoa séria, responsável, é do ramo, ele me mandou uma mensagem agora há pouco. Disse que a prova do Enem vai ocorrer na mais absoluta tranquilidade. O que eu considero e muito também: começam, agora, a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém precisa estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado, que caíam temas de redação que não tinham nada a ver com nada. Realmente, é algo voltado para o aprendizado", disse.

As dúvidas sobre a continuidade do processo do Enem 2021 surgiram depois de uma debandada de profissionais do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) na semana passada, quando mais de 30 servidores se demitiram das funções que ocupavam por suposta interferência nas provas.

"O negócio é complexo, conversei muito rapidamente com o Milton. Seria bom vocês conversarem com ele, o que levou àquelas demissões. Não quero entrar em detalhes, mas é um absurdo o que se gastava com poucas pessoas lá. Um absurdo. É inadmissível o que acontecia", explicou.

Bolsonaro está desde sábado (13) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e ainda cumprirá agendas no Bahrein e no Catar.

https://vtb.r7.com/399590/2021/11/14/6191b7db1df97b1e15000aa7/d37ee523ff1f4e97978478f1f52e5fc2__670237_EPP_1411_DE_BOLSONARO_DUBAI_thumb_thumb.jpg


 

... É bastante natural, tendo em vista a tenra idade - Para ele, a mãe foi trabalhar'

 Mãe de Marília Mendonça diz que neto ainda não sabe da morte da cantora: 'Para ele, a mãe foi trabalhar'

Em entrevista exclusiva ao Fantástico na casa da família em Goiânia, Ruth Moreira conta que ainda não teve 'tempo de ter um luto' porque estava dedicada a resolver a questão da guarda de Léo, e que foi resolvida: ele continuará morando com a avó.

Nesta sexta-feira (12), uma semana após o acidente aéreo que matou Marília Mendonça e mais quatro pessoas, a mãe da cantora, Ruth Moreira, e o irmão dela, João Gustavo, receberam o Fantástico para uma entrevista exclusiva.

Os dois conversaram com Renata Ceribelli na casa onde Marília morava com toda a família — a mãe, o padrasto, o irmão e o filho, Léo, de 1 ano e 11 meses. Eles falaram do que mais sentem falta: da risada de Marília.
 "Ela sempre ria alto. Tudo dela era muito intenso. A gente consegue ouvir a risada dela no coração da gente, porque ela está aqui em todo canto dessa casa. Ela está aqui, todo pedacinho lembra muito ela", diz Ruth.
Mãe de Marília Mendonça diz que neto ainda não sabe da morte da cantora — Foto: Reprodução/Fantástico

João Gustavo contou que apesar da dor, é Ruth que tem consolado todo mundo da família. "Estou consolando meus amigos, minha família, porque ela queria que eu fosse forte (...) Sempre disse isso: 'Mãe você é forte. Mãe, você é mais forte do que eu'. Estou sendo porque sei que era isso que ela queria", explica a mãe da cantora. 
 

Ruth diz também uma grande motivação para ser forte é o neto, Léo, que ela não quer que seja afetado pelos sentimentos de dor e saudade da família.

"Eu chorei muito dois dias, depois não. Porque eu tenho meu neto, e se ele me vê chorando vai se desesperar, né? Nos primeiros dias eu corria lá em cima e chorava, chorava. Urrava, sabe? Gritava por dentro. E aí lavava o olho e ia brincar e cantar com ele as musiquinhas dele, cair no chão, jogar bola... E ele morre de rir. Quando tem esse tempinho assim, que eu começo a ficar triste, falo: 'Agora não. Agora é a hora de eu brincar com ele"', afirma.

Léo ainda não sabe que a mãe morreu. Ruth diz que o menino acredita que a mãe está trabalhando e pretende contar sobre a tragédia "devagarinho".

"Ele ainda não entende o que está acontecendo. Para ele, a mãe foi trabalhar, como a gente sempre falou para ele: 'A mãe está trabalhando'. Porque se ele olhar a porta do quarto dela fechada, ele fala 'mamãe'. Ele quer ir lá, quer bater, quer entrar. Às vezes eu entrava com ele, falava: 'Mãe não está aqui, não, mamãe está trabalhando", afirma.

Marília em vídeo com o filho, Léo — Foto: Fantástico 

 João Gustavo, irmão de Marília, diz que eles ainda pensam a melhor forma de contar ao menino, que faz 2 anos em dezembro, sobre a morte da mãe: "A gente já pensou em várias várias formas, né? Eu até comentei com a minha mãe esses: a gente vai falar da estrelinha, falar da rainha. A mãe dele foi uma rainha foi uma rainha no Brasil, foi a rainha do Brasil".

Ruth ainda contou que ainda não teve "tempo de ter um luto", porque passou a semana em reuniões para resolver questões como a guarda de Léo. A decisão era a principal urgência dela e foi resolvida: o menino continuará morando com a avó. O pai, o cantor sertanejo Murilo Huff, concordou em ter a guarda compartilhada com Ruth.

"Nós somos família e vamos criar o Léo do mesmo clima aqui. De paz e amor, porque ele vai precisar muito da gente", garante a avó do menino ao lado de Murilo.

Léo recebe carinho de toda a família: Ruth, a mãe de Marília, o pai Murilo, e o tio, João Gustavo — Foto: Fantástico 

G1.com

 


Último paciente com Covid de hospital referência para doença no Rio recebe alta e deixa unidade

Adelino Gomes Silva Filho, 70 anos, único paciente com Covid, deixou hospital Ronaldo Gazolla na tarde desta segunda-feira.


Hospital de referência para a Covid no Rio zera internações, e único paciente tem alta nesta segunda-feira 
Hospital de referência para a Covid no Rio zera internações, e único paciente tem alta 
nesta segunda-feira 
 
 O último paciente internado com Covid no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte do Rio, recebeu alta média nesta segunda-feira (15). O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e o secretário de Saúde, Daniel Soranz, acompanharam a liberação médica. 
 Adelino Gomes Silva Filho, de 70 anos, é morador da Ilha do Governador e tem 29 filhos. Ele estava internado desde o dia 20 de agosto.
“Quase cheguei morto, consegui sobreviver, e estou indo embora. Daqui a pouco eu estou em casa (...) Agora vou encontrar meus filhos e seguir meu caminho”, disse.

“Todos estiveram do meu lado, senão eu tinha morrido (...) O momento mais difícil foi o início. No início eu estava pirado. Os médicos tiveram muita paciência comigo. Agradeço de todo coração a eles, que dê tudo certo para eles. Eles foram muito legais comigo. Eu já era para ter partido para outro caminho, mas papai do céu não deixou, nem eles”, disse o paciente com uma lista dos profissionais de saúde que o atenderam.

Ele aproveitou para deixar um recado para a população: "Se vacina. Tem que se vacinar, porque se não tomar a dose tu vai partir pro outro lado, maluco”.

Último paciente internado com Covid no Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, tem alta
Último paciente internado com Covid no Hospital Ronaldo Gazolla, 
em Acari, tem alta 
 
Adelino Gomes Silva Filho, 70 anos, único paciente com Covid, deixa hospital Ronaldo Gazolla — Foto: Henrique Coelho/g1

Adelino Gomes Silva Filho, 70 anos, único paciente com Covid, deixa hospital Ronaldo Gazolla — Foto: Henrique Coelho/g1 

 Adelino, único paciente de Covid de hospital referência para doença no Rio recebe alta — Foto: Reprodução/ TV Globo

Adelino, único paciente de Covid de hospital referência para doença no Rio recebe alta — Foto: Reprodução/ TV Globo 
 
A unidade foi designada, no começo da pandemia, para ser a referência no município no tratamento da doença. Desde o começo da crise sanitária, é a primeira vez que o número de internados no local foi zerado. 

Hospital vai receber pacientes com sequelas

Hospital Ronaldo Gazolla  — Foto: Reprodução/TV Globo

 

 

 

 Hospital Ronaldo Gazolla — Foto: Reprodução/TV Globo

De acordo com o painel sobre Covid da Prefeitura do Rio, a cidade contava com 37 pessoas internadas por causa da doença no começo da tarde desta segunda (15).

No fim de setembro, o secretário Daniel Soranz afirmou que o Hospital Ronaldo Gazolla voltaria a receber pacientes com sequelas da Covid e vítimas de outras doenças.

“O hospital começa agora um novo ciclo, vai passar a atender pacientes com sequelas da covid. A rede de saúde tem 140 pacientes com sequelas da doença. O hospital vai abrir o ambulatório, começa a ofertar procedimentos eletivos para que a gente consiga normalizar o atendimento”, afirmou Soranz.

O Hospital Ronaldo Gazolla tem 4 mil funcionários e todos trabalharam no combate à Covid. A unidade tem 420 leitos, sendo 280 de UTI. Apenas em 2021, o hospital recebeu 9,5 mil pacientes com Covid.

Vacinação

Nesta segunda-feira, Feriado da Proclamação da República, não haverá vacinação contra a Covid-19 no Rio. Quem estava com a segunda dose agendada pôde se vacinar no sábado (13) e também pode se vacinar nesta terça-feira (16).

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 A vacinação retorna na terça-feira, quando, em primeira dose, serão vacinadas as pessoas com 12 anos ou mais, que ainda não tenham se vacinado. Isso vale até pelo menos o fim de novembro. 
 
Site:G1.com
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vacinação

Nesta segunda-feira, Feriado da Proclamação da República, não haverá vacinação contra a Covid-19 no Rio. Quem estava com a segunda dose agendada pôde se vacinar no sábado (13) e também pode se vacinar nesta terça-feira (16).

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A vacinação retorna na terça-feira, quando, em primeira dose, serão vacinadas as pessoas com 12 anos ou mais, que ainda não tenham se vacinado. Isso vale até pelo menos o fim de novembro. 
 
Site:
G1.com