Ouça áudio de mulher que ligou para a PM e fingiu pedir pizza para denunciar violência doméstica
Caso
foi registrado em Andradina (SP). Segundo a PM, mulher alegou que
companheiro a ameaçou de morte; homem fugiu ao ver a viatura e não foi
encontrado.
A Polícia Militar divulgou para a TV TEM a gravação do telefonema de uma moradora de Andradina (SP) que ligou para o 190 e fingiu pedir uma uma pizza para denunciar um caso de violência doméstica. A mulher estava sendo ameaçada pelo companheiro, que fugiu assim que a viatura chegou ao local (ouça o áudio acima).
De acordo com a PM, o caso foi registrado na noite de terça-feira (25).
Durante a ligação à central da Polícia Militar (Copom), o atendente
percebeu pela insistência da mulher que não se tratava de um trote, mas
sim de um pedido de socorro e encaminhou uma equipe (veja, abaixo, a transcrição da ligação).
Os policiais foram ao local e encontraram o suspeito na frente da casa.
Ao ver a viatura, ele conseguiu fugir. Buscas foram feitas pelo bairro,
mas o homem não foi localizado.
Ainda de acordo com a PM, a vítima foi até a equipe e contou que o homem fez ameaças de morte dirigidas a ela e aos filhos.
A mulher ainda solicitou que verificassem a motocicleta que o
companheiro havia deixado na casa – os policiais constataram que era
produto de furto.
A ocorrência foi registrada como ameaça, violência doméstica, localização e apreensão do veículo.
Veja a transcrição da ligação:Atendente: “Polícia Militar, emergência.”
Vítima: “Boa noite, tem como vocês entregarem uma pizza, fazendo o favor?”
Atendente: “A senhora está ligando para a Polícia Militar.”
Vítima: “Eu sei. Andradina.”
Atendente: “Qual o seu nome?”
Vítima: "Não."
Atendente: “Tem alguém armado aí? Faca?”
Vítima: “Mais ou menos. Traz uma pizza de pepperoni."
Atendente: “Você precisa de socorro médico ou não?”
Vítima: “Não.”
Atendente: “Ok, foi cadastrada a ocorrência.”
Vítima: “Obrigada.”
Atendente: “Disponha.”
Suspeito de violência doméstica foi preso em Andradina (SP) — Foto: Divulgação
Golpes pela internet têm penas ampliadas para até 8 anos de prisão; entenda a nova lei
Estelionato por redes sociais e furto praticado com uso de servidor estrangeiro passam a ter redação própria no Código Penal.
Crimes cibernéticos ganharam penas maiores. — Foto: Simon Stratford/Freeimages
Uma lei publicada nesta sexta-feira (28) no Diário Oficial endurece as penas para crimes cometidos por meio eletrônico. Agora, existem agravantes específicos para ações cibernéticas: estelionato que envolve o roubo de contas de WhatsApp, por exemplo, pode gerar penas de até oito anos de prisão – três anos a mais do que a pena base desse tipo de delito.
Com a nova redação, o crime de invasão, como a instalação de aplicativos espiões e malwares, passou a ser mais abrangente. Antes, certas condutas criminosas, incluindo a cópia de dados abertos, não poderiam ser enquadradas nesse artigo.
Com o aumento da pena nesse crime, também vai ficar mais difícil obter
penas alternativas, que são empregadas para sentenças de até quatro
anos. Agora, o crime de invasão pode ser punido com até cinco anos de reclusão.
Criadores de programas de invasão também podem ser enquadrados nesse
crime – o que torna o aumento da pena especialmente relevante para punir
quem atua como fornecedor e evita atuar diretamente.
Houve ainda adição de um agravante para quem utiliza computadores fora
do território nacional – uma tática muito usada por criminosos para
dificultar o trabalho da polícia.
Como
parte da redação é nova, a aplicação da lei na prática dependerá das
decisões da Justiça e das interpretações baseadas nos casos concretos
que chegarem aos tribunais.
Mesmo assim, o blog arriscou uma análise do texto para apontar como as
mudanças deixam a lei pelo menos mais próxima das práticas diárias do
crime cibernético.
Fraude eletrônica prevê golpes por redes sociais
O crime de estelionato, o "171", ganhou uma redação exclusiva para
fraudes em que foi empregado algum meio eletrônico de contato. A pena pode chegar a oito anos.
O texto prevê o enquadramento de fraude "cometida com a utilização de
informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por
meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo".
Na
prática, o roubo de contas de WhatsApp, por exemplo, em que a vítima é
induzida a fornecer seu código de autorização, poderia ser enquadrado
neste artigo.
O "correio eletrônico fraudulento", por sua vez, é o "golpe de
phishing". Essa fraude é muito utilizada no Brasil: criminosos enviam
mensagens falsas em nome de bancos e outras instituições (inclusive a
própria polícia) para convencer a vítima a ceder informações ou baixar
um ladrão de senhas para o computador.
SAIBA MAIS:
Invasão não exige mais 'violação de segurança'
O crime de "invasão de dispositivo informático" foi criado em 2012. A
lei previa uma pena de até um ano, podendo chegar a dois anos caso o
invasor roubasse o conteúdo de comunicações, informações sigilosas ou
instalasse um software de controle remoto.
Porém, a lei só podia ser aplicada "mediante violação indevida de
mecanismo de segurança". Esse trecho foi removido da nova redação. Agora, basta que o invasor não tenha "autorização tácita" do usuário do dispositivo ao obter, alterar ou destruir dados.
Em
tese, isso significa que "invasores de ocasião" – pessoas que se
aproveitam de algum descuido e pegam o celular sem o bloqueio de tela
ativo, por exemplo – poderiam ser enquadrados nesse crime.
Outra conduta que criminosa que não envolve a violação de mecanismo de segurança é a extração de dados abertos. Quando
empresas ou organizações esquecem de configurar uma senha em um banco
de dados ou serviço de armazenamento, não há mecanismo de segurança em
funcionamento.
Hackers utilizam programas de varredura para encontrar esses sistemas
abertos e simplesmente copiar a informação – mesmo sem ter qualquer
autorização para isso.
Com a nova redação, essa prática não parece mais estar fora do alcance da lei.
5 dicas de segurança para sua vida digital
A pena básica para esse crime foi quadruplicada: a menor, de três
meses, passa a ser de um ano, e a maior, que era de um ano, agora é de
quatro anos. A pena exclusiva para casos de roubo de comunicações e
software de controle remoto, por sua vez, é de até cinco anos (era de
dois anos).
Como a maioria das invasões criminosas utiliza um software de controle
remoto, invasores agora podem ser punidos em até cinco anos mesmo que a
polícia não consiga denunciá-los por outras atividades criminosas
realizadas com a invasão.
A lei de invasão também se aplica aos criadores de pragas digitais.
Como eles podem faturar vendendo ou alugando códigos maliciosos,
evitando praticar outros crimes, o endurecimento das penas no crime de
invasão afeta diretamente essa atividade.
Furto eletrônico e uso de servidor estrangeiro
A lei também ampliou o crime de furto qualificado com um trecho específico para ações praticadas com o uso de dispositivos eletrônicos ou de informática.
Para a lei, não importa se foi utilizado um programa malicioso ou mesmo
se o computador está conectado à rede – o agravante de dispositivo
eletrônico ainda pode ser aplicado.
O uso de um servidor estrangeiro – uma prática comum para diminuir
vestígios e dificultar a investigação – pode aumentar a pena em até dois
terços. Como a pena regular é de até oito anos, a pena máxima passa dos dez anos.
Essa redação mostra que as condutas foram tipificadas em alinhamento
com os métodos empregados pelos criminosos para despistar as
autoridades.
O texto ainda especifica que o agravante para dispositivo informático
pode ser aplicado mesmo não havendo violação de mecanismo de segurança –
em alusão ao trecho removido do crime de invasão.
Com essa redação, é possível que o crime de furto eletrônico possa enquadrar transferências bancárias não autorizadas.
Dúvidas sobre segurança, hackers e vírus? Envie para g1seguranca@globomail.com
Em
seguida, passou pelo Instituto São Vicente de Paula, onde sob forte
comoção foi recebido, reunindo muitas pessoas que rezavam e agradeciam
pela vida do sacerdote. Padre Hachid, quando vigário da Paróquia do
Sagrado Coração, prestou assistência àquela casa de caridade.
Por fim, o
cortejo passou na rotatória do INSS, local em que ele conseguiu colocar
uma imagem de Nossa Senhora do Imaculado Coração e seguiu para o
cemitério Campo Santo Parque da Paz, onde o bispo diocesano, Dom Dulcênio Fontes de Matos, esteve presente e fez as últimas encomendações.
No
Presbitério, concelebrando com o bispo, estava o monsenhor Lourildo
Soares, que teve forte ligação com o padre Hachid, considerado pelo
monsenhor como um filho.
“Este é um
dia de luto para a Igreja de Campina Grande, mas é também um dia de
agradecer a Deus pela vida e significado do padre Hachid”, disse o
vigário-geral.
Ao padre
Fabiano Melo, Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, de Lagoa Seca-PB, coube a reflexão do Evangelho.
Ele lembrou da primeira missa do padre Hachid, que disse que cuidaria do monsenhor Lourildo como um filho.
“Padre
Hachid disse ao Monsenhor Lourildo que poderia contar com ele até o fim
da vida. As ordens se inverteram, ele foi antes, o monsenhor fica! Mas
Deus sabe de tudo. Ele tomará conta do senhor lá da eternidade”, disse o
padre Fabiano.
Foto: Joaquim Urtiga e Rafael Augusto/Pascom-CG
O padre
Fabiano, na homilia, seguiu fazendo memória ao padre Hachid e
agradecendo a Deus por tudo: “Nós celebramos a felicidade do padre
Hachid, a vida beata”.
Ao final
da Celebração Eucarística, o bispo de Campina Grande pronunciou suas
palavras de pesar e gratidão por tudo o que o padre Hachid fez.
Ele
lembrou com entusiasmo que o padre, enquanto esteve à frente da Pastoral
Carcerária, se preocupou bastante com a causa, e ainda falou do seu
carisma cativante e da sua fé:
“Nós,
cheios de tristeza, hoje respondemos ao Senhor: sim Senhor, nós cremos
na vida eterna. Padre Hachid foi muito jovem, viveu a idade de Cristo na
terra, 33 anos. Como Jesus ele passou pelo mundo fazendo o bem. Como
pai e pastor desta Igreja Particular, sou muito grato a Deus pela vida
do Padre Hachid, por seu ministério fecundo, pelos frutos que gerou na
vida espiritual das pessoas, pelas amizades que cativou, pelo anúncio da
palavra de uma maneira que lhe era tão própria; pelo respeito e
obediência ao seu bispo, por sua fé devota e amor à Igreja, por sua
generosidade em oferta de si, por sua alegria, seu amor”.
Emocionado,
o bispo chorou e agradeceu: “Padre Hachid, meu filho, receba meu abraço
de agradecimento por tudo. Reze por mim e por toda a nossa Diocese,
especialmente pelos seus colegas padres, que continuarão a missão.
Agradeço de maneira muito especial àquele que acolheu e que foi como um
pai, o monsenhor Lourildo; depois os cuidados do padre Assis Pereira. E,
por fim, o padre Lúcio Flávio, que o acolheu tão bem lá em Picuí.
Nesse momento de pesar, agradeço de coração as inúmeras manifestações de
afeto e orações que eu, os padres, a família do padre Hachid e todos os
que o amam, temos recebido”.
Finalmente,
ele agradeceu as Irmãs Vicentinas, aos profissionais de saúde e todas
equipes envolvidas no cuidado do Padre Hachid.
Se dispôs
aos familiares do padre, dizendo poder contar com a Igreja e com o
bispo, e terminou pedindo ao povo que siga firme e forte rumo à Pátria
eterna.
“Continuemos
perseverantes no caminho de Deus, somos do céu! É para lá que queremos
ir, para vivermos com Deus por toda a eternidade. Padre Hachid me disse
que gostava muito das orações Eucarísticas X e XI, e é com um trecho
delas que eu encerro: “No Reino de Jesus, ninguém mais vai sofrer,
ninguém mais vai chorar, ninguém mais vai ficar triste; um dia enfim,
reuni a todos nós em vosso Reino para viver. Um dia, enfim, reuni a
todos nós em vosso Reino para vivermos com Maria, Mãe de Deus e nossa
Mãe, a festa que no céu nunca se acaba. (Padre Hachid já participa dessa
festa) Então, com todos os amigos de Jesus, poderemos cantar para
sempre o vosso louvor”, concluiu
* Ascom, com a colaboração de Carla Miranda e correção de Pedro Freitas.
Mary Lincoln, a primeira-dama considerada louca por chorar demais morte do marido e filhos
Crédito, Library of Congress Legenda da foto, A
pintura mostra Abraham e Mary Lincoln com os filhos Tad (sentado ao
lado do pai) e Robert (em pé). Tad morreu aos 18 anos em 1871, seis anos
após o assassinato do presidente
Mary
Todd Lincoln já havia perdido dois filhos pequenos quando, aos 46 anos
de idade, presenciou o assassinato do marido, o então presidente
americano Abraham Lincoln.
Na noite de 14 de abril de 1865, o casal assistia à peça Our American Cousin (Nosso
Primo Americano) no Teatro Ford, em Washington, quando John Wilkes
Booth entrou em seu camarote e atingiu o presidente com um tiro na nuca.
Mary
Lincoln ainda estava de mãos dadas com o marido, com quem estava casada
havia quase 23 anos, quando ele caiu ferido. De acordo com testemunhas,
os gritos da primeira-dama ecoaram pelo teatro.
O
presidente foi socorrido e levado a uma casa do outro lado da rua.
Segundo relatos da época, nas horas seguintes, enquanto Lincoln
permanecia em coma, a primeira-dama teve "um ataque de histeria",
chorando incontrolavelmente.
Em vez de ser consolada, ela chegou a ser expulsa do quarto onde o
marido estava pelo então secretário da Guerra, Edwin Stanton. O
presidente morreu na manhã seguinte, em 15 de abril de 1865.
Em
luto profundo, Mary Lincoln logo se transformaria em alvo de desprezo e
comentários maldosos na capital americana por causa de suas
demonstrações de dor.
Mary
e Abraham Lincoln já haviam perdido o filho Eddie em 1850, aos três
anos de idade, vítima de uma doença não definida, diagnosticada por
alguns como tuberculose pulmonar. Dez meses após a morte de Eddie, a
primeira-dama deu à luz Willie. Mas o menino também morreu, em 1862, aos
11 anos de idade, de febre tifoide.
Ela
ainda sofreria a morte de um terceiro filho, Tad, vítima de doença
pulmonar aos 18 anos de idade, em 1871. Dos quatro filhos do casal,
somente o mais velho, Robert, chegou à idade adulta.
O
sofrimento público da primeira-dama após a morte dos filhos e do marido
destoava das rígidas regras sociais da época e era visto como
impróprio.
"Ela
viveu um grande trauma e estava sofrendo de uma maneira pública que não
era permitida para alguém em sua posição", diz à BBC News Brasil a
diretora interina do museu President Lincoln's Cottage, Callie Hawkins.
"(Na
época) uma pessoa em luto, especialmente uma mulher, podia usar roupas
pretas por determinado período de tempo, ou carregar uma recordação (da
pessoa morta), como uma fotografia ou uma mecha do cabelo. Mas Mary
Lincoln foi além do que muitos consideravam aceitável", afirma Hawkins.
Ela
vestiu luto durante muito mais tempo do que era comum e costumava ter
crises de choro na frente de outras pessoas. Em vez de encarado com
empatia, esse comportamento fez com que sua saúde mental fosse
questionada e levou a uma imagem que persiste até hoje entre muitos
americanos: a de que ela era "louca".
Pressões sociais
O
museu President Lincoln's Cottage está instalado na casa de campo
frequentada por Abraham e Mary Lincoln, localizada no que hoje é o
bairro de Petworth, no noroeste da capital americana. Foi lá que o
presidente e a primeira-dama se refugiaram após a morte de Willie.
"Ela
se retirou da sociedade por um ano inteiro após a morte de Willie", diz
Hawkins, lembrando que o presidente também foi profundamente afetado
pela morte dos filhos.
Mary
Lincoln ficou semanas de cama e estava tão abalada que não teve
condições de comparecer ao funeral de Willie. Mas quando ela se recolheu
na casa de campo, foi acusada por muitos de deixar de lado suas
obrigações sociais como primeira-dama.
Hawkins
conta que já trabalhava no museu havia dez anos quando, em fevereiro de
2018, também enfrentou a perda de um filho. Depois de uma gravidez
"totalmente normal", seu bebê nasceu morto.
"Durante
dez anos eu contei a milhares de visitantes sobre como Mary Lincoln
precisou (buscar o conforto) de um lugar tranquilo no momento de
sofrimento, mas até então eu nunca havia realmente compreendido (a dor
da primeira-dama)", afirma.
Hawkins então idealizou a exposição Reflections on Grief and Child Loss
("Reflexões sobre Luto e Perda de Filhos", em tradução livre), em
cartaz no museu, que aborda a maneira como o sofrimento de Mary Lincoln
foi encarado pela sociedade da época e também traz relatos atuais de
mães e pais que perderam seus filhos.
Segundo
Hawkins, é a primeira vez que uma exposição aborda de maneira profunda o
luto vivido pela primeira-dama e traça paralelos com as pressões
sociais ainda enfrentadas nos dias atuais por famílias que choram a
perda de um filho.
"Ambos
os Lincolns foram imensamente afetados pela trágica perda de seus dois
filhos, enquanto Abraham Lincoln era vivo. E, depois disso, Mary Lincoln
foi novamente impactada pelo assassinato do marido a seu lado e pela
morte de um terceiro filho", ressalta Hawkins.
"O
que a exposição tenta mostrar é que, tanto naquela época quanto nos
dias atuais, as pessoas tentam colocar um prazo no luto. E isso é
simplesmente injusto (com as famílias)", afirma.
Crédito, Library of Congress
Legenda da foto,
Mary
Lincoln usou luto por muito mais tempo do que era socialmente aceitável
na época. Suas demonstrações públicas de sofrimento fizeram com que
muitos a descrevessem como 'louca'
Guerra Civil
Hawkins
salienta que Mary Lincoln foi alvo de desaprovação desde que chegou à
Casa Branca, em 1861. Em uma sociedade na qual esperava-se que as
mulheres não chamassem muita atenção, ela se destacava por expressar
opiniões fortes e pelo papel ativo na carreira política do marido.
"Ela
vinha de uma família rica, tinha uma ótima educação, posição social,
era muito inteligente. Quando eles chegaram a Washington, ela achou que
seria uma das principais conselheiras (de Lincoln)", afirma Hawkins.
A
parceria política do casal era tão sólida que, quando Abraham Lincoln
venceu a eleição presidencial, em 1860, ele correu para casa e disse:
"Mary, Mary, estamos eleitos!"
"Mas
à medida que ele ficou mais cercado de membros do gabinete, que não
gostavam dela, que talvez achassem que ela queria se intrometer muito
(nos assuntos de governo), acho que ela se sentiu um pouco ameaçada. E
talvez eles também se sentissem ameaçados por ela", diz Hawkins.
"E acho que isso estabeleceu essa reputação que se manteve por muito tempo, de que ela era mentalmente instável", ressalta.
Sua atuação como primeira-dama foi marcada pela Guerra Civil americana (1861-1865).
Nascida
em Lexington, no Estado sulista do Kentucky, Mary Lincoln vinha de uma
família proprietária de escravos e na qual vários membros lutaram ao
lado das forças confederadas. Enquanto muitos sulistas a consideravam
uma "traidora", ela era ao mesmo tempo acusada por moradores do Norte de
ser "espiã".
Em meio às privações da guerra, seus gastos em roupas e em um projeto para redecorar a Casa Branca provocaram escândalo.
Enquanto
alguns historiadores acreditam que seu objetivo com as compras era
criar uma imagem de estabilidade e respeito para a União, a imprensa e
comentaristas da época ridicularizavam seu guarda-roupa e a criticavam
como egoísta e frívola.
Apesar
de suas visitas a hospitais para confortar os feridos e de esforços
para arrecadar fundos, a imagem que se cristalizou foi a de uma
primeira-dama de temperamento difícil, dada a "orgias" de compras e
alheia ao sofrimento causado pela guerra.
Sacrilégio
Foi
nesse clima hostil que Mary Lincoln perdeu o segundo filho e o marido.
Ela já havia sofrido o trauma da morte da mãe quando tinha apenas seis
anos de idade e a perda de Eddie em 1850.
Após
a morte de Willie, em 1862, enquanto o presidente teve de viver o luto
em meio às obrigações como líder da nação em guerra, a primeira-dama
entrou em depressão. Suas manifestações de sofrimento agravaram a fama
de "temperamental" e passaram a ser vistas como "sacrilégio".
"Na época, esperava-se que ela, como cristã, não questionasse a morte, e sim se submetesse à vontade de Deus", observa Hawkins.
Crédito, Library of CongressLegenda da foto,
Segundo
relatos da época, nas horas seguintes ao atentado contra Lincoln,
enquanto ele permanecia em coma, a primeira-dama teve "um ataque de
histeria", chorando incontrolavelmente, e chegou a ser expulsa do quarto
Mary
Lincoln passou a recorrer a médiuns para tentar se comunicar com os
filhos mortos, o que não era incomum na época, em meio às mortes da
Guerra Civil, mas também foi muito criticado.
"Ela estava em sofrimento profundo e sendo julgada pelas pessoas", ressalta Hawkins.
Três
anos após a morte de Willie, Abraham Lincoln foi assassinado. Relatos
da época descrevem os gritos, lamentos e "convulsões terríveis" da
primeira-dama.
Mais uma vez, o luto de Mary Lincoln era encarado como escandaloso e incompatível com sua posição social.
Ela levou mais de um mês para deixar a Casa Branca após a morte do marido, e inicialmente se instalou em Chicago.
Em
1867, chegou a tentar vender as roupas e joias da época em que era
primeira-dama para pagar dívidas, o que fez com que novamente fosse
ridicularizada pela imprensa, que a descrevia como "louca". Também
iniciou uma batalha com o Congresso para receber pensão como viúva do
presidente.
Em
1868, mudou-se para a Alemanha com o filho mais novo, Tad. Em 1871, já
de volta aos Estados Unidos, Mary Lincoln sofreu um novo golpe com a
morte de Tad. Mais uma vez ela recorreria a médiuns para tentar se
comunicar com o marido e os filhos mortos.
A
essa altura, o filho mais velho, Robert, único sobrevivente, começou a
demonstrar cada vez mais preocupação com o que considerava o
comportamento errático e os problemas financeiros da mãe, que continuava
a mergulhar em maratonas de compras.
Segundo
Robert, ela também passou a sofrer de paranoia e achava que o único
filho ainda vivo estava doente e corria perigo. Em 1875, uma década
depois do assassinato de Abraham Lincoln, Robert levou a mãe a
julgamento, conforme previa a lei estadual da época, questionando a sua
sanidade.
Depois
de ouvir testemunhos de médicos, empregados, vendedores de lojas e
outras pessoas que interagiam com a ex-primeira-dama, um tribunal
determinou que ela fosse internada contra a própria vontade em uma
clínica para tratamento mental e que suas finanças passassem a ser
controladas pelo filho.
Ela
só deixaria a clínica meses depois, graças à intervenção de amigos, em
um drama familiar amplamente coberto pelos jornais da época. Um novo
julgamento, em 1876, determinou que ela havia se recuperado.
Diagnósticos
A
ex-primeira-dama cortou relações com o filho e decidiu fugir da
humilhação que sofria em seu país e retornar à Europa. Ela passou quatro
anos na França, durante os quais viajou pelo continente.
Crédito, President Lincoln’s Cottage/Carol M. Highsmith
Legenda da foto,
O
museu President Lincoln's Cottage, na capital americana, está instalado
na casa de campo onde Abraham e Mary Lincoln se refugiaram após a morte
do filho Willie
Em
1880, enfrentando vários problemas de saúde, Mary Lincoln retornou aos
Estados Unidos e foi morar com a irmã em Springfield, no Estado de
Illinois, a cidade onde havia conhecido e se casado com Abraham Lincoln e
onde haviam vivido até ele ser eleito presidente.
Em
15 de julho de 1882, exatamente 11 anos após a morte de Tad, ela sofreu
um derrame. Depois de horas em coma, morreu no dia seguinte, aos 63
anos de idade.
Ao
longo dos quase 140 anos desde sua morte, vários historiadores tentaram
diagnosticar a primeira-dama. Relatos e documentos da época indicam que
ela sofria de dores de cabeça, febre, depressão, insônia, pesadelos e
ansiedade, entre outros problemas.
Alguns
acreditam que ela era bipolar, outros afirmam que tinha diabetes.
Muitos apontam para a possibilidade de que ela tenha sofrido uma lesão
cerebral após um acidente de carruagem em 1863.
Transtorno
de personalidade narcisista, doença de Lyme e anemia perniciosa em
virtude de deficiência de vitamina B12 estão entre vários outros
diagnósticos cogitados.
"É
muito difícil, e também um pouco injusto, tentar diagnosticá-la tantos
anos depois", opina Hawkins, lembrando que a sociedade atual ainda
estigmatiza saúde mental e luto.
"É
importante lembrar que o luto, ou um traumatismo craniano, que ela pode
ter sofrido, tudo isso pode levar a um desequilíbrio mental. A
exposição não está tentando argumentar que uma coisa ou outra levou a
alguns dos comportamentos que ela exibia", ressalta.
"O
que nós tentamos fazer é tratá-la com empatia. Olhar para todo o trauma
e todo o sofrimento que viveu, e tentar entender melhor todos os
fatores que contribuíram para que ela se tornasse quem foi. O que,
infelizmente, é alguém que não é lembrada de uma maneira muito positiva
nos livros de história."
(... para suavizar a realidade) DIA FEITO DE ESPERA
(Prosa poética)
Talvez fosse melhor não te contar. É possível que sabendo, nada demais aconteça... Hoje o dia foi feito de espera. Eu te esperei o dia inteiro desde o desabrochar dos primeiros raios de Sol até se consumar o arrebol. Embora não tenha sido uma espera desesperada, como alguém que arrisca a sorte jogando na loteria, mas... possivelmente igual a de quem aguarda o recebimento daquele certificado para, em seguida ser admitido no emprego tão sonhado. Sabe, descobri que te esperar demais significa perigo. E te esperar de menos é ainda muito mais perigoso. Imagino que isso não seja um bom "prenúncio", mas algumas vezes já pensei que continuar te esperando me deixará louca. Em outros momentos, tenho o pressentimento de que salvará minha vida. Um dia, se toda essa espera valer a pena... quem sabe, eu decida te contar a diferença.
Os países em que estupradores conseguem escapar da Justiça casando-se com as vítimas
Ativistas
da ONG Abaad no Líbano protestam vestidas de noiva contra lei que
permitia estuprador se livrar da pena caso se casasse com sua vítima
Amina Filali tinha 15 anos quando contou aos pais que havia sido estuprada.
A
família, "seguindo o conselho de um funcionário da Justiça", segundo
disse o pai da menor de idade, a obrigou a se casar com o estuprador, um
homem de 25 anos.
Meses depois, após denunciar diversas agressões, a adolescente se matou aos 16 anos.
Amina
morreu em 2012 em um pequeno povoado no Marrocos, e seu caso
emblemático desencadeou protestos e campanhas de grupos de mulheres ao
redor do país.
Dois
anos depois, o Parlamento do Marrocos enfim derrubou a lei que permitia
ao estuprador escapar da Justiça se casando com a vítima.
Mas
isso ainda é realidade em diversas partes do mundo, incluindo a América
Latina, segundo o recente relatório do Fundo de Populações das Nações
Unidas (UNFPA) intitulado "Meu corpo me pertence".
Segundo
o documento, quase metade das mulheres em 57 países em desenvolvimento
não têm autonomia sobre seus corpos, e lhes são negados os direitos de
decidir se desejam ter relações sexuais, se podem usar métodos
contraceptivos ou se podem buscar atendimento de saúde, por exemplo.
Isso
"deveria indignar a todos nós", disse a diretora-executiva do UNFPA,
Natalia Kanem. "Em essência, centenas de milhões de mulheres e meninas
não são donas dos próprios corpos. Suas vidas são governadas por
outros."
Amina
Filali, na imagem em preto e branco, se matou aos 16 anos após ser
obrigada a casar com seu estuprador. Sua irmã, Hamida, que segura o
cartaz nesta foto, participou de protestos que levaram à mudança da lei
no Marrocos.
O
estupro e as leis que perdoam o estuprador são apenas dois exemplos em
uma longa lista de violações que também inclui casos como mutilação
genital ou testes de virgindade.
E
mesmo em países que revogaram regras que livram o estuprador caso ele
se case com a vítima, outras práticas ainda permitidas por lei podem
acabar tendo o mesmo resultado.
Quais países têm leis como essas?
O relatório da ONU cita como uma de suas fontes relatórios da ONG internacional Equality Now, com sede em Washington.
Em
seu relatório de 2017, Equality Now destacou vários exemplos de países
no Oriente Médio e Norte da África onde um estuprador pode escapar da
Justiça por meio do casamento: Iraque, Bahrein, Líbia, Kuwait,
Palestina, Tunísia, Jordânia e Líbano.
"Depois
de nosso relatório e de outras campanhas, a Tunísia, a Jordânia e o
Líbano acabaram com essas leis em 2017, e a Palestina fez o mesmo em
2018 ", disse Bárbara Jiménez, advogada especializada em direitos das
mulheres e representante do Equality Now para Américas, à BBC News Mundo
(serviço em espanhol da BBC).
Outros exemplos citados no relatório da ONU são Angola, Argélia, Camarões, Guiné Equatorial, Eritreia, Síria e Tajiquistão.
Vítimas
casadas com seus estupradores ficam presas a relacionamentos que as
expõem a novos estupros em potencial e outras agressões pelo resto da
vida.
"Em
muitas ocasiões essas leis existem porque o que se tenta 'proteger'
aqui é a honra da família, o nome, a honra da vítima", acrescentou
Jiménez.
A "desonra" pela perda da virgindade é vista pelas famílias como um mal maior do que a integridade de suas filhas.
Esses padrões também existiam na Europa. A Itália, por exemplo, os eliminou em 1981 e a França, em 1994.
Qual é a situação na América Latina?
A
maioria dos países da região revogou artigos em seus códigos criminais
que permitiam que um estuprador fugisse da justiça casando-se com sua
vítima.
Mas
essas mudanças legais são incrivelmente recentes. Por exemplo, regras
assim foram eliminadas no Uruguai em 2006, na Costa Rica em 2007 e na
Bolívia em 2013.
Leis que perdoam estupradores são apenas um dos exemplos de uma longa lista de desrespeito à autonomia das mulheres
No
Brasil, uma lei promulgada em 2005 extinguiu o trecho do Código Penal
que previa o casamento como forma de extinguir a punição para casos de
estupro.
No
entanto, um artigo no Código Civil deixava margem para encerrar a
punição se houvesse casamento entre agressor e vítima. Esse trecho foi
modificado em 2019.
Atualmente
um país da região latino-americana, a República Dominicana, ainda
possui um artigo em seu Código Penal que permite ao autor de uma
violação escapar de sua sentença mediante casamento.
Na Venezuela, decisão judicial derrubou benefício a estuprador
O
Código Penal venezuelano dispõe no artigo 393: "Os culpados de qualquer
dos crimes previstos nos artigos 374, 375, 376, 378, 387, 388 e 389
estarão isentos de pena se antes da condenação casarem com o ofendido, e
o julgamento cessará em todos os pontos em tudo o que se relacione com a
pena correspondente a esses atos puníveis. Se o casamento ocorrer
depois da condenação, cessará a execução das penas e suas consequências
criminais", explicou Vanessa Blanco, representante na Venezuela do
"Jóvenas Latidas", movimento latino-americano que luta pelos direitos
das meninas e mulheres.
"Os
artigos 374, 375 e 376 falam de estupro." E acrescenta: "Quando o
Código Penal foi reformado em 2005, o Artigo 393 não foi eliminado".
No
entanto, é necessário esclarecer que "o artigo 393 do Código Penal
(reformado em 2005) foi anulado de ofício" e reescrito "pela Câmara
Constitucional no julgamento nº 695/2015 de 2 de junho de 2015", explica
à BBC News Mundo José Ignacio Hernández, professor de Direito da
Universidade Católica de Caracas e pesquisador da Harvard Kennedy
School.
A
sentença trouxe duas modificações que, em suma, deixaram de permitir
benefícios que incidem em caso de casamento, visto que se entendeu que
os crimes referidos no artigo 393 do Código Penal não podem levar a
situações de impunidade contrárias à Lei Orgânica do Direito da Mulher a
uma Vida Livre de Violência.
"Por
esta razão, a Venezuela não pode ser incluída nos países em que um
estuprador pode ter benefícios se casar com a vítima (não com base no
Código Penal vigente, mas na sentença comentada da Câmara
Constitucional)", conclui Hernández.
O caso da República Dominicana
"O
Código Penal em vigor na República Dominicana desde 1884 tem uma norma
(artigo 356) em que o agressor sexual de um menor de idade, incluindo
incesto, é liberado do processo penal se ele se casar com ela", disse à
BBC News Mundo a advogada dominicana Patricia M. Santana Nina,
especialista em Direito Constitucional com Estudos de Gênero e
Violência.
"Em
outras palavras, o crime é perdoado se o agressor se casar com a
vítima. Esta disposição foi implicitamente revogada recentemente, em
janeiro de 2021, pela Lei nº 1-21 que proíbe o casamento com menores de
18 anos. No entanto, há um projeto de lei em tramitação no país que
revogaria totalmente o texto do Código Penal."
República
Dominicana ainda tem um artigo em seu Código Penal que permite ao
estuprador escapar da condenação em caso de casamento com a vítima
Santana
Nina destacou que a lei que perdoa o agressor sexual caso ele se case
com um menor de idade "era aplicada com bastante frequência".
"É
uma prática cultural prejudicial contra a qual ainda lutamos, porque,
embora o casamento infantil tenha sido proibido, os casamentos precoces
continuam."
Na
opinião da advogado, a República Dominicana ainda deve ser incluída na
lista de países que permitem a exoneração de um estuprador se ele se
casar com sua vítima "porque a norma ainda está em vigor".
"Um 'intérprete gênio' sempre pode aparecer para interpretar o lei para favorecer o agressor", explica.
Para
Santana Nina, "esse tipo de norma se traduz em uma forma de violência
contra mulheres e meninas que vem diretamente do Estado dominicano, que,
em nossa sociedade, perpetua e aprofunda a discriminação e sua condição
de extrema pobreza".
"Também
se traduz em uma sentença de viver em meio a círculos de violência de
gênero, com exposição à gravidez infantil e forçada (já que, neste país,
o aborto é criminalizado sem exceções)."
Casamentos infantis
Mesmo
em países que não possuem mais normas que livram o estuprador em caso
de casamento, outras práticas podem ter efeito semelhante, explica
Bárbara Jiménez, da ONG Equality Now.
Vários
países da América Latina permitem o casamento de adolescentes com menos
de 18 anos desde que tenham autorização do pai ou da mãe, do tutor ou
da autoridade judiciária.
Vários
países da América Latina permitem o casamento de menores antes dos 18
anos desde que tenham autorização do pai ou da mãe, do tutor ou da
autoridade judiciária.
"Essas
leis ainda têm essas exceções que permitem que uma família autorize uma
menina a se casar com um homem que pode ter sido um agressor sexual, e
esse agressor escapará da Justiça, da mesma forma como se houvesse uma
legislação que livrasse o estuprador de sua condenação.",
"Isso
acontece no campo, onde as famílias casam a menina, a fim de preservar a
honra ou a segurança econômica da adolescente, principalmente se ela
engravidar. Isso acontece principalmente nas áreas rurais e nas culturas
indígenas".
Jiménez
cita como exemplos de países que permitem o casamento de menores de 18
anos com consentimento dos pais: Cuba (idade mínima 14 anos), Bolívia
(16 anos), Brasil (16 anos) e Peru (16 anos). Nos Estados Unidos, o
casamento antes dos 18 anos é atualmente legal em 46 Estados americanos
(apenas Delaware, Nova Jersey, Minnesota e Pensilvânia definiram a idade
mínima de 18 anos e removeram todas as exceções).
O
casamento infantil e os abusos que essa prática possibilita estão
arraigados em muitos países. O Níger, por exemplo, tem a taxa de
prevalência de casamento infantil mais alta do mundo (76% das meninas se
casam antes dos 18 anos)", segundo o relatório do UNFPA.
Uniões informais
Há casos em que o agressor sexual pode escapar da Justiça mesmo sem casamento.
"Na
região da América Latina existe o fenômeno das uniões informais. Isso
ainda permite as uniões de meninas com pessoas mais velhas", explicou
Jiménez.
"As
meninas costumam ir de sua casa para a casa do homem com quem estão
unidas, muitas vezes vão morar sob o teto da família do homem, às vezes
como a única possibilidade econômica de sair de casa."
No
caso da Bolívia, por exemplo, "segundo reportagem jornalística, a união
ou coexistência de meninas menores de 15 anos existe e é uma realidade,
ainda que segundo a legislação boliviana seja crime um adulto viver com
uma menina ou adolescente", disse à BBC News Mundo Patricia Brañez,
representante na Bolívia do Cladem (Comitê da América Latina e Caribe
para a Defesa dos Direitos da Mulher).
Quase metade das mulheres em 57 países em desenvolvimento não têm autonomia sobre seus corpos, afirma relatório da UNFPA
Na
Bolívia, cerca de 22% das adolescentes se casaram antes dos 18 anos e
3% antes dos 15 anos, de acordo com o relatório do Unicef de 2015 "Uma
Abordagem para a Situação de Adolescentes e Jovens na América Latina e
no Caribe" .
"Segundo
Pesquisa Domiciliar de 2017, pelo menos 12.500 mulheres, entre 12 e 17
anos, declararam viver em concubinato. Esses dados também mostram que
0,01% das meninas entre 12 e 14 anos são mães", acrescentou Brañez.
"Aniquilação do espírito"
"É
inaceitável que em 2021 na República Dominicana e em outros países
ainda tenhamos disposições legais que contenham a possibilidade de um
estuprador escapar da Justiça caso se case com a vítima, e que isso
aconteça em crimes tão graves como a violência sexual", disse Jiménez,
da ONG Equality Now.
"Também
é inaceitável que na lei federal dos Estados Unidos o casamento
infantil seja visto como uma defesa válida contra a violação legal, e é
inaceitável que nos países latino-americanos, com algumas exceções, o
casamento de menores de 18 anos seja permitido".
"Mudar
a lei é o primeiro passo para eliminar o crime, a iniquidade e essas
práticas nocivas que limitam o desenvolvimento e a plena autonomia de
meninas e adolescentes".
Para
Natalia Kanem, diretora-executiva do UNFPA, "uma mulher que tem
controle sobre seu corpo tem mais chances de ser fortalecida em outras
áreas de sua vida para prosperar".
A
negação da autonomia corporal, por outro lado, por meio de leis que
livram o estuprador e outras práticas, é, segundo a chefe do UNFPA,
"nada menos que um aniquilamento do espírito, e isso deve acabar".
O Ministério da Saúde de Mali publicou esta imagem de três dos nove bebês
Uma mulher de 25 anos deu à luz nove bebês — dois a mais do que o total que os médicos conseguiram detectar durante os exames.
Halima
Cisse, que é do Mali, na África, deu à luz nônuplos no Marrocos. O
governo do Mali a levou para lá para que tivesse acesso a atendimento
especializado.
As cinco meninas e quatro meninos nasceram de cesariana e estavam bem, segundo o Ministério da Saúde do Mali.
É
extremamente raro uma mulher dar à luz nove bebês, e muitas vezes
complicações durante ou após o nascimento levam alguns dos bebês a não
sobrevivem.
A
ministra da Saúde do Mali, Fanta Siby, felicitou as equipes médicas de
ambos os países pelo "bom resultado" no caso de Halima Cisse.
A
gravidez de Cisse se tornou um assunto pelo qual as pessoas ficaram
fascinadas no Mali, mesmo quando se pensava que ela estava grávida de
"apenas" sete bebês, segundo a agência de notícias Reuters.
Os
médicos no país da África Ocidental estavam preocupados com o bem-estar
dela e as chances de sobrevivência dos bebês, e foi aí que o governo
interveio.
É
extremamente raro uma mulher dar à luz nove bebês, e muitas vezes
complicações durante ou após o nascimento levam alguns dos bebês a não
sobrevivem
Depois
de uma estadia de duas semanas em um hospital na capital do Mali,
Bamako, a decisão foi de transferir Cisse para o Marrocos em 30 de
março, segundo a ministra Siby.
Depois de cinco semanas na clínica marroquina, ela deu à luz os nove bebês na terça-feira (4/5), segundo o ministério.
A expectativa é de que a mãe e seus bebês voltem para casa em algumas semanas.
Corpo de Paulo Gustavo será cremado nesta quinta em cerimônia restrita
Não
foi informado se haverá velório. Criador da personagem Dona Hermínia e
um dos humoristas mais populares e admirados do Brasil morreu nesta
terça-feira (4), vítima da Covid.
O corpo do ator e humorista Paulo Gustavo será cremado nesta quinta-feira (6) em uma cerimônia restrita à família e a amigos próximos.
O local e o horário não foram divulgados, segundo a assessoria do
artista, “a fim de evitar aglomerações neste período de pandemia”.
Também não foi informado se haverá velório.
Paulo morreu nesta terça-feira (4), aos 42 anos, vítima de Covid. Criador de Dona Hermínia e de outros personagens inesquecíveis no teatro, na TV e no cinema, ele estava internado desde 13 de março
no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Nesta quarta
(5), fãs deixaram flores na porta da unidade para lembrar do ator.
Fãs deixaram flores na porta do hospital onde Paulo Gustavo ficou internado — Foto: Reprodução/ TV Globo
O quadro de saúde de Paulo Gustavo piorou na noite de domingo (2), quando sofreu uma embolia pulmonar. Antes, ele vinha apresentando melhoras significativas – chegou a ter redução de sedativos e bloqueadores e a interagir com médicos e com o marido, Thales Bretas.
Com um estilo de humor acessível, baseado em cenas familiares e
cotidianas, Paulo Gustavo conquistou o Brasil e teve uma trajetória de
enorme sucesso, em produções como o campeão de bilheteria "Minha mãe é uma peça: O filme" (2013), que rendeu duas continuações. Lançado em 2019, o longa mais recente da triologia se tornou a comédia com maior público da história do cinema nacional.
Paulo Gustavo deixa o marido, Thales, e dois filhos pequenos, Gael e
Romeu, além do pai, Júlio Marcos, da irmã, Juliana Amaral, e da mãe, Déa
Lúcia Amaral, que inspirou a criação de Dona Hermínia.