terça-feira, 29 de setembro de 2020

As práticas que mais ajudam (ou atrapalham) o Brasil na educação, segundo pesquisa global

 estudante

OCDE encontrou relação entre desempenho dos estudantes no Pisa e práticas do cotidiano da escola

Em tempos tão desafiadores para a educação global, mesclando pandemia, crise econômica, aumento na desigualdade social e mudanças profundas no mercado de trabalho, que práticas adotadas por países e suas escolas os ajudaram a melhorar o desempenho dos estudantes?

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade que aplica o exame internacional de educação Pisa, tentou traçar um panorama dessas práticas, a partir de comparações entre o desempenho dos estudantes na prova de 2018 (a mais recente) e outros dados da educação nos países.

Também entram na conta as respostas dadas por alunos e professores em um questionário aplicado simultaneamente ao Pisa, na busca de práticas cotidianas e infraestrutura educacional que possa ter impacto direto no bem-estar e na performance dos estudantes.

O resultado foi apresentado nesta terça (29/9) em um relatório chamado "Políticas eficientes, escolas de sucesso", que analisa dados dos 79 países ou regiões avaliadas no Pisa — Brasil entre eles. 

 Os dados do exame, divulgados em dezembro de 2019, mostraram leve melhora do Brasil nas três competências avaliadas — leitura, matemática e ciências —, mas em nível considerado "estacionado" e ainda longe do salto de qualidade necessário para alcançar os países e regiões com as notas mais altas do Pisa, como cidades chinesas, Cingapura e Canadá.

Segundo a OCDE, "políticas e práticas de gerenciamento escolar têm um papel-chave em determinar como os sistemas educacionais respondem aos desafios" dos tempos atuais, desde no agrupamento e seleção dos estudantes até a quantidade de recursos investidos na educação.

"Em tempos de déficits orçamentários crescentes (dos países), gastos com educação têm de ser inteligentes e apropriados", defende a OCDE. "O que o Pisa demonstra, consistentemente, é que, depois que um certo limiar (de gastos por aluno) é alcançado, a diferença na educação não se dá tanto por quanto dinheiro é investido, mas sim como esse dinheiro é alocado."

A seguir, a BBC News Brasil lista, a partir do relatório, práticas que a OCDE aponta como relevantes para o aprendizado dos alunos, com aparente correlação com o desempenho deles no Pisa:

Corpo de funcionários da escola

Dos alunos brasileiros que participaram do Pisa em 2018, cerca de um terço está em escolas que, segundo seu diretor, tiveram o ensino de alguma forma afetado negativamente pela escassez de funcionários (embora só 17,6% estivessem em escolas cujo ensino foi, na visão de diretores, afetado pela escassez especificamente de professores).

Em foto tirada de cima, duas crianças com seus livros didáticos e um adulto mostrando algo no celular

Crédito, REUTERS/Amanda Perobelli. Legenda da foto. No Brasil, em 2018, apenas 26% dos estudantes estavam em escolas cujos diretores disseram haver banda larga suficiente para suas necessidades. E só 35% estavam em escolas cujos diretores diziam ter, na época, plataforma efetiva para o ensino online

É uma média semelhante à dos demais países da OCDE, mas com aparente impacto negativo no desempenho em dos alunos, diz a entidade.

"Mesmo depois de se levar em conta o perfil socioeconômico de estudantes e escolas, em 17 países e economias, estudantes de escolas com mais escassez de funcionários tiveram notas mais baixas (no Pisa)", segundo o relatório.

O mesmo valeria para a escassez de recursos materiais: quanto maior essa escassez, maior a correlação com uma performance pior no exame, mesmo quando se leva em conta a diferença socioeconômica entre as escolas.

Já o espaço físico adequado pode ter influências positivas: o relatório aponta que escolas que oferecem salas para as crianças fazerem lição de casa tiveram melhor performance em todas as competências do Pisa (leitura, ciências e matemática).

Computadores por aluno e capacidade de ensino remoto

No Brasil, havia um computador para cada quatro alunos dentro de sua escola, bem abaixo da média da OCDE (de um computador por estudante).

E o dado também esconde disparidades: 68% dos estudantes brasileiros de escolas em melhor situação econômica tinham acesso a equipamentos tecnológicos suficientes. Mas só 10% dos alunos de escolas mais pobres puderam dizer o mesmo.

No entanto, na média dos países medidos, o maior acesso à tecnologia não se traduziu em melhores notas no Pisa. "A descoberta indica que é necessário mais do que prover tecnologia para obter resultados melhores", diz o relatório, agregando que "disponibilizar aparelhos não será útil a não ser que eles sejam adequados às tarefas em questão".

Lousa

Crédito, Marcos Santos/USP Imagens. Legenda da foto. "Em tempos de déficits orçamentários crescentes (dos países), gastos com educação têm de ser inteligentes e apropriados", defende a OCDE. "O que o Pisa demonstra, consistentemente, é que, depois que um certo limiar (de gastos por aluno) é alcançado, a diferença na educação não se dá tanto por quanto dinheiro é investido, mas sim como esse dinheiro é alocado."

Mas a OCDE mediu também a capacidade de ensino remoto dos países, algo que - embora a medição seja de 2018 e esteja, portanto, desatualizada - se mostrou crucial para minimizar os efeitos da pandemia do coronavírus sobre a educação.

No Brasil, apenas 26% dos estudantes estavam em escolas cujos diretores disseram haver banda larga suficiente para suas necessidades em 2018. E só 35% estavam em escolas cujos diretores diziam ter, na época, plataforma efetiva para o ensino online.

Desvantagens socioeconômicas

Nas medições da OCDE, um estudante de 15 anos (média de idade dos alunos que fazem o Pisa) mais pobre tinha três vezes mais chance de ter repetido de série ao menos uma vez, em comparação com estudantes em melhor situação socioeconômica.

E a repetência, por sua vez, influencia no desempenho: "em todos os países e economias participantes (do Pisa), os que tinham menores parcelas de estudantes repetentes apresentavam nota média maior em leitura e mais equidade no desempenho em leitura, mesmo se levando em conta o PIB per capita", diz o relatório.

"Claramente, todos os países têm estudantes excelentes, mas poucos países capacitam seus estudantes a serem excelentes e alcançarem seu potencial", prossegue o texto. "Alcançar mais equidade na educação não é apenas um imperativo de justiça social, mas também uma forma de usar recursos de modo mais eficiente, aumentando a oferta de habilidades para estimular o crescimento econômico e promover a coesão social."

Ao mesmo tempo, diz a OCDE, países e economias tendem a ter mais equidade na educação quando mantêm uma comunicação próxima com os pais dos alunos, estão abertos ao feedback dos estudantes e fazem consultas constantes sobre o que pode ser melhorado na escola ou nas políticas educacionais locais.

Alunos da rede estadual do Rio, em foto de 2014

Crédito, GeRJ. Legenda da foto."Claramente, todos os países têm estudantes excelentes, mas poucos países capacitam seus estudantes a serem excelentes e alcançarem seu potencial"; acima, sala de aula em foto de 2014

A combinação bem-sucedida das escolas de alta performance

Segundo a OCDE, o Pisa também mostra que, "em países e economias de alta performance (no exame), os que têm mais equidade na educação, uma combinação de autonomia às escolas e uma responsabilidade (accountability) mais centralizada trabalham em comum acordo para dar um apoio mais efetivo ao ensino e ao aprendizado."

Na prática, isso se dá, por exemplo, criando mecanismos de gerenciamento no âmbito distrital ou nacional, estimulando que alunos e comunidade proponham melhorias, enquanto, no âmbito da escola, "há a responsabilidade de garantir que os estudantes vão aprender" e pondo em prática as avaliações que vão medir isso.

No geral, aponta o relatório, "para os alunos com as habilidades e conhecimentos certos, a digitalização e a globalização têm sido empolgantes e libertadoras. Para os que não estão suficientemente preparados, essas tendências podem significar vulnerabilidade e insegurança profissional, e uma vida de poucas perspectivas. (...) A distribuição de conhecimento e de prosperidade é essencial, e só será possível pela distribuição de oportunidades de educação."

BBC

Línea

 

 

Está 'tudo' bem

  • 4880607_1f0c7.gif (436×418) | Mensagens inteligentes, Bom dia com flores,  Mensagens de amor
  • Apesar do silêncio, apesar das ausências injustificáveis talvez... apesar do caos mundial que vivenciamos nesse período pandêmico, apesar das dores mediante às inúmeras perdas humanas, eu posso dizer que está 'tudo' bem. Confesso que sou muito grata a Deus Pai Criador do Universo e único Salvador da humanidade, por todas as bênçãos alcançadas, concedidas a mim e a minha família, mesmo sem o menor merecimento. Mas por sua bondade e amor infinitos. Isso, em nenhuma hipótese significa que eu tenha algum privilégio ou seja "apaniguada", nem que eu me sinta assim. Talvez seja a forma de como vejo a vida, a maneira de buscar atingir alguns objetivos a partir de metas previamente traçadas... etc, etc.
Em seu livro "A sorte segue a coragem" o professor Mario Sergio Cortella afirma que não se pode atribuir o sucesso ou o fracasso somente a forças externas ao indivíduo. O destino me persegue? A ocasião faz o padrão... A pessoa certa no lugar certo, na hora certa Coragem não é impulsividade! Sorte, iniciativa e ética A hora é agora! Casualidades oportunas... E quando a hora não é agora? Planejar, escolher, abdicar Tecnologia, ocupação e tédio ausente Estoque de conhecimento, partilha e humildade Pensar sobre mim, pensar minhas razões Tempo: aproveitar para não perder! Tempo livre, competência e inventividade O tempo passa mais depressa? Gerações, convivência e oportunidade recíproca O tempo passa; e nós? Decrepitudes, senilidades, vitalidades! Finitudes infinitas, infinitudes finitas"

  • Sou solidária, sinto as dores e angústias de meus semelhantes, mesmo daqueles/as que nunca avistei pessoalmente. E, diariamente os coloco em minhas orações, as quais também são dirigidas em favor da Humanidade. 
  • Muito grata por está, por vir aqui!
  • Tudo de melhor para você, seus familiares e amigos!! 
  •  Por motivo superior precisei me afastar e fiquei sem postar durante esses dias.
  • Muito obrigada pela compreensão!

        Beijos e beijos! 

       Link da imagem:

       https://www.google.com/search?q=Gratidão+e+afetos+gifs+animados

 

Ser poético

Você sabia que dentro de cada ser humano existe uma alma poética? Porém, muitos pensam que ser poético é escrever poesia. Não mesmo! Esse é um pensamento extremamente limitado. Ser poético vai muito mais além de escrever poesia, e a partir desta ideia, quero compartilhar um texto que achei simplesmente perfeito. Um texto do místico indiano Osho.

borboleta

“Um poeta vem a conhecer certas coisas que são reveladas somente em um relacionamento poético com a realidade. No que se refere à esperteza mundana, o poeta é um tolo. Ele nunca se desenvolverá no mundo da riqueza e do poder. Mas, em sua pobreza, ele conhece um tipo diferente de riqueza na vida que ninguém mais conhece.

O amor é possível a um poeta, Deus é possível a um poeta. Somente aquele que é inocente o bastante para desfrutar pequenas coisas da vida pode entender que Deus existe, porque Deus existe nas pequenas coisas da vida: ele existe no alimento que você ingere, na caminhada que você faz pela manhã, no amor que você tem por seu amado ou por sua amada, na amizade que você tem com alguém. Deus não existe nas igrejas; estas não são parte da poesia, mas da política.

Torne-se mais e mais poético. É necessário ter coragem para ser poético; você precisa ser corajoso o bastante para ser chamado de tolo pelo mundo, mas somente então poderá ser poético. E para ser poético, não quero dizer que você precisa escrever poesia. Escrever poesia é apenas uma parte pequena e não essencial de ser poético. Uma pessoa pode ser poeta e jamais escrever uma única linha de poesia, e uma outra pode escrever milhares de poemas e ainda não ser um poeta. Ser poeta é um estilo de vida. É amor pela vida, é reverência pela vida, é um relacionamento sincero com a vida”

Cada vez mais eu tenho procurado desenvolver a minha alma poética, porque sei que a poesia anda de mãos dadas com a felicidade. Observe grandes poetas, como Pablo Neruda, Mário Quintana, Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, etc. Todos eles tinham um brilho todo especial em si viver, porque eles sabiam apreciar as pequenas coisas da vida. Várias vezes eu já falei disso aqui, mas é sempre bom repetir, são as pequenas coisas da vida que nos dão a verdadeira felicidade, que nos dão o sentimento de completude e de aconchego. Vou deixar um link que fala sobre isso.

 Por Isaias Costa

 

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Ordem e Progresso: como as ideias de um filósofo francês do século 19 ajudam a entender a formação do Brasil

'A Pátria', tela do pintor Pedro Bruno sobre a Proclamação de República feita em 1919  'A Pátria', tela do pintor Pedro Bruno sobre a Proclamação de República feita em 1919

Quem caminha pela Rue Monsieur Le Prince, no distrito de Odéon, em Paris, dificilmente percebe a placa em cobre que indica, ao lado da porta de número 10, que foi naquele prédio que viveu um dos filósofos mais importantes do Ocidente no século 19 — e cujo pensamento teve impacto determinante na formação social, política e até religiosa do Brasil República: o francês Auguste Comte (1798-1857).

É ali, em um apartamento onde ele passou boa parte da vida, no décimo andar, que hoje funciona a Maison d'Auguste Comte, um pequeno museu e centro de pesquisa e documentação fundado em 1960 pelo brasileiro Paulo Carneiro, que tinha servido como embaixador na Unesco, na capital francesa, até dois anos antes. É onde está também a Capela da Humanidade, sede da religião positiva, criada por Comte nas suas últimas décadas de vida.

Carneiro, que ocupou a cadeira 36 da Academia Brasileira de Letras entre 1971 e 1982 (ano da sua morte), chamava o local, como os seguidores das ideias de Comte, de "apartamento sagrado", e Ivan Lins, o acadêmico que o recebeu na Academia, disse em seu discurso de recepção que Carneiro era um "filho espiritual do filósofo", muito por ter financiado o museu nos anos seguintes à abertura e por ter evitado, ainda na década de 1930, que o prédio fosse demolido para dar lugar a um parque.

A relação do Brasil com a casa de Comte em Paris, no entanto, vai muito além do esforço em mantê-la tal como o filósofo deixou antes de morrer, na metade do século 19. E também não se restringe à frase "Ordem e Progresso" na bandeira nacional.

A lei dos três estados de Comte

As dificuldades financeiras para manter o "apartamento sagrado" não foram exclusividade dos seguidores de Auguste Comte. Sem jamais conseguir lecionar em uma universidade, o próprio filósofo tirava seu sustento de contribuições esparsas que recebia de adeptos de suas ideias ou de pequenas rendas oriundas de conferências públicas.

 Foram elas, no entanto, que permitiram-lhe escrever sua obra mais importante: o Curso de Filosofia Positiva, cuja primeira publicação é de 1830. Foi nela que ele começou a elaborar o arcabouço da sua filosofia "positivista" e a constituir a sociologia — que sequer existia — como disciplina científica.

 

Retrato de Auguste Comte feito pelo pintor belga Jules Leonard, em 1860 

Retrato de Auguste Comte feito pelo pintor belga Jules Leonard, em 1860

Para Comte, o conhecimento humano sobre o mundo passa sempre por três estados que se sucedem em uma ordem linear: no primeiro, "teológico", todas as coisas são explicadas pela ação de entidades sobrenaturais — como era na Idade Média na Europa, por exemplo.

Sua fase seguinte é a "metafísica", em que as entidades divinas são substituídas, na explicação, por abstrações filosófica, que Miguel Lemos (1854-1917), filósofo positivista brasileiro, apontou serem noções como "povo" e "soberania".

O terceiro estado é o "positivo" (daí o nome de batismo da sua filosofia). Nele, "o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, as relações invariáveis de sucessão e de similitude", escreveu Comte.

Em outras palavras, no estado positivo, a ciência deveria renunciar a tudo o que não é passível de observação real, como a origem primeira dos fenômenos, e se debruçar apenas sobre os fatos e as relações concreta entre eles.

A mesma lei dos três estados vale para analisar o processo histórico. No Curso da Filosofia Positiva, Comte diz que a história deve passar sempre por uma evolução necessária, com etapas sucessivas e lineares que não podem ser interrompidas por nenhum desvio.

Ordem e progresso

É por isso que todo o acontecer histórico depende de dois guias: a ordem — que faz com que os estados não sejam modificados por revoluções ou grandes transformações — e o progresso, resultado inevitável de uma ordem que só pode ir para frente. A ordem e o progresso, assim, eram as "condições fundamentais da civilização moderna", como o filósofo escreveu em Discurso sobre o Espírito Positivo, publicado postumamente em 1914.

Miguel Lemos, um dos positivistas mais famosos do período imperial brasileiro, resume assim a filosofia da história de Comte em Pequenos ensaios positivistas, de 1877. "A história não é mais essa série de combates que se sucedem, de gerações que se odeiam e se condenam mutuamente, a história torna-se o quadro do desenvolvimento social regido pela lei dos três estados".

Maria Amália Andery, professora e reitora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, e Tereza Pires Sério, do departamento de Psicologia da mesma universidade, pontuam, em um artigo sobre o filósofo, um fato interessante: que, no sistema de Comte, o ser humano só pode se resignar. Para ele, resta "aguardar o desenvolvimento, respeitando sua ordem natural, seu tempo, seus limites, num processo de espera que é, ele também, ordeiro", afirmam.

O positivismo no Brasil

Muito antes de Paulo Carneiro, as ideias de Comte tiveram impacto no Brasil em um momento crucial do país: a transição do Império para a Primeira República, proclamada em 1889.

A influência da filosofia positiva nas ideias brasileiras pode ser vista desde o "castilhismo", a doutrina política criada pelo republicano gaúcho Júlio de Castilhos — que escreveu a Constituição do Rio Grande do Sul de 1891 com base nas ideias de Comte — até a conhecida frase da bandeira republicana, "Ordem e Progresso", sugestão do professor (e positivista) da Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, Benjamin Constant, e do presidente do Apostolado Positivista, Raimundo Teixeira Mendes. Mas não só.

Foram dois os positivismos que fizeram parte da formação republicana do Brasil, segundo o historiador José Murilo de Carvalho, autor de Cidadania no Brasil: o longo caminho: um "ortodoxo", que levava em conta apenas o cientificismo da filosofia positiva, e outro "não ortodoxo", que se tornaram adeptos da sua religião — uma virada que Comte deu nas suas últimas décadas de vida.

"Os ortodoxos defendiam a proclamação da República, a separação entre Igreja e Estado, a incorporação do operariado na sociedade, a proteção aos indígenas e ao meio ambiente e o pagamento de salário às mães de família pelo trabalho de educação dos filhos. Acrescente-se a isso uma intransigente defesa de valores republicanos, como a colocação do interesse coletivo acima dos individuais", explica Carvalho.

 Miguel Lemos, um dos positivistas brasileiros mais famosos do período imperial 

Acervo da Igreja Positivista do Brasil Image caption Miguel Lemos, um dos positivistas brasileiros mais famosos do período imperial

"Já os não ortodoxos se tornaram missionários dedicados em tempo integral. Eram uns bolcheviques de classe média. Faziam conferências e escreviam centenas de folhetos sobre todos os temas nacionais que distribuíam gratuitamente", completa.

Miguel Lemos, o líder desse grupo, foi quem fundou o Apostolado Positivista, que construiu o maior templo da religião positivista do mundo, na Rua Benjamin Constant, no centro do Rio de Janeiro.

Segundo a professora Vera Martiniak, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPP), no Paraná, a influência dos positivistas vai além do papel que desempenharam na proclamação: foram eles também que, uma vez instaurada a República, pautaram muitos dos projetos de modernização do país.

"Eles defendiam uma reforma da sociedade na qual o progresso, a moral, a ordem se estabelecessem por meio de uma nova hegemonia política e social. Para tanto, a educação era fundamental para a formação do caráter e da moral dos indivíduos", aponta.

Mas o há desse positivismo na sociedade brasileira hoje?

Christian Lynch, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ) e pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa, diz que a defesa de um "absolutismo ilustrado" que se encontra em Comte é um dos elementos que, da forma como foi lido e adaptado no Brasil — principalmente pelos "ortodoxos" — alicerçam as contínuas mudanças sociais feitas sempre de cima pra baixo, como a própria República, obra dos militares e à revelia da maioria da população.

"O positivismo é conservador e progressista ao mesmo tempo" diz ele.

"O conservador tradicional olha para o passado e o considera bom. O positivista não: ele quer modernização, progresso, mas almeja chegar lá sem medidas radicais, sem rupturas, sempre dentro de uma ordem que se conserva. No Brasil, as ideias de Comte serviram para reformar um 'absolutismo ilustrado' que já existia aqui antes — a ideia de que é possível modificar a sociedade do alto, sem grandes transtornos e de maneira controlada. Isso caiu como uma luva em um país que sempre se sentiu atrasado e atrás de um modelo de modernização", completa.

 
Bandeira do Brasil República no museu de Auguste Comte em Paris, na França 
Maison d'Auguste Comte
Image caption Bandeira do Brasil República no museu de Auguste Comte em Paris, na França 

Daí também surge uma certa aversão a grandes revoluções ou transformações sociais, uma característica que é comum mesmo entre os mais pobres, segundo famosa descrição de André Singer, professor de Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP).

"O positivismo se adaptou a um país que, desde a época da independência, tinha conservadores que almejam o progresso porque consideravam o atraso também como um fator de insegurança nacional. Na transição do Império para a República, eles queriam que a escravidão acabasse não por motivos humanitários, mas porque ela favorecia revoltas escravas. Depois, já com os militares, na década de 1950 e 1960, o apoio ao desenvolvimentismo era para evitar que aqui acontecesse uma Revolução Cubana, porque essas coisas só acontecem em países agrários, atrasados", explica Lynch.

A organização política no Brasil também é um traço positivista que permanece hoje, segundo Carvalho. "Comte pregava uma república presidencial ditatorial, com um Legislativo apenas orçamentário. Ao mesmo tempo, o positivismo pregava a incorporação do proletariado à sociedade. A ditadura militar manteve a preocupação com políticas sociais. Só nos governos Fernando Henrique e Lula, sobretudo no último, o social foi promovido em ambiente democrático, mantendo, no entanto, traços paternalistas. O problema da incorporação do operariado sem ditatura, isto é, a superação da fórmula dos ortodoxos, ainda não parece resolvido."

 Rascunho da bandeira do Brasil república, guardado no Templo da Humanidade do Rio

 Acervo da Igreja Positivista do Brasil
Image caption Rascunho da bandeira do Brasil república, guardado no Templo da Humanidade do Rio

Essa integração do proletariado à sociedade é, em Comte, resultado de uma percepção positivista diferente da que aparecia com os comunistas e socialistas do mesmo período: para o filósofo francês, não deve haver conflito entre as classes. Ao contrário, elas devem conviver em harmonia principalmente porque dependem umas das outras, ideias essas que tiveram impacto profundo no Brasil.

"A incorporação dos trabalhadores foi feita aqui como cooptação desta classe, ouvindo algumas das demandas deles, mas criticando quase toda proposta de lei social", argumenta Federico Bartz, doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Mas, para Andery e Sério, o filósofo esteve mesmo fincado demais ao seu tempo em sua visão das possibilidades de revoluções. "Para Comte, qualquer insubordinação ao poder corrompe uma ordem reestabelecida. Qualquer proposta ou ação que dificulte ou impeça a aceitação da concepção de que os diferentes grupos sociais existentes são complementares e necessários uns aos outros (industriais e trabalhadores, por exemplo) e de que a harmonia entre eles é benéfica e indispensável à sociedade (cujo progresso depende da ordem) é vista como falsa e perigosa."

No entanto, se foram os escritos do filósofo francês contra a monarquia que tensionaram o Império e culminaram na Proclamação da República, foram eles também que colocaram nas cabeças dos republicanos brasileiros a necessidade de educação e trabalho para todos, sem distinção — que, no programa social de Comte, aparecia como duas condições fundamentais das sociedades.

"Os ideais positivistas de ordem e progresso estão presentes hoje na educação como um processo evolutivo, na forma de disciplina. Mesmo a ideia de estabelecer entre as ciências uma ordem hierárquica, que vai da matemática à sociologia, e a divisão delas em disciplinas, acarretou aqui, ao contrário, em uma ênfase nas ciências naturais em detrimento das ciências humanas", completa Martiniak.

A religião positiva

Da mesma forma que a Maison d'Auguste Comte, quem caminha pela Rua Benjamin Constant, na Glória, centro do Rio de Janeiro, logo se depara com um edifício diferente de todos os demais. São seis colunas romanas que destacam uma frase parecida com a da bandeira nacional: "O amor por princípio e a ordem por base. O progresso por fim".

É ali, entre um prédio residencial e um albergue, que se encontra o primeiro e maior templo da Religião da Humanidade do mundo: o da Igreja Positivista do Brasil. 

Prédio onde Comte viveu em Paris, na França, e que hoje abriga um museu e um centro de documentação de sua obra
Direito de imagem Maison d'Auguste Comte Image caption Prédio onde Comte viveu em Paris, na França, e que hoje abriga um museu e um centro de documentação de sua obra

A religião positivista não foi, necessariamente, uma virada no pensamento de Comte. Para ele, ao invés de almejar o poder político e promover mudanças na ordem social, o interesse popular deveria estar em uma reorganização espiritual.

"As principais dificuldades sociais não são essencialmente políticas, mas sobretudo morais, de sorte que sua solução depende realmente das opiniões e dos costumes, muito mais do que as instituições", diz em um trecho do Discurso sobre o Espírito Positivo.

Assim, dos anos 1850 em diante, o positivismo se tornou uma crença na própria capacidade humana de promover tais mudanças — e por isso ele a chamou de Religião da Humanidade (exigia sempre o H maiúsculo).

A primeira Igreja Positivista do Brasil começou a ser construída em 1881, 24 anos depois da morte de Comte, em Paris, por obra de Miguel Lemos. O edifício, como sugeriu o próprio Comte, foi erguido à semelhança do Panteão, monumento neoclássico parisiense que hoje abriga os restos mortais de vários escritores e cientistas franceses.

Pela igreja carioca passaram nomes famosos da história brasileira do período, como Joaquim Nabuco, que se aliou aos positivistas nas narrativas contra a escravidão. No seu auge, ela ainda influenciou os positivistas gaúchos, liderados pelo presidente Julio de Castilhos, que ergueram uma Capela Positivista no bairro de Farroupilha, em Porto Alegre, em 1897.

Depois, enquanto a filosofia permaneceu como ideário na política, a religião se enfraqueceu até ficar reduzida a algumas pessoas por volta dos anos 1920. O templo carioca, da mesma maneira, sofreu com o esquecimento: em 2009, por exemplo, um forte temporal no Rio fez o teto do edifício desabar. Está fechado há mais de uma década.

Tombado, o maior templo da Religião da Humanidade segue interditado pela Defesa Civil do Rio — e sem prazo para reabrir.

Tópicos relacionados

Campo de concentração na Amazônia aprisionou centenas de famílias japonesas durante 2ª Guerra

Hajime Yamada Hajime Yamada chegou à região com a primeira leva de imigrantes japoneses, em 1929, aos 2 anos

Quando o Brasil decidiu de que lado estava na 2ª Guerra Mundial e rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo, em 1942, uma parcela da população brasileira repentinamente passou a ser perseguida: imigrantes alemães, japoneses e italianos, e seus descendentes.

Em pouco tempo, grande parte deles foi enclausurada em 11 campos de concentração espalhados pelo país, cujo objetivo era, entre outros, evitar que os imigrantes agissem como agentes infiltrados para seus países de origem.

Um desses campos, o de Tomé-Açu, único localizado na região amazônica, se diferenciou dos demais por aprisionar sobretudo imigrantes japoneses. Lá eles viviam sob regras rígidas, com racionamento de energia e toque de recolher, além de censura de correspondências e proibição de se agrupar.

A criação do campo de Tomé-Açu

Até o ano de 1942, a colônia japonesa que existia à beira do rio Acará, a 200 km de Belém, hoje município de Tomé-Açu, vivia basicamente do cultivo de hortaliças e arroz.

Os primeiros imigrantes chegaram em 1929, por meio da Companhia Nipônica de Plantação (Nantaku), que dispunha de terras na região. Outro importante impulso para consolidação da comunidade foi a fundação, em 1935, da Cooperativa Agrícola do Acará.

Porém, o desenvolvimento da comunidade foi interrompido com a entrada do Brasil na guerra.

"O Brasil, muito pressionado pelas relações externas, fez ações de contenção dos 'inimigos de guerra', que eram os estrangeiros do Eixo - os alemães, italianos e japoneses", explica Priscila Perazzo, professora e pesquisadora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e autora de Prisioneiros da guerra: os "súditos do Eixo" nos campos de concentração brasileiros.

"Então, o governo decide montar campos onde pudesse internar pessoas desses países".

Rodeada pela floresta amazônica e acessível somente por via fluvial, a comunidade japonesa que se formou em torno da Nantaku e da Cooperativa era uma candidata ideal para sediar um desses campos.

Em 17 de abril de 1942, os japoneses perderam o direito aos seus bens, por meio de uma declaração de caducidade, e a vila às margens do rio Acará foi isolada. Nascia o Campo de Concentração de Tomé-Açu.

Edificação que fazia parte do campo de concentração de Tomé-Açu

Direito de imagem Reprodução do livro Por terra, céu e mar: história
Image caption Casarão que fazia parte do campo de concentração de Tomé-Açu

Boa parte das 49 famílias que viviam na região, à época, eram de agricultores, e tinham pouco conhecimento sobre os combates que ocorriam em sua terra natal. Mesmo assim, foram considerados "prisioneiros de guerra", termo geralmente usado para militares apreendidos em combate, mas que, naquele momento, também foi usado para civis.

Os números são imprecisos, porém estima-se que, durante os seus três anos de existência do campo, cerca de 480 famílias de japoneses, 32 de alemães e alguns italianos foram parar ali.

Uma grande parte veio da capital Belém. É o caso da família de Elson Eguchi, de 79 anos. Seu pai, Yasuji, foi do Japão para o Peru, país com expressiva imigração japonesa. Mas foi no Brasil que ele se estabeleceu.

Com a guerra, Yasuji foi deslocado à força de Belém para Tomé-Açu. "Meu pai trabalhou como cozinheiro em Belém. O governo tirou ele de lá e o jogou aqui, em Tomé-Açu, como campo de concentração", relata Elson.

 Retrato de Elson Eguchi 

Direito de imagem Arquivo pessoal Image caption Elson Eguchi passou a primeira infância no campo de concentração

Na capital paraense, a vida dos japoneses tampouco era fácil. "Em Belém, brasileiros saqueavam, queimavam as lojas, as casas dos japoneses. Muitos ficaram sem ter onde morar", conta Hajime Yamada, de 94 anos.

Ela chegou à região do Acará em 1929, na primeira leva de imigrantes, quando tinha 2 anos. Desde então, vive em Tomé-Açu, e presenciou os anos de dificuldades.

Muitos japoneses também foram trazidos do Amazonas, inclusive de Manaus, a 1.317 km de Tomé-Açu. Os dirigentes da Companhia Industrial Amazonense foram levados ao campo, e a imprensa local passou a denominá-los de "quinta coluna", termo utilizado, em contexto de guerra, para designar espiões, sabotadores e traidores a serviço de outro país.

Em 2011, a Assembleia Legislativa do Amazonas fez um pedido oficial de desculpas a imigrantes japoneses pelos abusos cometidos durante a Segunda Guerra .

Como era o campo

Ao longo da história, campos de concentração assumiram diversas formas. No caso de Tomé-Açu, a colônia de imigrantes foi isolada dentro do perímetro do campo. As casas, o hospital e outras construções comunitárias foram, do dia para noite, subordinados ao poder do Estado.

"Como era um vilarejo praticamente perdido na Amazônia, cujo único acesso era feito por barco, no momento em que o Estado controlou a embarcação, a comunidade acabou ficando isolada", explica Perazzo.

Muitos dos imigrantes forçados a se deslocar não eram obrigados a ficar reclusos em celas, porém também não tinham onde se alojar ou se alimentar. Yamada relata que, pelo menos, duas famílias ficaram em sua propriedade até o fim da guerra.

"Aqui em casa ficaram as famílias Takashima e Watabi. Passaram um ano e pouco, até terminar a guerra. Nós conseguimos armar uma barraca rapidamente, porque vieram lá de Belém sem casa, sem nada, só com a roupa do corpo. Todo mundo deu apoio", relata.

Assim, o campo se estruturou como uma verdadeira cidade. A vigilância e a segurança eram garantidas por um destacamento militar, sob a administração do capitão João Evangelista Filho.

Trapiche municipal de Tomé-Açu Direito de imagem Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil
Image caption Trapiche municipal de Tomé-Açu. O único acesso à região era via barco

Rotina no campo de concentração

A rotina no campo de Tomé-Açu era de privações, apesar de não se comparar à dos campos de extermínio da Alemanha nazista.

A começar pelo confisco de bens dos imigrantes. Livros, aparelhos de rádio, armas e embarcações foram levados por autoridades brasileiras, que, por vezes, usufruiam desses bens em benefício próprio.

Cortar a comunicação dos imigrantes com o mundo exterior era uma prioridade do governo brasileiro. Correspondências eram censuradas nas agências de correio de Belém e, "se havia denúncia de que alguém estava ouvindo a rádio do Japão, por exemplo, certamente a polícia bateria na porta daquelas pessoas e elas teriam sérios problemas", diz Perazzo.

Tampouco era permitido se reunir com os outros habitantes do campo. "As pessoas eram vigiadas diariamente pelas forças policiais locais para não se comunicarem umas com as outras. Caso fossem pegas com tal prática, seriam penalizadas", explica Elton Sousa, professor e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coautor do livro e documentário Por terra, céu e mar: histórias e memórias da Segunda Guerra Mundial na Amazônia.

"Se houvesse três ou quatro japoneses juntos, conversando, a polícia levava embora, presos. Não tinha liberdade", conta Yamada. "Eles pensavam que nós estivéssemos planejando negócios de guerra, mas não tinha nada disso".

 Campo de Tomé-Açu Direito de imagem Biblioteca Pública Arthur Vianna Image caption A rotina no campo de Tomé-Açu era de privações, apesar de não se comparar à dos campos nazistas

Além das restrições de locomoção e de comunicação, os imigrantes se dedicavam à subsistência do campo, de acordo com normas de trabalhos braçais estipuladas pelo governo, explica Perazzo: "Tinha quem trabalhasse na marcenaria, na carpintaria, na agricultura. Assim variava".

O campo também sofria com o racionamento de energia e, às 21h, soava o toque de recolher.

O fim da guerra

A clausura durou até 1945, quando os campos foram extintos após a decretação do fim da guerra. Mas as consequências do período de perseguição perduraram por décadas.

Estigmatizados e empobrecidos, muitos imigrantes tiveram dificuldade para conseguir empregos ou tocar negócios próprios.

"Depois que acabou a guerra, o governo liberou essas pessoas como se não tivesse tido responsabilidade nenhuma pela desmontagem da vida delas", explica Perazzo.

"Elas não voltaram para seus países de origem. Ou eram imigrantes já estabelecidos no Brasil ou pessoas que não tiveram condição de retorno, então, buscaram a vida de outra maneira".

Combalida pelo período de reclusão, a Tomé-Açu do pós-guerra oferecia poucas perspectivas para os colonos, razão pela qual muitos deles deixaram a região. "Eles foram para Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná", relembra Yamada.

"Todo mundo ajudou com um pouco de dinheiro, dentro das suas possibilidades, para eles conseguirem sobreviver".

Alguns anos mais tarde, entretanto, a cidade decolou economicamente com o boom da pimenta-do-reino, chegando a ser a maior produtora mundial da commodity. 

  Colheita de pimenta-do-reino em Tomé-AçuDireito de imagem Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil Image caption Colheita de pimenta-do-reino em Tomé-Açu

O período áureo da pimenta acabou no final da década de 1960, quando uma doença, a fusariose, dizimou as plantações, ao mesmo tempo em que o valor da especiaria sofreu uma queda brusca no mercado internacional.

Cerca de mil descendentes de japoneses vivem hoje em Tomé-Açu. "É uma sociedade cuja cultura local permeia-se por traços fortemente marcados pela cultura japonesa", diz Sousa.

Nas últimas décadas, a cidade se desenvolveu graças à adoção de um sistema agroflorestal de produção sustentável.

  Soldados em Tomé-AçuDireito de imagem Biblioteca Pública Arthur Vianna.
Image caption 'É uma sociedade cuja cultura local permeia-se por traços fortemente marcados pela cultura japonesa'

As construções da época da 2ª Guerra foram quase totalmente destruídas na região, e há poucos registros fotográficos do período.

Mas o campo de concentração permanece na memória dos que lá viveram e dos que preservam as histórias de seus ascendentes.

 

Tópicos relacionados

 

Alerta!!! Médico Italiano relata sobre ...