Mensagens de Padre Fábio de Melo... para nossa reflexão
A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos. Geralmente quando a gente começa a viver muito em torno do que o outro gostaria que a gente fosse, é que a gente tá muito mais preocupado com o que o outro acha sobre nós, do que necessariamente nós sabemos sobre nós mesmos. O que me seduz em Jesus é quando eu descubro que n'Ele havia uma capacidade imensa de olhar dentro dos olhos e fazer que aquele que era olhado reconhecer-se plenamente e olhar-se com sinceridade. Durante muito tempo eu fiquei preocupado com o que os outros achavam ao meu respeito. Mas hoje, o que os outros acham de mim muito pouco me importa [a não ser que sejam pessoas que me amam], porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito. Padre Fábio de Melo Boa noite, amados/as!! Paz e muita luz!!
Eike Batista está livre. Gilmar Mendes não teve reservas em decidir há pouco suspender a ordem de prisão preventiva, do juiz Marcelo Bretas, que o mantinha em Bangu desde janeiro.
Em sua decisão, o ministro ressaltou que Eike só poderá ganhar liberdade se não tiver sido preso por outro juiz. No início do mês, Gilmar concedeu habeas corpus ao empresário Flávio Godinho, ex-sócio de Eike.
1ª greve geral do país, há 100 anos, foi iniciada por mulheres e durou 30 dias
Direito de imagemARQUIVO EDGAR LEUENROTH | UNICAMPImage captionGreve teve início em uma fábrica têxtil em São Paulo, e só depois da adesão de outras categorias passou a ter demandas gerais
Em junho de 1917, décadas antes da consolidação das leis trabalhistas no Brasil, cerca de 400 operários - em sua maioria mulheres - da fábrica têxtil Cotonifício Crespi na Mooca, em São Paulo, paralisaram suas atividades.
Eles pediam, entre outras coisas, aumento de salários e redução das jornadas de trabalho, que até então não eram garantidos por lei. Em algumas semanas, a greve se espalharia por diversos setores da economia, por todo o Estado de São Paulo e, em seguida, para o Rio de Janeiro e Porto Alegre. Era a primeira "greve geral" no país.
Mas uma das principais diferenças entre aquela e a greve geral convocada para esta sexta-feira, em protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência, é que, em 1917, ela não foi anunciada como tal, disse à BBC Brasil o historiador Claudio Batalha, da Unicamp.
"Não é uma greve que já tivesse bandeiras gerais. Ela começa com questões específicas dos setores que vão aderindo ao movimento grevista, alguns por solidariedade. Depois é que a pauta passou a incluir desde reivindicações relacionadas ao trabalho até reivindicações de cunho político - libertação dos presos do movimento, por exemplo."
Uma destas questões específicas, menos comentada nos livros de história, era o assédio sexual. Segundo Batalha, parte da revolta das funcionárias do Cotonifício Crespi era o assédio que sofriam dos chamados contramestres, funcionários que supervisionavam o chão de fábrica.
"Isso não era incomum na época. Greves anteriores já haviam começado contra determinado funcionário que tivesse um cargo de chefia e tirasse proveito desse poder", explica.
Crescimento
Mas se a convocação de 2017 reflete a insegurança causada pelo desemprego e pela recessão, em 1917, a indústria brasileira ia de vento em popa.
Na verdade, os lucros das empresas chegavam a duplicar a cada ano.
"Entre 1914 e 1917, com a Primeira Guerra Mundial, se passou de uma recessão econômica a um superemprego, porque os produtos brasileiros passaram a substituir os importados e a serem exportados", explica o historiador italiano radicado no Brasil Luigi Biondi, da Unifesp.
"Em 1914, o Cotonifício Crespi lucrou 196 contos de réis. No ano seguinte, o lucro foi de 350 contos de réis. E foi aumentando. Enquanto isso, aumentavam as horas de trabalho."
Com o aumento da produção, as fábricas brasileiras, que tinham poucas máquinas, vindas do exterior, tiveram que usá-las por mais tempo. Isso significava que os operários passaram a trabalhar até 16 horas por dia, sem aumento de salário.
De acordo com Biondi, a insatisfação das mulheres se explica também pelo fato de que elas acompanhavam mais de perto a perda de poder aquisitivo dos trabalhadores.
"Além de também serem operárias, porque naquele momento havia muito emprego para elas na indústria têxtil, elas também controlavam os gastos das famílias. Então viam o aumento acelerado da inflação dos produtos."
No final de junho, a paralisação dos operários do Crespi contagiou os 1.500 operários da fábrica têxtil Ipiranga. Em seguida, se espalhou pela indústria de móveis, concentrada no Brás, e chegou até a fábrica de bebidas da Antarctica.
"Em julho, a greve parou a cidade (São Paulo). Havia embates de rua e tentativa de saques aos moinhos que produziam farinha por causa da crise de abastecimento. Muitos foram mortos e feridos nos confrontos com a polícia", diz Biondi.
O movimento ganhou mais fôlego no dia 11 de julho, quando milhares acompanharam o enterro do sapateiro espanhol José Martinez, de 21 anos.
Ele morreu com um tiro no estômago depois que uma unidade de cavalaria da polícia dispersou manifestantes que quebraram barris de cerveja diante da fábrica da Antartica, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, que noticiou o confronto.
"A partir daí, a greve se alastrou para quase todas as cidades do interior de São Paulo. Campinas, Piracicaba, Santos, Sorocaba, Ribeirão Preto. Até Poços de Caldas, no sul de Minas, que não era uma cidade industrial, teve movimentos de greve", afirma o historiador.
Direito de imagemARQUIVO EDGAR LEUENROTH | UNICAMPImage captionRepressão a grevistas aumentou a adesão de trabalhadores à paralisação, diz historiador
Negociação
Em 16 de julho - mais de um mês após o início da paralisação no Cotonifício Crespi - um acordo entre autoridades, organizações trabalhistas e industriais, mediado por jornalistas, pôs fim à greve em São Paulo. Mais ainda não era o fim da greve geral.
"Só em São Paulo a greve de fato terminou com uma negociação única. No Rio e em Porto Alegre, os movimentos tiveram dimensões gerais, mas só terminaram na medida em que cada setor chegava a um acordo com seu patronato. O ritmo de saída da greve foi aos poucos, assim como a adesão", explica Batalha.
Segundo Biondi, até mesmo na cidade de São Paulo ainda havia categorias entrando em greve no dia 18 de julho, como os pedreiros. Parte dos empresários se recusava a assinar os acordos e queria negociar condições diretamente com os funcionários.
Mesmo com a assinatura dos acordos, a consolidação dos direitos só viria em 1943, durante o regime de Getúlio Vargas.
"O que acontecia muitas vezes na época é que algo era obtido com uma greve, passava-se algum tempo e essa reivindicação voltava para nada", diz Claudio Batalha.
"Em 1907, também houve uma série de greves pedindo a jornada de trabalho de oito horas. E elas chegaram a diminuir, mas, depois de algum tempo, o patronato voltou a estabelecer as jornadas anteriores. O mesmo ocorreu após 1917."
A experiência da primeira greve geral também fez com que os empresários se preparassem para enfrentar futuras paralisações - o que tornou novas negociações mais difíceis para os trabalhadores.
"Uma das coisas que levou ao sucesso relativo da greve em 1917 é que as fábricas não tinham estoques. Quando os operários paravam, não havia produtos nas lojas. A partir daí, eles passaram a ter grandes estoques, e podiam permanecer sem funcionar um certo período porque tinham produção para vender."
Batalha lembra, no entanto, que o acordo só surgiu depois que "a greve atingiu dimensões tais que não tinha mais como controlar o movimento".
"A primeira tentativa de lidar com a greve foi de repressão. Essa era a tônica do período, tanto que houve mortes. Parte do processo de ampliação da greve, inclusive, se deveu a essas mortes."
"Até hoje a solução repressiva pode ser um desserviço às autoridades. Se a gente pensar nos protestos de 2013, a virada no número de pessoas em São Paulo foi quando houve uma repressão desproporcional à manifestação", afirma.
Direito de imagemREPRODUÇÃOImage captionDepois de tomar capital paulista, movimento de paralisação se espalhou pelo interior do Estado e chegou a Rio e Porto Alegre
Ideologia
Em fevereiro de 1917, meses antes da greve brasileira, mulheres que trabalhavam na indústria têxtil deram início a protestos e a uma paralisação que teria consequências ainda maiores do outro lado do mundo: a Revolução Russa.
Os protestos começaram contra a escassez de alimentos no país e rapidamente ganharam a adesão de outros trabalhadores e a simpatia das forças de segurança. Ao fim de uma semana, a mornaquia russa chegava ao fim, abrindo caminho para a revolução comunista, no fim daquele ano.
"Essa greve também é importante porque mostra a conexão do Brasil com o resto do mundo. Naquele ano, greves como aquela ocorreram em diversos países", diz Luigi Biondi.
Ideologias como o anarquismo e o socialismo marxista, que chegaram a São Paulo principalmente pelos imigrantes italianos, tiveram um papel importante na organização do movimento.
"Por causa da Rússia, eles tinham a ideia de que aquilo poderia levar a uma insurreição dos trabalhadores. Isso não ocorreu, mas a cidade foi tomada. Pela primeira vez isso espantou as elites do país, que começaram a se dar conta de que a questão social urbana era grave e tinha que ser considerada."
Batalha acha que as correntes socialistas "tinham certa liderança", mas que sua influência era maior sobre trabalhadores qualificados.
"O que faz com que uma greve funcione é que as pessoas sintam que aquele estado de coisas chegou ao limite. Uma das características importantes de 1917 é que, pela primeira vez, setores que não participavam desse tipo de movimento começaram a participar."
'Não temos lugar aqui': a rotina de medo da minoria cristã no Egito
Direito de imagemEPAImage captionEI reivindicou autoria de atentados coordenados contra duas igrejas cristãs no Egito
No antigo Mosteiro de São Menas, nas areias do deserto do Egito, uma tumba de concreto guarda os restos mortais de cristãos massacrados por sua fé — não na época do Império Romano, mas em abril de 2017.
Eles estavam entre quase 50 pessoas mortas em ataques coordenados contra duas igrejas. O grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria dos atentados — realizados no Domingo de Ramos.
Padres que vivem no mosteiro dizem que a perseguição é tão antiga quanto a fé cristã.
"A história dos cristãos é assim", disse o padre Elijah Ava Mina, em túnica preta que contrasta com a longa barba branca. "Jesus disse: 'Estreita é a porta e difícil o caminho'."
A cripta tem agora sete caixões, mas há espaço para mais. Ataques futuros são praticamente certos. O braço egípcio do EI já afirmou que cristãos são suas "vítimas favoritas".
Estima-se que essa minoria sitiada corresponda a 10% da população egípcia, país de 90 milhões de pessoas de maioria muçulmana.
A maior parte dos cristãos no país pertence à Igreja Ortodoxa Copta, cuja origem é traçada desde o apóstolo São Marcos. O EI atacou o coração histórico dessa fé. Um de seus alvos foi a igreja mais antiga do Egito — a Catedral de São Marcos, no porto de Alexandria.
'Meu filho'
Quando o autor do atentado chegou aos portões de ferro da catedral, Gergis Bakhoom tinha acabado de sair. De volta a sua pequena alfaiataria, o senhor de 82 anos soube da explosão.
Ele correu ao hospital em tempo de testemunhar seu filho mais velho, Ibrahim, dar seu último suspiro.
Image captionGergis Bakhoom escapou por pouco do atentado na Catedral de São MarcosImage caption... mas seu filho Ibrahim Bakhoom foi morto
"Ele estava ofegante, tentando respirar", disse Gergis, imitando o que viu. "Depois disso, pegaram um lençol, cobriram o corpo e o enviaram ao necrotério. Vi com os meus próprios olhos, ele que deveria ter me enterrado", afirmou o alfaiate, aos prantos. "Em vez disso, eu que o enterrei."
Pai e filho trabalhavam juntos, dividindo uma máquina de costura. "Ele tinha um objetivo na vida", disse Gergis. "Nós trabalhavamos duro, ponto a ponto, para sustentar os filhos dele."
A dor dessas pessoas se mistura com a raiva. Após o primeiro ataque naquele dia, em uma igreja na cidade de Tanta, cristãos espancaram um policial de alta patente na rua — enfurecidos diante da possibilidade de um novo ataque do EI. Em dezembro de 2016, um ataque suicida deixou cerca de 30 pessoas mortas durante uma missa no Cairo.
'Não temos valor'
Os atentados mais recentes tiraram de Marian Abdel Malak três de seus entes queridos, incluindo seu irmão de 18 anos, Bishoy. O rapaz vinha frequentando a igreja com regularidade e havia dito à família que desejava morrer como um mártir cristão.
De algum modo, os sobreviventes esperam o mesmo destino, diz Malak.
"Se coisas continuarem assim e não tivermos nossos direitos assegurados, definitivamente não teremos futuro", disse a jovem de 26 anos. "Nós estaríamos melhor se estivessemos mortos, por não temos lugar nesse país — nas escolas, no governo. Não temos nenhum valor."
Image captionMarian Abdel Malak (à esq. na foto) perdeu o irmão, Bishoy, em ataque contra cristãos no Egito
Sandro George, um amigo do jovem morto, afirma que as autoridades deveriam ter reforçado a segurança ainda em 2011, quando cerca de 25 pessoas morreram em um atentado contra uma igreja em Alexandria.
"Se tivessem realmente a intenção de dar segurança às igrejas e afastar qualquer perigo, teriam feito isso naquela ocasião", afirma. "Depois daquela explosão, apenas dois policiais foram enviados para fazer a segurança da igreja."
A segurança aumentou após os ataques recentes. O presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi, decretou estado de emergência por três meses e enviou o Exército para imediações de igrejas.
Mas alguns cristãos alertam que, conforme o assunto for deixando os jornais a força de segurança também desaparecerá.
Visita do Papa
Enquanto fieis se concentravam na Catedral de São Marcos para uma missa recente, tropas em um veículo blindado marcavam posição em uma esquina próxima.
Algumas horas depois — com multidões ainda chegando para o serviço religioso — o veículo já não estava mais lá.
Sitiados, os coptas dizem que sua comunidade está sob ameaça, não só pelo EI, mas também por tensões sectárias e um longo histórico de discriminação.
Direito de imagemAFPImage captionCristãos correspondem a 10% da população do Egito, mas se sentem cada vez mais ameaçados
Uma lei do ano passado dificultou a construção de novas igrejas cristãs, de acordo com Ishak Ibrahim, um pesquisador que estuda liberdade religiosa.
E se cristãos tentarem se reunir em casa para rezar podem ser alvo de ataques, afirma ele.
Enquanto ainda praticam o luto pelas últimas vítimas, os cristãos do Egito se preparam para a visita do papa Francisco, que chegou nesta sexta-feira ao país para uma visita histórica de dois dias.
No primeiro discurso em solo egípcio, o papa disse que não pode haver violência em nome de Deus. "A paz por si só... é sagrada, e nenhum ato de violência pode ser perpetrado em nome de Deus, o que profanaria Seu nome", disse o pontífice.
Em meio a uma das comunidades cristãs mais antigas do Oriente Médio, o papa deverá se deparar com uma nova onda de medo diante do futuro.
Mas há quem tire força do sofrimento.
"Não tenho medo", disse Nadia Nazeem, a mãe de Bishoy, com a voz embargada.
"Coisas ruins aconteceram, estão acontecendo e acontecerão no futuro, mas não vou parar de ir à igreja. Irei a todas as igrejas."
Greve geral: o que você precisa saber sobre a tentativa de parar o país pela 1ª vez em 20 anos
Direito de imagemMARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASILImage captionA greve foi convocada para fazer oposição às reformas Trabalhista e da Previdência
As principais entidades sindicais do Brasil convocaram uma greve geral contra a ampliação da terceirização e as reformas previdenciária e trabalhista para esta sexta-feira- há a promessa de adesão por parte de diversos setores do funcionalismo público e privado em todo o país.
Espera-se, por exemplo, que bancários paralisem suas atividades em ao menos 22 Estados, de acordo com informações da CUT (Central Única dos Trabalhadores), uma das centrais sindicais que convocaram a paralisação. Professores das redes pública e particular também dizem que irão cruzar os braços, assim como aeroviários e funcionários dos serviços de ônibus, metrô e trens.
Além da CUT, a greve é convocada por CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Intersindical, CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Força Sindical, Nova Central, CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).
Confira, a seguir, o que você precisa saber sobre a paralisação.
1. Qual será o tamanho da greve?
Embora muitas categorias tenham confirmado a adesão, é impossível saber de antemão. Por um lado, a pauta de reivindicações une todos esses trabalhadores. Por outro, décadas se passaram desde a última paralisação geral da dimensão pretendida, ocorrida em 1996.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirma que esta "será a maior greve da nossa história", mas ele próprio reconhece que houve, no passado, tentativas frustradas. "Tivemos uma grande greve em 1989, outras greves tentamos fazer de lá para cá. Essa acho que vai ter uma adesão muito grande, todos os setores."
Especialista em Sociologia do Trabalho, o professor da USP Ruy Braga diz acreditar que a paralisação será de fato grande, mas lembra que é comum que ocorram deserções de última hora. "Muitos sindicatos ficam reticentes", afirma, citando medo de multas ou outras formas de punição.
Para ele, a Reforma da Previdência tem particularmente o potencial de atrair muitas pessoas para a greve.
"Segundo dados IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 80% dos lares brasileiros têm alguém que recebe algum benefício continuado ou Previdência. Isso tem um potencial de gerar indignação muito mais agudo que as outras reformas que foram propostas", argumentou.
Já Hélio Zylberstajn, professor do Departamento de Economia da USP, acredita que o movimento terá o mesmo tamanho das greves mais recentes. "Acho que vai ser igual a todas as outras que eles fizeram: de manhã vai ser muito forte e, lá pelas 10h, eles começam a liberar. Na hora do almoço, está tudo normal."
Ele argumenta que os organizadores conseguem fazer o transporte coletivo parar, montam piquetes e fecham as principais avenidas. "Não é uma paralisação maciça porque as pessoas todas param. É porque as pessoas são impedidas de ir trabalhar", diz.
Apesar disso, Zylberstajn reconhece que as reformas propostas pelo governo Michel Temer são mesmo muito impopulares, dando força para a greve.
Direito de imagemPAULO PINTO/FOTOS PÚBLICASImage captionTrabalhadores do transporte público, aeronautas, bancários, funcionários públicos e professores, entre outros, dizem que vão parar
2. Quais setores vão aderir?
Os organizadores esperam que a greve inclua trabalhadores do transporte público, aeronautas, bancários, funcionários públicos e professores das redes públicas e privada, entre outros. Profissionais da indústria, como químicos e metalúrgicos, também prometem parar - incluindo aqueles que trabalham em unidades da Petrobras em pelo menos oito Estados.
Grandes aeroportos, como os das cidades de São Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre podem ser afetados. Rodoviários dizem que irão parar em cidades de pelo menos 13 Estados - na capital paulista e em Guarulhos, a ideia é que apenas 30% da frota esteja operando a partir da 0h desta sexta. Metroviários já acordaram parar em cidades de ao menos cinco Estados.
Portuários estão previstos para parar em menos três Estados - um dos portos que pode parar é o de Santos, o principal do país. Nos Correios, a greve já foi aprovada por pelo menos oito Estados.
Servidores públicos municipais, estaduais e federais, do Judiciário e comerciários também prometem aderir. Bancários já contabilizam adesão em no mínimo 23 Estados, mas nem todas as unidades fechariam.
Professores municipais, estaduais, universitários e de escolas particulares são algumas das categorias mais esperadas, embora a adesão varie muito de Estado para Estado.
Direito de imagem(ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL)Image captionHá protestos confirmados em Campo Grande, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Macapá, Maceió, Palmas, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Branco
3. Quais setores fazem uma greve ter sucesso?
Segundo Braga, da USP, os setores-chave são os mais disruptivos para a sociedade. Ou seja, trabalhadores que lidam com circulação de pessoas (ônibus, metrô, trem, aeroportos), bancários e funcionários públicos.
O professor também explicou que os professores, quando aderem em massa, também têm uma influência muito grande, uma vez que muitos pais acabam não tendo com quem deixar os filhos para sair para trabalhar. E como são numerosos, aumentam a massa de manifestantes quando participam de protestos.
"No caso de trabalhadores industriais, como metalúrgicos e petroleiros, acredito que o potencial disruptivo seja pequeno", afirmou.
Zylberstajn diz que os professores da rede particular aderiram para defender os próprios privilégios.
"Professoras no Brasil se aposentam depois de contribuir 25 anos para a Previdência, independentemente da idade. Uma professora que começa a trabalhar aos 20 anos se aposenta com 45. Onde a greve vai ser mais forte? Nos colégios privados: todos os colégios estão anunciando que não vai ter aula na sexta-feira", afirma.
A proposta atual de Reforma da Previdência estipula uma idade mínima para aposentadoria - 65 anos para homens e 62 para mulheres.
4. O que querem os grevistas?
A greve vem sendo articulada há cerca de um mês para fazer oposição às reformas Trabalhista e da Previdência e para protestar contra uma nova regra, sancionada em março, que libera a terceirização em todas as atividades.
"(Marcamos a greve geral) Fundamentalmente por causa de retirada de direitos, por causa de desmonte da Previdência, desmonte trabalhista, terceirização", diz Freitas, da CUT.
Algumas entidades que convocaram a paralisação são críticas ao governo Michel Temer como um todo, entre elas a CUT e a CTB, que foram contrárias ao impeachment de Dilma Rousseff.
Direito de imagemWILSON DIAS/AGÊNCIA BRASILImage captionSetores mais disruptivos para a sociedade são os trabalhadores que lidam com circulação de pessoas, bancários, funcionários públicos e professores
Mas a greve também tem a participação de entidades mais próximas do governo. É o caso da Força Sindical, que tem vínculo com o Solidariedade, partido que faz parte da base aliada de Temer.
Miguel Torres, vice-presidente da Força, comparou a paralisação marcada para esta sexta-feira com a realizada há exatos cem anos, em 1917.
"Naquela época, era tudo desregulamentado (em relação a questões trabalhistas). Boa parte do empresariado quer que a gente retorne a 1917", argumenta.
A BBC Brasil procurou o governo federal para saber seu posicionamento diante da paralisação e se mandará cortar o ponto dos servidores grevistas, mas o Palácio do Planalto informou que não comentará o assunto.
A gestão Temer tem defendido as reformas como uma forma de recuperar a economia - e negado que elas irão tirar direitos do trabalhador.
5. Vai ter protesto?
Há protestos confirmados em diversas cidades, como Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Macapá (AP), Maceió (AL), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Rio Branco (AC).
O tamanho dessas manifestações também é incerto.
Na capital paulista, a ideia é caminhar do Largo da Batata, em Pinheiros, até a frente da casa de Temer na cidade, que fica no Alto de Pinheiros, na zona oeste.
O ato é organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, agrupamentos de partidos, entidades sindicais e outros grupos que têm vínculos com movimentos sociais - principais organizadores dos protestos contra o impeachment.