quinta-feira, 23 de maio de 2019

'Corri enquanto meu corpo pegava fogo': a professora que fundou ONG para ajudar queimados após acidente

Alexandra com o marido e amigos no dia do seu casamentoARQUIVO PESSOALARQUIVO PESSOAL
Image captionAlexandra (de roxo) em foto com a amiga Graciene, que morreu após ser queimada em restaurante
"Houve uma explosão e depois ficou um silêncio absoluto. Corri enquanto meu corpo pegava fogo. Tive certeza de que morreria."
Em julho de 2010, a professora Alexandra Bilar Henrique, à época com 31 anos, dava aulas em dois períodos em uma escola pública na cidade de Cajamar, na Grande São Paulo. Na hora do almoço entre as jornadas, ela convidou uma amiga para ir a um restaurante próximo ao trabalho.
Na fila do self-service, Alexandra disse para a colega que jogaria o chiclete que estava mascando no lixo, e pediu para que ela passasse à frente.

"A gente chegou na balança para pesar a comida quando uma funcionária se aproximou para abastecer o réchaud com álcool do nosso lado. Mas ela não percebeu que ainda tinha fogo. Foi quando houve uma explosão. A garrafa com álcool pegou fogo e, no susto, a mulher jogou na gente. Eu fiquei internada por 21 dias. Nos últimos 9 anos, fiz 35 cirurgias", disse em entrevista à BBC News Brasil. A amiga de Alexandra morreu depois de 37 dias de internação.
Alexandra Bilar Henrique, presidente da Anaviq
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Image captionEm 9 anos, Alexandra fez 35 cirurgias para minimizar as sequelas das queimaduras
Inspirada em sua própria história e nas dificuldades que enfrentou após deixar o hospital, Alexandra fundou a Associação Nacional dos Amigos e Vítimas de Queimaduras (Anaviq), ONG criada e gerida por vítimas de queimaduras do Brasil. Hoje, o grupo hoje conta com 145 pessoas que se feriram em acidentes domésticos, no trabalho e até em tentativas de suicídio.
Um dos associados é um adolescente que tentou se matar aos 12 anos após sofrer bullying dos amigos na escola.
"Fiquei desempregado e tive de tirar meu filho da escola particular onde ele estudava e matricular na pública. No colégio novo, ele começou a sofrer bullying por ser um menino muito educado e bonzinho. Davam tapas na cabeça, cuspiam na cara dele e faziam muitas ofensas. A gente não sabia disso, nem percebemos nas nossas conversas diárias", conta o pai do jovem e motorista de aplicativo, que não será identificado para preservar o adolescente.
A humilhação sofrida diariamente levou o menino à tentativa de suicídio, diz o pai.
"Numa manhã, ele despejou álcool no corpo dele todo e riscou um fósforo enquanto esperava a van para a escola. Ouvi os gritos no quintal e corri o mais rápido que consegui. Quando vi aquela bola de fogo, abracei meu filho enquanto tentava rasgar a roupa dele. Minha esposa foi mais rápida, ligou a mangueira e apagou o fogo, mas a desgraça já tinha acontecido", relata o pai do adolescente, hoje com 15 anos.

O garoto teve queimaduras de 2º e 3º grau em 45% do corpo e ficou internado durante 60 dias no Hospital das Clínicas, em São Paulo - 45 deles em coma. Ele disse que a associação é essencial para a troca de experiências e para melhorar a autoestima do filho.
Alexandra Bilar Henrique, presidente da Anaviq
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Image captionAlexandra passou por três hospitais nos 21 dias em que ficou internada após a queimadura
"Os membros têm experiência com todos os tipos de queimaduras, sabem reconhecer os melhores produtos e onde encontrar mais barato e isso faz toda a diferença. Os médicos são excelentes, mas não têm a mesma experiência de quem passa pelo tratamento", afirmou o pai.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 1 milhão de pessoas sofrem queimaduras anualmente no Brasil. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem 44 unidades especializadas em queimados em todo o país. Segundo a pasta, em 2018 mais de 224 mil pessoas receberam atendimento ambulatorial por conta de queimaduras, e 25.947 foram internadas.
Segundo Alexandra, uma das maiores barreiras é encontrar médicos especializados, receber dicas de pomadas e de onde encontrar medicamentos mais baratos. Ou simplesmente ser ouvido.
A recuperação do trauma e a ressocialização são apontados por ela como primordiais para resgatar a autoestima de uma vítima de queimadura. O momento em que a queimadura ocorre fica gravado na memória. E Alexandra se lembra de cada detalhe de seu acidente.

'Pensei que morreria'

Depois da explosão, a professora conta ter corrido o mais rápido que conseguiu em direção à saída do restaurante. Ela relata que a impressão era de que todo o ambiente tinha ficado sem som.
Com o corpo em chamas, Alexandra arrancou sua bolsa e parte de suas roupas enquanto corria. Nesse momento, ela foi derrubada.
"Um homem me jogou no chão, pulou em cima de mim e usou a camiseta dele para apagar as chamas. Só me lembro que juntou muita gente em cima de mim. As pessoas me olhavam com espanto e comentavam sobre os ferimentos. Eu me lembro que uma delas disse que 'a outra estava pior', ao falar da minha amiga. E eu ainda tentando entender o que tinha acontecido. Eu pensei que morreria", lembra.
No desespero de tentar pedir socorro para alguém da família, ela colocou a mão no bolso direito de sua calça para pegar o celular.
Alexandra bebendo champagne com o marido no casamento
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Image captionAcidente com Alexandra ocorreu três meses após seu casamento
"Isso causou um grande dano na minha mão porque ela estava queimada e raspou no tecido jeans. Fiquei cinco minutos no chão enquanto aguardava o resgate, com muitas pessoas ao meu redor falando sem parar. Eu quase não sentia os ferimentos. Quando fui colocada na ambulância, parecia que eu estava sendo colocada num forno. Eu gritava de dor. Jogavam soro nas queimaduras para aliviar. Eu pedia para jogarem mais nas pernas e no meu polegar. Era desesperador", relata a professora.
Ao chegar ao pronto-socorro, a professora não enxergava, mas ouviu a funcionária do restaurante, que também teve ferimentos nas mãos e braços, se culpando pelo acidente. Ainda no mesmo dia, a professora foi transferida para um hospital de seu convênio, em Cajamar. Lá, uma cirurgiã plástica recomendou que ela fosse transferida para um hospital de referência para queimados em Jundiaí, no interior de São Paulo.
"Essa mulher foi colocada por Deus no meu caminho. Ela fez o primeiro atendimento de maneira muito eficiente. Pedia para a equipe dela arrancar minha pele sem dó. No dia seguinte, ela mesma conseguiu uma vaga no hospital de referência e uma ambulância para me levar. Ela foi perfeita", resume Alexandra.
Durante as três semanas em que permaneceu internada no hospital especializado, Alexandra recebeu poucas notícias de Graciene.
Enquanto Alexandra se recuperava bem, a companheira de trabalho tinha sofrido graves queimaduras nas vias aéreas, que dificultavam a recuperação e exigiam o uso de aparelhos para respirar. Graciene morreu duas semanas após Alexandra deixar o hospital.

Encarando o espelho

Durante o tempo internada, a maior preocupação de Alexandra era se acalmar e cuidar dos ferimentos para voltar para casa com menos sequelas. Durante esse tempo, ela não teve contato com seu maior inimigo pós-alta: o espelho.
O hospital onde ela ficou internada não tinha espelhos. A primeira vez em que ela viu sua própria imagem depois do acidente foi logo após receber alta, quando passou na casa onde a irmã dela estava hospedada na cidade. Mesmo sabendo que estava com as mãos, rosto, barriga, pescoço e perna queimados, a surpresa foi inevitável.
Quando eu entrei no banheiro, abri a porta e dei de cara com espelho. Minha pressão caiu e eu quase desmaiei. Eu estava toda vermelha e muito magra. De lá para cá, é um desafio lidar com a minha própria imagem", afirmou.
Alexandra diz que um dos principais desafios das pessoas queimadas é lidar com a mudança na imagem causada pelas cicatrizes. Alguns veem como uma marca de superação, que muitas vezes representa uma vitória contra a morte. Mas a grande maioria faz cirurgias plásticas para escondê-las.
"Ela não me impede de viver, mas eu sempre uso lenço no pescoço e maquiagem para esconder o máximo que posso. Eu tento evitar chamar a atenção porque há um grande desconforto de ser abordada toda hora. Sempre alguém pergunta o que aconteceu ou diz 'nossa, coitadinha de você'", afirma a presidente da Anaviq.
Alexandra Bilar Henrique, presidente da Anaviq

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Image captionAlexandre conseguiu se recuperar, mas a batalha para lidar com os danos à imagem é longa
Ela diz que boa parte das perguntas são insensíveis e que as pessoas não se dão conta de que estão fazendo o outro se sentir pior. Para ela, o mais importante é que o outro saiba que a pessoa passa por um momento delicado.
Outra função da associação é orientar pessoas sobre onde podem encontrar tratamento após deixar o hospital.
"Isso até existe no Hospital das Clínicas de São Paulo, mas a fila demora pelo menos um ano. Nesse tempo, a cicatriz hipertrofia e você não consegue mais levantar um braço ou esticar o dedo", explica Alexandra.
Ela disse que esse tratamento pós-operatório é importante para que não haja sequelas mais graves e o paciente consiga retomar sua vida, inclusive em seu emprego.

Pós-operatório

Depois do acidente, Alexandra passou dificuldade financeira por conta do alto gasto com remédios, pomadas, curativos e frequentes idas ao médico. Custos além do auxílio-doença que recebia. Para recuperar o dinheiro gasto com o tratamento, ela abriu um processo contra o restaurante.
Depois cinco anos, três audiências e um impacto emocional que quase a levou à depressão, a professora fez um acordo e recebeu R$ 100 mil do dono do comércio. A família da amiga morta no mesmo incêndio recebeu R$ 30 mil.
A ideia de criar a Anaviq surgiu durante uma conversa entre Alexandra e o médico dela. Sem condições de continuar seu trabalho como professora, ela aceitou a sugestão para acolher as novas vítimas que chegavam ao hospital.
"Eu percebi que não havia quase nenhuma informação disponível, então passei a ensinar automaticamente o caminho para outras pessoas. Passei a criar grupos no Facebook com médicos e pessoas queimadas. Em pouco tempo, começou a chegar gente de outros Estados e percebi que eu estava cada vez mais envolvida", afirmou.
Em setembro de 2017, o grupo fez sua primeira reunião. Logo, começou a crescer, ganhar visibilidade e fez uma parceria com a universidade Anhembi Morumbi e com o escritório de advocacia Siqueira Castro. Os membros da associação se reúnem uma vez por mês, mas se falam todos os dias pelo WhatsApp.
O reconhecimento aumentou no ano passado, quando a associação participou do Congresso Brasileiro de Queimaduras no ano passado. O evento reuniu em Foz do Iguaçu, no Paraná, centenas de especialistas em queimaduras, como médicos, fisioterapeutas e psicólogos de diversos países.
Segundo ela, há casos de pessoas queimadas em situações aparentemente seguras, como o manuseio de álcool em gel e a impermeabilização de estofados. Neste caso, a explosão é causada por gases inflamáveis liberados por alguns tipos de produtos aplicados no tecido. Também são comuns acidentes envolvendo crianças que mexem em panelas no fogão.
Hoje, a Anaviq atende a 145 pessoas de maneira voluntária, sem receber nenhum apoio financeiro. Nove delas são casos de queimaduras provocadas em tentativas de suicídio - a maior parte cometida por mulheres.

Alexandra se aposentou e vai se dedicar integralmente à associação a partir de agora. Ela iniciou o processo para criar o CNPJ e poder receber doações.
Panfleto com dicas dos bombeiros

DIVULGAÇÃO/ CORPO DE BOMBEIROS
Image captionCorpo de Bombeiros divulga série de orientações a serem tomadas em caso de incêndio.

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    PT e bancada evangélica negociam acordo para aumentar pena de homicídios de LGBTs

    Colagem de fotos de Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e Maria do Rosário (PT-RS)Direito de imagemCÂMARA DOS DEPUTADOS
    Image captionImprovável aproximação é liderada por parlamentares como Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e Maria do Rosário (PT-RS)
    Lideranças evangélicas e do PT no Congresso estão em negociação para criar uma lei que aumente a punição em casos de homicídio ou lesão corporal contra LGBTs.
    A improvável aproximação foi catalisada em reação à possibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) criminalizar a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
    Em julgamento retomado nesta quinta-feira (23/05), a Corte formou maioria de seis votos a favor de que a homofobia e a transfobia sejam enquadradas na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989) até que o Congresso crie legislação específica para punir atos que discriminem a comunidade LBGT.
    Os ministros Celso de Mello, Edson Fachin, Alexadre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux consideraram em seus votos que o Congresso se omitiu ao não ter, até hoje, criado lei contra a transfobia e homofobia, embora a Constituição estabeleça a necessidade de punir criminalmente todo tipo de discriminação.
    O julgamento, iniciado em fevereiro e retomado nesta quinta, foi novamente interrompido. Uma nova sessão está prevista para 5 de junho.
    Enquanto isso, parlamentares têm discutido propostas em resposta ao Supremo.

    Compromisso de Bolsonaro

    As negociações entre conservadores e progressistas estão sendo lideradas na Câmara dos Deputados por Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), um dos principais expoentes da bancada evangélica, e os petistas Maria do Rosário (PT-RS) e Carlos Veras (PT-PE).
    À BBC News Brasil, Cavalcante disse que há um acordo para aprovar o aumento da pena em casos de homicídio e lesão corporal quando o crime ocorrer contra transexuais ou em razão de orientação sexual.
    Uma versão da proposta a que a reportagem teve acesso prevê que as penas sejam aumentadas de um terço até a metade caso o crime ocorra contra transexuais ou em razão de orientação sexual.
    Sessão plenária no STFDireito de imagemROSINEI COUTINHO/SCO/STF
    Image captionNegociação entre parlamentares foi catalisada em reação à possivel resultado de julgamento no STF sobre homofobia
    Isso seria incluído no Código Penal, nos artigos 121 (que prevê reclusão de seis a vinte anos para o homicídio simples) e 129 (que estabelece detenção de três meses a um ano para lesão corporal).

    A intenção é apresentar na próxima terça-feira a proposta em regime de urgência, o que permitiria uma aprovação na Câmara e no Senado em três semanas, na previsão do deputado.
    As conversas ainda estão em andamento para o texto final do projeto de lei. Discute-se outras medidas para proteger essa comunidade, como a criação de tipificação penal específica.
    Mesmo com a ampliação do placar no STF a favor da criminalização nesta quinta, Cavalcante disse à reportagem que mantém "o acordo e o trabalho de diálogo para tentar pacificar e legislar sobre o assunto".
    Ele contou que já levou a questão ao Palácio do Planalto e que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se comprometeu a sancionar o aumento da pena para homicídio e lesão corporal. O presidente, no entanto, disse que vetará uma tipificação específica de crime contra LGBTs, contou.
    "Nesses dois itens, ele se compromete a sancionar. Isso está resolvido. Eu tenho compromisso. Só estou trabalhando porque vai ser sancionado", destacou.
    "Eu já dei o discurso para ele (Bolsonaro). O discurso vai ser: 'meu governo, que foi chamado de homofóbico, resolveu o problema para a homossexualidade em seis meses o que o PT não resolveu em 13 (anos)", disse ainda Cavalcante, em referência ao tempo que o partido governou o país com Lula e Dilma Rousseff.

    O deputado evangélico contou que está tentando convencer seus colegas a não incluir uma tipificação específica no projeto de lei.
    "Se você colocar alguma coisa que ele veta, é tudo que ele precisa para (agradar) o eleitorado dele. Vocês estão dando um troféu para o cara", argumentou.

    'Nunca antes'

    Na manhã desta quinta-feira, a BBC News Brasil presenciou o momento em que os três parlamentares - Sóstenes Cavalcante, Maria do Rosário e Carlos Veras - cercaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na saída do plenário da Casa, para relatar o andamento das negociações.
    Rosário estava entusiasmada. "Nunca chegamos tão perto de um acordo para uma legislação nesse tema", disse a deputada à BBC News Brasil.
    Ela ressalvou, porém, que a matéria ainda está em negociação e que não vai se "guiar" pela disposição de Bolsonaro em sancionar ou vetar determinados pontos.
    A deputada apresentou em 2014 um projeto de lei que previa o aumento da pena em caso de homicídio e agressões motivadas por descriminação contra orientação sexual.
    Sua proposta, porém, é bem mais ampla e previa a criação do crime de intolerância, com pena de um a seis anos, para quem exercer violência psicológica (bullying); negar emprego ou promoção sem justificativa legal; negar acesso a determinados locais ou serviços, como escola, transporte público, hotéis, restaurantes; negar o direito de expressão cultural ou de orientação de gênero; e negar direitos legais ou criar proibições que não são aplicadas para outras pessoas. A exceção prevista na proposta é o acesso a locais de cultos religiosos, que poderia ser limitado de acordo com a crença.
    A petista sugeriu ainda a mesma pena (um a seis anos de prisão) para quem praticar, induzir ou incitar a discriminação por meio de discurso de ódio ou pela fabricação e distribuição de conteúdo discriminatório, inclusive pela internet.
    Martelo que representa a Justiça sobre bandeira com cores do arco-íris, representando a comunidade LGBTDireito de imagemGETTY IMAGES
    Image captionJulgamento no STF foi iniciado em fevereiro
    Uma proposta dessa envergadura, porém, sofria resistência dos parlamentares conservadores. Segundo Cavalcante, a bancada evangélica também não vai apoiar o projeto de lei 672/19, aprovado nesta semana na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, estabelecendo ampla criminalização da homofobia.
    Embora a articulação da bancada evangélica seja uma reação à ação analisada no STF, não está claro se a aprovação de uma mudança que se restrinja a aumentar a pena seria suficiente para influir no resultado do julgamento, já que a corte prevê enquadrar a homofobia e a transfobia na Lei do Racismo.
    Essa lei trata justamente de inibir práticas amplas de discriminação, como recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou às escadas de acesso, negar ou obstar emprego em empresa privada, entre outros, por causa da raça.

    Articulação entre Poderes

    Por trás da negociação entre evangélicos e petistas está a movimentação do presidente do STF, Dias Toffoli, que tem conversado com os líderes dos demais Poderes da República (Bolsonaro, Maia e o presidente do Senado, David Alcolumbre) para tentar reduzir as tensões entre as instituições.
    Nesse contexto, Cavalcante disse que Maia lhe pediu para elaborar um projeto, com sua assinatura. Ele, no entanto, prefere não colocar seu nome na proposta. O texto deve ser apresentado por Carlos Veras (PT-PE), relator do projeto de lei apresentado por Rosário em 2014.
    "Não me agrega nenhum voto (assinar o projeto de lei), faz eu perder no meu segmento. Estou querendo fazer pelas pessoas, estou trabalhando pelo ser humano que é agredido e que é morto por essas questões", disse.
    "Um cristão nunca defendeu lesão corporal e homicídio de ninguém por questões quaisquer, muito menos por questão de orientação sexual. Estou usando a palavra que eles (os grupos LGBT) gostam, para nós é outra palavra, mas vou usar a deles", disse ainda o parlamentar, em referência à expressão "orientação sexual".

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    O drama da prostituição em um país devastado pelo ebola

    Em Serra Leoa, houve um aumento no número de mulheres se prostituindo por causa do surto de ebola.
    Muitas delas perderam os pais e precisaram se virar nas ruas.
    Para ter o que comer e ganhar o equivalente a US$ 0,50 (R$ 2) por programa, essas mulheres fazem sexo com até 8 clientes por noite e enfrentam perigos como o do espancamento.
    Veja no vídeo a história de algumas delas.

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    https://www.bbc.com/portuguese/geral-48374522

    Estudante sem-teto é selecionado por universidades e recebe ofertas de US$ 3 milhões em bolsas nos EUA

    Tupac MoseleyJ.MONE PHOTOGRAPHY
    Image captionAdolescente passou a morar na rua depois que seu pai morreu, em 2017.
    Um adolescente que perdeu sua moradia após a morte do pai recebeu ofertas de bolsas de estudo totalizando mais de US$ 3 milhões (algo em torno de R$ 12 milhões) de universidades americanas, além de vagas em mais de 40 faculdades.
    Tupac Mosley, de Memphis, no Estado americano de Tennessee, era o melhor aluno de sua turma - e nunca deixou de estar entre os melhores da sala, mesmo depois que seu pai morreu, em 2017, e ele ficou sem moradia permanente.
    A família passou por dificuldades financeiras e, em fevereiro desse ano, teve de se mudar para uma acomodação temporária.
    O estudante de 17 anos disse que um dos pontos mais "baixos" de sua vida foi dormir no chão de hotéis baratos, mas ele continuou a se dedicar na escola.
    "Se não fosse pelos meus amigos, família, professores e mentores, que me incentivaram, eu talvez não estivesse onde estou agora", afirmou. "Eles me deram a coragem de seguir e não desistir nunca."
    Ver todo o meu esforço de uma maneira quantificável é tão gratificante! É uma ótima sensação."

    Esforço e perseverança

    Em sua formatura na escola, Tupac agradeceu a diretora da escola e um acampamento em Memphis onde a família conseguiu se hospedar por um período.
    "O diretor soube da minha situação e nos deixou ficar lá enquanto eu levantava fundos", disse.
    Apesar dos problemas pessoas pelos quais passava, Tupac permanecia como o melhor de sua sala. A mentora que lhe ajudou com suas inscrições para bolsas e para a universidade disse que está imensamente orgulhosa dele.

    Universidade de TennesseeDireito de imagemTENNESSEE STATE UNIVERSITY/DIVULGAÇÃO
    Image captionTupac decidiu cursar engenharia elétrica na Universidade do Estado de Tennessee
    "Sou conselhereira há 11 anos e ele é o primeiro aluno que recebe uma resposta tão grande", afirmou. "Ele é naturalmente inteligente e talentoso, mas tudo está ligado a sua perseverança."
    Mas Tupac se mudou para seu próprio apartamento essa semana, apesar de ter uma série de faculdades que poderia escolher. Ele decidiu ficar perto de seus amigos e familiares.
    "Tenho um apoio muito grande aqui", explicou. "Eles me ajudaram a conseguir tudo isos, então vou continuar perto deles."
    Ele aceitou a oferta de estudar na Tennessee State University, onde deverá cursar engenharia elétrica.

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