quarta-feira, 31 de julho de 2019

A blogueira chinesa cujo 'segredo da beleza' foi descoberto em transmissão ao vivo

Imagens mostram diferença da aparência da blogueira em duas transmissões diferentesDireito de imagemDOUYU
Image captionBlogueira usava um filtro para parecer mais jovem em suas 'lives'
Ela se apresentava como "Sua Alteza Qiao Biluo" e se mostrava como uma jovem bonita e sedutora em suas aparições na internet.
Mas um problema na aplicação do filtro que modificava seu rosto revelou que a famosa blogueira chinesa era, na verdade, uma mulher de meia-idade.
O incidente teve grande repercussão nas redes sociais, gerando um acalorado debate sobre ética e os padrões de beleza na internet.

'Deusa linda'

Aparentemente, a blogueira, que se gabava de ter inicialmente mais de 100 mil seguidores na rede social chinesa Douyu, usava um filtro no rosto durante suas aparições ao vivo, sendo reconhecida pelos fãs por sua "voz doce e calmante".
Segundo o jornal chinês Global Times, ela era "adorada" como uma "deusa linda" e chegou, inclusive, a receber doações de alguns dos seus seguidores mais fiéis.
O "acidente" que manchou sua carreira ocorreu no dia 25 de julho, de acordo com a plataforma de vídeos ao vivo Lychee News, durante uma transmissão conjunta com a usuária Qingzi na plataforma Douyu.
Na ocasião, fãs pediram a Qiao Biluo para remover os filtros e mostrar o rosto, mas ela disse que só o faria se recebesse "presentes", e citou um valor próximo de US$ 12 mil.
Pessoas no metrô com celular na mãoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO incidente com a blogueira teve grande repercussão nas redes sociais chinesas
Seus seguidores começaram, então, a enviar doações - a mais alta teria sido de quase US$ 5.900.
No entanto, durante o processo, o filtro usado pela blogueira parou de funcionar - sem que ela tenha tomado a iniciativa de desativá-lo - e seu rosto real ficou visível para os espectadores.
Segundo a imprensa, ela se deu conta do problema quando as pessoas que estavam inscritas em sua sala VIP começaram a se desconectar em massa.
Muitos seguidores antigos, especialmente homens, pararam de segui-la e cancelaram as doações após ver sua verdadeira aparência.
Desde o incidente, Qiao Biluo suspendeu suas contas em redes sociais, e usuários iniciaram um grande debate sobre o ocorrido.
Alguns usuários elogiaram a engenhosidade dela para conseguir dinheiro dos seguidores. Outros questionaram a inteligência dos homens que deram dinheiro a ela.
Outros pediram, por sua vez, às pessoas para não julgá-la pela aparência, observando que sua popularidade vinha da voz.

Transmissões ao vivo

Homem segura tablet com logo da WeiboDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA rede social Weibo é uma das mais populares na China
Nas redes sociais chinesas, mais de 600 milhões de pessoas visualizaram publicações que vinham acompanhadas de uma hashtag que pode ser traduzida como: "blogueira é vítima de falha que mostra sua cara de velha".
O governo chinês é cauteloso quanto à crescente popularidade das transmissões ao vivo na internet.
Os meios de comunicação são muito controlados na China e, com exceção da cobertura de notícias de última hora, as imagens na televisão passam por um processo de aprovação antes de serem transmitidas.
Expressar opiniões nas transmissões de redes sociais pode levar a uma forte reação das autoridades se o conteúdo for considerado politicamente sensível ou contra a retórica do governo. É preciso tomar cuidado também para não serem vistos como "vulgares".
Como consequência, muitos usuários simplesmente cantam karaokê em seus quartos ou aparecem comendo por horas.
É uma indústria altamente lucrativa, repleta de usuárias do sexo feminino que fazem o possível para se destacar.

E Qiao Biluo foi bem-sucedida neste quesito porque, apesar de ter parado suas transmissões ao vivo após o incidente, seu perfil na plataforma Douyu agora conta com 650 mil seguidores, muito mais do que os 100 mil iniciais.

Tópicos relacionados

"Não é 'colchão fino', é trabalhador em chiqueiro": procurador rebate Bolsonaro sobre trabalho análogo à escravidão

O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, durante audiência no SenadoDireito de imagemEDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO
Image caption'Eu vejo, ao contrário do dito pelo presidente, bastante seriedade, bastante técnica na aplicação da legislação nos processos que dizem respeito ao trabalho análogo ao de escravo', disse Ronaldo Fleury
Depois de o presidente Jair Bolsonaro defender a revisão de regras sobre o combate ao trabalho análogo à escravidão, o chefe do Ministério Público do Trabalho, Ronaldo Fleury, afirmou que o tema já está definido de forma "suficientemente clara" na legislação brasileira.
"O que existe na legislação brasileira é o trabalho análogo ao de escravo, que são aquelas formas previstas no Código Penal. O trabalho escravo mesmo foi abolido com a Lei Áurea. A definição que tem no nosso Código Penal já é uma definição suficientemente clara, não há necessidade de maiores esclarecimentos", disse Fleury à BBC News Brasil.
Em cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça-feira (30), Bolsonaro disse que há uma linha "muito tênue" na caracterização do trabalho análogo à escravidão.
"O empregador tem que ter essa garantia. Não quer maldade para o seu funcionário, nem quer escravizá-lo. Isso não existe. Pode ser que exista na cabeça de uma minoria insignificante, aí tem que ser combatido. Mas deixar com essa dúvida quem está empregando, se é análogo ou não é, você leva o terror para o produtor", disse Bolsonaro.
Fleury concorda que os empresários devem ter segurança, mas disse que, no Brasil, eles já têm. Nenhum bom empresário, segundo ele, foi condenado em caso relativo a trabalho análogo à escravidão.
"Não conheço nenhum bom empresário - que cuidasse do meio ambiente de trabalho, cuidasse para que seus trabalhadores não fossem submetidos a jornadas extenuantes, que não descontasse dos valores dos seus empregados até material de trabalho, como motosserra e enxada - que tenha sido condenado. Ao contrário. Nesses casos, não há sequer a autuação da fiscalização do trabalho", disse Fleury.

Sem água potável e dormindo em chiqueiros

O Código Penal prevê, no Artigo 149, punição para quem "reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto".
O presidente Jair Bolsonaro discursa durante eventos no Palácio do PlanaltoDireito de imagemJOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Image captionNo Palácio do Planalto, Bolsonaro defendeu a revisão da definição de trabalho análogo à escravidão
Bolsonaro disse que "ninguém é favorável ao trabalho escravo", mas se dirigiu ao ministro Ives Gandra Martins Filho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), e afirmou: "Alguns colegas de vossa excelência entendem que o trabalho análogo à escravidão também é escravo. E pau nele".
Fleury, no entanto, diz considerar que os juízes são bastante criteriosos. "Eu vejo, ao contrário do dito pelo presidente, bastante seriedade, bastante técnica na aplicação da legislação nos processos que dizem respeito ao trabalho análogo ao de escravo."
"Somente são enquadradas como condições análogas à de escravo aquelas que realmente estão dentro das especificações, das definições previstas no Código Penal, que são o trabalho quando é extremamente degradante, quando há esse sistema de dívida eterna, que nunca é paga", disse Fleury.
O chefe do Ministério Público do Trabalho também disse que o órgão e os auditores fiscais de trabalho encontram situações que "em nada se assemelham aos exemplos dados pelo presidente". Bolsonaro havia mencionado "colchão abaixo de oito centímetros" e "quarto com ventilação inadequada" como critérios para definir as condições análogas às de escravidão.
"Questão de colchão fino, não. O que encontramos e que se caracteriza como trabalho análogo ao de escravo são trabalhadores tendo que dormir em curral, ou no chiqueiro. São trabalhadores sem acesso a água potável, que não têm local para fazer suas necessidades e têm que fazer na beira do rio, têm que tomar banho no rio, porque não têm sequer água para tomar banho", disse Fleury. "As condições não são, com certeza, as que foram informadas ao presidente."

Mais de 1 mil casos em 2018

Segundo dados divulgados em fevereiro pelo Ministério da Economia, a fiscalização encontrou 1.723 pessoas trabalhando em condições análogas às de escravidão em 2018.

Ainda de acordo com o governo, as multas aplicadas aos que exploravam essas pessoas somaram cerca de R$ 3,4 milhões.

Tópicos relacionados

O que é a síndrome de Kessler e por que ela preocupa a agência espacial russa


Imagem da Estação Espacial InternacionalDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSegundo a agência espacial russa, Roscosmos, a probabilidade de um impacto de lixo contra a Estação Espacial Internacional (ISS) aumentou 5% após teste de armas antissatélite realizado pela Índia
A corrida espacial está longe de acabar e hoje há vários países disputando a supremacia no espaço.
Nos últimos seis meses, ficou claro, pelo noticiário internacional, que as agências espaciais de pelo menos quatro países - Estados Unidos, Rússia, Índia e China - têm planos ambiciosos.
E não é só para a exploração ou viagens a lugares como Marte, Lua, Saturno e Júpiter. O espaço também atrai interesse de um setor bastante poderoso de várias potências: o militar.
O desenvolvimento de armas e tecnologias militares para serem colocadas em órbita geram temores, em particular os testes de armas antissatélite.
Essas armas foram projetadas para desativar ou eliminar satélites para fins militares estratégicos. No entanto, há um efeito colateral para o qual a agência espacial russa, a Roscosmos, alertou na semana passada: aumentarão consideravelmente o lixo que circula na órbita baixa da Terra.

Colisões de lixo espacial

Segundo o diretor do Instituto de Astronomia da Academia Russa de Ciências, Boris Shustov, a quantidade de detritos espaciais pode atingir o limiar da síndrome de Kessler.
Imagem da órbita baixa da TerraDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOs resíduos gerados pelas colisões podem ser suficientes para tornar a órbita baixa da Terra, onde a Estação Espacial Internacional e milhares de satélites operam atualmente, inutilizáveis
Mas o que é a síndrome de Kessler?
É uma teoria desenvolvida na década de 1970 pelo consultor da Nasa - agência espacial americana - Donald J. Kessler, que supõe que o volume de detritos espaciais na órbita baixa da Terra seria tão alto que objetos como satélites começariam a se chocar com o lixo, produzindo "efeito dominó" - gerando ainda mais lixo.
À medida que o número de satélites em órbita cresce - e os satélites desativados se acumulam - aumenta consideravelmente o risco de colisões previsto na síndrome de Kessler.
A Estação Espacial Internacional e milhares de satélites operam atualmente na órbita baixa da Terra - a uma distância menor de 2 mil km do planeta.
Dmitri Rogozin e PutinDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO diretor da agência espacial russa Roscosmos, Dmitri Rogozin, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin
Isso poderia ter consequências significativas, como a impossibilidade de voos espaciais, a interrupção das comunicações globais ou o enfraquecimento da inteligência militar.
"Se as coisas continuarem nesse ritmo, todos começarão a disparar e destruir seus satélites, e logo esses fragmentos poderão destruir a Estação Espacial Internacional. Dessa maneira, as coisas não podem continuar", disse o diretor da Roscosmos, Dmitri Rogozin, à agência de notícias Tass na última sexta-feira.
O aviso de Rogozin não é novo. Dois meses atrás, a Rússia alertou que após o teste conduzido pela Índia em março - conhecido como Missão Shakti - a probabilidade de um impacto espacial de lixo contra a Estação Espacial Internacional (ISS) aumentou em 5%.
O teste da Índia - em que foi destruído um satélite a 300 km da Terra - também foi criticado pela Nasa e causou uma discussão global sobre a política espacial.
A Roscosmos disse que quer propor a abertura de discussões envolvendo as potências espaciais para considerar a proibição de testes de armas antissatélite, para não agravar o problema do acúmulo de lixo.

Tópicos relacionados

BBC

Presidente da OAB vai ao STF para que Bolsonaro conte o que diz saber sobre o pai dele


Presidente disse que, se Felipe Santa Cruz quiser saber sobre desaparecimento do pai no regime militar, 'um dia' conta. Depois, afirmou que ele foi morto por membros da própria organização.

O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz — Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz — Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, entrou com uma interpelação nesta quarta-feira (31) no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o presidente Jair Bolsonaro explique declarações a respeito do pai dele, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, desaparecido durante a ditadura militar.

A defesa quer que o presidente dê explicações sobre a afirmação feita nesta segunda-feira por Bolsonaro de que "um dia" contará ao presidente da Ordem como o pai do advogado desapareceu na ditadura militar, caso a informação interesse ao filho.
Segundo afirmou Bolsonaro na ocasião, Santa Cruz "não vai querer saber a verdade" sobre o pai. Depois, disse que o Fernando Santa Cruz foi morto por companheiros da Ação Popular (AP), organização de esquerda na qual ele militava e classificada pelo presidente como "grupo terrorista".

Documentos da Comissão da Verdade, da Marinha e da Aeronáutica indicam que o militante foi preso por agentes do regime militar um dia antes da data em que morreu. O atestado de óbito diz que ele teve morte "morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985".

O tipo de processo entregue pelo presidente da OAB ao STF serve para tentar esclarecer se o que a outra parte disse é ou não ofensivo, o que pode gerar uma ação de crime contra honra.
Mas, mesmo se o Supremo notificar o presidente, Bolsonaro não será obrigado a responder. Nessa hipótese, o STF informa a quem interpelou, que decide se entra ou não com a ação.

Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira desapareceu em um encontro que teria no Rio de Janeiro, em 1974, com Eduardo Collier Filho, outro militante da AP.
Segundo o livro "Direito à memória e à verdade", produzido pelo governo federal, Fernando e o companheiro foram presos juntos em Copacabana por agentes do Doi-Codi-RJ em 23 de fevereiro daquele ano.

Pedido de explicações

Na peça judicial, Santa Cruz afirma que não é a primeira vez que Bolsonaro o ataca e tenta desqualificar a memória do seu pai.
O presidente da OAB diz que seu pai foi vítima de desaparecimento forçado praticado por agentes estatais, o que “foi oficialmente reconhecido pelo próprio estado Brasileiro, em reiteradas oportunidades”.

“As ofensas à memória de Fernando de Santa Cruz, bem como o contexto intimidatório da fala, parecem sugerir que o Exmo. Sr. Jair Bolsonaro pretende ofender diretamente o Requerente em sua dignidade e decoro, bem como desqualificar sua reputação. Embora ainda equívoca, pois situada na fronteira entre a bravata e a intimidação, a fala do Presidente da República aparenta poder se subsumir à figura típica de injúria e contra Felipe Santa Cruz”, escreveu.
Santa Cruz também diz ser inaceitável que Bolsonaro, por ser presidente da República, “não explique a razão da sua própria omissão quanto ao dever de tornar pública a autoria e as circunstâncias da prática de atos criminosos e atentatórios aos mais elementares direitos humanos”.

“Intolerável, ainda, que procure enxovalhar a honra de quem fora covardemente assassinado pelo aparelho repressivo estatal, por assacadilhas dúbias, afirmações ambíguas e gratuitas, sugestões de atos delitivos, dos quais se podem extrair ofensas”, afirmou.
Na interpelação, Santa Cruz pede que Bolsonaro esclareça se “efetivamente tem conhecimento das circunstâncias, dos locais, dos fatos e dos nomes das pessoas que causaram o desaparecimento forçado e assassinato” do seu pai.
Caso o presidente realmente saiba das circunstâncias do episódio, o presidente da OAB solicita:
·        que Bolsonaro explique como obteve as informações e como pode comprovar as afirmações;
·      que indique os autores do crime e aponte onde está o corpo de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira;
·         e que explique a razão por não ter denunciado ou mandado apurar a conduta criminosa revelada.

O presidente da OAB sustenta que Bolsonaro, ao insinuar que Fernando Santa Cruz praticou “atos de alta reprovabilidade ou mesmo condutas sanguinárias”, pode ter praticado o delito de calúnia contra memória de pessoa falecida.
“Ou o Requerido apurou concretamente a materialidade dos fatos homicidas, com a coleta dos nomes de quem cometera o citado crime contra o genitor do Requerente, e, nesse caso, tem o dever legal e básico de revelá-los para que o Estado os submeta a valoração jurídica, ou, também grave, pratica manobra diversionista para ocultar a verdadeira autoria de criminosos que atuaram nos porões da ditadura civil-militar, de triste memória”, afirmou na ação Felipe Santa Cruz.
Ele pede ainda que Bolsonaro esclareça as insinuações de que Fernando Santa Cruz teria sido morto por seus próprios companheiros de militância política em ação de justiçamento.
Felipe sustenta que isso possivelmente “configuraria informação falsa contra a reputação” de seu pai.


“Ao afirmar que tem informações sobre a morte de Fernando de Santa Cruz e, em seguida, insinuar que a vítima foi morta por justiçamento praticado por organizações de esquerda, o Sr. Presidente da República não apenas impede que se avance no esclarecimento sobre a grave violação que foi praticada contra Fernando de Santa Cruz e que continua a atingir sua família, como impõe um grave retrocesso que pode se configurar como injúria na medida em que represente uma informação falsa e atentatória à dignidade das vítimas”, diz trecho da ação.

  • JAIR BOLSONARO

  •  G1.com

    Em cinco meses, Brasil registra 17,9 mil mortes violentas; queda é de 22% em relação ao ano passado

    No mesmo período de 2018, houve 23.015 assassinatos. Índice nacional de homicídios criado pelo G1 acompanha os crimes violentos mês a mês. Queda nos assassinatos foi antecipada pelo Monitor da Violência.


    O Brasil registrou uma queda de 22% nas mortes violentas nos primeiros cinco meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2018. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo G1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
    Somente em maio, houve 3.521 assassinatos, contra 4.327 no mesmo mês do ano passado. Já no período que engloba os cinco meses, foram 17.907 mortes violentas — 5,1 mil a menos que o registrado nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e maio de 2018.
    A tendência de queda nos homicídios do país foi antecipada pelo G1 no balanço dos dois primeiros meses do ano, que apresentaram redução de 25% em relação ao mesmo período do ano passado, e no balanço das mortes violentas de 2018, que teve a maior queda dos últimos 11 anos da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com 13%.
    O número de assassinatos, porém, continua alto.
    O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
    Mortes mês a mês: Brasil teve 5.108 assassinatos a menos — Foto: Diana Yukari e Guilherme Gomes / G1Mortes mês a mês: Brasil teve 5.108 assassinatos a menos — Foto: Diana Yukari e Guilherme Gomes / G1
    Mortes mês a mês: Brasil teve 5.108 assassinatos a menos — Foto: Diana Yukari e Guilherme Gomes / G1
    Os dados apontam que:
    • houve 5.108 mortes a menos nos primeiros cinco meses de 2019
    • 23 estados e o DF apresentaram redução de assassinatos no período
    • dois estados tiveram quedas superiores a 30%: Sergipe e Ceará
    • apenas três estados registraram alta de assassinatos: Piauí, Tocantins e Roraima
    Redução de mortes violentas: número de vítimas cai de janeiro a maio de 2019 — Foto: Diana Yukari / G1Redução de mortes violentas: número de vítimas cai de janeiro a maio de 2019 — Foto: Diana Yukari / G1
    Redução de mortes violentas: número de vítimas cai de janeiro a maio de 2019 — Foto: Diana Yukari / G1
    Três estados tiveram aumento de assassinatos nos primeiros cinco meses de 2019. Veja, abaixo, a justificativa de cada um deles:
    Piauí: Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí diz que o aumento no número de crimes em maio de 2019 "foi considerado atípico" por conta de casos no interior do estado e que, no mesmo período, houve queda nos números na capital.
    Tocantins: A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins diz que em junho foi registrada uma redução de 31,41% nos índices de CVLI, "o que representa uma estabilização nos índices destes tipos criminais no primeiro semestre, sendo buscado por estratégias de integração entre as forças de segurança locais, conforme preconizado no Plano Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (PESSE)". Segundo a pasta, trata-se de um enfrentamento sistemático e organizado da criminalidade visando a sua efetiva redução. "A SSP-TO tem realizado estudos e mapeamento dos locais e causas deste tipo de violência no estado, marcado, em especial, por ações típicas de execução de grupos criminosos, instituindo uma Diretoria de Combate ao Crime Organizado (DRACCO) para o fortalecimento das ações de prevenção e repressão, além da intensificação das operações integradas, tanto no âmbito de investigações qualificadas como no aumento do policiamento ostensivo, nos casos em que isso se releve a medida mais adequada."
    Roraima: A Secretaria de Segurança Pública de Roraima não informa o motivo para o aumento da violência e diz ainda que o setor de estatística vai rever os dados de violência do estado.

    Tendência de queda

    Para entender o que pode estar por trás da tendência de queda, o G1 foi a fundo nos cenários de segurança pública de três estados que se destacaram por suas reduções desde 2018: Acre, Ceará e Rio Grande do Norte.
    Especialistas, integrantes e ex-integrantes dos governos e entidades foram consultados para levantar as principais medidas tomadas nos estados que podem ter resultado na queda da violência. Saiba mais.
    Entre as medidas adotadas estão:
    • ações mais rígidas em prisões, como constantes operações de revistas e implantação do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)
    • isolamento ou transferência de chefes de grupos criminosos para presídios de segurança máxima
    • criação de secretaria exclusiva para lidar com a administração penitenciária
    • criação de delegacia voltada à investigação de casos de homicídios
    • integração entre as forças de segurança e justiça

    Como o levantamento é feito

    ferramenta criada pelo G1 permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. Estão contabilizadas as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Juntos, estes casos compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais.
    Jornalistas do G1 espalhados pelo país solicitam os dados, via assessoria de imprensa e via Lei de Acesso à Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo fórum no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
    Em março, o governo federal anunciou a criação de um sistema similar. Os dados, no entanto, não estão atualizados como os da ferramenta do G1. O último mês disponível é fevereiro de 2019 (e não há números de todos os estados).
    Os dados coletados mês a mês pelo G1 não incluem as mortes em decorrência de intervenção policial. Isso porque é mais difícil obter números em tempo real e de forma sistemática com os governos estaduais. O balanço de 2018 foi publicado pelo Monitor da Violência separadamente, em abril.
    As mortes violentas mês a mês no país: G1 monitora todos os dados de homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte — Foto: Reprodução/G1As mortes violentas mês a mês no país: G1 monitora todos os dados de homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte — Foto: Reprodução/G1
    As mortes violentas mês a mês no país: G1 monitora todos os dados de homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte — Foto: Reprodução/G1