URGENTE: FBI FARÁ PRONUNCIAMENTO SOBRE A CHINA E SEGURANÇA NACIONAL
Fatos, comentários, poesia
Com apenas 12 e 1,11 m de altura – estatura esperada para uma criança entre 5 e 6 anos – o baiano Gabriel Vidal mostra que é um gigante ao lidar com as limitações da sua vida com simpatia. Diagnosticado, ainda bebê, com displasia metafisária, tipo Mckusick, considerada uma espécie de nanismo, Gabriel possui pernas tortas, desvio na lombar e dificuldade para caminhar, aspectos “Gabriel é um menino muito seguro de si, onde chega já se impõe, ele não se diminui, sabe quem ele é, seu lugar. Assim, as pessoas tendem a respeitar”, conta orgulhosa a mãe e advogada Manuela Vidal.
Graças ao apoio que recebe da família, Gabriel entende que a deficiência não é motivo para infelicidade. “As pessoas quando passam na rua me olham com canto de olho, mesmo que não queiram mostrar, dá pra perceber que me olham como se eu fosse um menino triste, um coitadinho, mas nada a ver isso”, defende Gabriel.
No entanto, mesmo com um olhar mais tranquilo com a sua condição, o menino precisa fazer algumas cirurgias, visto que displasia metafisária pode trazer o agravamento de outros problemas de saúde. “Ele tem que fazer uma cirurgia para a correção óssea, porque senão ele vai sentir muita dor, vai ficar deformado e a qualidade de vida pode cair muito”, explica a mãe. Desde seu nascimento, Gabriel já fez duas cirurgias nas pernas e prepara-se para a terceira, que cumpre uma função para além da estética.
Em setembro, uma campanha para custear o tratamento do pequeno Gabriel foi lançada e, desde então, a família vem ganhando muito mais do que o dinheiro pode proporcionar. “Além das contribuições financeiras, as pessoas têm enviado mensagens de apoio e carinho. Elogiam a forma e o jeito dele. Temos feito até amigos, pessoas que estabelecem conosco uma relação de carinho”, destaca a mãe.
Expectativa
Hoje, a expectativa de altura máxima que os médicos deram para Gabriel é de 1,20m. Para atingir essa altura, ele precisa fazer mais uma cirurgia com um especialista em alongamento ósseo. O tratamento envolve três etapas.
“Primeiro será feita a correção das alterações ósseas e alongamento ósseo do membro inferior esquerdo. Depois, a correção das alterações ósseas e alongamento ósseo do membro inferior direito. Por último, o alongamento ósseo dos membros superiores para o corpo ficar uniforme. Não dá para fazer uma correção sem a outra porque senão ele fica com um membro desproporcional e terá mais dificuldade de locomoção”, acrescenta a mãe.
O custo da cirurgia que trará melhoria na qualidade de vida do Gabriel está além do poder aquisitivo da família. Todo o processo é estimado em R$180 mil. Para isso, uma campanha na internet foi lançada e já arrecadou mais de R$71 mil. No entanto, ainda é preciso o apoio de mais solidários diante do pouco tempo que falta até a cirurgia prevista para novembro deste ano.
Interessados em colaborar com a campanha e ajudar Gabriel a crescer podem encontrar informações sobre a história deste pequeno notável no Instagram @alongajornadadegabriel. A vakinha para a cirurgia pode ser acessada clicando aqui.
Dia Nacional de Combate ao Preconceito Contra as Pessoas com Nanismo
Hoje, 25 de outubro, é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Preconceito Contra as Pessoas com Nanismo. Essa data é comemorada em diversos outros países e homenageia o ator e ativista norte-americano Billy Barty, que possuía a deficiência e foi o criador de uma associação que, na década de 1950, lutava pelos direitos das pessoas com nanismo.
Durante muito tempo, pessoas com nanismo foram associados a figuras cômicas, por conta do preconceito de achar que elas eram incapazes de ocupar posições e de desenvolver atividades importantes. “Essa data serve para chamar a atenção para esse grupo de pessoas, que são milhares no Brasil. Combater o preconceito que ainda existe é importante. Chegamos nos lugares e as pessoas olham, principalmente as crianças. Aí vemos que os pais não educam seus filhos para a diversidade”, revela a advogada.
A data é uma oportunidade de conscientização. Nunca é demais lembrar que pessoas com nanismo são seres humanos capazes e já ocupam lugares de destaque na sociedade, elas estudam, casam, têm filhos e vivem como todas as outras pessoas. Há, entretanto, uma enorme diferença: eles precisam superar os mais obstáculos, pois o mundo não é preparado para pessoas de menor estatura.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil
Portal Correio
Repartições públicas estaduais têm ponto facultativo nesta quarta-feira (28). A portaria nº 318/2020 está publicada no Diário Oficial do Estado.
O Dia do Servidor Público, comemorado nesta quarta-feira (28), altera o expediente em repartições do estado e tem ainda uma programação virtual. Acompanhe abaixo o esquema.
As repartições públicas estaduais têm ponto facultativo nesta quarta-feira (28). A portaria nº 318/2020 está publicada na edição desta terça-feira (27) do Diário Oficial do Estado (DOE). Veja no fim da página 5.
O documento faculta o expediente nas repartições públicas estaduais da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo no dia 28 de outubro de 2020, consagrado ao Servidor Público Estadual, devendo ser preservado o funcionamento dos serviços essenciais.
O expediente nas repartições públicas da administração direta e indireta da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) é facultativo em virtude do Dia do Servidor Público, conforme Portaria nº 497/2020 da Secretaria de Administração (Sead).
Segundo a Portaria, todos os serviços de responsabilidade da gestão municipal serão interrompidos, exceto os considerados essenciais, a exemplo da limpeza urbana, Defesa Civil, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu -192), Guarda Municipal, fiscalização do trânsito, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), hospitais e maternidade.
Com relação aos veículos oficiais, a Portaria determina que sejam recolhidos às suas repartições de origem ou no Centro Administrativo Municipal (CAM) na terça-feira (27), exceto os que estiverem a serviço, devidamente identificados. Os veículos só serão liberados na quinta-feira (29), a partir das 7h.
Ainda de acordo com a Portaria, os secretários municipais poderão autorizar, em caráter excepcional, conforme interesse público, a utilização de veículo fora do horário determinado.
O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, decidiu transferir para a próxima sexta-feira (30), o ponto facultativo por ocasião do Dia do Servidor, que normalmente é comemorado nesta quarta-feira (28), de acordo com a Lei Federal nº 8.112/90 em seu artigo 236.
O feriado previsto para esta quarta-feira (28) foi transferido para a próxima sexta-feira (30). A mudança está prevista no calendário do Judiciário estadual, editado conjuntamente pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), Ministério Público (MPPB) e Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB), e atinge todos os setores da DPE, incluindo o atendimento ao público.
Como a segunda-feira, 2 de novembro, é Dia de Finados, o funcionamento volta ao normal na terça-feira (3). Mesmo com o feriadão, a DPE-PB atua em regime de plantão. A escala está disponível no site da DPE, na seção Plantão Judiciário.
Atendimento na pandemia
Salvo os Núcleos de Campina Grande e Guarabira, o atendimento ao público da DPE-PB continua remoto, seja para entrar com uma ação, seja para acompanhar algum processo em andamento. As opções são o Chat Online e telefone/WhastApp.
O chat está disponível no site institucional de segunda a quinta-feira (exceto feriados), das 8h às 17h, e nas sextas-feiras, até meio-dia. Para ser atendido, o usuário deve clicar no ícone (balão verde no canto inferior direito), preencher o nome e indicar a cidade ou região onde vive.
A Justiça Federal na Paraíba (JFPB) funcionará em regime de Plantão Ordinário desta sexta (30/10) até a próxima segunda-feira (02/11), em virtude do “Dia do Servidor”, comemorado nesta quarta (28) e transferido para a sexta-feira, bem como do feriado de “Dia de Finados”.
Na terça (03/11), o expediente do Regime Diferenciado de Trabalho (teletrabalho e atendimento presencial, a depender do caso) será retomado, em seu horário habitual, das 8h às 18h, em todas as unidades da Seção Judiciária paraibana.
Durante o Plantão Ordinário, somente as ações, as medidas de urgência e os procedimentos destinados a evitar o perecimento de direito, assegurar a liberdade de locomoção ou garantir a aplicação da lei penal serão analisados pelo órgão. O atendimento poderá ser realizado durante 24h pelos telefones:
Os prazos dos processos eletrônicos que se vencerem no feriado serão automaticamente prorrogados para 03/11, primeiro dia útil subsequente. No caso dos processos judiciais e administrativos, que tramitam fisicamente, os prazos seguem suspensos.
Os feriados de 28/10 e 02/11 foram estabelecidos pela Lei nº 10.607, de 19 de dezembro de 2002, e também pela Portaria nº 020, de 14 de março de 2016, da Direção do Foro da Justiça Federal na Paraíba. No último mês de setembro, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) decidiu transferir o “Dia do Servidor” para o dia 30/10, após Ato assinado pelo presidente do órgão, o desembargador federal Vladimir Carvalho.
A Justiça do Estado funciona em regime de plantão nos fins de semana, feriados e pontos facultativos. A consulta sobre os juízes e desembargadores plantonistas de cada Comarca pode ser feita na página principal do TJPB (www.tjpb.jus.br) no banner ‘A Justiça não para’.
A Reitoria do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) preparou, para esta semana, uma série de lives com o objetivo de comemorar o Dia do Servidor Público (28 de outubro). Nas manhãs dos dias 27, 29 e 30 ocorrem realizados bate-papos interativos ao vivo com diversos convidados, todos servidores do Instituto, e que abordarão temas bem atuais que fazem parte do cotidiano dos professores e técnico-administrativos.
Confira a programação:
Dia 27/10/2020
9h – Abertura da Semana do Servidor
10h – Uma trajetória no serviço público – com o Reitor Professor Nicácio Lopes
11h – Riqueza na troca de experiências entre diferentes gerações – com a Professora Joseli Maria da Silva.
12h – Encerramento do dia
Dia 29/10/2020
9h – Como manter uma alimentação saudável na pandemia – com a Nutricionista Silvia Helena Bastos
10h – Exercício Físico: Estratégias de Adesão e Regularidade para uma vida Saudável – com o Professor Juan Parente
11h – A importância da ergonomia no Home Office – com o Engenheiro Civil Flávio Santiago
12h – Encerramento do dia
Dia 30/10/2020
9h – Como prevenir e combater a ansiedade nos dias atuais – com o Médico Psiquiatra Thiago Viegas
10h – Capacitação como estratégia de motivação – com a Administradora Izabele Linhares
11h – Como manter a motivação em época de Pandemia – com os Psicólogos Alex Ribeiro e Herberth Mascarenhas
12h – Encerramento da Semana do Servidor
Todos o que acessarem a página da TV IFPB no YouTube poderão interagir com os convidados, enviando perguntas e mensagens no momento de
cada apresentação, através do chat do YouTube.
O evento é organizado pela Diretoria Geral de Gestão de Pessoas (DGEP), através da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas (DDP).
Fonte:
Portal Correio
Desnutrição nos primeiros anos de vida desencadeia problemas para a vida toda - de diabetes a males cardíacos
Lucas (nome fictício) tinha 8 meses e um aspecto tão franzino e frágil que Maria José não teve coragem de pegá-lo no colo e tirá-lo da rede em que estava deitado.
"O que me impactou, ao abrir aquela rede, foi ver ele gemendo, com o olhar parado, sem nenhuma lágrima", relembra ela. "E a gente podia contar todos os ossos do corpo dele. Não tive reação."
A cena ocorreu em maio de 2019, em uma casa na zona rural de Rio Branco, capital do Acre, onde Maria José Oliveira Sousa Silva é coordenadora estadual da Pastoral da Criança. Desde então, Maria José vê um empobrecimento ainda maior das comunidades atendidas.
"Temos famílias aqui que não têm nenhum salário, que me ligam à noite dizendo que não comeram nada o dia inteiro. Famílias em que o pai volta do dia de trabalho sem dinheiro para alimentar todos os filhos. Na pandemia, recebemos muitos pedidos de ajuda, de gente passando fome e vivendo do mínimo, sem casa para morar. Quem era pobre ficou miserável. A situação está se agravando, e muitos se perguntam: 'como vai ser quando acabar o auxílio emergencial (do governo)?'."
O caso de Lucas acendeu um alerta dentro da coordenação geral da entidade beneficente, que atende crianças em situação de vulnerabilidade no Brasil desde a década de 1980.
"Já no ano passado, mesmo antes da pandemia, a gente vem percebendo que o pessoal (equipes nas esferas estaduais) está voltando a relatar casos graves de subnutridos", diz à BBC News Brasil o médico Nelson Arns Neumann, coordenador da Pastoral da Criança.
"No começo da Pastoral era muito frequente ver crianças de apenas pele e osso, e depois a gente não tinha mais visto isso. Tanto que esses casos (novos) escalaram rápido para a coordenação nacional, porque as equipes tinham perdido a habilidade de lidar com eles."
Embora o calvário do bebê Lucas — que será contado em mais detalhes ao longo desta reportagem — seja extremo e não represente a situação nutricional geral do país, ele reflete uma piora nas condições de vida das famílias mais pobres. Algo que é respaldado tanto por dados estatísticos quanto pela observação de agentes comunitários, como Maria José, que atua na Pastoral da Criança do Acre há 20 anos.
"Esse foi um caso de uma família muito desestruturada, mas, no contexto de pobreza, não acho que seja um caso isolado", diz ela à BBC News Brasil.
Para fetos, bebês e crianças pequenas, essa desnutrição (ou mesmo a má nutrição) vivenciada no início da vida pode deixar sequelas de longo prazo. Isso porque a ausência da comida muda o metabolismo do corpo infantil, influenciando o funcionamento e o tamanho de órgãos como fígado e coração.
"Desde a fome holandesa (episódio de 1944, durante a Segunda Guerra), vimos que, quando vivida na gestação, a fome tem efeitos para o resto da vida: os holandeses que nasceram naquela época viviam 10% a menos, tinham mais esquizofrenia e doenças metabólicas", afirma Arns Neumann.
Criança desnutrida no Iêmen; estudo internacional prevê 6,7 milhões a mais de crianças desnutridas no mundo por causa da pandemia
"No Brasil, a criança que nasceu com baixo peso tem o dobro de chance de ser diabética e ter pressão alta, (justamente comorbidades associadas a) quem morre mais de covid-19. As crianças de 40 anos atrás (que tiveram má alimentação) estão morrendo mais por covid hoje", conclui ele.
Isso não quer dizer, no entanto, que não seja possível minimizar esses danos nem proporcionar uma vida plena a essas crianças — principalmente se as intervenções ocorrerem cedo, quando a chance de eficácia é maior.
Arns Neumann explica que o corpo também cria mecanismos próprios para preservar o cérebro da desnutrição. "Temos relatos do início dos trabalhos da Pastoral, de crianças ultradesnutridas, que com um ano de vida, pesavam menos do que quando tinham nascido. E elas se recuperaram, passaram (no vestibular) de universidades federais. Mas, em compensação, aos 40 anos, tinham colesterol alto e obesidade, efeitos ligados (ao que tinham vivido nos) seus primeiros mil dias de vida."
Agora, a esperança é de que o bebê Lucas supere essas perspectivas. Maria José ainda o acompanha de longe: hoje, com pouco mais de 2 anos, ele "está tão lindo, caminha e fala normalmente", conta ela.
Uma grande diferença em relação ao ano passado, quando a agente comunitária o acompanhou durante semanas de internações hospitalares, e quando ele chegou a pesar 4 quilos — metade do peso médio de um bebê de nove meses, a idade que tinha na época.
Durante uma das internações, Maria José lembra que viu o bebê desfalecer. Naquele dia, a equipe médica alertou que ele corria risco de morrer.
"Além da nutrição, a gente achava que ele sentia falta de afeto", conta ela. "Então eu abraçava e beijava ele o tempo todo. Ele dormia em cima da gente (voluntárias). A gente via a vida dele indo embora do corpo, mas ele continuava com um olhar vivo."
Aos poucos, o menino foi recuperando o peso até conseguir a alta hospitalar, e Maria José e as demais voluntárias da Pastoral se revezavam para visitá-lo e alimentá-lo em casa.
Mas a família de Lucas, que tem outros seis irmãos, ainda vive em grande vulnerabilidade e segue sendo monitorada pelo conselho tutelar em Rio Branco.
Além da falta de alimentos, pratos brasileiros estão com menos arroz e feijão e com mais industrializados (que são bem menos nutritivos)
A piora na nutrição infantil também é observada nas grandes áreas urbanas das cidades mais ricas do país — e uma das ausências mais sentidas dos últimos meses é a da merenda escolar, que tem um papel muito importante na vida das crianças mais pobres.
Desde 2009, uma resolução do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, órgão do Ministério da Educação, determina que as refeições escolares supram 70% das necessidades nutricionais diárias das crianças de zero a três anos que estudem em período integral, e 30% das que estudem meio período.
Essa ausência, junto ao empobrecimento das famílias, a mudanças (para pior) nos hábitos alimentares e à dificuldade no acesso à saúde pública básica — que teve serviços diminuídos ou suspensos por causa do coronavírus —, tem criado um contexto preocupante na saúde física, mental e nutricional das crianças, afirma Maria Paula de Albuquerque, gerente médica do Centro de Recuperação Educação Nutricional (Cren).
A ONG, conveniada à Prefeitura de São Paulo, atende crianças e adolescentes em má situação nutricional que moram em áreas vulneráveis da capital paulista.
"Tem havido um consumo de mais alimentos processados (como salgadinhos e doces), porque muitas mães têm dificuldade em cozinhar", afirma a médica.
Esses alimentos, além de serem pobres em nutrientes, têm sal, açúcar e gordura em excesso. "As nossas crianças com excesso de peso pioraram muito."
E essa nem é a questão mais urgente, prossegue Albuquerque.
"Embora não tenhamos os dados estatísticos, percebemos claramente duas coisas durante a pandemia: 1) as famílias estão bem mais desorganizadas quanto à oferta, frequência e quantidade de alimentos em casa. 2) Todos estão com a saúde mental muito prejudicada, principalmente as mães e os adolescentes. E, no Brasil, a desnutrição não é só resultado da falta de acesso à comida: se o cuidador não tem como cuidar das crianças, a situação delas fica muito complicada."
Ela também teme que as crianças sejam prejudicadas para além da duração da pandemia.
"O impacto da desnutrição é muito ruim na primeira infância. As crianças anêmicas têm pior rendimento escolar. E tanto o excesso de peso quanto a perda de peso estão programando adultos mais doentes: teremos mais hipertensão, diabetes e obesidade daqui a três décadas."
Equipe do Cren, em São Paulo, tem ajudado a ofertar comida orgânica para população em vulnerabilidade se alimentar com qualidade
Tanto a Pastoral quanto o Cren tiveram que reduzir drasticamente suas ações presenciais por causa da pandemia, o que dificultou a coleta de dados importantes, como peso e altura das crianças. Albuquerque afirma também que há um "apagão" de parte dos dados da primeira infância — alguns estão desatualizados há anos, dificultando diagnósticos mais amplos.
Mas um conjunto de números disponíveis traz razões para preocupação.
Insegurança alimentar no Brasil e no mundo
Metade das crianças com menos de cinco anos (6,5 milhões) do Brasil vivia em lares com algum grau de segurança alimentar, segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar 2017-2018, divulgada no último mês de setembro pelo IBGE.
No total, 10,3 milhões de brasileiros moram em casas onde houve privação severa de alimentos em pelo menos alguns momentos de 2017 e 2018.
Em julho, o Unicef (braço da ONU para infância) e o Ibope perguntaram a 1,5 mil famílias sobre como seus hábitos alimentares haviam mudado na pandemia. E a resposta é que um em cada cinco brasileiros com 18 anos ou mais passou por algum momento em que não tinha dinheiro para comida quando os alimentos da casa acabaram.
Nas casas com crianças ou adolescentes, um terço dos entrevistados declarou ter aumentado o consumo de comida industrializada, como macarrão instantâneo, biscoitos recheados e enlatados.
No mundo, um estudo publicado em julho na revista científica The Lancet estimou que a pandemia levará à desnutrição 6,7 milhões de crianças a mais neste ano.
Sem fazer visitas domiciliares, Pastoral da Criança acompanha famílias pobres por meio de aplicativo
Ações à distância
E como combater isso, sem poder realizar visitas domiciliares e tendo de diminuir os atendimentos presenciais por causa da pandemia?
"Estamos apostando muito no fortalecimento da economia local", afirma Albuquerque, do Cren, em São Paulo. Com a ajuda financeira de parceiros e doadores, a entidade está ajudando a comprar de agricultores orgânicos que antes vendiam sua produção para escolas.
"Com isso, conseguimos fazer cestas básicas de frutas, verduras, legumes e ovos orgânicos" para famílias em vulnerabilidade nutricional, diz a médica.
"Daí fizemos vídeos curtos para ajudá-las na nova rotina da casa, ensinando desde a fazer uma omelete até a acessar os benefícios oferecidos pelo governo."
Na Pastoral da Criança, a principal ferramenta para trabalhar à distância tem sido um app próprio de celular, que a entidade fez para passar informações às famílias — por exemplo, dicas de brincadeiras, alimentação e higiene com as crianças em casa — e para ajudar a capacitar as equipes de voluntários, explica a nutricionista Caroline Dalabona.
Como o app precisa ser sincronizado com os dados nutricionais das famílias atendidas, a Pastoral pleiteia com as empresas de telefonia que permitam que o aplicativo rode sem precisar usar dados dos planos de celular.
A entidade também conta com os olhos e ouvidos de agentes comunitários e voluntários locais para identificar os casos mais graves e ajudá-los.
"Em Campo Grande (MS), temos uma líder comunitária que ela própria estava passando dificuldades (por estar sem emprego). Mas, quando ela conseguiu uma cesta básica para si, a dividiu com uma mãe, que passava fome com duas crianças e já falava em suicídio", afirma Nelson Arns Neumann.
"Então temos muita solidariedade entre os mais pobres. O problema é que é pobre dividindo com pobre."
BBC
Voluntário brasileiro que participava de testes de vacina morre por complicações da Covid
João Pedro Feitosa, que teve morte confirmada nesta quarta-feira (21) e participava dos testes da vacina de Oxford no Brasil, tomou o placebo - ou seja, não recebeu uma dose do imunizante em desenvolvimento. As informações foram enviadas por fontes da TV Globo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ter sido notificada do óbito em 19 de outubro, e que foi informada que o comitê independente que acompanha o caso sugeriu o prosseguimento do estudo.
"O processo permanece em avaliação", disse a agência (veja íntegra da nota abaixo).
Tanto os desenvolvedores (AstraZeneca e Universidade de Oxford) quanto os envolvidos na aplicação dos testes (Unifesp e IDOR) ressaltam que estão impedidos de dar mais detalhes por questões éticas, mas ressaltaram que não houve indicação para suspensão do estudo. Além disso, lembraram que a pesquisa é baseada em um "estudo randomizado e cego, no qual 50% dos voluntários recebem o imunizante produzido por Oxford".
'Pode não ter absolutamente nada a ver com a vacina', diz Natália Pasternak
A microbiologista Natália Pasternak diz que é preciso ter cautela e analisar com tranquilidade o ocorrido. "Pessoas que participam dos testes clínicos são pessoas, elas podem morrer pelas mais diversas causas. Pode não ter absolutamente nada a ver com vacina", explicou a cientista, que ainda apontou que a investigação do caso pode ser demorada e levar dias.
Segundo Pasternak, a decisão de abrir as informações fica a critério do pesquisador e do patrocinador de cada pesquisa. O comitê independente, que recebe e analisa as informações sobre os testes, pode recomendar se vai abrir ou não dados sobre o caso.
"Por enquanto, é um efeito grave, lógico que morte é um efeito grave, mas isso é normal em testes clínicos e precisa ser avaliado", completou.
A vacina desenvolvida em parceria entre o laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford é a principal aposta do governo federal para uma futura campanha de vacinação contra o novo coronavírus.
O estudo está na fase 3 dos testes, e eles começaram no Brasil em junho. Nesta fase, a eficácia da vacina é verificada a partir do monitoramento de milhares de voluntários. No país, 8 mil voluntários já participam do estudo.
Antes da fase 3, sua segurança foi verificada em pesquisas com um número menor de voluntários e nenhuma reação grave foi verificada, somente reações leves (leia mais abaixo).
O Ministério da Saúde prevê o desembolso de R$ 1,9 bilhão para o projeto AstraZeneca/Oxford, e espera oferecer 100 milhões de doses no primeiro semestre da vacina, caso os estudos confirmem sua eficácia e segurança. Além disso, prevê produzir mais 165 milhões de doses no Brasil no segundo semestre.
Um estudo com resultados preliminares da vacina de Oxford (AZD1222) foi publicado em 20 de julho, na revista científica "The Lancet". A pesquisa cita reações consideradas leves e moderadas e não fala sobre efeitos colaterais graves:
Os testes iniciais, das fases 1 e 2, foram realizados na Inglaterra, com 1.077 voluntários, divididos em dois grupos: 543 pessoas receberam a vacina experimental, e outras 534 receberam uma vacina de meningite (o grupo controle) – 56 participantes da vacina experimental receberam paracetamol profilático.
Abaixo, veja a íntegra do posicionamento divulgado pela Anvisa:
"Em relação ao falecimento do voluntário dos testes da vacina de Oxford, a Anvisa foi formalmente informada desse fato em 19 de outubro de 2020. Foram compartilhados com a Agência os dados referentes à investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação.
Portanto, a Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.
A Anvisa está comprometida a cumprir esses regulamentos, de forma a assegurar a privacidade dos voluntários e também a confiabilidade do país para a execução de estudos de tamanha relevância.
A Agência cumpriu, cumpre e cumprirá a sua missão institucional de proteger a saúde da população brasileira."
A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) está desenvolvendo uma prótese de membro superior para o homem que perdeu os dois braços em um acidente de trabalho em 2019, um dia antes do nascimento do primeiro filho, em Campina Grande. Nilson Medeiros, de 34 anos, tem o sonho de segurar o filho nos braços.
Além da prótese desenvolvida pela UEPB, que ainda não tem data para ser entregue, Nilson Medeiros tem uma vaquinha virtual ativa para tentar arrecadar R$ 160 mil para a compra das próteses convencionais para que o sonho dele de pegar o filho nos braços seja realizado o quanto antes, além de dar mais independência para as atividades do dia a dia.
A prótese, que está em fase de testes, foi idealizada pelo Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes) e desenvolvida pelo Laboratório de Tecnologias 3D (LT3D), que utilizou métodos digitais em todo o processo, por meio do escaneamento tridimensional, uso de softwares, simulações computacionais e a confecção da prótese transradial por manufatura aditiva.
De acordo com o coordenador técnico do projeto, Rodolfo Castelo Branco, a prótese é totalmente customizada para Nilson. “Todo esse processo, juntamente com o método utilizado para o desenvolvimento da prótese, caracteriza-se como tecnologia assistiva”, explicou Rodolfo. O projeto contou com a participação de uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde e engenharia.
Segundo a coordenadora do LT3D, “todo o processo é feito em prol de proporcionar ao usuário o melhor conforto possível”, destacou a coordenadora do Laboratório de Tecnologias 3D do Nutes, Yasmyne Martins.
Pai perde os braços um dia antes do nascimento do filho, em Campina Grande — Foto: Luciana Miranda/Arquivo pessoal
Conforme Yasmyne, a ideia de fazer a prótese surgiu pouco antes da pandemia do novo coronavírus. "Como já tínhamos um projeto aqui no LT3D, sentamos e conversamos o que poderia ser feito [...] então ele veio aqui e vimos que era amputação dos dois membros superiores em alturas diferentes e confirmamos que poderíamos fazer a prótese dele", contou.
Yasmyne explica que a diferença entre próteses convencionais e as produzidas pelo núcleo é que "as convencionais têm um tamanho padrão (p, m, g) e as nossas próteses são customizadas para o paciente. Então, aquele encaixe do coto dele, cabe perfeitamente dentro do orifício da prótese". A prótese de membro superior desenvolvida para Nilson é a primeira produzida pelo laboratório da UEPB.
Primeiro foi feito um escaneamento dos membros de Nilson. Depois foi feito o desenvolvimento da prótese em cima da imagem adquirida por um software. Foi quando veio a pandemia e o projeto teve que parar. Com a volta recente das atividades no laboratório, foi dado andamento no projeto. "Nilson emagreceu e o coto dele atrofiou [...] a gente teve que fazer ajustes e um novo escaneamento".
Como o projeto é desenvolvido em um centro de pesquisa acadêmico, ainda não tem previsão de quando a prótese, no seu modelo final, será entregue a Nilson. Até o momento foi produzido o protótipo do braço esquerdo, mas, segundo Yasmyne também será produzido o do braço direito.
Nilson Medeiros trabalhava em uma fábrica de lingerie e estava manuseando uma máquina quando o acidente aconteceu. Os dois braços foram cortados.
Para preservar a saúde da esposa de Nilson e do bebê — já que ela estava grávida —, a mulher foi informada sobre o acidente, mas não da gravidade da situação.
O parto, que estava previsto para dois dias após a data do acidente, foi antecipado em um. Guilherme nasceu no dia 11 de junho de 2019, e Nilson não pôde assistir ao nascimento do filho. Ele só conheceu o bebê uma semana depois.
Desde então, Luciana precisou abrir mão do trabalho para cuidar do filho e do marido. Para ela ainda é difícil a rotina com acúmulo de tarefas e cuidados.
“A parte mais difícil é ter que cuidar do meu filho, do meu marido e da casa. Entre o meu trabalho e a minha família, a família vem em primeiro lugar, mas hoje ele depende de mim para praticamente tudo”, afirmou.
Pai perde os braços um dia antes do nascimento do filho, em Campina Grande — Foto: TV Paraíba/Reprodução