Investigado na Andaime, ex-secretário é procurado pelo MPF da Paraíba
Homem tem mandado de prisão preventiva em aberto.
Gaeco e outros órgãos estão fazendo buscas, segundo promotor.
O ex-secretário de Obras da cidade de Monte Horebe, Eloizio Dias Guarita, que é investigado na operação Andaime, é considerado procurado pelo Ministério Público Federal (MPF) após não ser localizado durante a ação conjunta realizada na quinta-feira (18) no Sertão paraibano.
De acordo com o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual da Paraíba (Gaeco), o promotor Octávio Paulo Leite, há um mandado de prisão preventiva decretado e os órgãos competentes já estão em busca do ex-secretário
Conforme informações do MPF, Eloizio Dias Guarita é suspeito de ser um dos operadores do esquema que fraudava licitações do município e desviava verba dos cofres públicos.
Prisão da prefeita de Monte Horebe
(Foto: Felipe Valentim/TV Paraíba)
Andaime
A 3ª fase da Operação Andaime, que investiga fraudes em licitações de obras em municípios da Paraíba, prendeu seis pessoas, entre ela a prefeita de Monte Horebe, Cláudia Dias (PSB) . A informação da prisão da prefeita foi confirmada pelo delegado da Polícia Federal Antonio Glautter Morais.
O G1 entrou em contato com a prefeitura de Monte Horebe, mas até as 11h20 (horário local) as ligações não foram atendidas. Cláudia Dias já havia sido afastada do cargo duas vezes, mas, por força de liminar, seguia no mandato. Após a prisão, ela foi encaminhada para a sede do Ministério Público Estadual da Paraíba em Cajazeiras. As fraudes nas licitações das cidades no Sertão da Paraíba foram destaque de uma reportagem do Fantástico no domingo (14). Os desvios na cidade de Monte Horebe foram citadas na reportagem.
Na ação desta quinta-feira, que acontece, além de Monte Horebe, em Cajazeiras, Bonito de Santa Fé e Uiraúna, todas localizadas no Sertão paraibano, o Ministério Público e a Polícia Federal devem cumprir sete mandados de prisão preventiva, 27 de busca e apreensão e cinco de conduções coercitivas, quando o suspeito é obrigada a prestar depoimento.
Afastamentos e operaçãoOs crimes que pesam indícios sobre os investigados são frustração de caráter competitivo de licitações, lavagem ou ocultação de ativos financeiros, falsidade ideológica e participação em organização criminosa.
Os integrantes da força-tarefa da Operação Andaime vão conceder entrevista coletiva às 10h (horário local), na sede do Ministério Público Estadual em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba.
A primeira etapa da Andaime aconteceu no dia 26 de junho e cumpriu três mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária, quatro de condução coercitiva, 18 de busca e apreensão e 15 medidas de sequestro de bens. Durante a operação, também foram apreendidos dinheiro, armas, celulares e veículos.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Controladoria Geral da União (CGU) e Polícia Federal, foi desarticulada uma organização criminosa especializada em fraudar licitações em 16 prefeituras do Sertão.
Segundo os órgãos envolvidos na operação, o esquema era centrado em duas empresas fantasmas. A partir dessas duas empresas, se os suspeitos eram organizados em núcleos regionais nos municípios que realizavam as obras públicas supostamente em nome dessas empresas, mas que usavam notas fiscais frias para mascarar desvios de dinheiro público.
Já em dezembro de 2015, o MPF deflagrou a segunda fase da operação. Dois empresários foram presos e duas pessoas conduzidas coercitivamente para darem depoimentos. Eles são suspeitos de participação em fraudes que envolvem duas empresas fantasmas que venceram 177 licitações de obras na Paraíba, movimentando mais de R$ 18 milhões em recursos públicos.
O marido da prefeita de Monte Horebe também foi preso na Operação Andaime (Foto: Felipe Valentim/TV Paraíba)
Um hospital em Los Angeles pagou US$ 17 mil para um grupo de hackers que tirou do ar todo o sistema da instituição.
Segundo o a diretoria do Hollywood Presbyterian Medical Center, os computadores foram afetados há mais de uma semana, fazendo com que os funcionários do hospital fossem obrigados a usar papel para os procedimentos antes informatizados.
No entanto, o diretor-executivo do hospital, Allen Stefanek, disse que o incidente não afetou a qualidade do atendimento.
O sistema foi tirado do ar por um ransonware, que é um tipo de malware (um software que se infiltra em um computador para roubar informações ou causar danos). No caso do ransonware, além de infectar o computador, o programa exige o pagamento de um resgate – normalmente em bitcoins – para que o acesso seja liberado.
“A quantia pedida foi de 40 bitcoins – o equivalente a US$ 17 mil (R$ 68 mil). O jeito mais rápido e eficiente para restaurar nossos sistemas e as funções administrativas foi pagar o resgate”, disse Allen.
Image copyrightHPMCImage captionDiretor do hospital Hollywood Presbyterian Medical Center confirmou que fez o pagamento, em bitcoins, do equivalente a US$ 17 mil
Segundo ele, todos os sistemas voltaram a funcionar normalmente.
Sem opção
Um ataque de ransomware é algo bastante comum.
No ano passado, a empresa de segurança Kaspersky falou da gravidade desse tipo de vírus.
“A não ser que sejam tomadas precauções, as vítimas podem não conseguir recuperar as informações de nenhum outro jeito que não seja pagando o resgate”, afirmou a empresa.
No entanto, quando o condado de Lincolshire, no leste da Inglaterra, teve de enfrentar uma exigência de resgate por ransomware de 350 libras (cerca de R$ 2 mil), se recusou a pagar.
Autoridades do condado disseram à BBC que os todos os sistemas foram restaurados mesmo sem nenhum pagamento aos hakers.
Uganda: Por que o berço do zika nunca teve nenhum surto?
Image captionSegundo virologista Julius Lutwama, tipo de Aedes encontrado no país prefere animais a humanos; mutação pode estar relacionada a desmatamento
Apesar de ter sido isolado pela primeira vez por cientistas no final da década de 40, o zika vírus ─ transmitido pelo mosquito Aedes aegypti ─ nunca se tornou uma epidemia em Uganda, onde foi descoberto no sangue de macacos.
Ali, na floresta de Zika, na região central do país, o vírus adquiriu contornos diferentes do que no Brasil, que vive atualmente um surto da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, já são mais de 70 mil notificações em 19 Estados brasileiros. O vírus também vem sendo associado ao aumento do número de casos de microcefalia ─ uma má-formação cerebral em fetos ─ com 508 casos confirmados e outros 3.935 suspeitos sendo investigados.
Mas, em Uganda, tampouco houve registros de má-formações congênitas.
Além disso, entre 1947 a 2007, quando foi registrado o primeiro surto de zika fora da Ásia e da África (nas Ilhas Yap, na Micronésia), foram apenas 14 casos confirmados no mundo.
O que explica então a ausência de um surto de zika no país africano?
Motivos
Segundo Julius Lutwama, principal virologista do Instituto de Uganda de Pesquisa de Vírus (Urvi, na sigla em inglês), o motivo se deve, em grande parte, ao tipo deAedes aegypti encontrado em Uganda.
"Em Uganda, a subespécie de Aedes aegypti que temos ─ o Aedes aegypti formosus ─ é diferente da daquela encontrada na América do Sul, o Aedes aegypti aegypti. O mosquito daqui pica mais animais do que humanos", explica ele à BBC Brasil.
"Esse mosquito vive na floresta e costuma se alimentar à noite. Mesmo que um ser humano seja picado e venha a desenvolver a doença, a probabilidade de ela se alastrar é baixa, por causa da ausência do vetor nas áreas urbanas. Ou seja, se não há mosquitos para espalhar o vírus, dificilmente haverá uma epidemia", acrescenta.
Outro fator, destaca Lutwama, envolve características geográficas e climáticas de Uganda.
Segundo ele, diferentemente de outros locais que enfrentaram surtos de zika, o país manteve suas florestas razoavelmente intactas, preservando o habitat natural do mosquito.
Image copyrightGettyImage captionJá são mais de 70 notificações de zika no Brasil
"Esse mosquito vive predominantemente nas florestas. Com o desmatamento, acreditamos que ele tenha migrado para as zonas urbanas e evoluído, passando a se alimentar do sangue de seres humanos", diz ele.
Nesse sentido, a forte predominância de chuvas, típicas do clima de Uganda, também teria contribuído para evitar uma epidemia da doença.
"Aqui em Uganda chove muito e, por isso, a população não costuma armazenar água em casa", argumenta.
"Mas nos países africanos que desmataram suas florestas, como no oeste da África, por exemplo, o mosquito migrou para as áreas urbanas e acabou encontrando um ambiente perfeito, pois precisa de água parada para se reproduzir".
Lutwama diz acreditar ainda que a população ugandense teria desenvolvido imunidade à doença, devido a "diferentes flavivírus" (vírus transmitidos por carrapatos e mosquitos) encontrados na região, como dengue, chikungunya e O'nyong'nyong, todos transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti.
"Como temos outras doenças muito semelhantes ao zika, como dengue, chikungunya e O'nyong'nyong, acredito que possa ter havido algum tipo de imunidade cruzada. Dessa forma, quem já contraiu algum desses vírus, teria menor vulnerabilidade a uma nova infecção", observa.
E devido ao baixo número de casos da doença em Uganda, acrescenta Lutwama, não foi possível estabelecer nenhuma relação entre o vírus e a microcefalia.
"Diferentemente do Brasil, não temos um número suficiente de casos de zika para comprovar qualquer associação entre o vírus e essa má-formação congênita em fetos", afirma.
Brasil
Image captionJulius Lutwama é principal pesquisador do Instituto de Uganda de Pesquisa de Vírus (Urvi, na sigla em inglês)
Principal pesquisador do Uvri, instituto criado em 1936 com financiamento da Fundação Rockefeller, dos Estados Unidos, Lutwama diz que ele e sua equipe vêm realizando um trabalho de prevenção para evitar que a subespécie latino-americana se espalhe em Uganda.
"Coletamos e monitoramos amostras de sangue de pacientes de todo o país. São medidas preventivas importantes", assinala ele.
Lutwama cita o caso dos Estados Unidos, onde o Aedes aegypti ─ virtualmente inexistente há alguns anos ─ já é encontrado em regiões com temperaturas mais amenas, como o Estado da Flórida.
Institutos do Rio montam ‘exército’ contra síndrome neurológica ligada ao zika
Jefferson Puff - @_jeffersonpuff Da BBC Brasil no Rio de Janeiro
Image copyrightAFPImage captionPaciente com a Síndrome de Guillain-Barré em El Salvador, um dos países atingidos pela doença na América Latina
O Instituto Oswaldo Cruz e a Universidade Federal Fluminense (UFF) trabalharão a partir desta semana num grande esforço conjunto unindo laboratórios e pesquisadores das duas instituições com o objetivo de estudar a síndrome Guillain-Barré.
Reação do sistema imune a agentes externos que pode levar a paralisia e até à morte, a doença tem registrado aumento em diferentes Estados e, segundo especialistas e o Ministério da Saúde, a elevação pode estar relacionada ao zika vírus.
Entre seus sintomas estão fraqueza muscular e a paralisia dos músculos, que começam pelas pernas e podem progredir ao tronco, braços e face. Em alguns casos, há a paralisia total dos membros ou efeitos graves sobre os músculos respiratórios.
A notificação de casos de Guillain-Barré ainda não é obrigatória no Brasil, o que torna difícil obter dados nacionais. No entanto, números isolados que têm sido divulgados dão uma ideia da crescente gravidade do problema.
O Hospital Universitário Antônio Pedro, da UFF, em Niterói (RJ), não costumava receber mais de cinco casos da doença por ano, mas somente em janeiro já recebeu 16. Na Bahia, a Secretaria de Saúde estadual divulgou no final do ano passado um boletim registrando 35 casos apenas entre julho e novembro de 2015.
E no Estado de Alagoas, um hospital de Maceió, a Santa Casa do Farol, tem atendido um número crescente de pessoas com a doença. "Em 2014 atendemos somente 14 casos em todo o ano. Já em 2015 foram mais de 50, e desde o início de 2016 já foram mais 14 casos", diz o hematologista Wellington Galvão.
Diante disso e da preocupação em torno das complicações causadas pela doença, entre elas danos neurológicos e diferentes graus de paralisia muscular, o Instituto Oswaldo Cruz e o Neuro UPC, Unidade de Pesquisa Clínica em Neurologia da UFF, trabalharão em parceria em um novo projeto de pesquisa focado na síndrome.
"O estudo envolvendo os departamentos de imunologia e genômica do Oswaldo Cruz é uma cooperação de pesquisa para que possamos entender melhor por que surgem essas complicações, como melhor tratá-las e, principalmente, preveni-las", diz o neurologista Osvaldo Nascimento, coordenador do Neuro UPC e responsável pelo atendimento dos pacientes de Guillain-Barré no Hospital Universitário Antônio Pedro, da UFF, referência nacional em neuropatias periféricas.
Com 44 anos de carreira, Nascimento é um dos principais nomes do tratamento de Guillain-Barré no Brasil. Ele diz que a cooperação deve contar ainda com colaborações da equipe do laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, chefiado pelo virologista Amílcar Tanuri, e um centro de referência em Guillain-Barré da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Para ele, a iniciativa deve reunir um "verdadeiro exército" de pesquisadores, no que classifica como "um esforço inédito de pesquisa focado na Guillain-Barré no Brasil".
"O que vamos fazer a partir de agora é montar um verdadeiro ‘exército’ de pesquisa contra a Guillain-Barré no país. Sem dúvida nenhuma é algo que nunca foi feito antes", explica.
O Instituto Oswaldo Cruz confirmou à BBC Brasil a cooperação, que ocorrerá por intermédio do seu Laboratório de Pesquisas sobre o Timo (IOC/Fiocruz).
Financiamento e objetivos
Para Nascimento, ainda não é possível estimar o número exato de pesquisadores que estará envolvido no trabalho nem o montante de recursos necessários para que a iniciativa atinja os objetivos a contento.
"Agora vamos dar início aos trabalhos e correr atrás do financiamento com o Governo Federal", diz.
O especialista afirma que além das verbas e recursos para financiar os esforços de pesquisa, é preciso investir no aumento do número de leitos do CTI do Hospital Antônio Pedro, que é federal, além da contratação de neurologistas clínicos para dar suporte à demanda crescente de pacientes e elevação da capacidade da emergência do hospital para lidar com pessoas com complicações do zika vírus.
Image copyrightReutersImage captionEspecialistas querem entender melhor relação entre zika vírus e aumento de casos da Síndrome de Guillain-Barré
"Nos Estados Unidos investem-se bilhões. Aqui falta investimento em equipamentos e insumos, e vamos ter que pleitear isso. Teremos que contar com verbas e condições suficientes para tornar o Antônio Pedro, que abriga o centro de referência em neuropatias periféricas, um hospital sentinela capaz de atender essa nova demanda", explica.
Nascimento diz que o Núcleo UPC compreende 16 laboratórios e 18 neurologistas especializados e que as áreas estudadas incluirão imunologia e genômica, com o objetivo de mapear melhor as manifestações neurológicas da Guillain-Barré e outras neuropatias.
Um dos atuais desafios dos médicos que deve ter avanços com os futuros resultados do estudo é o diagnóstico da doença, tido como complexo e difícil, e que costuma levar pacientes de hospital a hospital até que se conclua que o quadro é de Guillain-Barré, o que atrasa o início do tratamento.
"Um dos principais problemas é o diagnóstico. Os médicos confundem muito, o que torna mais difícil tratar essas pessoas. Há mais de 30 doenças que podem ser confundidas com a Guillain-Barré", explica Nascimento.
Notificação, zika e tratamento
A ausência de notificação obrigatória no Brasil dificulta o mapeamento de casos por todo o país.
Consultado pela BBC Brasil, o Ministério da Saúde confirmou uma elevação do número de internações por Guillain-Barré de 29,8% de 2014 para 2015, um aumento de 1.439 para 1.868 casos.
Os Estados de Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro registram o maior número de casos.
Sobre a relação com o zika vírus, algo que os especialistas querem entender melhor, o Ministério da Saúde se posicionou em nota confirmando que a infecção pelo pelo zika pode provocar também a Guillain-Barré.
"No Brasil, a ocorrência de síndromes neurológicas relacionadas ao zika foi confirmada após investigações conduzidas em Pernambuco, a partir da identificação do vírus em amostras, de seis pacientes com sintomas neurológicos com histórico de doença exantemática. Deste total, quatro foram confirmadas com doença de Guillain-Barré", diz o documento.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece a coincidência "espaço-temporal" entre surtos de zika e a incidência da síndrome, mas, diante da escassez de dados, ainda não estabelece um vínculo direto entre as doenças.
Segundo o comunicado do Ministério da Saúde, o principal risco provocado pela Guillain-Barré é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios, devido à dificuldade para respirar. "Nesse último caso, a síndrome pode levar à morte, caso não sejam adotadas as medidas de suporte respiratório", diz a nota.
A doença não tem uma cura específica, e os tratamentos são voltados a reduzir a gravidade dos sintomas.
Procedimentos usados na fase mais aguda da doença são a imunoterapia com troca de plasma – para bloquear os anticorpos que atacam as células nervosas – e a administração de imunoglobulina, um anticorpo.
A maior parte das pessoas sobrevive e se recupera por completo. Esse processo, contudo, pode levar semanas ou meses, e a síndrome pode provocar deficiências que demandam reabilitação.