Tecendo Versos - Prosa poética

Tecendo Versos


Mal o dia amanhece e eu desperto para meu ofício
Recepcionada, em grande estilo pelos passarinhos,
Já não sinto o chamado do sono
Para me manter na cama mais alguns minutos.
Sou do tipo que acorda junto com o canto
Dessas avezinhas matinais.

Tenho várias entregas nesse dia,
Amanhã haverá festa na cidade
E eu tenho a difícil missão de costurar
E fazer os ajustes necessários a cada corpo,
A cada gosto, a cada ocasião...
Vai virar obra de arte (desse ofício)
O tecido que ora escorrega em minhas mãos.

É herança, bem de família, não se dá a alguém
Só por querer, não pode ser opção para presente.
Veio comigo embalado desde a infância
Minha avó, minha mãe, outras tias (dos dois lados)
Tiveram... e ainda tem mãos de fadas,
Perfeição que brota fecunda a partir dos desenhos, do olhar
Da mente, da alma  e dedos de suas mãos.

O meu dia parece encolher junto ao tecido
Cortado, diminuído, resumido, consumido,
Pudesse eu atrasaria os segundos, os minutos
E as horas esticadas feito roupas penduradas
Nos varais desse tempo em poesia.
Enquanto costuro, minha alma vai junto
Tecendo na junção das palavras recortadas.

Os versos que fluem e modelam
A cintura, os contornos desse meu amontoado
De palavras, que assim como as roupas, são parte de mim...
Em detalhes esboçados junto aos moldes
Requintados para ser também como a roupa
Apreciados, julgados, talvez degustados
Por clientes/leitores de olhares e gostos variados, refinados.



Quisera eu costurar também em versos
A beleza que repasso quando teço...
Por entre as tramas do tecido
Que modelo, faço ajustes e agrado
Às clientes que famintas, cada uma em seu estilo
Fazem a prova, rodopiam e elogiam em frente ao espelho!



Isis Dumont
07/01/2012, 08:06h 
(Publiquei ontem à noite no Recanto das Letras)

Muito grata por sua visita e simpatia.
Deus abençoe sua vida!
Abraços e beijos poéticos!

Aparecida Ramos


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