sexta-feira, 28 de maio de 2021

Ouça áudio de mulher que ligou para a PM e fingiu pedir pizza para denunciar violência doméstica

Caso foi registrado em Andradina (SP). Segundo a PM, mulher alegou que companheiro a ameaçou de morte; homem fugiu ao ver a viatura e não foi encontrado.

A Polícia Militar divulgou para a TV TEM a gravação do telefonema de uma moradora de Andradina (SP) que ligou para o 190 e fingiu pedir uma uma pizza para denunciar um caso de violência doméstica. A mulher estava sendo ameaçada pelo companheiro, que fugiu assim que a viatura chegou ao local (ouça o áudio acima).

De acordo com a PM, o caso foi registrado na noite de terça-feira (25). Durante a ligação à central da Polícia Militar (Copom), o atendente percebeu pela insistência da mulher que não se tratava de um trote, mas sim de um pedido de socorro e encaminhou uma equipe (veja, abaixo, a transcrição da ligação).

Os policiais foram ao local e encontraram o suspeito na frente da casa. Ao ver a viatura, ele conseguiu fugir. Buscas foram feitas pelo bairro, mas o homem não foi localizado.

Ainda de acordo com a PM, a vítima foi até a equipe e contou que o homem fez ameaças de morte dirigidas a ela e aos filhos.

A mulher ainda solicitou que verificassem a motocicleta que o companheiro havia deixado na casa – os policiais constataram que era produto de furto.

A ocorrência foi registrada como ameaça, violência doméstica, localização e apreensão do veículo.

Veja a transcrição da ligação:Atendente: “Polícia Militar, emergência.”
  • Vítima: “Boa noite, tem como vocês entregarem uma pizza, fazendo o favor?”
  • Atendente: “A senhora está ligando para a Polícia Militar.”
  • Vítima: “Eu sei. Andradina.”
  • Atendente: “Qual o seu nome?”
  • Vítima: "Não."
  • Atendente: “Tem alguém armado aí? Faca?”
  • Vítima: “Mais ou menos. Traz uma pizza de pepperoni."
  • Atendente: “Você precisa de socorro médico ou não?”
  • Vítima: “Não.”
  • Atendente: “Ok, foi cadastrada a ocorrência.”
  • Vítima: “Obrigada.”
  • Atendente: “Disponha.”
  •  
  • Suspeito de violência doméstica foi preso em Andradina (SP) — Foto: Divulgação

Suspeito de violência doméstica foi preso em Andradina (SP) — Foto: Divulgação 

G1.com

Golpes pela internet têm penas ampliadas para até 8 anos de prisão; entenda a nova lei

Estelionato por redes sociais e furto praticado com uso de servidor estrangeiro passam a ter redação própria no Código Penal.

Crimes cibernéticos ganharam penas maiores. — Foto: Simon Stratford/Freeimages Crimes cibernéticos ganharam penas maiores. — Foto: Simon Stratford/Freeimages

Uma lei publicada nesta sexta-feira (28) no Diário Oficial endurece as penas para crimes cometidos por meio eletrônico. Agora, existem agravantes específicos para ações cibernéticas: estelionato que envolve o roubo de contas de WhatsApp, por exemplo, pode gerar penas de até oito anos de prisão – três anos a mais do que a pena base desse tipo de delito.
Com a nova redação, o crime de invasão, como a instalação de aplicativos espiões e malwares, passou a ser mais abrangente. Antes, certas condutas criminosas, incluindo a cópia de dados abertos, não poderiam ser enquadradas nesse artigo.

Com o aumento da pena nesse crime, também vai ficar mais difícil obter penas alternativas, que são empregadas para sentenças de até quatro anos. Agora, o crime de invasão pode ser punido com até cinco anos de reclusão.

Criadores de programas de invasão também podem ser enquadrados nesse crime – o que torna o aumento da pena especialmente relevante para punir quem atua como fornecedor e evita atuar diretamente.

Houve ainda adição de um agravante para quem utiliza computadores fora do território nacional – uma tática muito usada por criminosos para dificultar o trabalho da polícia.

Como parte da redação é nova, a aplicação da lei na prática dependerá das decisões da Justiça e das interpretações baseadas nos casos concretos que chegarem aos tribunais.

Mesmo assim, o blog arriscou uma análise do texto para apontar como as mudanças deixam a lei pelo menos mais próxima das práticas diárias do crime cibernético.

Fraude eletrônica prevê golpes por redes sociais

O crime de estelionato, o "171", ganhou uma redação exclusiva para fraudes em que foi empregado algum meio eletrônico de contato. A pena pode chegar a oito anos.

O texto prevê o enquadramento de fraude "cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo".

Na prática, o roubo de contas de WhatsApp, por exemplo, em que a vítima é induzida a fornecer seu código de autorização, poderia ser enquadrado neste artigo.

O "correio eletrônico fraudulento", por sua vez, é o "golpe de phishing". Essa fraude é muito utilizada no Brasil: criminosos enviam mensagens falsas em nome de bancos e outras instituições (inclusive a própria polícia) para convencer a vítima a ceder informações ou baixar um ladrão de senhas para o computador.

SAIBA MAIS:

Invasão não exige mais 'violação de segurança'

O crime de "invasão de dispositivo informático" foi criado em 2012. A lei previa uma pena de até um ano, podendo chegar a dois anos caso o invasor roubasse o conteúdo de comunicações, informações sigilosas ou instalasse um software de controle remoto.

Porém, a lei só podia ser aplicada "mediante violação indevida de mecanismo de segurança". Esse trecho foi removido da nova redação. Agora, basta que o invasor não tenha "autorização tácita" do usuário do dispositivo ao obter, alterar ou destruir dados.

Em tese, isso significa que "invasores de ocasião" – pessoas que se aproveitam de algum descuido e pegam o celular sem o bloqueio de tela ativo, por exemplo – poderiam ser enquadrados nesse crime.

Outra conduta que criminosa que não envolve a violação de mecanismo de segurança é a extração de dados abertos. Quando empresas ou organizações esquecem de configurar uma senha em um banco de dados ou serviço de armazenamento, não há mecanismo de segurança em funcionamento.

Hackers utilizam programas de varredura para encontrar esses sistemas abertos e simplesmente copiar a informação – mesmo sem ter qualquer autorização para isso.

Com a nova redação, essa prática não parece mais estar fora do alcance da lei.

5 dicas de segurança para sua vida digital

5 dicas de segurança para sua vida digital

A pena básica para esse crime foi quadruplicada: a menor, de três meses, passa a ser de um ano, e a maior, que era de um ano, agora é de quatro anos. A pena exclusiva para casos de roubo de comunicações e software de controle remoto, por sua vez, é de até cinco anos (era de dois anos).

Como a maioria das invasões criminosas utiliza um software de controle remoto, invasores agora podem ser punidos em até cinco anos mesmo que a polícia não consiga denunciá-los por outras atividades criminosas realizadas com a invasão.

A lei de invasão também se aplica aos criadores de pragas digitais. Como eles podem faturar vendendo ou alugando códigos maliciosos, evitando praticar outros crimes, o endurecimento das penas no crime de invasão afeta diretamente essa atividade.

Furto eletrônico e uso de servidor estrangeiro

A lei também ampliou o crime de furto qualificado com um trecho específico para ações praticadas com o uso de dispositivos eletrônicos ou de informática.

Para a lei, não importa se foi utilizado um programa malicioso ou mesmo se o computador está conectado à rede – o agravante de dispositivo eletrônico ainda pode ser aplicado.

O uso de um servidor estrangeiro – uma prática comum para diminuir vestígios e dificultar a investigação – pode aumentar a pena em até dois terços. Como a pena regular é de até oito anos, a pena máxima passa dos dez anos.

Essa redação mostra que as condutas foram tipificadas em alinhamento com os métodos empregados pelos criminosos para despistar as autoridades.

O texto ainda especifica que o agravante para dispositivo informático pode ser aplicado mesmo não havendo violação de mecanismo de segurança – em alusão ao trecho removido do crime de invasão.

Com essa redação, é possível que o crime de furto eletrônico possa enquadrar transferências bancárias não autorizadas.

Dúvidas sobre segurança, hackers e vírus? Envie para g1seguranca@globomail.com

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sábado, 22 de maio de 2021

"Tudo Vira Crônicas" (Canal/Comentando a Poesia)

Padre Hachid é sepultado. Dom Dulcênio: “Reze por toda a nossa Diocese”

Paraíba Online • Padre Hachid é sepultado. Dom Dulcênio: “Reze por toda a nossa Diocese”Foto: Joaquim Urtiga e Rafael Augusto/Pascom-CG

O padre Hachid Ilo Beserra, que faleceu na madrugada deste sábado, foi sepultado no final da tarde.

O cortejo de despedida saiu do Hospital Pedro I e passou na Catedral Diocesana Nossa Senhora da Conceição. O segundo ponto de passagem foi a Igreja de Santo Antônio, que foi sua paróquia de origem.

Em seguida, passou pelo Instituto São Vicente de Paula, onde sob forte comoção foi recebido, reunindo muitas pessoas que rezavam e agradeciam pela vida do sacerdote. Padre Hachid, quando vigário da Paróquia do Sagrado Coração, prestou assistência àquela casa de caridade.

Por fim, o cortejo passou na rotatória do INSS, local em que ele conseguiu colocar uma imagem de Nossa Senhora do Imaculado Coração e seguiu para o cemitério Campo Santo Parque da Paz, onde o bispo diocesano, Dom Dulcênio Fontes de Matos, esteve presente e fez as últimas encomendações.

Paraíba Online • Padre Hachid é sepultado. Dom Dulcênio: “Reze por toda a nossa Diocese”Foto: Joaquim Urtiga e Rafael Augusto/Pascom-CG

Padres e diáconos se reuniram em torno do bispo, na Catedral Diocesana de Campina Grande, onde rezaram a Santa Missa em sufrágio da alma do padre Hachid

No Presbitério, concelebrando com o bispo, estava o monsenhor Lourildo Soares, que teve forte ligação com o padre Hachid, considerado pelo monsenhor como um filho.

“Este é um dia de luto para a Igreja de Campina Grande, mas é também um dia de agradecer a Deus pela vida e significado do padre Hachid”, disse o vigário-geral.

Ao padre Fabiano Melo, Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Lagoa Seca-PB, coube a reflexão do Evangelho. 

Ele lembrou da primeira missa do padre Hachid, que disse que cuidaria do monsenhor Lourildo como um filho.

“Padre Hachid disse ao Monsenhor Lourildo que poderia contar com ele até o fim da vida. As ordens se inverteram, ele foi antes, o monsenhor fica! Mas Deus sabe de tudo. Ele tomará conta do senhor lá da eternidade”, disse o padre Fabiano.

Paraíba Online • Padre Hachid é sepultado. Dom Dulcênio: “Reze por toda a nossa Diocese” 
Foto: Joaquim Urtiga e Rafael Augusto/Pascom-CG

O padre Fabiano, na homilia, seguiu fazendo memória ao padre Hachid e agradecendo a Deus por tudo: “Nós celebramos a felicidade do padre Hachid, a vida beata”.

Ao final da Celebração Eucarística, o bispo de Campina Grande pronunciou suas palavras de pesar e gratidão por tudo o que o padre Hachid fez. 

Ele lembrou com entusiasmo que o padre, enquanto esteve à frente da Pastoral Carcerária, se preocupou bastante com a causa, e ainda falou do seu carisma cativante e da sua fé:

“Nós, cheios de tristeza, hoje respondemos ao Senhor: sim Senhor, nós cremos na vida eterna. Padre Hachid foi muito jovem, viveu a idade de Cristo na terra, 33 anos. Como Jesus ele passou pelo mundo fazendo o bem. Como pai e pastor desta Igreja Particular, sou muito grato a Deus pela vida do Padre Hachid, por seu ministério fecundo, pelos frutos que gerou na vida espiritual das pessoas, pelas amizades que cativou, pelo anúncio da palavra de uma maneira que lhe era tão própria; pelo respeito e obediência ao seu bispo, por sua fé devota e amor à Igreja, por sua generosidade em oferta de si, por sua alegria, seu amor”.

Emocionado, o bispo chorou e agradeceu: “Padre Hachid, meu filho, receba meu abraço de agradecimento por tudo. Reze por mim e por toda a nossa Diocese, especialmente pelos seus colegas padres, que continuarão a missão. Agradeço de maneira muito especial àquele que acolheu e que foi como um pai, o monsenhor Lourildo; depois os cuidados do padre Assis Pereira. E, por fim, o padre Lúcio Flávio, que o acolheu tão bem lá em Picuí.  Nesse momento de pesar, agradeço de coração as inúmeras manifestações de afeto e orações que eu, os padres, a família do padre Hachid e todos os que o amam, temos recebido”.

Finalmente, ele agradeceu as Irmãs Vicentinas, aos profissionais de saúde e todas equipes envolvidas no cuidado do Padre Hachid. 

Se dispôs aos familiares do padre, dizendo poder contar com a Igreja e com o bispo, e terminou pedindo ao povo que siga firme e forte rumo à Pátria eterna.

“Continuemos perseverantes no caminho de Deus, somos do céu! É para lá que queremos ir, para vivermos com Deus por toda a eternidade. Padre Hachid me disse que gostava muito das orações Eucarísticas X e XI, e é com um trecho delas que eu encerro: “No Reino de Jesus, ninguém mais vai sofrer, ninguém mais vai chorar, ninguém mais vai ficar triste; um dia enfim, reuni a todos nós em vosso Reino para viver. Um dia, enfim, reuni a todos nós em vosso Reino para vivermos com Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, a festa que no céu nunca se acaba. (Padre Hachid já participa dessa festa) Então, com todos os amigos de Jesus, poderemos cantar para sempre o vosso louvor”, concluiu

* Ascom, com a colaboração de Carla Miranda e correção de Pedro Freitas.

paraibaonline.com.br

 

“Vigilância sanitária contando o povo na igreja durante a Missa. É o fim...

Mary Lincoln, a primeira-dama considerada louca por chorar demais morte do marido e filhos

Retrato de Abraham e Mary Lincoln com os filhos 
Crédito, Library of Congress Legenda da foto, A pintura mostra Abraham e Mary Lincoln com os filhos Tad (sentado ao lado do pai) e Robert (em pé). Tad morreu aos 18 anos em 1871, seis anos após o assassinato do presidente

Mary Todd Lincoln já havia perdido dois filhos pequenos quando, aos 46 anos de idade, presenciou o assassinato do marido, o então presidente americano Abraham Lincoln.

Na noite de 14 de abril de 1865, o casal assistia à peça Our American Cousin (Nosso Primo Americano) no Teatro Ford, em Washington, quando John Wilkes Booth entrou em seu camarote e atingiu o presidente com um tiro na nuca.

Mary Lincoln ainda estava de mãos dadas com o marido, com quem estava casada havia quase 23 anos, quando ele caiu ferido. De acordo com testemunhas, os gritos da primeira-dama ecoaram pelo teatro.

O presidente foi socorrido e levado a uma casa do outro lado da rua. Segundo relatos da época, nas horas seguintes, enquanto Lincoln permanecia em coma, a primeira-dama teve "um ataque de histeria", chorando incontrolavelmente.

 Em vez de ser consolada, ela chegou a ser expulsa do quarto onde o marido estava pelo então secretário da Guerra, Edwin Stanton. O presidente morreu na manhã seguinte, em 15 de abril de 1865. 

 

Em luto profundo, Mary Lincoln logo se transformaria em alvo de desprezo e comentários maldosos na capital americana por causa de suas demonstrações de dor.

Mary e Abraham Lincoln já haviam perdido o filho Eddie em 1850, aos três anos de idade, vítima de uma doença não definida, diagnosticada por alguns como tuberculose pulmonar. Dez meses após a morte de Eddie, a primeira-dama deu à luz Willie. Mas o menino também morreu, em 1862, aos 11 anos de idade, de febre tifoide.

Ela ainda sofreria a morte de um terceiro filho, Tad, vítima de doença pulmonar aos 18 anos de idade, em 1871. Dos quatro filhos do casal, somente o mais velho, Robert, chegou à idade adulta.

O sofrimento público da primeira-dama após a morte dos filhos e do marido destoava das rígidas regras sociais da época e era visto como impróprio.

"Ela viveu um grande trauma e estava sofrendo de uma maneira pública que não era permitida para alguém em sua posição", diz à BBC News Brasil a diretora interina do museu President Lincoln's Cottage, Callie Hawkins.

"(Na época) uma pessoa em luto, especialmente uma mulher, podia usar roupas pretas por determinado período de tempo, ou carregar uma recordação (da pessoa morta), como uma fotografia ou uma mecha do cabelo. Mas Mary Lincoln foi além do que muitos consideravam aceitável", afirma Hawkins.

Ela vestiu luto durante muito mais tempo do que era comum e costumava ter crises de choro na frente de outras pessoas. Em vez de encarado com empatia, esse comportamento fez com que sua saúde mental fosse questionada e levou a uma imagem que persiste até hoje entre muitos americanos: a de que ela era "louca".

Pressões sociais

O museu President Lincoln's Cottage está instalado na casa de campo frequentada por Abraham e Mary Lincoln, localizada no que hoje é o bairro de Petworth, no noroeste da capital americana. Foi lá que o presidente e a primeira-dama se refugiaram após a morte de Willie.

"Ela se retirou da sociedade por um ano inteiro após a morte de Willie", diz Hawkins, lembrando que o presidente também foi profundamente afetado pela morte dos filhos.

Mary Lincoln ficou semanas de cama e estava tão abalada que não teve condições de comparecer ao funeral de Willie. Mas quando ela se recolheu na casa de campo, foi acusada por muitos de deixar de lado suas obrigações sociais como primeira-dama.

Hawkins conta que já trabalhava no museu havia dez anos quando, em fevereiro de 2018, também enfrentou a perda de um filho. Depois de uma gravidez "totalmente normal", seu bebê nasceu morto.

"Durante dez anos eu contei a milhares de visitantes sobre como Mary Lincoln precisou (buscar o conforto) de um lugar tranquilo no momento de sofrimento, mas até então eu nunca havia realmente compreendido (a dor da primeira-dama)", afirma.

Hawkins então idealizou a exposição Reflections on Grief and Child Loss ("Reflexões sobre Luto e Perda de Filhos", em tradução livre), em cartaz no museu, que aborda a maneira como o sofrimento de Mary Lincoln foi encarado pela sociedade da época e também traz relatos atuais de mães e pais que perderam seus filhos.

Segundo Hawkins, é a primeira vez que uma exposição aborda de maneira profunda o luto vivido pela primeira-dama e traça paralelos com as pressões sociais ainda enfrentadas nos dias atuais por famílias que choram a perda de um filho.

"Ambos os Lincolns foram imensamente afetados pela trágica perda de seus dois filhos, enquanto Abraham Lincoln era vivo. E, depois disso, Mary Lincoln foi novamente impactada pelo assassinato do marido a seu lado e pela morte de um terceiro filho", ressalta Hawkins.

"O que a exposição tenta mostrar é que, tanto naquela época quanto nos dias atuais, as pessoas tentam colocar um prazo no luto. E isso é simplesmente injusto (com as famílias)", afirma.

Retrato de Mary Lincoln 
Crédito, Library of Congress
Legenda da foto,

Mary Lincoln usou luto por muito mais tempo do que era socialmente aceitável na época. Suas demonstrações públicas de sofrimento fizeram com que muitos a descrevessem como 'louca'

Guerra Civil

Hawkins salienta que Mary Lincoln foi alvo de desaprovação desde que chegou à Casa Branca, em 1861. Em uma sociedade na qual esperava-se que as mulheres não chamassem muita atenção, ela se destacava por expressar opiniões fortes e pelo papel ativo na carreira política do marido.

"Ela vinha de uma família rica, tinha uma ótima educação, posição social, era muito inteligente. Quando eles chegaram a Washington, ela achou que seria uma das principais conselheiras (de Lincoln)", afirma Hawkins.

A parceria política do casal era tão sólida que, quando Abraham Lincoln venceu a eleição presidencial, em 1860, ele correu para casa e disse: "Mary, Mary, estamos eleitos!"

"Mas à medida que ele ficou mais cercado de membros do gabinete, que não gostavam dela, que talvez achassem que ela queria se intrometer muito (nos assuntos de governo), acho que ela se sentiu um pouco ameaçada. E talvez eles também se sentissem ameaçados por ela", diz Hawkins.

"E acho que isso estabeleceu essa reputação que se manteve por muito tempo, de que ela era mentalmente instável", ressalta.

Sua atuação como primeira-dama foi marcada pela Guerra Civil americana (1861-1865).

Nascida em Lexington, no Estado sulista do Kentucky, Mary Lincoln vinha de uma família proprietária de escravos e na qual vários membros lutaram ao lado das forças confederadas. Enquanto muitos sulistas a consideravam uma "traidora", ela era ao mesmo tempo acusada por moradores do Norte de ser "espiã".

Em meio às privações da guerra, seus gastos em roupas e em um projeto para redecorar a Casa Branca provocaram escândalo.

Enquanto alguns historiadores acreditam que seu objetivo com as compras era criar uma imagem de estabilidade e respeito para a União, a imprensa e comentaristas da época ridicularizavam seu guarda-roupa e a criticavam como egoísta e frívola.

Apesar de suas visitas a hospitais para confortar os feridos e de esforços para arrecadar fundos, a imagem que se cristalizou foi a de uma primeira-dama de temperamento difícil, dada a "orgias" de compras e alheia ao sofrimento causado pela guerra.

Sacrilégio

Foi nesse clima hostil que Mary Lincoln perdeu o segundo filho e o marido. Ela já havia sofrido o trauma da morte da mãe quando tinha apenas seis anos de idade e a perda de Eddie em 1850.

Após a morte de Willie, em 1862, enquanto o presidente teve de viver o luto em meio às obrigações como líder da nação em guerra, a primeira-dama entrou em depressão. Suas manifestações de sofrimento agravaram a fama de "temperamental" e passaram a ser vistas como "sacrilégio".

"Na época, esperava-se que ela, como cristã, não questionasse a morte, e sim se submetesse à vontade de Deus", observa Hawkins.

Retrato do velório de Lincoln 
Crédito, Library of Congress
Legenda da foto,

Segundo relatos da época, nas horas seguintes ao atentado contra Lincoln, enquanto ele permanecia em coma, a primeira-dama teve "um ataque de histeria", chorando incontrolavelmente, e chegou a ser expulsa do quarto

Mary Lincoln passou a recorrer a médiuns para tentar se comunicar com os filhos mortos, o que não era incomum na época, em meio às mortes da Guerra Civil, mas também foi muito criticado.

"Ela estava em sofrimento profundo e sendo julgada pelas pessoas", ressalta Hawkins.

Três anos após a morte de Willie, Abraham Lincoln foi assassinado. Relatos da época descrevem os gritos, lamentos e "convulsões terríveis" da primeira-dama.

Mais uma vez, o luto de Mary Lincoln era encarado como escandaloso e incompatível com sua posição social.

Ela levou mais de um mês para deixar a Casa Branca após a morte do marido, e inicialmente se instalou em Chicago.

Em 1867, chegou a tentar vender as roupas e joias da época em que era primeira-dama para pagar dívidas, o que fez com que novamente fosse ridicularizada pela imprensa, que a descrevia como "louca". Também iniciou uma batalha com o Congresso para receber pensão como viúva do presidente.

Em 1868, mudou-se para a Alemanha com o filho mais novo, Tad. Em 1871, já de volta aos Estados Unidos, Mary Lincoln sofreu um novo golpe com a morte de Tad. Mais uma vez ela recorreria a médiuns para tentar se comunicar com o marido e os filhos mortos.

A essa altura, o filho mais velho, Robert, único sobrevivente, começou a demonstrar cada vez mais preocupação com o que considerava o comportamento errático e os problemas financeiros da mãe, que continuava a mergulhar em maratonas de compras.

Segundo Robert, ela também passou a sofrer de paranoia e achava que o único filho ainda vivo estava doente e corria perigo. Em 1875, uma década depois do assassinato de Abraham Lincoln, Robert levou a mãe a julgamento, conforme previa a lei estadual da época, questionando a sua sanidade.

Depois de ouvir testemunhos de médicos, empregados, vendedores de lojas e outras pessoas que interagiam com a ex-primeira-dama, um tribunal determinou que ela fosse internada contra a própria vontade em uma clínica para tratamento mental e que suas finanças passassem a ser controladas pelo filho.

Ela só deixaria a clínica meses depois, graças à intervenção de amigos, em um drama familiar amplamente coberto pelos jornais da época. Um novo julgamento, em 1876, determinou que ela havia se recuperado.

Diagnósticos

A ex-primeira-dama cortou relações com o filho e decidiu fugir da humilhação que sofria em seu país e retornar à Europa. Ela passou quatro anos na França, durante os quais viajou pelo continente.

Fachada do Museu President Lincoln's Cottage 
Crédito, President Lincoln’s Cottage/Carol M. Highsmith
Legenda da foto,

O museu President Lincoln's Cottage, na capital americana, está instalado na casa de campo onde Abraham e Mary Lincoln se refugiaram após a morte do filho Willie

Em 1880, enfrentando vários problemas de saúde, Mary Lincoln retornou aos Estados Unidos e foi morar com a irmã em Springfield, no Estado de Illinois, a cidade onde havia conhecido e se casado com Abraham Lincoln e onde haviam vivido até ele ser eleito presidente.

Em 15 de julho de 1882, exatamente 11 anos após a morte de Tad, ela sofreu um derrame. Depois de horas em coma, morreu no dia seguinte, aos 63 anos de idade.

Ao longo dos quase 140 anos desde sua morte, vários historiadores tentaram diagnosticar a primeira-dama. Relatos e documentos da época indicam que ela sofria de dores de cabeça, febre, depressão, insônia, pesadelos e ansiedade, entre outros problemas.

Alguns acreditam que ela era bipolar, outros afirmam que tinha diabetes. Muitos apontam para a possibilidade de que ela tenha sofrido uma lesão cerebral após um acidente de carruagem em 1863.

Transtorno de personalidade narcisista, doença de Lyme e anemia perniciosa em virtude de deficiência de vitamina B12 estão entre vários outros diagnósticos cogitados.

"É muito difícil, e também um pouco injusto, tentar diagnosticá-la tantos anos depois", opina Hawkins, lembrando que a sociedade atual ainda estigmatiza saúde mental e luto.

"É importante lembrar que o luto, ou um traumatismo craniano, que ela pode ter sofrido, tudo isso pode levar a um desequilíbrio mental. A exposição não está tentando argumentar que uma coisa ou outra levou a alguns dos comportamentos que ela exibia", ressalta.

"O que nós tentamos fazer é tratá-la com empatia. Olhar para todo o trauma e todo o sofrimento que viveu, e tentar entender melhor todos os fatores que contribuíram para que ela se tornasse quem foi. O que, infelizmente, é alguém que não é lembrada de uma maneira muito positiva nos livros de história."

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BBC

 

quarta-feira, 5 de maio de 2021

(... para suavizar a realidade) DIA FEITO DE ESPERA

  

(Prosa poética)

Pôr Do Sol Reino Unido Arrebol - Foto gratuita no Pixabay

Talvez fosse melhor não te contar. É possível que sabendo, nada demais aconteça...
Hoje o dia foi feito de espera. Eu te esperei o dia inteiro desde o desabrochar dos primeiros raios de Sol até se consumar o arrebol. Embora não tenha sido uma espera desesperada, como alguém que arrisca a sorte jogando na loteria, mas... possivelmente igual a de quem aguarda o recebimento daquele certificado para, em seguida ser admitido no emprego tão sonhado.
Sabe, descobri que te esperar demais significa perigo. E te esperar de menos é ainda muito mais perigoso.
Imagino que isso não seja um bom "prenúncio", mas algumas vezes já pensei que continuar te esperando me deixará louca. Em outros momentos, tenho o pressentimento de que salvará minha vida. Um dia, se toda essa espera valer a pena... quem sabe, eu decida te contar a diferença.
Autora:
Aparecida Ramos
Link da imagem:
 https://www.google.com/search?q=arrebol&client=firefox-b-d&source=ln

Os países em que estupradores conseguem escapar da Justiça casando-se com as vítimas

 

Ativistas da ONG Abaad no Líbano protestam vestidas de noiva

Ativistas da ONG Abaad no Líbano protestam vestidas de noiva contra lei que permitia estuprador se livrar da pena caso se casasse com sua vítima

Amina Filali tinha 15 anos quando contou aos pais que havia sido estuprada.

A família, "seguindo o conselho de um funcionário da Justiça", segundo disse o pai da menor de idade, a obrigou a se casar com o estuprador, um homem de 25 anos.

Meses depois, após denunciar diversas agressões, a adolescente se matou aos 16 anos.

Amina morreu em 2012 em um pequeno povoado no Marrocos, e seu caso emblemático desencadeou protestos e campanhas de grupos de mulheres ao redor do país.

Dois anos depois, o Parlamento do Marrocos enfim derrubou a lei que permitia ao estuprador escapar da Justiça se casando com a vítima.

Mas isso ainda é realidade em diversas partes do mundo, incluindo a América Latina, segundo o recente relatório do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA) intitulado "Meu corpo me pertence".

Segundo o documento, quase metade das mulheres em 57 países em desenvolvimento não têm autonomia sobre seus corpos, e lhes são negados os direitos de decidir se desejam ter relações sexuais, se podem usar métodos contraceptivos ou se podem buscar atendimento de saúde, por exemplo.

Isso "deveria indignar a todos nós", disse a diretora-executiva do UNFPA, Natalia Kanem. "Em essência, centenas de milhões de mulheres e meninas não são donas dos próprios corpos. Suas vidas são governadas por outros."

Hamida segura um cartaz com a foto da irmã, Amina Filali Amina Filali, na imagem em preto e branco, se matou aos 16 anos após ser obrigada a casar com seu estuprador. Sua irmã, Hamida, que segura o cartaz nesta foto, participou de protestos que levaram à mudança da lei no Marrocos.

O estupro e as leis que perdoam o estuprador são apenas dois exemplos em uma longa lista de violações que também inclui casos como mutilação genital ou testes de virgindade.

E mesmo em países que revogaram regras que livram o estuprador caso ele se case com a vítima, outras práticas ainda permitidas por lei podem acabar tendo o mesmo resultado.

Quais países têm leis como essas?

O relatório da ONU cita como uma de suas fontes relatórios da ONG internacional Equality Now, com sede em Washington.

Em seu relatório de 2017, Equality Now destacou vários exemplos de países no Oriente Médio e Norte da África onde um estuprador pode escapar da Justiça por meio do casamento: Iraque, Bahrein, Líbia, Kuwait, Palestina, Tunísia, Jordânia e Líbano.

"Depois de nosso relatório e de outras campanhas, a Tunísia, a Jordânia e o Líbano acabaram com essas leis em 2017, e a Palestina fez o mesmo em 2018 ", disse Bárbara Jiménez, advogada especializada em direitos das mulheres e representante do Equality Now para Américas, à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC).

Outros exemplos citados no relatório da ONU são Angola, Argélia, Camarões, Guiné Equatorial, Eritreia, Síria e Tajiquistão.

Vítimas casadas com seus estupradores ficam presas a relacionamentos que as expõem a novos estupros em potencial e outras agressões pelo resto da vida.

"Em muitas ocasiões essas leis existem porque o que se tenta 'proteger' aqui é a honra da família, o nome, a honra da vítima", acrescentou Jiménez.

A "desonra" pela perda da virgindade é vista pelas famílias como um mal maior do que a integridade de suas filhas.

Esses padrões também existiam na Europa. A Itália, por exemplo, os eliminou em 1981 e a França, em 1994.

Qual é a situação na América Latina?

A maioria dos países da região revogou artigos em seus códigos criminais que permitiam que um estuprador fugisse da justiça casando-se com sua vítima.

Mas essas mudanças legais são incrivelmente recentes. Por exemplo, regras assim foram eliminadas no Uruguai em 2006, na Costa Rica em 2007 e na Bolívia em 2013.

Ilustração mostra uma mão de uma mulher sendo segura por uma mão masculina e cercada de espinhos

Leis que perdoam estupradores são apenas um dos exemplos de uma longa lista de desrespeito à autonomia das mulheres

No Brasil, uma lei promulgada em 2005 extinguiu o trecho do Código Penal que previa o casamento como forma de extinguir a punição para casos de estupro.

No entanto, um artigo no Código Civil deixava margem para encerrar a punição se houvesse casamento entre agressor e vítima. Esse trecho foi modificado em 2019.

Atualmente um país da região latino-americana, a República Dominicana, ainda possui um artigo em seu Código Penal que permite ao autor de uma violação escapar de sua sentença mediante casamento.

Na Venezuela, decisão judicial derrubou benefício a estuprador

O Código Penal venezuelano dispõe no artigo 393: "Os culpados de qualquer dos crimes previstos nos artigos 374, 375, 376, 378, 387, 388 e 389 estarão isentos de pena se antes da condenação casarem com o ofendido, e o julgamento cessará em todos os pontos em tudo o que se relacione com a pena correspondente a esses atos puníveis. Se o casamento ocorrer depois da condenação, cessará a execução das penas e suas consequências criminais", explicou Vanessa Blanco, representante na Venezuela do "Jóvenas Latidas", movimento latino-americano que luta pelos direitos das meninas e mulheres.

"Os artigos 374, 375 e 376 falam de estupro." E acrescenta: "Quando o Código Penal foi reformado em 2005, o Artigo 393 não foi eliminado".

No entanto, é necessário esclarecer que "o artigo 393 do Código Penal (reformado em 2005) foi anulado de ofício" e reescrito "pela Câmara Constitucional no julgamento nº 695/2015 de 2 de junho de 2015", explica à BBC News Mundo José Ignacio Hernández, professor de Direito da Universidade Católica de Caracas e pesquisador da Harvard Kennedy School.

A sentença trouxe duas modificações que, em suma, deixaram de permitir benefícios que incidem em caso de casamento, visto que se entendeu que os crimes referidos no artigo 393 do Código Penal não podem levar a situações de impunidade contrárias à Lei Orgânica do Direito da Mulher a uma Vida Livre de Violência.

"Por esta razão, a Venezuela não pode ser incluída nos países em que um estuprador pode ter benefícios se casar com a vítima (não com base no Código Penal vigente, mas na sentença comentada da Câmara Constitucional)", conclui Hernández.

O caso da República Dominicana

"O Código Penal em vigor na República Dominicana desde 1884 tem uma norma (artigo 356) em que o agressor sexual de um menor de idade, incluindo incesto, é liberado do processo penal se ele se casar com ela", disse à BBC News Mundo a advogada dominicana Patricia M. Santana Nina, especialista em Direito Constitucional com Estudos de Gênero e Violência.

"Em outras palavras, o crime é perdoado se o agressor se casar com a vítima. Esta disposição foi implicitamente revogada recentemente, em janeiro de 2021, pela Lei nº 1-21 que proíbe o casamento com menores de 18 anos. No entanto, há um projeto de lei em tramitação no país que revogaria totalmente o texto do Código Penal."

Ilustração mostra mulher tentando se defender levantando as mãos

República Dominicana ainda tem um artigo em seu Código Penal que permite ao estuprador escapar da condenação em caso de casamento com a vítima

Santana Nina destacou que a lei que perdoa o agressor sexual caso ele se case com um menor de idade "era aplicada com bastante frequência".

"É uma prática cultural prejudicial contra a qual ainda lutamos, porque, embora o casamento infantil tenha sido proibido, os casamentos precoces continuam."

Na opinião da advogado, a República Dominicana ainda deve ser incluída na lista de países que permitem a exoneração de um estuprador se ele se casar com sua vítima "porque a norma ainda está em vigor".

"Um 'intérprete gênio' sempre pode aparecer para interpretar o lei para favorecer o agressor", explica.

Para Santana Nina, "esse tipo de norma se traduz em uma forma de violência contra mulheres e meninas que vem diretamente do Estado dominicano, que, em nossa sociedade, perpetua e aprofunda a discriminação e sua condição de extrema pobreza".

"Também se traduz em uma sentença de viver em meio a círculos de violência de gênero, com exposição à gravidez infantil e forçada (já que, neste país, o aborto é criminalizado sem exceções)."

Casamentos infantis

Mesmo em países que não possuem mais normas que livram o estuprador em caso de casamento, outras práticas podem ter efeito semelhante, explica Bárbara Jiménez, da ONG Equality Now.

Vários países da América Latina permitem o casamento de adolescentes com menos de 18 anos desde que tenham autorização do pai ou da mãe, do tutor ou da autoridade judiciária.Ilustração de garota com roupa com várias camadas

Vários países da América Latina permitem o casamento de menores antes dos 18 anos desde que tenham autorização do pai ou da mãe, do tutor ou da autoridade judiciária.

"Essas leis ainda têm essas exceções que permitem que uma família autorize uma menina a se casar com um homem que pode ter sido um agressor sexual, e esse agressor escapará da Justiça, da mesma forma como se houvesse uma legislação que livrasse o estuprador de sua condenação.",

"Isso acontece no campo, onde as famílias casam a menina, a fim de preservar a honra ou a segurança econômica da adolescente, principalmente se ela engravidar. Isso acontece principalmente nas áreas rurais e nas culturas indígenas".

Jiménez cita como exemplos de países que permitem o casamento de menores de 18 anos com consentimento dos pais: Cuba (idade mínima 14 anos), Bolívia (16 anos), Brasil (16 anos) e Peru (16 anos). Nos Estados Unidos, o casamento antes dos 18 anos é atualmente legal em 46 Estados americanos (apenas Delaware, Nova Jersey, Minnesota e Pensilvânia definiram a idade mínima de 18 anos e removeram todas as exceções).

O casamento infantil e os abusos que essa prática possibilita estão arraigados em muitos países. O Níger, por exemplo, tem a taxa de prevalência de casamento infantil mais alta do mundo (76% das meninas se casam antes dos 18 anos)", segundo o relatório do UNFPA.

Uniões informais

Há casos em que o agressor sexual pode escapar da Justiça mesmo sem casamento.

"Na região da América Latina existe o fenômeno das uniões informais. Isso ainda permite as uniões de meninas com pessoas mais velhas", explicou Jiménez.

"As meninas costumam ir de sua casa para a casa do homem com quem estão unidas, muitas vezes vão morar sob o teto da família do homem, às vezes como a única possibilidade econômica de sair de casa."

No caso da Bolívia, por exemplo, "segundo reportagem jornalística, a união ou coexistência de meninas menores de 15 anos existe e é uma realidade, ainda que segundo a legislação boliviana seja crime um adulto viver com uma menina ou adolescente", disse à BBC News Mundo Patricia Brañez, representante na Bolívia do Cladem (Comitê da América Latina e Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher).

Ilustração mostra rosto fragmentado de uma jovem

Quase metade das mulheres em 57 países em desenvolvimento não têm autonomia sobre seus corpos, afirma relatório da UNFPA

Na Bolívia, cerca de 22% das adolescentes se casaram antes dos 18 anos e 3% antes dos 15 anos, de acordo com o relatório do Unicef ​​de 2015 "Uma Abordagem para a Situação de Adolescentes e Jovens na América Latina e no Caribe" .

"Segundo Pesquisa Domiciliar de 2017, pelo menos 12.500 mulheres, entre 12 e 17 anos, declararam viver em concubinato. Esses dados também mostram que 0,01% das meninas entre 12 e 14 anos são mães", acrescentou Brañez.

"Aniquilação do espírito"

"É inaceitável que em 2021 na República Dominicana e em outros países ainda tenhamos disposições legais que contenham a possibilidade de um estuprador escapar da Justiça caso se case com a vítima, e que isso aconteça em crimes tão graves como a violência sexual", disse Jiménez, da ONG Equality Now.

"Também é inaceitável que na lei federal dos Estados Unidos o casamento infantil seja visto como uma defesa válida contra a violação legal, e é inaceitável que nos países latino-americanos, com algumas exceções, o casamento de menores de 18 anos seja permitido".

"Mudar a lei é o primeiro passo para eliminar o crime, a iniquidade e essas práticas nocivas que limitam o desenvolvimento e a plena autonomia de meninas e adolescentes".

Para Natalia Kanem, diretora-executiva do UNFPA, "uma mulher que tem controle sobre seu corpo tem mais chances de ser fortalecida em outras áreas de sua vida para prosperar".

A negação da autonomia corporal, por outro lado, por meio de leis que livram o estuprador e outras práticas, é, segundo a chefe do UNFPA, "nada menos que um aniquilamento do espírito, e isso deve acabar".

 BBC

Mulher do Mali dá à luz nove filhos no Marrocos


Três dos bebês de uma mulher do Mali, nascidos no Marrocos

O Ministério da Saúde de Mali publicou esta imagem de três dos nove bebês

Uma mulher de 25 anos deu à luz nove bebês — dois a mais do que o total que os médicos conseguiram detectar durante os exames.

Halima Cisse, que é do Mali, na África, deu à luz nônuplos no Marrocos. O governo do Mali a levou para lá para que tivesse acesso a atendimento especializado.

As cinco meninas e quatro meninos nasceram de cesariana e estavam bem, segundo o Ministério da Saúde do Mali.

É extremamente raro uma mulher dar à luz nove bebês, e muitas vezes complicações durante ou após o nascimento levam alguns dos bebês a não sobrevivem.

A ministra da Saúde do Mali, Fanta Siby, felicitou as equipes médicas de ambos os países pelo "bom resultado" no caso de Halima Cisse.

A gravidez de Cisse se tornou um assunto pelo qual as pessoas ficaram fascinadas no Mali, mesmo quando se pensava que ela estava grávida de "apenas" sete bebês, segundo a agência de notícias Reuters.

Os médicos no país da África Ocidental estavam preocupados com o bem-estar dela e as chances de sobrevivência dos bebês, e foi aí que o governo interveio.

Pé de bebê recém-nascido 

É extremamente raro uma mulher dar à luz nove bebês, e muitas vezes complicações durante ou após o nascimento levam alguns dos bebês a não sobrevivem

Depois de uma estadia de duas semanas em um hospital na capital do Mali, Bamako, a decisão foi de transferir Cisse para o Marrocos em 30 de março, segundo a ministra Siby.

Depois de cinco semanas na clínica marroquina, ela deu à luz os nove bebês na terça-feira (4/5), segundo o ministério.

A expectativa é de que a mãe e seus bebês voltem para casa em algumas semanas.

BBC

 

 

Paulo Gustavo - Cremação em cerimônia restrita

Capa do jornal Extra 05/05/2021

Corpo de Paulo Gustavo será cremado nesta quinta em cerimônia restrita

Não foi informado se haverá velório. Criador da personagem Dona Hermínia e um dos humoristas mais populares e admirados do Brasil morreu nesta terça-feira (4), vítima da Covid. 

O corpo do ator e humorista Paulo Gustavo será cremado nesta quinta-feira (6) em uma cerimônia restrita à família e a amigos próximos.

O local e o horário não foram divulgados, segundo a assessoria do artista, “a fim de evitar aglomerações neste período de pandemia”. Também não foi informado se haverá velório.

Paulo morreu nesta terça-feira (4), aos 42 anos, vítima de Covid. Criador de Dona Hermínia e de outros personagens inesquecíveis no teatro, na TV e no cinema, ele estava internado desde 13 de março no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Nesta quarta (5), fãs deixaram flores na porta da unidade para lembrar do ator. 

 Fãs deixaram flores na porta do hospital onde Paulo Gustavo ficou internado — Foto: Reprodução/ TV Globo

Fãs deixaram flores na porta do hospital onde Paulo Gustavo ficou internado — Foto: Reprodução/ TV Globo

O quadro de saúde de Paulo Gustavo piorou na noite de domingo (2), quando sofreu uma embolia pulmonar. Antes, ele vinha apresentando melhoras significativas – chegou a ter redução de sedativos e bloqueadores e a interagir com médicos e com o marido, Thales Bretas.

Com um estilo de humor acessível, baseado em cenas familiares e cotidianas, Paulo Gustavo conquistou o Brasil e teve uma trajetória de enorme sucesso, em produções como o campeão de bilheteria "Minha mãe é uma peça: O filme" (2013), que rendeu duas continuações. Lançado em 2019, o longa mais recente da triologia se tornou a comédia com maior público da história do cinema nacional.

Paulo Gustavo deixa o marido, Thales, e dois filhos pequenos, Gael e Romeu, além do pai, Júlio Marcos, da irmã, Juliana Amaral, e da mãe, Déa Lúcia Amaral, que inspirou a criação de Dona Hermínia.

Durante os mais de 50 dias de internação do ator, a família compartilhou o dia a dia do tratamento e fez pedidos de oração.

Conheça mais da vida pessoal e profissional de Paulo Gustavo.

 Mais informações no link:

 https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/05/05/paulo-gustavo-sera-cremado-nesta-quinta-em-cerimonia-restrita.ghtml


MENINO HENRY BOREL - INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ESPECIAL

 

O crime que chocou o país!!