sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Por que a política do filho único virou uma bomba demográfica na China

Foto: AFP: Política foi usada para controle violento de natalidade em diversas regiões do país e abandono de meninas

O governo chinês anunciou, nesta quinta-feira, que decidiu pôr fim à política do filho único, que por mais de três décadas impediu que casais tivessem mais de uma criança e causou impacto na sociedade e na economia do país. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, o Partido Comunista determinou que, agora, os casais poderão ter dois filhos.
Poucos lugares sentiram o impacto da política do filho único como Rudong, um condado de cerca de 1 milhão de pessoas na Província de Jiangsu, no leste do país. A política começou a ser aplicada neste lugar sob o regime de Mao Tsé-tung.
Mas quando ela virou norma nacional, em 1979, as autoridades de planejamento familiar de Rudong começaram a implementá-la com ainda mais vigor.
Em entrevista recente à imprensa estatal chinesa, um oficial aposentando diz que "caçava" mulheres grávidas, as levava em carrinhos para o hospital e mantinha guarda enquanto elas se submetiam a abortos forçados.
Um exército de médicos bisbilhoteiros tinha a tarefa de monitorar cuidadosamente os úteros – usando dispositivos portáteis de ultrassom – e de registrar ciclos menstruais para garantir que ninguém estivesse carregando um feto escondido.
Tais práticas não são exclusivas de Rudong, mas o condado tornou-se um campeão nacional, tido como "modelo" e inundado de slogans que exclamavam orgulhosamente que o país tinha vencido a fertilidade feminina.
Os efeitos da política também já estão claros. Nos últimos 15 anos, metade das escolas primárias e secundárias da região de Rudong fecharam e cerca de 30% da população já tem mais de 50 anos – uma bomba demográfica prestes a explodir, por causa do aumento dos gastos com previdência social e da queda do número de trabalhadores.
Segundo o correspondente da BBC em Pequim John Sudworth, mesmo a nova política de dois filhos pode manter o crescimento populacional no país lento, já que famílias com apenas um filho se tornaram a norma social.
"Por isso, cerca de 90% dos casais já elegíveis para ter mais um filho optaram por não fazê-lo", diz. "E as mulheres que querem ter mais de dois filhos continuarão sofrendo com o brutal controle do Partido Comunista sobre seus corpos e sua fertilidade."
Foto: AFP: Em algumas províncias, restrição ao número de crianças começou a ser aplicada no regime de Mao Tsé-tung© Copyright British Broadcasting Corporation 2015 Em algumas províncias, restrição ao número de crianças começou a ser aplicada no regime de Mao Tsé-tung
Entenda mais sobre a política do filho único:

O que é?

A norma, criada nos anos 1970, limitava a maioria das famílias chinesas a ter apenas um filho, apesar de haver exceções.
A política do filho único teria impedido cerca de 400 milhões de nascimentos desde que teve início, segundo estatísticas do governo chinês. Este número, no entanto, é contestado por outros especialistas.
Em 2007, a China afirmou que apenas 36% de seus cidadãos estavam limitados a apenas um filho, por causa de diversas mudanças na política feitas com o passar do tempo.

Por que a política foi introduzida?

Na medida em que a população chinesa se aproximava de 1 bilhão de pessoas, no final dos anos 1970, o governo começou a se preocupar com o efeito que isso teria em seus ambiciosos planos de crescimento econômico.
Apesar de outros programas de planejamento familiar – que ajudaram a reduzir a taxa de nascimentos – já terem sido implementados, o líder chinês Deng Xiaoping decidiu tomar medidas mais drásticas.
A política começou a valer para todo o país em 1979.

Como ela foi aplicada?

De um modo geral, o governo oferece incentivos financeiros e profissionais para o que se adequam à política, além de disponibilizar contraceptivos e multar quem descumpre as regras.
Mas, em alguns momentos, medidas coercivas, como abortos forçados e esterilizações em massa, também foram usadas.
A política foi implementada de maneira mais rígida em áreas urbanas.
Foto: AFP: Com o passar do tempo, política de filho único foi relaxada em alguns casos, mas já tinha se tornado norma social
© Copyright British Broadcasting Corporation 2015 Com o passar do 
tempo, política de filho único foi relaxada em alguns casos, 
mas já tinha se tornado norma social

Por que foi tão controversa?

Ativistas na China e no Ocidente afirmaram que a política era uma séria violação dos direitos humanos e das liberdades reprodutivas.
A preferência tradicional por filhos homens na cultura local combinada à política do filho único levou ao alto índice de abandono de meninas em orfanatos, a abortos seletivos de acordo com o sexo do feto e até mesmo casos de infanticídio feminino.
Por causa disso, o equilíbrio de gênero do país pende para o masculino.

Por que está sendo abandonada agora?

Especialistas alertam que a China será a primeira economia a envelhecer antes de tornar-se mais rica, principalmente por causa da política do filho único. Até 2050, mais de um quarto da população terá mais de 65 anos.
A taxa de fertilidade do país é uma das mais baixas no mundo e fica bem abaixo do índice de 2,1 crianças por mulher – necessário para substituir a população a cada geração.
O envelhecimento da população chinesa irá desacelerar a economia, na medida em que o número de pessoas em idade ativa diminui e a proporção entre contribuintes e pensionistas continua a cair.

De que maneira as regras haviam sido relaxadas antes?

Em 2013, as regras haviam sido modificadas para permitir que casais tivessem um segundo filho se um dos pais fosse filho único, mas menos casais do que o governo esperavam aderiram ao novo sistema.
Outro relaxamento das regras nos anos 1980 permitiu que famílias da zona rural tivessem outro filho se seu primeiro filho fosse uma menina.
Minorias étnicas chinesas também não eram submetidas à política do filho único.
msn

CUIDADO COM O HALLOWEEN!



“O Halloween é o Hosana do Diabo.” 
(Padre Gabriele Amorth)
Todo dia 31 de Outubro existe uma festa chamadaHalloween, também conhecido aqui no Brasil como o Dia das Bruxas.
Halloween é uma data comemorativa que tem sua origem ainda com o povo Celta, há mais de 2300 anos.
Era uma data que para o povo Celta, por ser o ultimo dia do verão, diziam que os espíritos dos mortos saiam de suas covas e iriam de encontro ao vivos para tomar posse de seus corpos. É claro que o povo Celta por medo destas almas, decidiram então colocar em suas casas, de preferência na frente das mesmas, objetos que pudessem “assustar” estas almas que queriam tomar posse de seus corpos, e colocavam Caveiras, ossos, bonecos enfeitados e coisas do tipo.
Portanto a origem desta festa é a MORTE, as almas que que se levantam e vem de encontro aos vivos.
Na verdade esta festa está cheia de realidades que nos apresenta o Ocultismo de frente:Bruxas, Fantasmas, Caveiras e personagens ligados ao terror…
Hallowenn tem a origem de seu nome em uma palavra em inglês que é: “All Hallow’s Eve” (Vigília de Todos os Santos), para nós Católicos Apostólicos Romanos o Dia de todos os Santos e posteriormente o dia de Finados, ou alguns mais antigos ainda o chama de dia dos mortos.
E ai começa a grande confusão que sempre o Ocultismo quer trazer em meio à nós. Nós Católicos temos o nosso “dia dos mortos” que chamamos de FINADOS e é claro tem um outro significado, e na astúcia inspirada pelo Mal se aproveitaram daquela data que era comemorado o dia dos mortos também para o povo Celta –  mas é claro com outro significado – e conseguiu introduzir esta festa chamada Halloween.
O grande problema disso tudo é que para os Satanistas, para os Bruxos, para muitas seitas ocultistas, este dia de Halloween não é somente uma data histórica, mas se tornou para eles oGRANDE DIA do DIABO! É o dia em que se reúnem para fazer suas celebrações mais macabras, rituais verdadeiramente satânicos, na qual envolve sacrifícios de animais e se chega a realizar até mesmo sacrifícios humanos, em geral fetos que estão sendo gerados, ou fetos já mortos são como que oferecido ao Demônio.
Nao pensem que isso é historinhas sobre satanismo ou coisas do tipo; isso é real e é mais real do que imaginamos. Satanistas e ocultistas de muitos “ramos” utilizam estes dias para profanar o Sagrado de Deus, é o momento de grande exaltação do demônio; e ai muitos procuram ir a igreja e verem se de alguma forma conseguem levar uma hóstia consagrada para tais rituais, com o propósito de ofender a Deus. Existe ainda nestes rituais muitas orgias sexuais com os seus membros e pessoas que são convidadas a estarem lá, assim como o uso de drogas e álcool…
Então o que a 2300 anos atrás o povo Celta comemorava de maneira errônea, hoje se tornou uma festa totalmente pagã.
 Padre Gabriele Amorth diz:
“Halloween é uma armadilha do Demônio. É uma festa nojenta e me dá nojo…” e ainda completa: “Trata-se de uma coisa pagã, anticristã e anticatólica…”
Deixamos os nossos filhos se vestirem de diabos, bruxos e bruxas, se pintarem dos mais bizarros personagens Trash’s da TV Americana, e tudo isso para que? Para que exaltar aquilo que não deve ser exaltado? Qual o intuito de se vestir de diabo, de demônios, de bruxos, magos e coisas do tipo?
Para os satanistas é uma maneira de instigarem as crianças e os jovens a fazerem memória para o mundo daquilo que eles comemoram: o DIA DO DIABO.
Aqui no Brasil ainda não está tão difundida esta festa de Halloween como para o povo AMERICANO, mas sei que será importante este artigo também para o povo AMERICANO. Omeu BLOG é visto pelos Americanos, sei disso, e é visto provavelmente por brasileiros que moram lá.
Um grande problema é que nas escolas esta se tornando comum fazerem este tipo de festas, comemora – las, como se fosse algo realmente cultural do nosso país…Cada pai e mãe é kivre nas decisões quanto ao que seus filhos participam ou não em suas escolas; mas eu nunca deixei minha filha participar de tais comemorações…
Sem contar que nesta data o clima de Magia, coisas misteriosas se espalham no ar, e os Jovens ficam aguçados, querem reproduzir em brincadeiras o que viram na TV, brincadeiras que viram na internet, rituais que viram em filmes…E na verdade o que estão fazendo é abrindo uma grande brecha para o Demônio; ainda que inconsciente, mas estão; e o Demônio, acreditem, não se importa se estão conscientes ou não; ele reivindicará o que é seu…
A verdade é que este dia se tornou um dia propicio para se cultuar o demônio das mais diversas maneiras que você imaginar.
Enquanto escrevia este artigo, eu estava conversando com uma jovem que se envolveu de maneira muito profunda com satanismo, e resolvi perguntar a ela se na data de Halloween esta seita que ela participava, faziam algo. Ela me disse que sim, que faziam reuniões com grupos na qual ofereciam sacrifícios a demônios, e que ela de maneira particular, preferia oferecer do seu próprio sangue…Mas que pessoas que nao queriam oferecer seu próprio sangue, ofereciam a de animais que lá eram mortos…
Não quero ficar me delongando muito, fazendo diversas comparações e coisas do tipo, mas acho que deu para entender o que se passa na verdade por detrás das comemorações que acontecem no dia de Halloween. E que não convém ficarmos participando e fazendo memória das coisas que representam e nos apresentam o próprio MAL.
Mas ao contrário, dia 31 de Outubro, quando se comemora o Dia das Bruxas, é o dia de permanecermos ainda mais em oração, voltados para Deus, intercedendo para que pessoas inocentes não se “machuquem” com estas práticas sedutoras de Halloween.
Esta jovem que estou acompanhando, um dia poderá testemunhar aqui no BLOG tudo o que ela viveu. Ainda estamos passando por um processo de libertação de muitas coisas, mas sei que em breve, muito breve ela estará completamente livre!


Deus abençoe você!
Danilo Gesualdo 
Grupo de Oração 'Semeando a Paz'

Estagiária de banco é apreendida com 62 cartões do Bolsa Família



Nesta quarta-feira (28), uma adolescente de 17 anos foi apreendida por fazer saques da conta bancária de funcionários da Caixa Econômica Federal de Bezerros, Agreste de Pernambuco.
De acordo com a Polícia Civil, ela era estagiária da agência e foram encontrados comprovantes de saques, 62 cartões do Bolsa Família e 12 de contas de clientes.
Segundo o site G1, a assessoria de imprensa da Caixa Econômica esclareceu que o banco está à disposição para contribuir com o trabalho de investigação da polícia. "As informações sobre eventos criminosos são repassadas às autoridades policiais".
O delegado Humberto Pimentel relatou que a jovem praticava o crime em parceria com um primo de 18 anos. "Conseguimos flagrar os dois porque os funcionários do banco estavam desconfiados das quantias que estavam sendo transferidas e sacadas das contas deles. Uma das transferências foi de R$ 25 mil. Não sabemos a quantia total porque a Caixa ainda vai fazer o levantamento", informou.
Ainda segundo o site, o primo foi detido enquanto tentava sacar dinheiro em uma casa lotérica do município. "Como ela era estagiária do banco, ela tinha acesso às senhas de alguns funcionários. Era assim que ela conseguia o dinheiro e passava para a conta do primo", disse o delegado.
Ambos foram encaminhados para a Delegacia da Polícia Federal de Caruaru, mas a adolescente já foi liberada e será ouvida pela PF. O primo ficará à disposição da Justiça.
msn

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Gente fina... Boa noite!!!!!



Os Dez Mandamentos (Resenha)

Resultado de imagem para os dez mandamentos


A novela "Os 10 mandamentos" exibida pela Rede Record de Televisão, além de ser uma mega-produção tem alavancado grande audiência no horário nobre deste país.
A mega-saga conta o período em que os hebreus eram escravos no Egito cerca de 400 anos pós a era de "José" outro hebreu que se tornou "Governador de todo o Egito" e que pelas suas mãos todos foram salvos e abençoados inclusive o próprio Faraó.
Toda a casa de José foram convidados a viver no Egito, ganharam terras para poderem plantar e colher pelo próprio Ramessés, mas este Faraó teve seus sucessores e a história de José e seus feitos eram contados somente nos palácios para educação dos nobres sendo ocultado dos simples, "o Senhor escreve certo por linhas tortas".
O porquê de uma mulher que iria perder seu filho recém nascido colocou-o num cesto de junco e ele foi encontrado justamente pela princesa irmã de Ramessés?
E foi criado como um príncipe para que pudesse escrever e hoje todos lermos o que ele deixou gravado em pedras, ou seja, os cinco "Pentateucos" ou primeiros livros da Bíblia Sagrada, Gêneses, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.
Então o Faraó e o Egito foram abençoados por um hebreu chamado José, não deram valor antes curvaram-se a seus deuses, e se rebelaram contra o povo hebreu castigando-os com mão forte a escravidão.
Existe uma passagem que diz: "Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa". Nm. 23.19.
Quem sempre voltava atrás com sua palavra era Faraó.
Ele quis medir forças com o "Deus Vivo" não levando em consideração o seu próprio povo e teve sua lição.
O orgulho foi o pecado gerado no coração de Lúcifer que provocou guerra nos céus, que arrematou a "terça parte dos anjos caídos" nesta esfera.
Sendo assim o orgulho de Faraó foi o causador das pragas no Egito.
“O Hebreu esta apto para abençoar sempre todos aqueles que se associarem a sua causa", não é diferente da salvação que veio através de "Jesus Cristo", somos salvos por "adoção" e não pelo ventre original. "Aba Pai".
Pode compreender estas coisas? Consegue se fazer humilde? Ou é tão difícil?


"Não existe um Deus carrasco o que existe são criaturas não dispostas a obedecer e seguir regras".
É justamente aí que entra "os 10 mandamentos" ordens no sentido "moral, cívica e espiritual", para viverem em conformidade com Deus sem agressão a seus semelhantes.
É imprescindível registrar que no antigo testamento "Deus Pai" se manifestava através dos profetas e até mesmo pessoalmente se quisesse.
Que Jesus Cristo o "Deus Filho" desceu do céu para trazer a luz do entendimento através de seus ensinamentos diários e que precisou ser sacrificado em favor de todos aqueles que o aceitam.
E quando Jesus ascendeu aos céus prometeu que não ficaríamos órfãos que nos mandaria o "Deus Espírito Santo" que nos confortaria até o final dos tempos.
Os 10 mandamentos foi apenas o princípio de colocar ordem a "Um Milhão e Meio"de pessoas com costumes egípcios, foi a descoberta de muitas coisas encobertas e que até hoje quando analisadas à luz das Escrituras, ficamos admirados pelas riquezas que ao nosso interior dizem respeito.

Maurício de Oliveira
http://www.verbalizar.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=5421387
Muito obrigada!!


O que explica a força de Eduardo Cunha para continuar na Presidência da Câmara?

(Reuters): Presidente da Câmara, Eduardo Cunha é suspeito de ter contas secretas milionárias na Suíça
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Presidente da Câmara, Eduardo Cunha é suspeito de ter 
contas secretas milionárias na Suíça

Há dez anos, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) renunciava ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados após denúncias de que havia recebido "mensalinho" para prorrogar a concessão de um restaurante da Casa.
Depois das revelações pela imprensa de que teria recebido pagamentos que somavam pouco mais de R$ 100 mil, Cavalcanti não durou três semanas na função.
Sua permanência no comando da Câmara se tornou insustentável devido a acusações bem menos ruidosas do que as que recaem agora sobre o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atual presidente da mesma instituição.
Desde o final de setembro, multiplicam-se evidências de que o peemedebista e sua família seriam donos de contas secretas milionárias na Suíça. O material repassado pelo Procuradoria daquele país às autoridades brasileiras inclui documentos com a assinatura de Cunha e cópias do seu passaporte, que teriam sido usados na abertura das contas.
De acordo com pessoas que fizeram acordos de delação premiada dentro da Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras, como o empresário Julio Camargo e o lobista Fernando Baiano, Cunha teria recebido US$ 5 milhões provenientes do esquema de corrupção na estatal. Nesses acordos de delação, o investigado aceita colaborar com a Justiça em troca de penas mais brandas.
As denúncias geraram uma representação contra Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Se for aberto um processo contra ele, pode resultar em sua cassação pelo plenário ─ mas isso tende a se arrastar para o próximo ano. Já a possibilidade de renúncia foi rechaçada diversas vezes pelo próprio Cunha.

'Estatura política'

Mas o que explica a resistência de Cunha?
Cientistas políticos e deputados ─ sejam aliados ou opositores de Cunha ─ são unânimes em dizer que o peemedebista tem uma "estatura política" muito maior que a de Severino.
O peemedebista foi eleito em fevereiro presidente da Casa em primeiro turno, com apoio da maioria absoluta dos parlamentares (267 votos do total de 513), o que na época representou uma clara derrota para o governo Dilma.
Sua eleição já era esperada, enquanto e escolha de Cavalcanti para presidir a Casa foi um surpresa, a vitória de um "azarão".
"Eu vejo a diferença da estatura política. O Eduardo foi eleito numa grande articulação, no primeiro turno de uma eleição. O Severino foi eleito ali como uma pirraça dos aliados que estavam insatisfeitos com o governo (Lula)", assinala o deputado Washington Reis (PMDB-RJ), aliado de Cunha.
"Severino não era um parlamentar com projetos, ideias, vivia do próprio corporativismo. Era o fisiologismo puro, simplório. Cunha é um político de negócios, operador de muitas articulações inclusive financeiras", observa o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos autores da representação contra Cunha no Conselho de Ética.
"Em fevereiro desse ano, há poucos meses atrás, ele obteve 267 votos em 513, ganhou no primeiro turno. Isso não se dissolve tão rápido assim", acrescenta.
Líder do PPS, Rubens Bueno (PR) vai na mesma linha.
"Eduardo Cunha tem uma bancada como o PMDB, que pouca coisa não é. Montou o maior bloco (aliança entre diversos partidos para atuarem juntos nas votações) da Casa e passou a ditar quando o governo ganha e quando perde, até agora. O Severino não tinha bloco, não tinha bancada, era muito mais fragilizado do ponto de vista de apoio".
Baixo clero
E como Cunha construiu esse apoio?
Cunha se candidatou à Presidência da Câmara com a promessa de fortalecer o Poder Legislativo e ampliar sua independência do Planalto. Após eleito, usou seu poder para concretizar isso, diz o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, diretor do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).
"O cargo (de presidente da Câmara) lhe dá muito poder. Ele pode pautar temas de interesse do governo, segurar, nomear relator de comissões, criar comissões. Presidentes anteriores faziam isso mais como uma correia de transmissão do Executivo. Ele passou a fazer uma negociação (em torno disso) com o baixo clero (parlamentares com menos expressão na Casa)", nota.
Outro fator importante que garante apoio a Cunha, observa Monteiro, é sua articulação com as bancadas mais conservadoras. Esses grupos apoiam Cunha em troca do andamento de temas de seu interesse dentro da Câmara, como a revisão do Estatuto do Desarmamento (para facilitar a venda de armas) e a criação do Estatuto da Família (para proibir a adoção de crianças por casais gays).
"Daí o poder dele. Apesar de todas as denúncias ele ainda tem muita influência na Câmara", acredita Monteiro.
"Ele se apoiou não só no baixo clero, mas em várias bancadas específicas, por exemplo, bancada ruralista, bancada da bala, bancada evangélica. Então, Cunha conseguiu amealhar um apoio que ultrapassa os partidos. Ele hoje controla 120 deputados fiéis a ele. Isso equivale praticamente às bancadas do PT e do PMDB juntas, que são as duas maiores".
Há ainda os rumores de que Cunha teria ajudado a levantar fundos para campanhas de cerca de 100 deputados, lembra Chico Alencar. O peemedebista foi um dos candidatos à Câmara que mais conseguiu arrecadar doações de empresas nas eleições de 2014 ─ gastou sozinho em sua campanha R$ 6,5 milhões.
"Supostamente ele ajudou a angariar fundos para vários deputados se elegerem ou se reelegerem. Então, claro, coloca muitas fichas na mesa de dívidas", afirma o cientista político David Fleischer, professor da UnB (Universidade de Brasília).
Cunha foi procurado para responder às afirmações, mas não quis falar para esta reportagem.
Segundo Monteiro, outro ponto que dá força a Cunha para articular sua continuidade no cargo é a crise política, o que lhe abre espaço para negociar sua permanência em troca de aceitar ou não os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rouseff.

O (longo) caminho para a cassação

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), já deu diversas declarações afirmando que as denúncias contra Cunha são questões internas da Casa e não dizem respeito ao Executivo.
Já o PT está dividido. Cerca de metade da bancada petista, 32 deputados, assinou a representação contra o peemedebista no Conselho de Ética. Ou seja, foram a grande maioria dos 48 parlamentares que apoiaram a denúncia capitaneada por PSOL e Rede.
No entanto, o partido não apoiou oficialmente a representação. "Ele (Cunha) diz que está seguro e cabe a nós, neste momento, aguardar o prosseguimento do processo (na Comissão de Ética) para nos pronunciar. Não há omissão", disse na semana passada Sibá Machado (PT-AC), líder do partido na Câmara.
Nenhum parlamentar dos principais partidos que defendem o impeachment da presidente (PSDB, PPS, DEM e Solidariedade) assinaram a representação. Há cerca de três semanas, os líderes dessas legendas assinaram uma nota defendendo que Cunha se afastasse da presidência da Câmara "até mesmo para que ele possa exercer, de forma adequada, o seu direito constitucional à ampla defesa".
Dessa forma, parece improvável no momento que Cunha deixe o cargo antes de uma eventual decisão do Conselho de Ética no sentido de recomendar sua cassação.
Isso pode ocorrer caso os deputados entendam que Cunha mentiu ao dizer em março, durante depoimento na CPI da Petrobras, que não possuía contas bancárias no exterior. O Código de Ética da Câmara prevê que mentir em depoimento é quebra de decoro e justifica uma cassação.
Cunha conta com o tempo para tentar salvar seu mandato. A expectativa é que o processo no Conselho de Ética seja interrompido pelo recesso parlamentar da virada do ano e só seja retomado após o Carnaval.
Antes disso há o risco de que ele decida dar início a um processo de impeachment contra a presidente. Até agora, ele tem seguido a orientação da área técnica da Câmara e mandado arquivar pedidos que não foram considerados procedentes.
Na próxima semana, Cunha prometeu que decidirá sobre o pedido apresentado pelo jurista Hélio Bicudo (um dos fundadores do PT). Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a área técnica da Câmara estaria finalizando parecer em que recomenda ao presidente da Casa que dê seguimento ao pedido.
Cunha tem dito a jornalistas que vai analisar os pedidos de impeachment do ponto de vista técnico e jurídico. Ele também nega as acusações sobre as contas na Suíça.
Severino Cavalcanti também foi procurado, mas estava viajando e não pode atender a reportagem.
msn

Crise faz aumentar rejeição a políticos

Um ano após o segundo turno da eleição presidencial mais disputada desde a redemocratização, uma pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira (26) revela que a crise política e econômica derrubou a popularidade dos nomes mais cotados, na situação e na oposição, para disputar o Palácio do Planalto em 2018.
Os números, que foram antecipados no blog do jornalista José Roberto de Toledo, doEstado, mostram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem o maior índice de rejeição, mas nenhum de seus adversários conseguiu capitalizar o sentimento antipetista: 55% dos entrevistados afirmam que não votariam nele "de jeito nenhum".
Logo em seguida, e em situação de empate de técnico neste quesito, estão o senador José Serra (PSDB), 54%, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), 52%, e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), também com 52%.A ex-ministra Marina Silva (Rede), que chegou a liderar a disputa de 2014 no primeiro turno, aparece com 50%.
Não votariam no senador Aécio Neves (PSDB-MG) em nenhuma hipótese 47% dos entrevistados.Se comparados com levantamentos anteriores do Ibope, Lula, Serra, Marina e Aécio perderam popularidade. Os que dizem que não votariam no ex-presidente Lula, que já teve seu nome lançado pelo presidente do PT, Rui Falcão, para disputar as eleições de 2018, saltaram de 33% em maio de 2014 para 55%.Marina, que conseguiu fundar seu próprio partido, mas submergiu no debate nacional, foi de 31% para 50% de rejeição em um ano, Aécio de 42% para 47% e Serra de 53% para 54%. Não há comparativo para Alckmin e Ciro.
Voto certo. Apesar de rejeição de Lula ser a maior entre os virtuais presidenciáveis, o porcentual de eleitores que votariam com certeza nele é maior do que o de todos os seus potenciais adversários: 23% (10% a menos do que em maio de 2014). Em segundo lugar aparece Aécio ( 15%), seguido por Marina( 11%), Serra (8%), Alckmin ( 7%) e Ciro (4%).
O ex-presidente Lula conseguiu preservar sua força em redutos que historicamente votaram no PT. Ele tem seu melhor desempenho no Nordeste, onde o partido venceu todas as eleições presidenciais desde 2002.
Na região, que concentra o maior número de beneficiados de programas sociais como o Bolsa Família, 38% dos entrevistados dizem que votariam nele "com certeza".
O petista também lidera entre os que ganham até um salário mínimo, com 36% das intenções de voto "certo".A maior de rejeição a Lula está no Sul, onde 68% não votariam nele de "jeito nenhum".
Entre os mais ricos, que ganham acima de 5 salários mínimos, 66% não voto no ex-presidente em hipótese alguma.
Aécio Neves, por sua vez, vai bem no Norte e no Centro Oeste, onde o PSDB comanda três Estados - Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.O tucano conta com 18% dos entrevistados somados das duas regiões. Sua maior rejeição, porém, é no Nordeste, onde 51% dos entrevistados não votariam nele.
Ciro Gomes é o menos conhecido entre os postulantes ao Palácio do Planalto: 24% dos eleitores não conhecem o seu nome. Alckmin também tem taxa alta de desconhecimento: 19%. Aécio (9%), Marina (10%) e Serra (11%) se equivalem. Só 2% não conhecem Lula. Na pesquisa, um mesmo entrevistado pode escolher mais de um candidato ou dizer que não votaria em nenhum deles. 
msn

'Lá' e 'Cá'

FEITO PRAGA QUE SE ALASTRA

O 'Foco' maior é Brasília, lá onde está instalado o Centro do Poder. No entanto..., as maracutaias, as manobras, jogos de interesses, o Tráfico de Influência, a CORRUPÇÃO..., Vergonhosamente, desgraçadamente, infelizmente ocorre todos os dias, também nas células menores: os Municípios brasileiros... Não sou, não seria, nem jamais serei a favor de 'Criminosos', apenas lembrando para não esquecermos o empobrecimento, o atraso, a falta de desenvolvimento visível nos Municípios. Esses... que, salvo raríssimas exceções, se espelham em seus representantes maiores e 'se' acham no (indevido) direito de 'fazer o mesmo'!
Bom dia, Caríssimos/as!!!

domingo, 25 de outubro de 2015

Um dia a gente aprende... por Shakespeare


FASCINANTE..., embora trágica para muitos (reeditado)

É assim que eu vejo... A trajetória, os fatos que marcaram a vida, a trajetória daquelas pessoas jovens e adultos que no período da ditadura militar, possuíam ideais de luta por liberdade, por justiça, por democracia...
Não sei..., mas se tivesse idade e consciência política naquela época, talvez não estivesse aqui. rs Melhor assim, caso contrário, talvez eu não tivesse sobrevivido, e não seria mãe e avó de filhos e netos tão lindos!
Boa noite, amados e amadas!!
Que Deus abençoe nossa vida!

Dados Biográficos de Vladimir Herzog




               Biografia de um jornalista

A infância e a juventude de Vlado
Vlado Herzog era seu nome verdadeiro. Vladimir foi o modo que escolheu assinar porque lhe parecia na juventude menos exótico aos ouvidos brasileiros, numa decisão que, ao longo dos anos, os que conquistavam sua intimidade revertiam, adotando o nome oficial como um apelido carinhoso. Nasceu em 27 de junho de 1937, na Iugoslávia, em Osijek, hoje a quarta maior cidade da Croácia, cortada pelo Rio Drava pouco antes de sua confluência com o Danúbio e próxima da fronteira com a Hungria. Zora, sua mãe, fora para a casa de seus pais, Ziga Wollner e Sirena Wolf, para dar à luz. Ela e Zigmund, pai de Vlado, viviam na verdade em Banja Luka, hoje uma grande cidade da Bósnia e Herzegovina.
A Segunda Guerra eclodiria dois anos depois, o país seria ocupado pelo Reich em 1941 e a perseguição aos judeus levaria Zigmund e Zora a buscar refúgio por algum tempo na Itália, primeiro em Fonzaso, nas montanhas Dolomitas, depois em Fermo, na costa do Adriático. Em Banja Luka, os Herzog tiveram a casa confiscada por oficiais nazistas e dela nem os brinquedos do menino puderam tirar. Durante a permanência na Itália, o garoto rapidamente aprendeu o idioma do país e falava com os soldados fascistas em lugar do pai, que se fingia de mudo porque não conseguira aprender o italiano.
Tinha nove anos quando, depois da ocupação da Itália pelas tropas aliadas, a família foi enviada para Santa Maria al Bagno, onde os refugiados de guerra, apátridas, deviam escolher um país para se fixar. Os Herzog escolheram o Brasil, onde Vlado se naturalizaria. Os avós maternos, Ziga e Sirena, foram executados em Auschwitz. Os paternos, Moritz Herzog e Gisela, morreram no campo de extermínio de Jasenovac, na Iugoslávia.
Zigmund e a família desembarcaram no Rio de Janeiro do navio Philippa e seguiram para São Paulo, onde ele viria a trabalhar na área de contabilidade em negócios de Leon Feffer, fundador da Suzano Papel e Celulose. Zora contribuía para o orçamento doméstico servindo refeições para quatro rapazes que sublocavam um quarto em sua primeira casa. Cozinhava numa espiriteira. Depois se tornou sócia de uma confecção.
Franzino e um tanto tímido, com orelhas de abano que só adulto viria a corrigir numa cirurgia plástica, o filho encaminhou-se desde cedo mais para o mundo dos livros do que para as atividades esportivas. A mãe se preocupava com o garoto, que se alimentava pouco e abastecia sua lancheira escolar de frutas, pedindo aos colegas que o incentivassem a comer.  “Ele tinha a saúde um pouco frágil e não gostava mesmo de comer”, recordou, para um documentário gravado pelo cineasta João Batista de Andrade, o arquiteto Ruy Ohtake, que por sete anos frequentou com Vlado as aulas no Colégio Estadual de São Paulo. “Era um rapaz muito sério, sempre com um livro debaixo do braço. Foi por causa dele que fui ler Dostoievsky.”
Vladimir Herzog foi um jornalista, desejava ser um cineasta, mas, vitimado pela ditadura, tornou-se uma personagem icônica da História do Brasil e da construção da nossa democracia. Sua vida e sua trajetória profissional, fundamentos da existência e da ação do Instituto Vladimir Herzog, foram marcadas por permanente preocupação humanística, que se refletiu em suas realizações jornalísticas e cinematográficas e está para sempre simbolizada em sua frase: “Quando perdemos a capacidade de nos indignar com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerar seres humanos civilizados”
Início da vida profissional


Num caminho natural para jovens intelectuais da década de 1950, Vlado foi cursar Filosofia na Universidade de São Paulo. Apaixonado por cinema, viajou com o amigo Maurice Capovilla para a Argentina, onde bateram à porta do Instituto de Cinematografia de Santa Fé, criado em 1956 por Fernando Birri , na Universidade Nacional do Litoral. Birri viria a tornar-se um grande amigo e chegou a se abrigar na casa de Vlado, em São Paulo, quando se exilou da Argentina, por problemas políticos.
Do envolvimento de Herzog com o cinema resultariam diversos trabalhos, entre eles o filme “Marimbás” (1963 ) –

primeira fita brasileira a utilizar som direto – que realizou no Rio de Janeiro; a gerência de produção do curta-metragem “Subterrâneos do Futebol” (1965), de Capovilla; e o início do roteiro do filme “Doramundo”, que só viria a ser filmado depois de sua morte, pelo mesmo João Batista de Andrade, que o homenageou com um documentário. “Vladimir acreditava no cinema como ferramenta de investigação e denúncia da realidade brasileira”, recorda João Batista, que realizou também diversas reportagens para o telejornal da Cultura no período em que Vlado dirigiu o jornalismo da emissora.


Sua carreira no jornalismo começou praticamente em paralelo ao trabalho com cinema, conforme recorda o jornalista Luiz Weis num longo e preciso depoimento escrito para o livro Vlado, retrato da morte de um homem e de uma época, organizado por Paulo Markun. Herzog e Weis, também colegas de colégio, estagiaram juntos no jornal O Estado de S. Paulo, em 1958 e foram admitidos na redação no ano seguinte, quando Vlado iniciou, simultaneamente, o curso universitário. Até então, ajudava a custear as próprias despesas trabalhando num banco em meio período.
O amigo, lembra Weis em seu texto, indignava-se com a realidade social e a corrupção brasileiras, mas não era um iniciado no mundo da política. O acontecimento que “faria estalar definitivamente o ceticismo com o qual Vlado se punha perante o mundo” seria, confome a narrativa, a vinda ao Brasil do pensador francês Jean-Paul Sartre, cuja visita o jovem repórter e estudante acompanhou detalhadamente. “Via Sartre, ele descobria o engajamento”, anotou Weis.




Vlado e a política
A prisão de Vlado foi uma entre dezenas de detenções determinadas pela Operação Jacarta, conduzida pelo DOI-CODI com a intenção de destruir bases do Partido Comunista em órgãos de imprensa, sindicatos e outras entidades. Vários jornalistas foram pegos bem antes que ele e pelo menos um, Paulo Markun, conseguiu fazer chegar a Herzog e a outros o aviso de que também estavam na mira dos sabujos do regime. O plano de Vlado para aquele fim de semana era viajar com Clarice e os filhos para um sítio da família, em Bragança Paulista. Os agentes o alcançaram horas antes da partida.
Um ponto sempre tratado com muita delicadeza por todos os amigos de Vlado diz respeito a seu nível de envolvimento com o Partido Comunista. Pode-se entender que, logo depois de seu assassinato, seria controverso expor sua militância ou não nas fileiras do PC porque isso turvaria a questão principal: a morte de um cidadão sob custódia policial em sessões de tortura conduzidas por agentes do Estado. Ninguém pode ser submetido a tratamento cruel, reza a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Mas, para o correto registro na História, é sempre positivo deixar clara a realidade. Vlado era, sim, integrante do que se chama uma base do PC, no caso a base formada por jornalistas e à qual se ligou formalmente quando trabalhava na revista Visão.
“Fiquei espantada quando ele me contou sobre essa decisão, meses antes de morrer”, diz Clarice, recordando que estavam no carro da família, na Avenida Sumaré, em São Paulo, no momento em que Vlado contou-lhe sobre a filiação. “Mas você sempre foi crítico de regimes que não praticam a democracia”, ela ponderou. Ao que o marido respondeu: “É uma questão de momento. A situação política no Brasil é grave. Só há dois movimentos organizados que podem se articular para combater a ditadura – a Igreja e o Partido Comunista. Eu sou judeu. Só tenho uma opção”.
Até onde Vlado concordava ou não com a ideologia comunista em todos os seus aspectos é uma condição sobre a qual não cabe fazer afirmações categóricas, já que não se conhecem documentos em que ele tenha deixado registrada sua opinião. Mas é certo que Vladimir Herzog concordava com a linha de atuação do partido específica para aquele momento da História brasileira. Enquanto outras correntes de esquerda, algumas derivadas do próprio Partidão, ainda pregavam a luta armada ou tinham de fato entrado nessa prática, o PCB havia optado por confrontar o regime atuando nas frentes possíveis, como organização capaz de expor as mazelas sociais que o governo militar pretendia ocultar e de denunciar a violação dos direitos humanos nos porões da repressão. Vlado era, portanto, um adversário ideológico, avesso à violência, militante de uma sigla clandestina que buscava o fim do regime ditatorial. Um homem cuja vida e cuja morte, como vítima, ele mesmo, da insana ferocidade da ditadura, constituem o perfil de um heró
A morte de Vlado e a História do Brasil
O assassinato de Vladimir Herzog se tornaria um desses raros episódios que marcam a História por muitos aspectos. Foi, naturalmente, uma tragédia para Clarice e para os filhos Ivo e André, bem como para centenas de amigos, milhares de jornalistas e milhões de brasileiros, violentamente privados da convivência, da camaradagem, da inteligência e do talento de um pai, amigo, companheiro, colega, profissional e cidadão que, aos 38 anos, teria ainda muito a contribuir para a história de cada um.
Mas foi também um momento que viria a impulsionar a luta pela redemocratização do país, a começar pelo ato ecumênico realizado na Catedral de São Paulo seis dias depois de sua morte, conduzido pelo cardeal D. Paulo Evaristo Arns, pelo rabino Henry Sobel e pelo pastor James Wright, no qual oito mil pessoas enfrentaram o medo e os cercos militares para dizer “basta” de viva voz. “Aquele foi um momento de união de forças a partir do qual ficou claro para o regime que a sociedade civil caminharia determinadamente para a reconstrução da democracia”, diz Audálio Dantas, então presidente do Sindicato dos Jornalistas e um dos articuladores daquela manifestação.
Entre as muitas teorias construídas para explicar por que os algozes do regime mataram Vlado, há duas que se destacam. Uma delas o empresário José Mindlin, na época secretário da Cultura do Estado de São Paulo e responsável pela contratação de Vlado pela TV Cultura, ouviu do então governador Paulo Egídio quando apresentou sua demissão do cargo, em razão do assassinato: “Você está liberado”, disse-lhe o governador, conforme Mindlin narraria anos depois. “Mas sua saída enfraquece a corrente de resistência contra a ala radical do Exército que comanda a repressão. Eles pegaram o Vlado para pegar você. Pegariam você para me pegar. E me pegariam para derrubar o presidente.”
Segundo essa tese, o general Ernesto Geisel, presidente que então imprimia a chamada “política de abertura lenta e gradual”, enfrentava uma rebelião promovida pelos militares da “linha dura”, que tentavam demonstrar a existência de infiltração comunista nos aparelhos do Estado para justificar a continuidade e a intensificação da violência  do regime de exceção. “Nós, que fomos presos naquele momento, éramos como o marisco, entre a dureza das pedras e a violência da maré”, comparou uma vez o jornalista Paulo Markun, um dos 12 profissionais de imprensa que estavam na carceragem do DOI-CODI naquele dia fatídico do assassinato de Vlado.
A outra teoria supõe que era Geisel, orientado por um ideólogo do regime, o general Golbery do Couto e Silva, quem deixava a direita à vontade para a prática clandestina da violência contra militantes da esquerda organizada, com o objetivo de tirá-los do cenário da futura redemocratização, via “abertura”. Ninguém sustenta, no entanto, que a morte de Herzog tenha sido premeditada. Ocorreu pela desmedida violência na atuação dos torturadores. E gerou consequências que alteraram o rumo da História do país.
i.
 A farsa do suicídio
Mas o assassinato brutal, por espancamento, não era o limite a que podiam chegar os feitores do regime ditatorial. Esquivar-se da responsabilidade pelo crime forjando uma inverossímil cena de suicídio seria o próximo passo dos torturadores. Com uma tira de pano, amarraram o corpo pelo pescoço à grade de uma janela e convocaram um perito do Instituto Médico Legal para fotografar a “prova” de que o preso dera fim à própria vida, em um surto de enlouquecido arrependimento por ter escrito uma confissão que aparecia rasgada, no chão, na imagem divulgada pelos órgãos de repressão. A cena da morte de Vlado, fotografada pelo perito do IML, foi representada pelo artista Elifas Andreato no quadro “25 de Outubro”.
Na pressa para montar esse circo macabro, ignoraram detalhes como o fato de Vlado ser mais alto do que a janela com grade onde supostamente enforcou-se e a rotina de encarceramento que tira dos presos qualquer instrumento com o qual se possam  enforcar, cintos e cadarços entre eles. Criaram, assim, uma mentira tão flagrante que a Sociedade Cemitério Israelita nem considerou a hipótese de enterrar o corpo na área reservada aos suicidas, como determina a prática religiosa. Mas, no Inquérito Policial Militar que viria a ser instaurado em razão da morte ocorrida em instalação oficial, o promotor Durval de Araújo – um defensor e protegido do regime – ainda sustentaria que o sepultamento aconteceu no setor de suicidas, recorrendo a depoimentos contraditórios e, mais que isso, se esforçaria para distorcer o que diziam vários depoentes. Por exemplo, a mãe de Vlado disse que sentiu que também queria morrer ao receber a notícia da perda do filho. E o promotor tentou registrar nos autos que ela “sentiu vontade de suicidar-se também”.
O promotor queria encerrar o assunto, mas a luta de sua esposa Clarice Herzog para esclarecer totalmente aqueles episódios viria a destruir, no futuro, seus argumentos, as distorções que enredava e a parcialidade de sua atuação.
Em busca da verdade
Clarice Herzog seria reconhecida, nos anos posteriores, como uma heroína, por sua determinação em buscar a responsabilização do Estado pela morte do marido, desde o primeiro momento após o assassinato. Em 1979, por corajosa decisão do juiz Márcio José de Morais em processo movido pela família Herzog, a Justiça brasileira condenou a União pelo assassinato de Vlado. Apenas em 2013, a família teve nas mãos uma nova certidão de óbito, na qual a morte foi registrada como resultado de “lesões e maus tratos” infligidos no “II Exército (DOI-CODI)” –  um eufemismo ainda para abuso, tortura, homicídio, mas mesmo assim significativo de uma enorme transformação política ocorrida no Brasil com o impulso das forças democráticas que não esmoreceram diante do poder fardado e da violência.
Os depoimentos de Sérgio, Markun e outros jornalistas presos no DOI-CODI naquela data – entre os quais Anthony de Christo, Rodolfo Konder, George Duque Estrada, Diléa Frate e Luiz Weis – seriam fundamentais no esclarecimento da farsa. Tecnicamente, a descrição registrada no novo atestado pode estar certa. Mas, política e socialmente, as razões da morte de Herzog, além da tortura, foram o ódio, a intolerância, o preconceito, a discriminação e todas as outras formas de violência que levam à existência de mártires. Na verdade, sua trajetória demonstrava a determinação, isso sim, de superar o risco de se tornar um mártir e vencer a tragédia de perseguição racista que vivera ainda na infância.
Instituto Vladimir Herzog
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