quinta-feira, 15 de abril de 2021

Governo propõe salário mínimo de R$ 1.147 em 2022, sem aumento real

 Reajuste segue previsão de 4,3% do INPC para este ano

O salário mínimo em 2022 será de R$ 1.147 e não terá aumento acima da inflação, anunciou o Ministério da Economia. O reajuste consta do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022, enviado hoje (15) ao Congresso Nacional.

O reajuste segue a projeção de 4,3% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para este ano. A estimativa também consta do PLDO.

Até 2019, o salário mínimo era reajustado segundo uma fórmula que previa o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) de dois anos antes mais a inflação oficial do ano anterior. Desde o ano passado, o reajuste passou a seguir apenas a reposição do INPC, por causa da Constituição, que determina a manutenção do poder de compra do salário mínimo.

Segundo o Ministério da Economia, cada aumento de R$ 1 no salário mínimo tem impacto de aproximadamente R$ 315 milhões no orçamento. Isso porque os benefícios da Previdência Social, o abono salarial, o seguro-desemprego, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e diversos gastos são atrelados à variação do mínimo.

O valor do salário mínimo para o próximo ano ainda pode ser alterado, dependendo do valor efetivo do INPC neste ano. Pela legislação, o presidente da República é obrigado a publicar uma medida provisória até o último dia do ano com o valor do piso para o ano seguinte.

Em 2021, o salário mínimo está em R$ 1.100. Como o INPC do ano passado encerrou 2020 em 5,45%, puxado pela inflação dos alimentos, o valor do mínimo deveria ser R$ 1.102, mas o governo até hoje não incorporou a diferença de R$ 2 ao salário mínimo. Caso não faça isso antes do fim do ano, o resíduo será incorporado ao salário mínimo em 2022.

Edição: Fernando Fraga 

 Publicado em 15/04/2021 - 16:23 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Agência Brasil

 

Derek Chauvin se recusa a depor no julgamento da morte de George Floyd

O ex-policial responde a três acusações, sendo a mais grave homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar. Na segunda-feira (19), a defesa e a acusação vão apresentar os argumentos finais.

Por Jornal Nacional


Ex-policial americano acusado de matar George Floyd se recusa a depor sobre o caso
Ex-policial americano acusado de matar George Floyd se recusa a depor sobre o caso

O julgamento do ex-policial americano acusado de matar George Floyd vai entrar na fase final, depois que ele se recusou a depor sobre o caso.

Pela primeira vez, o tribunal ouviu a voz de Derek Chauvin. Ele disse: “Vou invocar meu direito de não me pronunciar”. Pelo protocolo, os jurados não estavam presentes, mas foram comunidados.

O ex-policial responde a três acusações, sendo a mais grave homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar.

Durante o julgamento, os promotores chamaram 38 testemunhas. Pedestres descreveram o desespero de ver Chauvin ajoelhado sobre o pescoço de Floyd.

Policiais disseram que o gesto foi contra o treinamento que receberam e médicos afirmaram que as ações do ex-policial causaram a morte de Floyd.

A defesa levou sete pessoas para depor. Elas tentaram convencer os jurados que Derek Chauvin agiu de forma correta, que o uso de força foi justificado e que George Floyd morreu por problemas cardíacos agravados pelo uso de drogas.

Na segunda-feira (19), a defesa e a acusação vão apresentar os argumentos finais. Depois, os jurados vão se reunir a portas fechadas para decidir se consideram Chauvin culpado ou inocente de cada uma das acusações.

Também nesta quinta-feira (15), a poucos quilômetros dali, a ex-policial que matou Daunte Wright no domingo (11), compareceu à primeira audiência.

Kim Potter é acusada de negligência e de assumir o risco consciente de causar a morte do jovem de 20 anos.

Ela foi presa na quarta-feira (14) e liberada após pagar uma fiança equivalente a mais de R$ 500mil.

G1

Por 8 votos a 3, Supremo rejeita recurso que buscava reverter anulação das condenações de Lula

Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou recurso apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que contestou a decisão que anulou as condenações de ex-presidente.

 


Por oito a três Supremo decide anular condenações de Lula na Lava Jato

Por oito a três Supremo decide anular condenações de Lula na Lava Jato

O Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quinta-feira (15) rejeitar o recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR) que buscava reverter a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva impostas pela Justiça Federal do Paraná, na Operação Lava Jato.

Oito ministros (Fachin, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Luís Roberto Barroso) votaram pela rejeição do recurso e três pela aceitação (Nunes Marques, Marco Aurélio Mello e Luiz Fux).

Rejeitado o recurso, as anulações das condenações serão mantidas, e Lula permanecerá elegível.

Para a defesa do ex-presidente, o resultado do julgamento "restabelece a segurança jurídica e a credibilidade do sistema de Justiça".

O julgamento terá continuidade no próximo dia 22 com a apreciação da suspeição do ex-juiz Sergio Moro, cuja atuação ao condenar o ex-presidente foi considerada parcial pela Segunda Turma do STF.

Edson Fachin é o relator dos recursos apresentados pela PGR e pela defesa de Lula sobre a decisão individual dele próprio que anulou as condenações. A PGR recorreu a fim de reverter a decisão. A defesa de Lula quer evitar que a decisão de Fachin leve à extinção de outros processos relacionados ao caso, entre os quais o que resultou na declaração de parcialidade do ex-juiz Sergio Moro ao julgar processo de Lula.

O julgamento teve início nesta quarta (14), quando, primeiramente, os ministros decidiram, por 9 votos a 2, que o plenário pode decidir sobre o caso — e não somente a Segunda Turma, formada por cinco ministros, que já deliberou a favor da anulação das condenações e da declaração da parcialidade de Moro.

Votos dos ministros

Ao votar, Edson Fachin se manifestou contra a competência da Justiça Federal do Paraná para julgar os casos que envolvem Lula — o do triplex do Guarujá, o do sítio de Atibaia e o do Instituto Lula — sob entendimento de que os processos de Lula não tinham relação apenas com o esquema da Petrobras.

Foi com esse entendimento que Fachin anulou as condenações e transferiu os processos para a Justiça Federal em Brasília. Com essa decisão, Lula recuperou os direitos políticos e se tornou elegível.

Segundo o ministro, citando entendimentos anteriores do STF, a 13ª Vara de Curitiba não é o “juízo universal” de fatos ligados à Lava Jato.

Para Fachin, a conduta atribuída a Lula “não era restrita à Petrobras, mas à extensa gama de órgãos públicos em que era possível o alcance dos objetivos políticos e financeiros espúrios”.

O ministro Nunes Marques divergiu do relator. Para Marques, as condutas atribuídas a Lula têm relação com o esquema da Petrobras e por isso, no entendimento dele, podem ser julgadas pela Justiça de Curitiba.

“Foi uma investigação dos primeiros crimes [entre construtoras e Petrobras] que coletou provas que levaram ao conhecimento da segunda onda de crimes", argumentou o ministro.

"Verifica-se que os fatos versados nas ações penais descritas estão, de fato, associados diretamente ao esquema criminoso de corrupção e lavagem de dinheiro investigado no contexto da Operação Lava Jato cuja lesividade veio em detrimento exclusivamente da Petrobras. E, assim sendo, a competência, a meu sentir, é da 13ª Vara Federal", declarou.

O ministro Alexandre de Moraes acompanhou o relator. “Se nós analisarmos detalhadamente cada denúncia desses quatro casos, vamos verificar que em nenhuma das denúncias, seja do caso Atibaia, do triplex, do instituto, do apartamento em São Bernardo, nem o MP nem o juiz Sergio Moro quando condenou, apontou que o dinheiro veio da OAS, da Petrobras", afirmou.

"O que se colocou em todas as denúncias que várias empresas, algo genérico, sem nenhuma ligação com atos específicos, se denunciou o ex-presidente”, afirmou.

Mas Moraes discordou do envio dos processos para Brasília. “Os casos todos ocorreram em São Paulo”, defendeu.

A ministra Rosa Weber argumentou que a “complexidade” da operação impôs uma nova forma de fixar a competência [onde serão julgados] dos processos na Lava Jato ao longo do tempo, com uma “tendência restritiva”. Por isso, ela também acompanhou Fachin.

“Do enredo narrado nas imputações, extraio uma ligação muito distante entre as condutas e sua repercussão sobre o patrimônio da Petrobras, insuficiente para atrair a incidência das regras de conexão e continência quando interpretadas em conformidade com os parâmetros definidos pela jurisprudência desta Suprema Corte”, assinalou.

O ministro Dias Toffoli também acompanhou o relator, "sem prejuízo de refletir" sobre a proposta feita pelo ministro Alexandre de Moraes, de enviar os casos para São Paulo.

Após sugestão do presidente da Corte, ministro Luiz Fux, de dar continuidade ao julgamento do recurso da PGR somente na próxima semana, os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia decidiram antecipar os votos, acompanhando o relator.

O ministro Gilmar Mendes antecipou o voto, acompanhando o relator. “Não vou me pronunciar agora sobre essa vertente trazida pelo ministro Alexandre de Moraes [envio dos processos para a Justiça Federal em São Paulo]”, disse.

Ricardo Lewandowski disse que já tem posição pública e conhecida e votou acompanhando o relator, Edson Fachin.

“O próprio magistrado reconhece que aqueles casos que estavam em julgamento não tinham nada a ver com a Petrobras”, afirmou.

Em seguida, Cármen Lúcia também acompanhou Fachin, afirmando que a jurisprudência foi se consolidando com base na lei. A ministra referiu-se ao entendimento do STF que restringiu as situações em que processos da Operação Lava Jato podem ser julgados em Curitiba — somente aqueles relacionados à Petrobras.

O decano (mais antigo ministro) da Corte, Marco Aurélio Mello, afirmou que “qualquer juízo federal poderia ter julgado essas ações”, por isso, acompanhou o ministro Nunes Marques.

“Procede às inteiras o recurso interposto pela PGR”, afirmou Mello. “Não cabe argumentar que possamos não ter concorrente em 2022. Isso não é argumento jurídico. O que eu quero saber é onde a maioria está vendo direito líquido e certo a pugnar-se os processos-crimes voltando-se à estaca zero que tramitaram nas instâncias ordinárias”, declarou.

O ministro Luís Roberto Barroso também decidiu votar e acompanhou Fachin. Segundo Barroso, o plenário restringiu a questões que envolvem a Petrobras e a Segunda Turma, ainda mais. “Ressalvando meu entendimento pessoal, voto para endossar o encaminhamento dado pelo relator.”

O presidente do STF, ministro Luiz Fux, acompanhou a divergência do ministro Nunes Marques, “conjurando o fato de que essa decisão acaba com a Lava Jato, porque não acaba”.

“Num primeiro plano, sob o aspecto interdisciplinar, eu gostaria de aderir à preocupação que o ministro Marco Aurélio e, agora o ministro Luís Roberto Barroso, quando aduz que essa decisão não terá efeito sistêmico. Para esclarecer, de maneira muito simples, essa decisão não derrui a Operação Lava Jato. É apenas uma decisão referente aos casos específicos a que ela se refere”, disse o ministro.

Os recursos

A PGR pediu ao plenário para derrubar a decisão individual de Fachin e restabelecer as condenações e, com isso, a inelegibilidade de Lula.

A defesa de Lula contestou o entendimento de Fachin que extingue os processos nos quais foram apontadas irregularidades em julgamentos ligados à Lava Jato, entre os quais o que questiona suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso.

Em 23 de março, a Segunda Turma declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro com um placar de 3 votos a 2. O colegiado entendeu que Moro foi parcial no processo do triplex.

A turma do STF anulou todo o processo do triplex, que precisará ser retomado da estaca zero pelos investigadores. As provas já colhidas serão anuladas e não poderão ser utilizadas em um eventual novo julgamento.

O entendimento do plenário sobre a decisão de Fachin pode ter efeito na decisão que declarou a suspeição de Moro.

Se a maioria considerar que o caso ficou prejudicado com a decisão individual do ministro e que não caberia à Segunda Turma julgar o caso, o julgamento sobre a parcialidade perde a validade. 

G1.com

Auxílio emergencial: Caixa antecipa saque em dinheiro da primeira parcela; veja datas

Saques começam a partir do próximo dia 30, a depender da data de nascimento do beneficiário; calendário anterior tinha início em 4 de maio. Caixa não mudou datas das outras parcelas.

A Caixa Econômica Federal anunciou nesta quinta-feira (15) a antecipação do calendário de saques em dinheiro da primeira parcela do auxílio emergencial de 2021.

Segundo o presidente do banco, Pedro Guimarães, a intenção era adiantar a modalidade de saque em dinheiro "em duas semanas". A antecipação, no entanto, será menor que essa para a maioria dos beneficiários.

A Caixa antecipou ainda, em um dia, os pagamentos da primeira parcela de quem faz aniversário em novembro e dezembro. Os grupos receberão o crédito em conta nos dias 28 e 29 de abril, respectivamente. Antes, eles receberiam em 29 e 30 de abril.

A mudança não afetou o restante das datas já anunciadas para o crédito das parcelas em conta corrente, nem para o saque dos pagamentos que serão creditados de junho a setembro.

Com a alteração, a liberação dos saques será feita no intervalo entre 30 de abril e 17 de maio, a depender da data de nascimento do beneficiário. No calendário anterior, esse intervalo ia de 4 de maio a 4 de junho.

Veja como fica o novo calendário de saques da primeira parcela, com base na data de nascimento do beneficiário:

  • Nascidos em janeiro: 30 de abril (era 4 de maio)
  • Nascidos em fevereiro: 3 de maio (era 6 de maio)
  • Nascidos em março: 4 de maio (era 10 de maio)
  • Nascidos em abril: 5 de maio (era 12 de maio)
  • Nascidos em maio: 6 de maio (era 14 de maio)
  • Nascidos em junho: 7 de maio (era 18 de maio)
  • Nascidos em julho: 10 de maio (era 20 de maio)
  • Nascidos em agosto: 11 de maio (era 21 de maio)
  • Nascidos em setembro: 12 de maio (era 25 de maio)
  • Nascidos em outubro: 13 de maio (era 27 de maio)
  • Nascidos em novembro: 14 de maio (era 1º de junho)
  • Nascidos em dezembro: 17 de maio (era 4 de junho)
VÍDEO: Auxílio Emergencial 2021 - entenda as regras da nova rodada

VÍDEO: Auxílio Emergencial 2021 - entenda as regras da nova rodada

"No site auxilio.caixa.gov.br, nós teremos todo o calendário. Mas [a mudança] chega a antecipar em duas semanas e, já neste mês agora, no dia 30 de abril, a gente já começa a realizar também os pagamentos, ou seja, permitir o saque nas lotéricas e nos ATMs [caixas eletrônicos], que era só em maio", declarou Pedro Guimarães em uma transmissão ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

O calendário original prevê, ainda, a possibilidade de saques da segunda parcela a partir de 8 de junho, da terceira parcela a partir de 13 de julho e da quarta parcela a partir de 13 de agosto. Essas datas estão mantidas. 

G1.com

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Rio registra 7,3 mil autuações por descumprimento de medida restritiva

Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio 

Em sete dias, foram 495 multas e 89 interdições

Em sete dias de fiscalização das medidas de controle ao avanço do novo coronavírus, a prefeitura do Rio de Janeiro registrou um total de 7.363 autuações. Foram aplicadas, no período, 495 multas a bares, restaurantes e ambulantes, e interditados 89 estabelecimentos que descumpriam as medidas de restrição.

Somente ontem (1º), a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) contabilizou 1.234 autuações, com 31 estabelecimentos fechados e 63 multas conferidas a ambulantes, restaurantes e bares. Os comboios de fiscalização contaram com agentes da Seop, Guarda Municipal, Instituto Municipal de Vigilância Sanitária e apoio da Polícia Militar, e percorreram pontos da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Penha, Realengo, Tijuca, Vila da Penha, Marechal Hermes, Bento Ribeiro, Campinho, Madureira, entre outros bairros das zonas oeste e norte.

A Seop autuou também nessa quinta-feira um supermercado, após registro de aglomeração no estabelecimento. Além disso, foram fechadas lojas de roupas, de itens para aparelhos celulares, de conveniência e uma academia.

Respeito

O secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, avaliou que as operações seguem positivas, porque “a grande maioria da população entendeu a gravidade do momento e tem respeitado as medidas de proteção à vida. De toda forma, a prefeitura segue nas ruas fiscalizando e autuando aqueles que insistem em descumprir o decreto. Ontem, por exemplo, multamos uma grande variedade de atividades que atuavam fora do permitido pelas determinações sanitárias atuais”, manifestou Carnevale.

As equipes de fiscalização atuam para cumprir as determinações do decreto nº 48.644, publicado no Diário Oficial de 22 de março de 2021, que estabeleceu o fechamento dos serviços não essenciais por dez dias, a partir de 26 de março.

Até 4 de abril, bares e restaurantes podem funcionar apenas com entregas em domicílio e nos sistemas take away (sistema de produção e comercialização de refeições em estabelecimentos, que não são consumidas no local) e drive-thru (serviço de entrega fornecido por uma empresa que permite aos clientes comprar produtos sem sair de seus carros). Está proibida também a permanência na areia das praias, o estacionamento em toda a orla marítima e a entrada de ônibus de fretamento no município.

Guarda Municipal

As forças-tarefa da Guarda Municipal realizaram ações em pontos onde são registradas aglomerações e nos locais de denúncias enviadas por cidadãos via Central 1746 da prefeitura do Rio. As equipes atenderam chamados nos bairros de Ipanema, Flamengo, Copacabana e Leme, na zona sul da cidade; e Olaria, Anil, Senador Vasconcelos, entre outros, na zona norte. Os agentes realizaram patrulhamento em toda a orla da cidade para orientar banhistas sobre a proibição da permanência na areia. As rondas aconteceram nas praias do Leme ao Pontal, incluindo Flamengo, Botafogo e Urca. Também aconteceram na orla da zona oeste, nas praias da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.

Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio
Divulgação - Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio

Já as equipes do Grupamento Especial de Trânsito (GET) percorreram toda a orla fiscalizando a proibição de estacionamento determinada pelo decreto. Foram aplicadas 121 multas ontem (1º). O patrulhamento foi reforçado ainda nas estações do BRT, com equipes atuando para coibir aglomerações. A ação acontece nos três corredores do sistema: Transcarioca, Transolímpica e Transoeste.

Edição: Kelly Oliveira

rio fiscalização Pandemia covid-19 coronavírus

Agência Brasil


Câmara aprova prorrogação de prazo para declaração do Imposto de Renda

Projeto de lei segue agora para o Senado

 A Câmara dos Deputados aprovou hoje (31) a prorrogação do prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda de 2021. O Projeto de Lei (PL) 639/21 prevê que a entrega deva ocorrer até o dia 31 de julho deste ano. O prazo atual, divulgado pela Receita Federal, vai até 30 de abril. A proposta segue agora para análise do Senado.

De acordo com o texto aprovado, um substitutivo do relator, deputado Marcos Aurélio Sampaio (MDB-PI), o cronograma de restituições não mudará, com o primeiro lote sendo pago em 31 de maio. O texto autoriza ainda o pagamento da cota única ou das cotas vencidas até 31 de julho sem acréscimo de juros ou penalidade de qualquer natureza.

No ano passado, também houve a prorrogação do prazo para a entrega da declaração. A mudança, contudo, foi feita por meio de instrução normativa da Receita Federal, que passou o prazo final para 30 de junho. O cronograma de restituição permaneceu o mesmo, fazendo com que o primeiro lote fosse liberado em 29 de maio, antes do prazo final de entrega.

Edição: Lílian Beraldo 

Agência Brasil

 

Lockdown causa depressão e suicídio? O que um ano de covid-19 nos revela sobre saúde mental

Foto de uma mulher e uma criança, que desenha uma pessoa sorrindo no vidro de uma janela Pelo que foi observado até o momento, a maioria das pessoas se mostrou muito resiliente e conseguiu se adaptar à nova rotina imposta pela pandemia

Quando a covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil em março de 2020 e exigiu a adoção de medidas mais restritivas, especialistas em saúde mental passaram a usar o termo "quarta onda" para se referir à avalanche de novos casos de depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos que viriam pela frente.

Mas, contrariando todas as expectativas, os primeiros 12 meses pandêmicos não resultaram em mais diagnósticos dessas doenças: estudos publicados nas últimas semanas indicam que os números de indivíduos acometidos tiveram até uma ligeira subida no início da crise, mas depois eles se mantiveram estáveis dali em diante.

Outros achados recentes também apontam que políticas mais extremas como o lockdown, adotadas em vários países e tão necessárias para achatar as curvas de contágio e evitar o colapso dos sistemas de saúde, não resultaram numa piora do bem-estar ou no aumento dos casos de suicídio.

A tese que liga lockdown a aumento de doenças mentais é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que usa essa e outras justificativas econômicas para resistir à necessidade de firmar decretos que fechem o comércio e reduzam a circulação de pessoas pelas ruas.

 -19 começou a se espalhar pelo Brasil em março de 2020 e exigiu a adoção de medidas mais restritivas, especialistas em saúde mental passaram a usar o termo "quarta onda" para se referir à avalanche de novos casos de depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos que viriam pela frente.

Mas, contrariando todas as expectativas, os primeiros 12 meses pandêmicos não resultaram em mais diagnósticos dessas doenças: estudos publicados nas últimas semanas indicam que os números de indivíduos acometidos tiveram até uma ligeira subida no início da crise, mas depois eles se mantiveram estáveis dali em diante.

Outros achados recentes também apontam que políticas mais extremas como o lockdown, adotadas em vários países e tão necessárias para achatar as curvas de contágio e evitar o colapso dos sistemas de saúde, não resultaram numa piora do bem-estar ou no aumento dos casos de suicídio.

A tese que liga lockdown a aumento de doenças mentais é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que usa essa e outras justificativas econômicas para resistir à necessidade de firmar decretos que fechem o comércio e reduzam a circulação de pessoas pelas ruas.

Num discurso feito aos seus apoiadores na frente do Palácio do Planalto na manhã da última sexta-feira (19/03), o presidente voltou a abordar o assunto:

"O caos vem aí, a fome vai tirar o pessoal de casa, vamos ter problemas que nunca esperamos ter, problemas sociais gravíssimos. Tenho mantido todos os ministros informados sobre o que está acontecendo. E ainda me culpam, como se eu fosse um insensível no tocante a morte. A fome também mata, a depressão tem causado muito suicídio no Brasil. Onde nós vamos parar?", questionou.

O ponto é que, até agora, os cientistas não encontraram essa subida vertiginosa nos números de depressão ou suicídio. Os estudos indicam que os casos continuam estáveis, apesar de todas as privações que o mundo está vivendo.

Mas como é possível explicar a capacidade de adaptação, a resiliência e o equilíbrio mental inesperado das pessoas num momento de tantas notícias ruins, dúvidas e incertezas sobre o futuro?

A diferença entre sentir e sofrer

Em maio e junho de 2020, começaram a ser publicados os primeiros trabalhos que mediam a saúde psicológica e a qualidade de vida das pessoas na pandemia.

Os dados não eram nada animadores: alguns estudos indicavam que quase metade dos entrevistados apresentavam sintomas de depressão e ansiedade, enquanto outros detectaram um aumento preocupante no consumo de bebidas alcoólicas e nas dificuldades para dormir.

Mas todas essas pesquisas traziam uma grande limitação: elas se baseavam em entrevistas e enquetes feitas pela internet ou por telefone.

"Por mais que muitas dessas iniciativas tenham recrutado dezenas de milhares de voluntários, não havia comparação com a situação deles num período anterior, antes da covid-19", observa o psiquiatra Andre Brunoni, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Homem olha pela janela com cara triste

Crédito, Getty Imagens. Especialistas apontam que, até certo ponto, é esperado sentir-se mal, triste, nervoso ou estressado diante de tantas mudanças provocadas pela pandemia. O problema é quando esses sentimentos perduram por dias (ou semanas) e atrapalham as atividades diárias

É possível especular, então, que esse tipo de questionário online ou por telefone chame mais a atenção de indivíduos que se sentem aflitos e preocupados com toda a situação. Com isso, as porcentagens podem ficar infladas e não refletem necessariamente a média da sociedade.

Outro defeito importante desses estudos: eles avaliaram sintomas, e não as doenças.

A diferença pode até parecer sutil numa análise superficial, mas ter sintomas depressivos ou ansiosos é absolutamente diferente de possuir um diagnóstico de depressão ou ansiedade.

"É esperado sentir-se mal, triste, confuso e revoltado diante de uma situação nova e ruim, como foi o aparecimento da covid-19. Mas há todo um processo entre esses sentimentos e o desenvolvimento de um transtorno mental", diferencia Brunoni.

Os especialistas têm uma série de critérios bem definidos e validados que são levados em conta antes de fechar um diagnóstico desses.

O que a ciência descobriu?

Passado um ano desde que a pandemia foi oficialmente declarada, grupos de pesquisadores ao redor do mundo finalmente conseguiram avaliar as questões de saúde mental com calma para obter resultados mais sólidos.

Um artigo ainda em pré-print que foi escrito por cientistas da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, e da Universidade Maynooth, na Irlanda, faz uma revisão sistemática e uma meta-análise de tudo que foi produzido sobre o tema até o momento.

Os especialistas selecionaram 65 estudos que acompanharam pacientes com doenças psiquiátricas diagnosticadas previamente e fizeram a comparação sobre a saúde mental deles antes e depois da pandemia.

Até foi observada uma piora dos sintomas em março e abril de 2020, mas logo a situação se estabilizou e voltou aos níveis pré-coronavírus.

O mesmo fenômeno foi observado em pelo menos duas outras pesquisas que utilizaram uma metodologia parecida, que é a que garante os resultados mais confiáveis de acordo com o rito científico.

Uma investigação feita pelo Centro Médico da Universidade de Amsterdã em conjunto com outras instituições holandesas não encontrou pioras consideráveis no quadro mental de mais de 1,5 mil indivíduos acompanhados durante o primeiro semestre de 2020.

Os participantes que já tinham um diagnóstico prévio, como depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo, apresentaram um impacto negativo, quando os resultados das avaliações foram comparados com análises feitas entre 2006 e 2016. Mas esse mesmo prejuízo não foi perceptível no grupo de indivíduos saudáveis.

Um resultado parecido foi observado num terceiro estudo, liderado pelo Instituto de Saúde Pública da Noruega em parceria com outros órgãos internacionais, divulgado em fevereiro no periódico científico The Lancet Regional Health.

Aqui no Brasil, cientistas devem publicar nas próximas semanas um artigo que analisa a situação dos participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, conhecido pela sigla Elsa.

O mecanismo foi o mesmo: eles compararam mais de 14 parâmetros de saúde mental e dez tipos de diagnósticos psiquiátricos colhidos em 2018 e, depois, durante a pandemia.

"Nós também não observamos elevações nesses indicadores", adianta Brunoni.

Os dados brasileiros completos já foram submetidos aos editores de revistas científicas e deverão ser publicados em breve.

E o lockdown?

A tese defendida por Bolsonaro de que fechar tudo aumentaria os casos de suicídio também não encontra respaldo na ciência.

Uma revisão de estudos assinada por especialistas da Universidade de Bolonha, na Itália, e da Universidade Pace, nos Estados Unidos, analisou os achados de 25 estudos, que envolveram mais de 72 mil pessoas.

"O impacto psicológico dos lockdowns durante a pandemia são pequenos em magnitude e altamente heterogêneos, sugerindo que essas medidas não têm consequências prejudiciais uniformes à saúde mental e a maioria das pessoas mostrou-se resiliente a esses efeitos", concluem os autores.

Mais especificamente sobre o risco maior de atentar contra a própria vida, o trabalho ítalo-americano não encontrou qualquer relação significativa e chega até especular que "a pandemia pode ter mudado a forma como as pessoas enxergam a saúde e a morte e isso torne o suicídio menos provável".

Mas é claro que essas observações são generalistas e esse impacto pode ser absolutamente diferente em outros contextos ou para indivíduos específicos.

'Terraplanismo psiquiátrico'

O médico e pesquisador Jose Gallucci-Neto, diretor do Serviço de ECT e Vídeo-EEG do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, classifica a não adoção do lockdown sob a justificativa de que isso vai aumentar os casos de suicídio como uma "falácia".

"O fenômeno do suicídio é complexo e multifatorial. Na maioria das vezes, não dá pra relacionar o ato a um episódio específico, como o lockdown", explica.

No dia 12 de março, Gallucci-Neto e Brunoni escreveram uma coluna de opinião para o site do Instituto Questão de Ciência em que descrevem os argumentos e preocupações de Bolsonaro com a questão como "terraplanismo psiquiátrico".

"Terraplanistas não são apenas pessoas que não acreditam na esfericidade do planeta. O terraplanismo é um empirismo às avessas, uma negação sistemática das evidências científicas em prol de visões particulares, superficiais e opinativas, seja por ingenuidade, seja por perversidade. Após o terraplanismo clínico, imunológico e epidemiológico, a autoridade máxima de nosso país e sua coorte nos oferecem, agora, o terraplanismo psiquiátrico", apontam.

Numa transmissão ao vivo realizada no dia 11 de março, o presidente chegou a citar um suposto caso de suicídio que teria relação com o lockdown e leu uma carta de despedida da vítima.

Presidente Jair Bolsonaro

Crédito, Marcos Corrêa/PR Em discursos e transmissões ao vivo, presidente Bolsonaro diz que lockdown poderia aumentar casos de suicídio, mas isso até agora não foi observado pela ciência

Seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi além e postou em suas redes sociais a foto do corpo e da carta escrita à mão.

A atitude dos políticos vai na contramão de todas as recomendações estabelecidas desde 1999 pela Organização Mundial da Saúde para a prevenção do suicídio.

Entre as diretrizes, a entidade orienta a não divulgar histórias detalhadas ou sensacionalistas sobre o suicídio, não descrever o método usado, não dar detalhes sobre o local e não divulgar fotos ou vídeos.

Um dia depois da live presidencial, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) divulgou uma carta reforçando o cuidado necessário ao abordar o tema, mas não chegou a citar diretamente a ação de Jair e Eduardo Bolsonaro:

"A ABP, em concordância com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), reforça sua postura contrária ao compartilhamento de notícias sobre suicídio, especialmente àquelas que contenham informações explícitas sobre meio letal, fotografias, entre outros. Veículos de comunicação e pessoas, de um modo geral, precisam ter cautela ao noticiar óbitos por suicídio ou compartilhar notícias."

A reportagem da BBC News Brasil procurou a ABP para realizar entrevistas com representantes da entidade, mas até o fechamento desta reportagem não obteve nenhuma resposta.

Então está tudo bem com o mundo?

O que as pesquisas mais recentes nos apontam é que, ao menos em 2020, aquela "quarta onda" de transtorno mentais que era prevista pelos especialistas não aconteceu na prática — graças à resiliência do ser humano e a despeito de uma piora na qualidade de vida e de um esperado aumento de sentimentos como tristeza, frustração, raiva e nervosismo.

Mas é preciso destacar que alguns grupos foram mais atingidos que outros, como é o caso dos profissionais da saúde e as mulheres, que precisaram lidar com a sobrecarga de trabalho.

E nada garante que esse tsunami não vá aparecer agora em 2021.

"A grande dúvida é o futuro. Será que conseguiremos manter a resistência e a resiliência que tivemos no ano passado?", questiona Gallucci-Neto.

O especialista aponta que o atual recrudescimento da pandemia no país pode ser um fator importante para uma eventual piora nos indicadores de saúde mental. "O Brasil vive um cenário em que o número de casos e mortes dispararam, não há perspectiva de melhora no curto e médio prazo, não tem vacina, não tem coordenação nacional e não tem implementação de medidas de uma forma coesa. Isso gera uma insegurança muito grande na população", descreve.

E, por mais que medidas drásticas como o lockdown possam até ter um estrago psicológico, o risco à saúde pública de não tomá-las neste momento é muito maior.

"Por ano, o Brasil registra entre 12 e 15 mil suicídios. Isso é o que está morrendo de pessoas toda a semana por covid-19", compara Gallucci-Neto.

"Para diminuir o impacto do fechamento, é necessário auxiliar e apoiar aquelas pessoas que não têm como trabalhar, como abrir seu comércio. Precisamos pensar em diminuição de impostos e fazer uma cobertura econômica que compense a perda financeira para que todos fiquem mais tranquilos e se sintam mais seguros", completa.

É impossível ser feliz sozinho?

Além de reforçar os cuidados preventivos contra o coronavírus, com o uso de máscaras e o distanciamento social, a nova onda de restrições exige atenção redobrada com a saúde mental.

"Esses cuidados envolvem medidas simples, como criar uma rotina adaptada à nova realidade, fazer atividade física, manter contato com amigos e familiares pela internet, ter bons hábitos de sono e reservar momentos do dia para atividades que tragam prazer e relaxamento", recomenda o médico Antonio Egidio Nardi, professor titular de psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Mulher usa máscara e interage com celular

Crédito, Getty Images Enquanto medidas mais restritivas são necessárias, uma saída para manter laços com amigos e familiares é utilizar ferramentas e aplicativos de videochamadas. Outra recomendação é compartilhar informações cientificamente validadas, como o uso correto de máscaras

"A atenção com todos esses comportamentos diminui o risco de desenvolver quadros como depressão e ansiedade", completa o especialista, que também é membro da Academia Nacional de Medicina.

É claro que adotar todas essas medidas de uma hora para outra é algo bastante desafiador — e é natural ter dias mais atribulados e estressantes, em que todo o planejamento vai por água abaixo.

A questão é quando esses incômodos passam do limite e começam a afetar a saúde e o bem-estar.

"Quando sintomas como tristeza, apatia, falta de prazer, alteração do sono, mudanças no apetite, dificuldade de concentração, pensamentos pessimistas, diminuição de libido e ideias de culpa e morte perduram por vários dias, é importante buscar a avaliação de um especialista", orienta Nardi.

O psicólogo ou o médico podem dar orientações personalizadas e, se for o caso, fazer o diagnóstico de doenças psiquiátricas e prescrever o melhor tratamento.

"É importante saber e ter em mente que uma hora a pandemia vai acabar, não é algo que vai ficar para sempre. Mas também não devemos nos preocupar demais com quando esse fim vai chegar, pois isso não está sob o nosso controle", raciocina Gallucci-Neto.

Mas há coisas que estão, sim, sob nosso controle, garante o especialista.

"Podemos ser pró-ativos e, por exemplo, ajudar nossos vizinhos e familiares com informações sobre o uso correto de máscaras e os cuidados de prevenção. Isso nos dá um senso de propósito e pertencimento que faz bem para a sociedade e para a nossa própria saúde mental", finaliza. 

BBC

* O Centro de Valorização da Vida (CVV) dá apoio emocional e preventivo ao suicídio. Se você está em busca de ajuda, ligue para 188 (número gratuito) ou acesse www.cvv.org.br.

 

'Estamos apavorados': o drama de médicos na linha de frente do atendimento ao coronavírus no Brasil

Médica usando máscara de proteção 

Médicos na linha de frente do combate ao novo coronavírus no Brasil têm enfrentado desafios e momentos dramáticos no atendimento e tratamento de pacientes, como falta de equipamentos e demora por exames.

A BBC News Brasil ouviu profissionais de três Estados para entender como tem sido este trabalho tanto na rede pública quanto na privada. Seus nomes foram alterados, porque eles temem sofrer retaliação.

Os médicos relatam que os pacientes com covid-19, a doença causada por esse vírus, estão se multiplicando rapidamente — em um dos hospitais, o número de casos quadruplicou em dois dias, segundo uma médica.

Ao mesmo tempo, faltam equipamentos de proteção adequados, e o risco de serem infectados aumenta ainda mais o estresse e o medo em sua rotina diária. Uma das médicas ouvidas pela BBC News Brasil afirmou que ela e seus colegas trabalham "apavorados".

 Já no caso da rede pública de São Paulo, outro ponto tem atrapalhado os servidores: uma demora de até dez dias para obter os resultados de exames que confirmam se uma pessoa foi infectada.

Falta de equipamentos

Um dos profissionais ouvidos pela reportagem, Ricardo trabalha em um dos principais hospitais públicos de referência de São Paulo para atendimento de pacientes com covid-19.

O médico conta que, nos últimos dias, funcionários decidiram comprar equipamentos de proteção individual (EPI) por conta própria, porque o material enviado pelo poder público não atende à demanda do pronto-socorro e da unidade de terapia intensiva (UTI).

"Há diretores do hospital que, na falta dos equipamentos, tentam justificar para a equipe que eles não são necessários. Dizem que as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o uso de EPI são exageradas", diz ele.

Segundo Ricardo, nesta semana, um paciente com covid-19 precisou ser entubado emergencialmente na UTI, mas a médica de plantão não tinha máscaras disponíveis.

Esse tipo de procedimento é um dos que deixam os profissionais de saúde mais expostos ao vírus.

"Ela fez o procedimento mesmo assim. E tem mais de 60 anos. Decidiu encarar (o risco). No dia seguinte, aconteceu a mesma cena, mas outro profissional falou que não iria fazer, porque não 'queria ser mártir'", conta o médico.

"Como vai entubar um paciente sem proteção? Isso está acontecendo. Na porta dos hospitais da Prefeitura e do Estado, você pode ver funcionários terceirizados lavando a entrada com equipamentos melhores do que os dos médicos que estão lá dentro."

Tubo de exame de coronavírus

Crédito, Getty Images

Para profissionais de saúde, aumento de casos e riscos de infecção têm aumentado estresse e pressão sobre profissionais

Lúcio, diretor de um grande hospital público de Brasília, enfrenta um problema parecido.

"Até temos EPI em boa quantidade, mas estamos racionalizando. Não são todos os profissionais que estão usando, só aqueles que lidam diretamente com pacientes suspeitos. Mas muitos médicos estão comprando o próprio material", afirma.

Ele também diz que muitos profissionais ainda não tinham treinamento para o uso do EPI. "As pessoas não sabem retirar e colocar os equipamentos da maneira adequada, para evitar contaminação. Estamos dando cursos", explica.

No Rio de Janeiro, a médica Luciana, responsável por pacientes com covid-19 internados em um hospital de uma das maiores redes privadas do país, também tem de lidar com a escassez de equipamentos de proteção.

Seu hospital determinou que os profissionais que atendem pacientes com covid-19 usem máscara cirúrgica, um dos três tipos possíveis de máscara.

A máscara cirúrgica bloqueia partículas maiores, normalmente de saliva, e confere uma proteção parcial contra gotículas liberadas por tosses e espirros.

O segundo tipo é conhecido como N95. Ela bloqueia partículas mais finas que ficam suspensas no ar e permite vedar o nariz e a boca.

O terceiro, o PFF3, tem uma malha com uma trama ainda mais densa e confere uma proteção maior contra essas partículas.

"Não sabemos por que o novo coronavírus tem uma transmissibilidade tão elevada. Os vírus normalmente são transmitidos por gotícula, mas as informações que temos ainda não garantem que este vírus não pode ser transmitido de outra forma, por partículas suspensas no ar", explica.

Luciana diz que, como médicos da China e da Itália que usavam máscaras cirúrgicas foram infectados, não há "garantia" de que esse tipo de transmissão não ocorra, mas que, diante das informações que chegam até ela e seus colegas, o novo coronavírus "parece ter o potencial de ser transmitido assim".

"Entendemos perfeitamente ao que estamos sendo expostos e vamos trabalhar todos os dias conscientes desse risco, mas queremos trabalhar com uma contrapartida de o hospital de garantir a nossa segurança", diz Luciana.

A médica chegou a comprar uma máscara N95, mas diz que foi proibida de usá-la, porque, nas palavras da diretoria do hospital, deixaria outros profissionais que não tinham como fazer o mesmo preocupados. "Disseram que iria gerar um motim (entre funcionários)", diz Luciana.

"Não quero fazer de conta que não sei o que está acontecendo e deixar os técnicos e enfermeiros atenderem pacientes o dia inteiro sem a proteção adequada e sem saber do risco que estão correndo."

Luciana conta que ela e seus colegas chegaram a se reunir para debater a situação e cogitaram se recusar a atender os pacientes com covid-19 enquanto não houvesse máscaras N95 para todos. Depois, o hospital liberou o uso delas.

"Não consigo acreditar que um hospital de grande porte não seja capaz de bolar uma estratégia de atendimento que proteja os profissionais de saúde, que estão na linha de frente e precisam ter tranquilidade para trabalhar", diz ela.

"Se não tiver máscara, vou continuar trabalhando, mas o que percebemos é que não há interesse nem preocupação em nos proteger. Estão mais preocupados com a questão financeira, porque paciente com covid-19 fica muito tempo internado, e o hospital precisa de rotatividade para ter lucro, senão pode ir à falência", afirma.

Aumento de pacientes

Luciana também conta que, nos últimos dois dias, o número de pacientes quadruplicou e já são mais de 20 internados por este motivo, o que levou o hospital onde trabalha a abrir uma nova ala para tratar esses pacientes, com "a possibilidade de abrir uma terceira".

"A orientação é que estejamos preparados para tudo, inclusive ter o hospital inteiro ocupado por pacientes com covid-19", conta a médica.

Ela diz que cerca de um terço dos pacientes têm menos de 60 anos. "Talvez por isso não tenham surgido ainda casos muito graves."

"Mas a gente se assusta com as imagens que vemos na tomografia, o pulmão todo infiltrado e com manchas brancas, com vírus por todos os lados. É algo que a gente não vê em pessoas mais jovens. Nunca vi tanto paciente chegar com uma coisa dessa", afirma a médica.

Segundo o médico Marcio, que trabalha em um hospital público do Rio de Janeiro, o número de pacientes vem crescendo dia a dia, mas ele acredita que os médicos brasileiros têm uma certa vantagem nesse momento, "porque já sabem melhor como tratar os doentes em relação aos colegas chineses", que enfrentaram os primeiros casos de covid-19. "Também já sabemos nos prevenir melhor", diz.

Para Ricardo, de São Paulo, os riscos de infecção e o aumento exponencial do número de pacientes no hospital público de São Paulo onde trabalha têm criado estresse e pressão entre os profissionais de saúde.

"Estamos todos trabalhando sob pressão. Além disso, os funcionários sabem da gravidade: ninguém quer ficar doente", explica. Segundo ele, ao menos quatro profissionais foram afastados nos últimos dias com sintomas de covid-19.

Já a infectologista Cristina, que também trabalha em um hospital público que atende casos de coronavírus em São Paulo, conta que o número de pacientes que procuram sua unidade aumentou em 50% na terça-feira da semana passada, em comparação com a anterior.

"Nós, trabalhadores da saúde, também temos que lidar com a fobia, com o medo de infecção. Em algum momento cai a ficha e você pensa: 'preciso relaxar para conseguir atender'", diz.

Médico com máscara segurando tubo de exame de coronavírus

Crédito, Getty Images

Médico de hospital de São Paulo relata demora de até 10 dias por resultado de exames

Segundo ela, é sempre preciso explicar aos pacientes o que é a covid-19, seus sintomas e riscos, porque, ao saberem do diagnóstico, ficam muito ansiosos.

"As pessoas têm a ideia de que vão morrer no dia seguinte. E não é assim. A gente explica e fala: 'olha, aqui você vai ser bem tratado, vai dar tudo certo'", conta.

Luciana, do Rio de Janeiro, vai mais longe e diz que ela e os colegas hoje "trabalham com medo", embora estejam conscientes da importância dos profissionais durante a pandemia de coronavírus.

"Fizemos um juramento, escolhemos a nossa profissão, mas hoje a gente trabalha com medo, porque é uma coisa muito nova para todo mundo. Estamos todos apavorados. A gente fica pensando no colega que é médico, tem 60 anos, é asmático e trabalha em UTI e tem tudo para pegar a doença e que vai ter que entubar os pacientes com covid", diz.

Para Lúcio, de Brasília, o descompasso entre as orientações de diferentes autoridades também tem atrapalhado o atendimento dos médicos e o diálogo com os pacientes.

"Hoje mesmo, um paciente que é pedreiro e nem tem sintomas de covid-19 me perguntou se deveria ficar em casa, como disse o governador, ou se deveria sair e voltar ao trabalho, como pediu o presidente Jair Bolsonaro", diz.

"Para mim, o maior problema que estamos enfrentando é que não existe uma organização uniforme das informações. O Ministério da Saúde fala uma coisa, entidades médicas e secretarias (estaduais) falam outra. Se isso tudo gera uma certa ansiedade nos médicos, imagina na população", diz.

Exames demorados

Médicos de hospitais públicos de São Paulo também têm reclamado da demora para obter os resultados de testes de coronavírus. Já em hospitais da rede privada, os exames podem sair em poucas horas.

Em média, dizem, o Instituto Adolfo Lutz, responsável por parte dos exames no Estado de São Paulo, tem demorado dez dias para liberar os resultados.

"Muitas vezes, quando sai o resultado, o paciente já nem tem mais sintomas", explica Cristina.

"Também há muita pressão por parte dos familiares, pois as visitas estão restritas. É uma situação angustiante, porque os parentes querem saber se o familiar está com covid-19, e nós não podemos dizer que sim, porque os resultados demoram dez dias. Houve um caso de morte no hospital, e que posso dizer que era de um paciente com todos os sintomas de coronavírus, mas que até agora, dias depois, o resultado do teste ainda não saiu", explica Ricardo.

Ele conta que profissionais foram afastados do trabalho em seu hospital por terem alguns sintomas da doença.

"O problema é que, como os resultados estão demorando, a gente não sabe o diagnóstico com certeza e quantos dias o servidor vai ficar afastado. Isso vai criando uma bola de neve que afeta o atendimento", diz.

A gestão de João Doria (PSDB), governador de São Paulo, afirmou que o Instituto Adolfo Lutz "está priorizando o processamento das amostras de casos graves e óbitos."

"Cabe ressaltar que o teste não impacta no tratamento da pessoa, que é feito apenas do ponto de vista clínico, e que o acompanhamento do cenário da covid-19 também pode ser embasado no critério clínico-epidemiológico, assim como ocorre com outras doenças infecciosas", diz o governo. 

BBC

Papa explica significado de cada um dos dias do Tríduo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa Francisco lê seu discurso na biblioteca apostólica. Foto: Vatican Media

Vaticano, 31 mar. 21 / 07:45 am (ACI).- Na audiência geral na quarta-feira, 31 de março, o Papa Francisco descreveu em que consiste o Tríduo Pascal, os dias centrais do Ano Litúrgico, no qual a Igreja celebra o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Em sua catequese realizada na biblioteca do Palácio Apostólico, o Santo Padre enfatizou que o Tríduo Páscoa começa na tarde da Quinta-feira Santa com a Missa da Ceia do Senhor, que comemora os acontecimentos da Última Ceia.

A tarde da Quinta-feira Santa, afirmou o Papa, "É a noite em que Cristo entregou aos seus discípulos o testamento do seu amor na Eucaristia, não como uma lembrança, mas como um memorial, como a sua presença perene”.

“É a noite em que Ele nos pede para nos amarmos uns aos outros, tornando-nos servos uns dos outros, como fez ao lavar os pés dos discípulos. É um gesto que antecipa a cruenta oblação na cruz", ressaltou.

"Vivemos esse mistério toda vez que celebramos a Eucaristia, quando vamos à missa não vamos apenas rezar, vamos renovar, para fazer esse Mistério novamente pascal, isso é importante não esquecer", disse o Papa.

A Sexta-Feira Santa "é um dia de penitência, jejum e oração" em que "através dos textos das Escrituras Sagradas e orações litúrgicas, estaremos reunidos no Calvário para comemorar a Paixão a Morte redentora de Jesus Cristo", explicou o Papa que acrescentou que "adorando a Cruz, reviveremos o caminho do cordeiro inocente imolado por nossa salvação".

"Na hora do supremo Sacrifício na Cruz, ele realiza plenamente a obra confiada pelo Pai: ele entra no abismo do sofrimento, entra em sofrimento, entra nessas calamidades deste mundo para redimir, transformá-lo e libertar cada um de nós do poder das trevas, do orgulho, da resistência a sermos amados por Deus", ensinou.

Nesta linha, ele lembrou as palavras de São Pedro "pelas suas chagas nos curou" para enfatizar que "só o amor de Deus pode fazer isso" e acrescentar que "graças a Ele, abandonado na cruz, ninguém está sempre sozinho na escuridão da morte".

O Santo Sábado, explicou o Santo Padre, "é chamado de dia do silêncio, um grande silêncio por toda a terra, um silêncio vivido no choro e perplexidade dos primeiros discípulos, chocados com a ignominiosa morte de Jesus" porque "enquanto a Palavra está em silêncio, enquanto a Vida está no túmulo, aqueles que esperaram nele são submetidos a julgamento severo, eles se sentem órfãos, talvez também órfãos de Deus."

"Este sábado também é Dia de Maria: ela também vive em lágrimas, mas seu coração está cheio de fé, cheio de esperança, cheio de amor. A Mãe tinha seguido o Filho ao longo do caminho doloroso e tinha mantido ao pé da cruz, com sua alma perfurada. Mas quando tudo parece ter acabado, ela cuida, ela observa a espera por esperança na promessa de Deus de ressuscitar os mortos. Assim, na hora mais sombria do mundo, ela se tornou Mãe dos Crentes, Mãe da Igreja e sinal de esperança. Seu testemunho e intercessão nos sustentam quando o peso da cruz se torna muito pesado para nós", destacou.

Em seguida, o Santo Padre explicou o significado da noite de sábado e da Vigília da Páscoa.

"Na escuridão do Sábado santo, irromperão a alegria e a luz com os ritos da Vigília pascal e o canto jubiloso do Aleluia". É o "encontro de fé com o Cristo Ressuscitado e a alegria da Páscoa durará os cinquenta dias que se seguirão, até a vinda do Espírito Santo".

"Aquele que tinha sido crucificado é ressuscitado! Todas as perguntas e incertezas, hesitações e medos são dissipados por essa revelação. O Ressuscitado nos dá a certeza de que o bem sempre triunfa sobre o mal, que a vida sempre supera a morte e nosso fim não é descer cada vez mais, da tristeza em tristeza, mas subir ao topo. O Ressuscitado é a confirmação de que Jesus está certo em tudo: nos prometendo vida além da morte e perdão além dos pecados", disse o Papa.

Por fim, o Santo Padre ressaltou que este ano também viveremos as celebrações da Páscoa "no contexto da pandemia" e acrescentou que as "muitas situações de sofrimento, especialmente quando quem as sofre são pessoas, famílias e populações já provadas pela pobreza, calamidades e conflitos, a Cruz de Cristo é como um farol que indica o porto para navios ainda no mar tempestuoso".

"A Cruz de Cristo é o sinal de esperança que não decepciona; e nos diz que nem mesmo uma lágrima, nem mesmo um lamento se perdem no projeto de salvação de Deus. Pedimos ao Senhor que nos dê a graça de servir, reconhecer este Senhor e (ao contrário dos soldados) não nos deixemos comprar para esquecê-lo", concluiu o Papa.

Antes de concluir com a oração do Pai-Nosso o encontro o Santo Padre dirigiu uma saudação aos fiéis de várias línguas, entre elas, os de língua portuguesa:

“Caros irmãos e irmãs de língua portuguesa: celebrando os mistérios centrais da nossa fé, vos exorto uma vez mais a não permitir nunca que vos roubem a esperança e a alegria trazidas por Cristo com a sua vitória sobre a morte. A todos desejo uma santa e proveitosa celebração do tríduo da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor!”

 https://www.acidigital.com/noticias/semana-santa-2021-papa-explica-significado-de-cada-um-dos-dias-do-triduo-35490