segunda-feira, 3 de setembro de 2018

'Metáfora da situação do Brasil': imprensa internacional destaca incêndio no Museu Nacional

Capa do site da BBC News com destaque para o incêndio
Image captionNotícia do incêndio foi principal destaque da capa do site da BBC News
O incêndio que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro neste domingo é destaque na imprensa internacional.
A notícia ganhou a manchete do site da BBC News, que traz uma análise da jornalista Katy Watson, correspondente da BBC na América do Sul, sobre a tragédia.
Segundo ela, o incêndio pode ser visto como uma "metáfora" da situação atual do país.
"Não é apenas a história brasileira que está em chamas. Muitos veem isso como uma metáfora para a cidade - e para o país como um todo."
"O Rio de Janeiro está em crise. A violência crescente, o profundo declínio da economia e a corrupção na política se combinaram para tornar a cidade uma sombra do que já foi um dia."
Capa do site do jornal britânico The Guardian destaca 'perda incalculável'
Image captionCapa do site do jornal britânico The Guardian destaca 'perda incalculável'
E acrescenta:
"Este foi um museu por muito tempo ignorado e subfinanciado - agora, com consequências devastadoras para o patrimônio histórico do Brasil."
O jornal britânico The Guardian, que classificou o incêndio como uma perda "incalculável", também fez um paralelo com a situação do país em seu site, ressaltando os altos níveis de violência e desemprego.
"Alguns brasileiros viram o fogo como uma metáfora para os traumas do país, que enfrenta níveis terríveis de criminalidade e os efeitos de uma recessão que deixou mais de 12 milhões de pessoas desempregadas", diz um trecho da reportagem.
O artigo cita diversos depoimentos, entre eles o do antropólogo Mércio Gomes, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), que comparou o incidente ao incêndio da biblioteca de Alexandria, em 48 a.C.
"Nós, brasileiros, temos apenas 500 anos de História. Nosso Museu Nacional tinha 200 anos, mas é o que tínhamos, e está perdido para sempre."
O incêndio também repercutiu na imprensa americana. O New York Times destaca a "ameaça a centenas de anos de história", lembrando que a instituição estava abandonada.
Site do New York Times
Image caption'Ameaça a centenas de anos de História', diz reportagem do site do NYT
"O museu foi abandonado nos últimos anos, enquanto o próprio país lutava contra uma economia estagnada e instabilidade política."
"De acordo com relatos da imprensa local, os professores que trabalham no museu chegaram a recolher dinheiro para ajudar a pagar pelos serviços de limpeza", acrescenta o texto.
O site do jornal americano também traz uma lista das peças mais importantes do acervo do museu, como Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, e o meteorito Bendegó.
A revista americana Forbes afirma que "os dias de glória do museu tinham ficado para trás" e ressalta os problemas financeiros enfrentados pela instituição e pela cidade.
"A destruição do Museu Nacional do Rio é emblemática de uma cidade que sofre com anos de corrupção política", diz trecho da reportagem publicada no site.
O jornal argentino Clarín, por sua vez, classificou o incêndio como uma tragédia. Entre alguns depoimentos, a publicação cita uma declaração do vice-diretor da instituição, Luis Fernando Duarte, que atribui a "situação trágica" à "falta de apoio e de consciência" do poder público.
Clarín cita "tragédia" em reportagem publicada no site
Image captionClarín cita 'tragédia' em reportagem publicada no site
A reportagem lembra ainda que há 40 anos, em 8 de julho de 1978, um incêndio atingiu o Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, destruindo importantes obras do acervo, "como pinturas de Pablo Picasso, Salvador Dalí e Joaquín Torres-García, que eram parte de uma exposição temporária".
Já o jornal francês Le Monde destacou em seu site os "200 anos de história que desapareceram" e publicou um vídeo com imagens do incêndio.
Reprodução da reportagem publicada no site do jornal francês Le Monde
Image captionReprodução da reportagem publicada no site do jornal francês Le Monde

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