
Terminou
perto da meia-noite de ontem (6) a primeira audiência de instrução e
julgamento do processo que apura a morte do menino Henry Borel. A juíza
Elizabeth Machado Louro, do 2º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, ouviu
testemunhas de acusação por mais de 14 horas e designou a continuação
da audiência para os dias 14 e 15 de dezembro.
Filho da professora Monique Medeiros,
Henry, de 4 anos, morreu no dia 8 de março deste ano. De acordo com a
denúncia, ele foi vítima de torturas feitas pelo padrasto, o ex-vereador
Jairo Souza dos Santos Júnior, o Dr. Jairinho, no apartamento do casal,
na Barra da Tijuca, no Rio.
Em seu depoimento, Thayná de Oliveira
Ferreira, que trabalhou como babá do menino, não confirmou ter
conhecimento de que o médico batia no enteado. A babá pediu para Monique
sair do plenário durante sua fala e alegou que foi usada por ela para
falar “coisas ruins” sobre o ex-vereador. Thayná afirmou não ter falado
em nenhum momento sobre agressão por não ter presenciado nada neste
sentido.
Com isso, o promotor de Justiça Fábio
Vieira dos Santos pediu a extração de peças para a apuração do crime de
falso testemunho, que poderia estar sendo cometido pela babá.
Mais cedo, prestou depoimento o delegado
Edson Henrique Damasceno, responsável pela investigação. Ele confirmou
que o caso chegou à delegacia como acidente doméstico, mas o laudo do
Instituto Médico Legal mostrou que Henry apresentava diversos sinais de
agressão e a perícia constatou que o apartamento passou por uma limpeza
logo após o menino ser levado para o hospital.
Outros
policiais ouvidos afirmaram que Monique teria ciência da rotina de
violência que Henry sofria e não o afastou desta situação, mentindo no
inquérito policial, e que as câmeras de segurança não mostraram nenhum
tipo de acidente com o garoto no período em que esteve com o pai em um
shopping, antes de ser entregue a Monique.
Pai fica emocionado
A quarta pessoa a ser ouvida foi o pai
de Henry, Leniel Borel de Almeida Júnior. Muito emocionado, ele disse
que mantinha um bom relacionamento com a ex-mulher até ela conhecer
Jairinho e relatou mudança de comportamento no filho, associada por ele à
separação dos pais.
Leniel contou que o filho teria contado,
mais de uma vez, que Jairinho o teria machucado, e que Henry sempre
demonstrava resistência em retornar à casa da mãe. Leniel disse também
que Henry ficou muito nervoso e vomitou na hora de voltar para casa no
dia anterior à sua morte e que teria dito, na frente de Monique, que
“mamãe não é mamãe boa”.
O pai do menino relatou, ainda, que foi
procurado por ex-companheiras de Jairinho que teriam dito que seus
filhos sofreram agressões do ex-vereador.
Também foram ouvidos em juízo ontem a
ex-mulher de Jairinho, Ana Carolina Ferreira Netto, que disse não ter
conhecimento das agressões atribuídas a ele contra crianças; o executivo
do Instituto D’Or, Pablo dos Santos Menezes, que disse ter recebido uma
mensagem de Jairinho no dia da morte de Henry, pedindo um favor no
Barra D’Or; e as médicas do Hospital Barra D’Or, Maria Cristina de Souza
Azevedo, Viviane dos Santos Rosa e Fabiana Barreto Goulart Deleage.
As três
testemunhas afirmaram que o menino chegou com parada cardiorrespiratória
ao hospital, sem sinais vitais, e que foram feitas por mais de duas
horas, sem êxito, manobras de ressuscitação.
polêmicapb